Educar
224c – Homossexualidade - nosso papo 03 com texto
Manuel, Paz e Harmonia.
Concordo com você,sempre pensei que estaríamos no caminho da evolução controlando nossas más tendências e assim tenho procurado agir.
Conversar sobre sexo nunca esteve ao meu alcance, não sei por vergonha ou por na maioria das vezes as pessoas não discutirem por acharem que isto já é definido nas cabeças deles ou seja sexo só entre homem e mulher, aqui onde moro não se fala muito em homossexuais e sim de "bichas" e esses na maioria das vezes não são muitos discretos se vestem de forma extravagante e mais parecem que uma necessidade de aparecer para as pessoas e com isto homossexualismo aqui é motivo de gozação, está longe de ser visto com respeito, aceitar no seio famíliar para muitos é motivo de muita vergonha e não se admite nem falar no assunto. Eu acho que as pessoas deveriam controlar suas más tendências ao homossexualismo( mas não posso deixar de admitir que após essas colocações preciso urgentemente estudar para melhor entender o assunto e saber me colocar assim como você fez de maneira segura e definida
Obrigada.
(Tania)
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Olá Pessoal, bom dia!
Homossexualidade gente!
Homossexualismo é um termo que não cabe mais, uma vez que essa orientação sexual, não significa mais nenhum tipo de patoligia (clinica ou psiquica) conforme decisão (a meu ver, sinal de evolução) da Organização Mundial de Saúde.
Se pensarmos de acordo com a Doutrina Espírita, não me recordo deste assunto ter sido tratado nas obras básicas, apenas me lembro de uma questão no LE sobre a existência de sexo nos espiritos, e a resposta que tivemos da forma como entendemos o genero, assim não existe no espirito, o que me leva a crer de uma forma ainda não compreendida deva existir uma identidade (masculina ou feminina) no espirito.
Isso me parece bem lógico, porque apesar de podermos reencarnar em diferentes corpos (ora homem, ora mulher) tenho percebido que os espiritos tendem a desenvolver um conjunto de encarnações sobre o mesmo gênero (M ou F), Emmanuel foi homem nas 4 encarnações que noss foi revelado, Joanna D´Angelis mulher em todas que nos falou, outros tbem tem deixado escapar essa tendência, assim teríamos a principio duas possibilidades para explicar a condição de espirito HOMOSSEXUAL:
OBS. Perdoem-me pois não tenho o nome das fontes para justificar minha linha de raciocionio, escrevo de escritório.
Inversão de Polaridade: Alguns espiritos (talvez mais esclarecidos, talvez mais evoluíodos, ou simplesmente mais maduros) nos dizem que no estágio evolutivo que nos encontramos, é dificil trocarmos a polaridade de nosso gênero, sem que ocorra algum prejuízo, assim um espirito que vem reencarnando como MULHER, por uma necessidade de prova ou de expiação precisa de uma experiência masculina, em razão de todos os costumes e sentimentos adquiridos pode desenvolver homossexualidade.
Por expiação: Na mesma linha de pensamento de que um espirito tende a se desenvolver mais como HOMEM, por alguma falta, erro no campo da sexualidade, troca de sexo (corpo reencarnado), para que tenha que se reajustar a Homossexualidade seria uma condição para que através da "NÃO PRÁTICA SEXUAL" retome a condição de equilibrio de suas forças genésicas (energia sexual), desde que a tenha canalizado para outros campos, como o do trabalho, da criação, da arte, etc..lembre-se energia sexual é energia criadora.
Um pouco duro, mas não irreal, imagem uma pessoa que tenha abusado de seus braços, talvez ela não tenha que passar por encarnação sem braço para se recompor? (isso não é vingança Divina, é LEI de AÇÃO e REAÇÃO) O mesmo com um abuso no campo das forças genésicas, o que não significa apenas abuso do SEXO.
Porém, no modo de ver, são posições possíveis em alguns casos, não GERAIS.
Conheço alguns homossexuais, em uns reconheço uma força um pouco desequilibrante quanto a sexualidade, em outros são tão equilibrados, que não dá para pensar numa questão de meramente expiatória. Por isso levo em consideração (isso porque realmente não sou católico e acredito que tudo seja para a melhora do espirito) que também existe a questão pura e simples de EXPERIÊNCIA PARA O ESPIRITO. (nisso eu me apoio em comunicação do Espírito HAMMED que vem nos trazendo mensagens através do médium Francisco do E. Santo NETO) Tive o prazer de conhecê-lo pessoalmente e conversar um pouco.
De qualquer forma, como os espiritos sempre nos aconselham, o que ainda não entendemos, devemos então apenas AMAR, não sejamos provocadores do escandalo, amemos a todos, tenhamos respeito, não querendo nunca constranger, diminuir ou expor qualquer ser-humano por qualquer motivo que seja.
Acho que nós temos plena condição de entendermos isso, e mais provocativo ainda de entender e aceitar a HOMOSSEXUALIDADE como uma caracteristica daquela pessoa e que nada tem a dizer quanto ao VALOR daquela pessoa.
Um HOMEM NEGRO é APEnas um HOMEM NEGRO, se é bom ou não são outras observações que nos dirão.
Uma MULHER é AAPEnas uma MULHER, se é fraca, frágil, mais ou menos competente, são outras observações que nos dirão.
UM JAPONÊS é APENAS Um JAPONÊs, se ele é tão bom na matemática, são outras observaçoes que nos dirão.
Só um detalhe, como estamos na sala EDUCAR, PAIS e MÃES se perceberem tendências homossexuais em seus filhos não os tormentem, apenas os eduquem para um mundo ainda preconceituoso, mas desde de cedo transmitam a msg de que Heteros ou não deverão buscar no caminho do bem e do amor, conviver com pessoas do bem, que busquem sempre valores morais, para que eles não sejam levados ao GUETO, como infelizmente observamos.
Apenas para referência, coordenei MOCIDADE ESPIRITA em minha cidade e aprendi a acolher qualquer jovem, em qualquer situação ou condição, tentando sempre responder como o CRISTO, que "atire a primeira pedra quem não tiver pecado". E quero educar meus filhos para um mundo de TOLERÂNCIA E AMOR, se conseguirei, não sei, DEPENDE DE TODOS NÒS!!!!!!
(Carlos)
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Oi Amiga Cidinha , estava sentindo sua falta e me perguntando . Por onde anda Cidinha que está caladinha ?
Queria contar uma historinha para todos e para a amiga Tãnia que fez o seu depoimento tão sincero e pediu uma ajudazinha.
Pensei em como iria exemplificar e acho que a espiritualidade me fez lembrar de como as coisas aconteceram na minha vida certa vez e que me deu ainda mais a capacidade de ver com olhos de ver.
Quando tinha 18 anos eu fui tentar a vida fora da casa de meus pais que moravam no interior e passavam por uma situação meio complicada como já contei aqui algumas vezes .
Fui estudar e trabalhar em Florianópolis , morava em uma república com outros jovens estudantes, e trabalhava para me sustentar ganhando na época um salário mínimo que mal dava para comer quando dava , então eu geralmente vendia o almoço para comer a janta e vice versa
Meus pais não estavam em condições de me ajudar financeiramente então tinha mesmo que me virar com o que ganhava .
Moravamos em um apartamentinho de dois quartos dividido entre 9 pessoas , era um predinho de 3 andares, onde moravam um casal de idosos que eramos donos do prédio e só viamos na hora de pagar o aluguel, nós , e embaixo do nosso apartamento um casal, Rose um travesti louro de 1,90 m mais ou menos e seu marido, que vieram morar alí depois da gente e que causaram um certo escandalo aos meus amigos jovens que achavam o máximo ficar zoando com eles, mas eles não ligavam pra isso e viviam uma grande paixão.
Em um Natal meus amigos foram para suas casas que era no interior e eu por falta de verba tive que ficar sózinha , estava muito triste e acho que isso fez com que eu desenvolvesse uma bronco pneumonia, era dia 24 estava com muita febre, com nada para comer pois estava sem grana e sem forças até para ir comprar , fiquei na cama o dia inteiro, chorando de saudades de casa, muito mal mesmo.
Acho que a acustica do prédio era muito ruim e lá por umas oito da noite alguém bateu na porta , eu levantei assustada e fui atender , e heis que estava na porta segurando uma tigela com sopa a querida Rose, ela com seu jeito meio envergonhado e meio espalhafatoso , pediu desculpas mas que tinha me ouvido e sabia que eu não estava bem, ofereceu a sopa e disse que era enfermeira e que podia trazer algum remédio e desceu rapidinho e logo estava me medicando com muito carinho.
Eu estava tão mal que naquela hora só agradeci a Deus por aquela criatura ter me ouvido.
A sopa estava uma delicia e engraçado lembro do sabor até hoje e já tentei fazer várias mas nenhuma tem aquele gostinho, naqueles dias ainda foi várias vezes me ver e levar seus quitutes.
Ficamos amigas, eu achava ela uma pessoa doce e para mim era como poucas mulheres que já conheci.
Meus amigos chegaram e por ver que eu era amiga de Rose, também foram se libertando de seus preconceitos e ficamos todos amigos , por várias vezes contei coisas a ela como se conta a uma verdadeira amiga.
Algum tempo depois voltei para casa mas nunca mais me esqueci daquela Boa Samaritana, sei que morreu uns anos depois vitimada pela AIDS , mas acredito que está no lugar merecido para uma boa e generosa alma.
Talvez possamos com esta historinha tão atual fazer uma comparação ao Bom Samaritano de fato, então de que nos importa as escolhas pessoais que cada um faz para sí , certamente aos olhos de Deus não é isso que importa....
Ps. Bateu saudades...
Beijinhos
Paty Bolonha
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Homossexualidade Segundo Allan Kardec
Amigos e amigas,
como prometido, o texto com transcrição de Kardec. Também segue um comentário:
Revista Espírita de 1866 - n° 1.
"Aos homens e às mulheres são, pois, dados deveres especiais,
igualmente importantes na ordem das coisas; são dois elementos que
se completam um pelo outro.
O Espírito encarnado sofrendo a influência do organismo, seu caráter
se modifica segundo as circusntâncias e se dobra às necessidades e
aos cuidados que lhe impõem esse mesmo organismo. Essa influência
não se apaga imediatamente depois da destruição do envoltório
material, do mesmo modo que não se perdem instantaneamente os gostos
e os hábitos terrestres; depois, pode ocorrer que o Espírito
percorra uma série de existências num mesmo sexo, o que faz que,
durante muito tempo, ele possa conservar, no estado de Espírito, o
caráter de homem ou de mulher do qual a marca permaneceu nele. Não é
senão o que ocorre a um certo grau de adiantamento e desmateriazaçã o
que a influência da matéria se apaga completamente, e com ela o
caráter dos sexos. Aqueles que se apresentam a nós ((em vidência
espiritual)) como homens ou como mulheres, é para lembrar a
existência na qual nós os conhecemos.
Se essa influência repercute da vida corpórea à vida espiritual,
ocorre o mesmo quando o Espírito passa da vida espiritual à vida
corpórea. Numa nova encarnação, ele trará o caráter e as inclinações
que tinha como Espírito; se for avançado, fará um homem avançado; se
for atrasado, fará um homem atrasado. Mudando de sexo, poderá, pois,
sob essa impressão e em sua nova encarnação, conservar os gostos, as
tendências e o caráter inerente ao sexo que acaba de deixar. Assim
se explicam certas anomalias aparentes que se notam no caráter de
certos homens e de certas mulheres.
Não existe, pois, diferença entre o homem e a mulher senão no
organismo material que se aniquila na morte do corpo, mas quanto ao
Espírito, à alma, ao ser essencial, imperecível, ela não existe uma
vez que não há duas espécies de alma; assim o quis Deus, em sua
justiça, para todas as suas criaturas; dando a todas um mesmo
princípio, fundou a verdadeira igualdade; a desigualdade não existe
senão temporariamente no grau de adiantamento; mas todas têm o
direito ao mesmo destino, ao qual cada um chega pelo seu trabalho,
porque Deus nisso não favoreceu ninguém às expensas dos outros."
Comentário
Que ser extraordinário este missionário Allan Kardec. No seu tempo,
sem comparações com o nosso, a homossexualidade era tida como algo
extremamente nefasto, ainda passível de medidas policiais e judiciais.
Kardec, quanto ao mais, não se ateve às convenções, à falsa moral. E
faz um enfoque da homossexualidade em parâmetros de busca da
verdade, da essência.
Alguns analistas apressados poderiam argumentar que Kardec referiu-
se à homossexualidade como "anomalias aparentes", como se isso
tivesse o significado de uma anomalia à mostra. Somente a falta de
atenção, para não dizer má fé poderia estabelecer tal leitura.
Fica claro, cristalino, que Kardec referia-se a algo que aparentava
anomalia, mas que não era.
Fosse sua a interpretação de anomalia à mostra, é óbvio que tal
posicionamento seria seguido de comentário que chamasse os
homossexuais à razão, à assistência espiritual.
Como a homossexualidade era passivel de prisão e processo,
seria muito estranho que Kardec cercasse seus comentários de
parte de "O Livro dos Espiritos" que focaliza o processo
evolutivo em parâmetros de positividade.
Pelo tanto de vergonha e condenação que a homossexualidade
representava, caso Kardec concordasse com tais enfoques,
suas palavras deveriam espelhar um chamado energico aos
brios.
Não foi isso que Kardec fez. Muito ao contrário, ligou suas
afirmações aos ensinos dos espíritos, em "O Livro dos Espíritos",
onde se desenvolve o raciocínio que ele apresenta para falar da
igualdade de direitos do homem e da mulher, lembrando que o espírito
em si não tem sexo.
E continuando em seu raciocínio baseado no ensino dos espíritos
superiores, Kardec pontua que a troca de sexo visa o amelhar de
novas vivências na rota evolutiva, esclarecendo que tal
necessariamente não ocorre abruptamente. Segundo Kardec, de acordo
com o texto acima, é apenas quando o espírito tem seguidas
reencarnações em um sexo e ocorre a troca é que viria a manutenção
do estado psíquico anterior comum a este ou aquele sexo.
E o Codificador termina sua exposição falando da justiça de Deus,
que a ninguém privilegia, desfazendo também o espírito machista
milenar que levou à classificação social e até legal da mulher como
um ser inferior ao homem. Kardec desfez os enganos cometidos até
pelo apóstolo Paulo, que em sua Epístola aos Corinthios ordena
que "no templo as mulheres permaneçam caladas, e em tendo alguma
dúvida perguntem aos maridos em casa". O mesmo apóstolo Paulo que
também condenava a homossexualidade - em nome dos rigores desumanos
do Velho Testamento.
Há espíritas que ainda citam o Velho Testamento para condenar a
homossexualidade. É quando mais uma vez ignoram o bom senso de
Kardec, que até em relação ao Novo Testamento fez questão de
destacar a parte moral, esclarecendo que outras questões reportam a
costumes da época. O que Kardec destacou, especialmente, do Novo
Testamento foi o que ele chamou de "A verdadeira Moral, a Lei do
Amor".
Exatamente a Lei do Amor que tantos dirigentes, expositores,
articulistas e escritores espíritas estão trocando pela lei da falsa
moral - para compor com tradições e idéias ultrapassadas e desumanas
em relação à homossexualidade.
Foi tão resumida a exposição de Kardec sobre a homossexualidade, mas
extremamente esclarecedora. E ainda mais: avançadíssima para a sua
época, quando não havia nenhuma referência positiva no meio médico e
psicológico.
Na atualidade, desde a década de 90, Medicina e Psicologia já
retiraram da homossexualidade os rótulos de doença ou desvio. E até
a expressão homossexualismo foi abandonada.
Hoje, como é posssível saber, nem sempre o homemm ou a mulher
homossexual de agora estará passando por uma primeira mudança de
sexo. A esses casos (mesmo ignorando os conhecimentos de ordem
espiritual) a Psicologia chama de transsexualidade.
Quanto à população homossexual especificamente falando, ela é
constituída de seres exclusivamente passivos, exclusivamente ativos
e ainda os de vivência indefinida, casos que sem dúvida se reportam
igualmente às existências anteriores. No entanto, para seu tempo,
Allan Kardec já foi surpreendentemente além dos limites esperados. É
que o amor não tem mesmo limitações. E Kardec foi um mensageiro da
Lei do Amor.
Paz e Luz
Edson Nunes
PS - Para tirar qualquer dúvida da expressão "anonalias aparentes",
vejamos:
Caridade, ou caridade aparente para efetivamente falar de caridade?
Verdade ou verdade aparente?
Sinceridade ou sinceridade aparente?
...
Uma coisa pode aparentar outra, mas o que é, isso simplesmente é.
---
Prezadíssima Rosana,
é admirável quando alguém usa da sinceridade e relata o que
efetivamente passa pelo coração.
Entendo e sinto profundamente suas colocações, ainda mais que
eu mesmo, até os 17 anos, de forma alguma entendia ou aceitava a
própria homossexualidade.
Ia, inclusive, ser padre, como passo seguinte a coroinha, acreditando
que somente a entrega total a Deus, nos meus conceitos de
então, fosse capaz de livrar-me da homossexualidade. No entanto,
visitando um seminário com vistas a um conhecimento prévio,
ali também encontrei outros seres que não obstante o almejado
refúgio não haviam conseguido fugir da homossexualidade.Foi
um choque.
Então, até mesmo em decorrência
disso, surgiram sérios problemas de ordem psicológica e psíquica,
equacionados porque tive a bênção de ser socorrido em uma casa
espírita muito bem orientada, o Centro Espírita Oriente, em Belo
Horizonte. Meu estado era tão grave que venci os preconceitos
contra o Espiritismo e aceitei ser assistido.
E foi ainda devido a esta bênção que, pouco tempo depois, em contato
o conhecimento espírita, que pelo menos teoricamente aceitei a
homossexualidade, porque foi possível entender que havia uma causa
e um sentido.
Mas, aceitar mesmo, de fato, isso somente ocorreu
anos depois, quando descobri
que amava outro rapaz. E o amor é uma força tão poderosa que,
aliado ao conhecimento que a Doutrina Espirita já me havia proporcionado,
dai veio a coragem e assumi a homossexualidade publicamente,
iniciando as lutas pela cidadania gay no Brasil, em 1972, aos 27 anos
de idade. Era o fim de toda uma parte da vida vivida escondido.
Houve apenas uma decepção. Antes de assumir, era muito querido como
jovem dirigente espirita, fundador de uma das mais atuantes instituições
doutrinárias e de assistência social de
Belo Horizonte à época, onde atuava também como médium receitista
que atendia a centenas de pessoas semanalmente, até médicos. E como
expositor era muito requisitado, tanto na capital quanto no interior de
Minas.
Imagina você, como retirado o tempo de estudo e trabalho a minha vida
era totalmente dedicada à Doutrina, e especialmente porque não tinha
namorada, muitos chegavam a dizer que eu era um missionário. Todas
as noites no centro, até sábados e domingos (das oito da manhã à noite)
envolvido na campanha do quilo, nas visitas aos enfermos e à colônia
de hansenianos, tudo isso soava para as pessoas como se eu fosse
um ser especial. Tentava esclarecer, dizia que nada havia de
missionário, que apenas era um espirito endividado buscando
recomposição com a Vida.
Como resposta tinha mais elogios e ainda o rótulo de muita humildade.
Tudo isso me fazia era mal, porque ficava imaginando se eles
soubessem a verdade, ficassem sabendo das minhas lutas comigo
mesmo. Então, passei a usar o silêncio e um sorriso amarelo
quando vinham falar de missionário. Não adiantava, porque então
diziam: "Vejam como ele fica sem jeito, espirito missionário é assim,
não gosta que falem"
Ao assumir publicamente a homossexualidade, simplesmente passei ao
conceito de obsedado, da noite para o dia. Aquilo doeu muito, perceber
que não entendiam o amor que havia em mim, que não me concediam o
direito de amar alguém e tudo em função de preconceito. Foi muito
penoso ver os abraços de antes serem trocados pelos olhares da
condenação.
Com o então companheiro mudamos para São Paulo, onde ocorreu a
feliz descoberta do Centro Espírita Divina Luz. E ali, logo na primeira
vez, após a reunião, aproximou-se de nós o inesquecivel Rubens Rigon,
dirigente e médium, que nos disse espontaneamente: "Os amigos
espirituais já nos disseram sobre vocês. Estejam à vontade, aqui é a
nova casa espírita de vocês". E nos abraçou fraternalmente.
Vê, prezada Rosana? Isto é apenas uma parte da história, no entanto
pode indicar que nem sempre as realidades mais profundas da vida
cabem no espaço das convenções - porque regidas por preconceitos e
limitações. E não tenha dúvida, por todo o Brasil, ainda há gays
integrados à Doutrina e que mesmo nos dias de hoje vivem no
anonimato, algumas vezes até por conta do lado profissional, porque
no Brasil ainda há gays (homens e mulheres)que podem ficar
desempregados em função do preconceito.
Há o receio de que, assumindo no meio doutrinário, isso acabe chegando
ao ambiente profissional. E são dirigentes, tarefeiros, médiuns. Por
toda parte há gays e nossa Doutrina não é exceção, muito ao contrário,
acentuadamente buscada por gays porque esclarece e consola.
No mais, deixo o convite para que você leia os diversos textos postados,
o que pode constituir-se em oportunidade de esclarecimento mais
amplo sobre a homossexualidade.
Paz e Luz,
Edson Nunes
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Boa Tarde!!
Um livro que li recentemente sobre o tema e achei muito interessante foi O PREÇO DE SER DIFERENTE!
Vale a pena ler é uma leitura fácil e uma historia muito linda.
Abraços,
Silvani
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Assino embaixo!!!
Confesso que eu tinha ainda algum preconceito até quando o li, há cerca de 2 ou 3 anos.
Aborda o assunto de uma maneira normal, sem apologias nem tratando-o como aberração.
Ito
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Questões para início do diálogo virtual:
1 - Estamos efetivamente preparados para encarar a homossexualidade dentro de nossas famílias?
R - Claro que isso depende de família a família. Efetivamente posso dar o meu testemunho pois recentemente tive em minha família esta descoberta. Não posso negar que a idéia a inicio foi um pouco assutadora, mesmo sendo uma coisa aparentemente "normal" nos nossos dias de hoje. Eu particularmente procurei ver como uma opção e como cada ser humano tem que ser respeitado por suas opções logo a o sentimento estranho passou.
Procurei ver a pessoa pelo seu interior, que continua a mesma coisa, o mesmo amor o mesmo carinho. Dentro da família acho que não é o problema e sim porque sempre estamos preocupados com "O que o vizinho vai dizer?" "O que tua madrinha vai dizer?" Porque não podemos esquecer que essas pessoas formam a sociedade e a sociedade não quer saber, ridiculariza, discrimina e isso é que dói, saber que teu familiar é um amor de ser humano, mas ser desrespeitado por ser diferente.
2 - Qual deve ser a postura do espírita perante o familiar homossexual?
R - A nossa postura deve ser igual a qualquer outra pessoa, como já dissé, é um ser humano e deve ser tratado como igual. Respeito, amor, etc.
3 - E quando esse familiar for nosso filho ou filha, nossa postura deve mudar? Se sim, em que sentido e por que?
R - Independente de ser familiar ou não nossa postura deve ser a mesma. Temos que mostrar a eles sim a sempre ter dignidade, não entrar no caminho da promiscuidade, usar preservativo, a respeitar as pessoas que ainda não concordam com as opções diferentes. Tudo isso é um ato de amor.
4 - Em quais obras espíritas podemos encontrar referências à homossexualidade? E o que podemos aprender nessas obras?
R - Li recentemente O PREÇO DE SER DIFERENTE, indico a todos é muito lindo é um livro psicografado.
Bjs a todos,
Silvani
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Prezada Daniela,
é uma felicidade saber que, mesmo declarando-se em busca de
conhecimento do tema para melhor entender, antes disso
a luz da fraternidade já proporciona este depoimento
cheio de consideração humana que você postou.
Aproveito para esclarecer que, na realidade, a homossexualidade
não é uma opção.É um estado do ser na carreira reencarnatória,
em relação à afetividade eletiva.
Quem nasce homossexual é educado para ser heterossexual,
enfrenta toda uma oposição social em países ainda
culturalmente atrasados. E em função disso entra em grandes
conflitos, muitos até lutam para tentar mudar. E nada disso
é superior à identidade homossexual. Ela permanece. E a pessoa
apenas alcança equilíbrio, harmonia,. quando aceita a si
mesma. Então, ao invés de opção, como reconhecem a Medicina
e a Psicologia, a homossexualidade é uma orientação sexual,
da mesma forma que a heterossexualidade também o é.
Sobre livros, três indicações: "Sexo e Destino" e "Vida e Sexo" de
Chico Xavier. E "Além do Rosa e do Azul", do psicólogo, dirigente
espirita e educador Gibson Bastos, edição do Centro Espírita
Léon Denis, do Rio de Janeiro (editora@celd.org.br
Ah! Detalhe importante: aceitar a homossexualidade não significa
aderir ao sexismo objeto. Tanto quanto na heterossexualidade,
a realização na homossexualidade só é alcançada com inspiração
no afeto, no sentimento, no amor.
Paz e Luz,
Edson Nunes
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Conclusão