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217c – Tema: Disciplina e Limites - conclusão com textos

CVDEE - Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo
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Temas destinados à Família e à Educação no Lar



TEMA: Disciplina e Limites

Conclusão


OOis, Gente Linda, tudo na paz? 😉
Deixarei, a título de nossa conclusão, os textos (não espíritas) abaixo, a fim de que possamos refletir 🙂
sábado cor e amor procês
beijocas mineiras com carinho no coraçao

Texto 01:

Edição Março de 2000

Pesquisadora carioca diz que a escola deve mobilizar os pais para a necessidade de impor limites e, assim, auxiliar na educação moral dos filhos

Ricardo Falzetta,
do Rio de Janeiro
Paulo Jares


"Abalados pela crise ética, os pais de hoje não impõem limites às crianças e não ensinam o que é certo e o que é errado"


Nas últimas décadas, a escola vem assumindo praticamente sozinha um papel que, em princípio, não deveria ser só seu: o de educar seus alunos para a cidadania. Essa carga foi sendo despejada sobre a instituição por uma série de motivos. A sociedade mudou, valores éticosse transformaram e muitos pais ficaram inseguros com relação à formação dos filhos. Não é o caso de os professores abrirem mão dessa responsabilidade e jogarem a culpa nas famílias, mas a pesquisadora Tania Zagury defende que é preciso encontrar um ponto de equilíbrio. Durante os últimos vinte anos, essa filósofa e mestre em educação estudou as dificuldades na criação dos jovens e encontrou respostas que lhe renderam quatro livros. Suas descobertas podem ajudá-lo a redividir essa árdua tarefa de transmitir preceitos éticos e morais necessários para uma boa convivência social. O segredo, segundo ela, está na reaproximação com os pais. Nesta entrevista, ela indica caminhos para quem quer formar cidadãos produtivos, participativos, críticos e respeitosos. Mas avisa: essa tarefa não é nada fácil.

Nova Escola: Quem tem hoje o papel de educar as crianças para a cidadania? Os pais ou a escola?
Tania Zagury: Essa missão está sobrando muito mais para a escola, apesar de ela não ter condições de arcar sozinha com a responsabilidade. Não que os pais estejam acomodados. Nas últimas décadas, nossa sociedade passou por mudanças que se refletiram nas relações familiares.
NE: Que mudanças foram essas?
Tania: Os pais de hoje trabalham mais e passam menos tempo com os filhos. A mãe, que antes ficava em casa e transmitia valores morais, agora trabalha fora e, em 27% dos casos, é arrimo de família. Quando chegam do trabalho, ambos estão cheios de culpa pela ausência e, para minimizar esse sentimento, tornam-se muito permissivos, deixam de estabelecer limites e de ensinar o que é certo e errado. Por trás de tudo isso há uma insegurança grande, em parte fruto da crise ética institucional que estamos vivendo no Brasil. No passado, a família tinha um papel de formação ética do indivíduo. À escola cabia a transmissão da cultura acumulada (tendo o professor no papel de centro de conhecimento) e uma parte da formação de hábitos e atitudes. Reestabelecida a democracia, a volta da liberdade de imprensa permitiu que uma série de escândalos viessem à tona e a população percebeu que a impunidade corria solta. Casos como o de PC Farias, o dos anões do Orçamento e o do ex-deputado Sérgio Naya passaram a deixar no ar uma sensação ruim de que, para se dar bem no Brasil, é preciso ser, no mínimo, "esperto". Senti, nas minhas pesquisas, que essa inversão de valores afetou negativamente as famílias.
NE: De que forma?
Tania: Antigamente, ninguém deixava por menos. Se a criança trazia para casa um lápis ou uma borracha de um colega, não se aceitava, mesmo que fosse apenas um empréstimo. No dia seguinte, tinha de devolver ao dono. No momento em que se vê triunfar a impunidade, os pais não agem mais assim. Como são amorosos e preocupados _ e não querem ver seus filhos por baixo _, ficam em dúvida se devem preservar esses valores com um nível de exigência tão alto. Prevalece a idéia de que as pessoas têm de levar vantagem em tudo. Eles temem que o filho perca os instrumentos necessários para se defender em uma sociedade que privilegia os espertos. Têm a impressão de que ele será o único a agir com ética e sentem medo de que se torne um "bobão". Tornam-se inativos, inseguros. Como conseqüência, acabam transferindo a responsabilidade da educação moral para os professores.

A. Milena/ R. Stuckert/ C. Versiani

"Casos como o de PC, o dos anões do Orçamento e do ex-deputado Naya deixam a idéia de que é preciso ser esperto para se dar bem"


NE: E como a escola deve agir diante dessa situação?
Tania: Deve revitalizar a confiança da família no seu papel de formadora e trazê-la cada vez mais para dentro da instituição. Quando os pais passaram a se sentir inseguros e culpados por não estar tão próximos dos filhos, a escola tentou ocupar esse espaço. Mas ela não tem condições de fazer bem as duas coisas. Os conteúdos estão mudando muito rapidamente. O professor precisa se reciclar, tem responsabilidades profissionais e não pode arcar com tarefas que são prioritariamente da família. Ao levar os pais a participar de encontros, palestras, reuniões e troca de experiências com outros pais, eles saem fortalecidos e sentem que não estão sozinhos nessa luta.
NE: Mas os pais aceitam participar?
Tania: Muitos sim, mas sempre há os que resistem. Os que delegam toda a responsabilidade aos professores são os que trazem mais problemas. Costumam não aceitar críticas e apóiam os filhos em atitudes indisciplinadas. São os que pedem que não sejam aplicadas provas às segundas-feiras para viajar no fim de semana ou sugerem que se enforquem feriados para que seus filhos não corram o risco de perder matéria. Se o pai faz esse tipo de reclamação, a escola se enfraquece e o jovem sem limites se fortalece.
NE: O que fazer para evitar esse enfraquecimento?
Tania: Pais e professores devem agir em conjunto. A própria escola tem de mostrar coesão e transparência e trabalhar em equipe. Se um problema de indisciplina é enviado para uma instância superior e a direção abranda, o professor sai enfraquecido. Ninguém pode tomar atitudes isoladas. Por exemplo, aplicar uma prova mais difícil porque determinado aluno é bagunceiro. O planejamento pedagógico, que deve incluir o programa de avaliação, precisa ser claro e seguido à risca. Essa postura gera confiança. O aluno percebe que a escola é séria, bem definida e passa a respeitá-la.
NE: Por que muitos pais modernos não conseguem dizer não aos filhos?
Tania: Eles têm o que eu chamo de visão excessivamente psicologizada da educação. Preocupam-se demais com a psiqué, com o emocional, se os filhos vão ficar com algum trauma, algum complexo ou com a auto-estima abalada cada vez que eles lhes impõem limites. Muitos tornam-se superprotetores, alegando que o tempo é escasso e que preferem curtir os filhos em vez de ficar fazendo exigências. Mas esse tempo que sobra é precioso para a formação ética dos filhos. Nessas poucas horas é preciso ter postura. É preciso fazer a criança entender que os pais se ausentam porque estão trabalhando. E que trabalham porque querem dar segurança, saúde e educação aos filhos. A criança compreende isso muito bem. Quando juntos, os pais devem dar atenção, carinho, amor e... educação aos filhos.
NE: A senhora afirmaria que os estudantes de hoje estão mais indisciplinados por causa da falta de limites em casa?
Tania: Com certeza eles estão mais indisciplinados, mas não apenas por causa disso. Há três fatores que contribuem para essa situação. Em primeiro lugar, a insegurança dos pais. Criança que não aprendeu a esperar a vez, que bate na porta quando a mãe está no banheiro, que grita para chamar a atenção, chega à escola e repete esse modelo. Em segundo lugar, está um fator que, isoladamente, é positivo. Na sociedade atual, a quantidade de estímulos que a criança recebe a faz mais articulada. Ela argumenta mais cedo e discute sobre mais assuntos. Por fim, mudanças ocorridas nas últimas décadas ajudam a compor esse ambiente. A relação professor/alunos se alterou de forma radical. Na década de 50, a hierarquia era rígida. O mestre tinha poder absoluto, o que é muito ruim. Com o chamado movimento da Escola Nova, no final dos anos 60 e início dos 70, o aluno passou a ter mais participação. O poder do professor diminuiu, o que é positivo. No entanto, nem todos os docentes souberam lidar de forma eficiente com essa democracia em sala de aula.
NE: Como lidar com essa indisciplina? Existem castigos na era moderna?
Tania: A solução começa pela boa formação do professor, que precisa dominar muito bem os conteúdos, ter bom relacionamento com os alunos, muita didática e autoridade com eles, mas ser afetuoso e respeitoso. Dessa forma, ele será querido e respeitado. Por outro lado, a escola tem de ter autonomia para agir pedagogicamente. Pôr para fora da sala ou expulsar o aluno devem ser os últimos recursos, pois são formas de exclusão social que não levam a nada. O importante é fazer o aluno perceber as conseqüências dos seus atos. Se picha uma parede, deve pintá-la. Se quebra uma carteira, deve consertá-la. Essas sanções, porém, necessitam do apoio da família e têm de estar claras para todos os envolvidos, desde o início das aulas.

Marcos Rosa


"Os pais temem que suas crianças sejam perdedoras. Vi um pai gritar para o filho, num jogo, que derrubasse o colega para não perder um gol"

NE: O que a senhora acha de pais que estimulam a precocidade dos filhos?
Tania: Isso faz parte de uma sociedade competitiva, com tendência à recessão e cada vez mais globalizada. As pessoas estão com muito medo. Cada vez mais cedo os pais procuram dar estímulos para o filho não ficar para trás. Só que acabam exagerando. Há crianças que até disputam docinhos a tapa nas mesas de aniversários. E, quando acha que o filho não lutou, o pai fica incomodado. Tem medo de que ele seja um derrotado. Começa a incentivar atitudes que normalmente não incentivaria. Certa vez, vi um pai gritar para o filho, num jogo de futebol amistoso, que derrubasse o colega para não perder um gol. O medo é um grande inimigo da educação ética.
NE: Esse estímulo, então, não é saudável?
Tania: Tudo o que é excessivo é ruim. É ótimo que se consiga perceber certas inclinações e habilidades nos filhos. Mas que isso não se torne um motivo de ansiedade para a criança. É muito interessante que um filho goste de jogar xadrez. Mas, se surge um clima de cobrança quando ele perde um campeonato, não é bom. A aprendizagem tem de vir acompanhada do prazer. Do contrário, podemos criar uma população de neuróticos. Bebê já tem de ir para a piscina. Com 5 anos, tem de estar alfabetizado em duas línguas. Depois, faz vestibulinho. Desse jeito, suprimimos a infância, gerando pessoas estressadas, competitivas e ansiosas.
NE: Essa precocidade gera situações por vezes constrangedoras _ perguntas que desconcertam qualquer adulto. Como pais e professores devem agir nessas situações?
Tania: A orientação que costumo dar é que a verdade deve ser sempre a resposta. É evidente que, de acordo com a idade, os pais precisam dosar a profundidade do que estão falando. Não convém aprofundar mais do que foi perguntado, respondendo sempre de forma objetiva e concreta. Se não se der por satisfeita, a criança continuará perguntando até que se sinta atendida. É muito chato quando uma simples pergunta se transforma numa aula de Biologia. Também a mentira ou as meias-verdades são percebidas pela criança. Agindo assim, pais e professores perdem a credibilidade.
NE: A senhora tem filhos?
Tania: Sim. Dois, já entrando na idade adulta.
NE: Como agiu com eles?
Tania: O que escrevo nos livros é exatamente o que fiz, toda a vida, em minha casa, com meus filhos. Eu e meu marido colocamos limites desde o começo. Limites coerentes, no momento certo e bem dosados, é claro. Sempre exercitamos esse equilíbrio entre a liberdade e a responsabilidade e também nossa autoridade como pais. Não pense que foi fácil, mas vale a pena quando, depois de alguns anos, seu filho vira uma pessoa produtiva, ética e respeitosa.

(http://novaescola.abril.com.br/ed/130_mar00/html/entrevista.htm)

Texto 02:
Família , Disciplina e Ética - Texto de : Tania Zagury*

Em meu livro "Educar sem Culpa" discuto o papel da família como geradora da ética, enfatizando que a ela caberá, mais e mais, a cada dia que passa, a grande, a enorme responsabilidade de arcar com esta árdua, porém essencial tarefa social. Constato porém, perplexa, que esta meta se torna mais e mais difícil de ser alcançada. E por quê? Porque diariamente em cada família, em cada casa, mais e mais pessoas questionam a validade de lutar por certos objetivos que, há bem pouco tempo, jamais eram questionados. A que objetivos me refiro? Exatamente àqueles que, no seu conjunto, irão constituir a gênese da ética, a base moral dos nossos filhos.

Na maioria das vezes, os pais agem movidos pelo mais legítimo e verdadeiro desejo de acertar, de dar aos filhos o que de melhor eles têm. Nem sempre porém o conseguem. Tomemos por exemplo, a situação vivida atualmente pelos brasileiros.

Como se sentem os pais vendo tudo a sua volta desmoronar? Se grande parte de nossos dirigentes mostra-se cada vez mais corrompida e corruptível, se o valor maior que parece imperar é apenas o de acumular mais e mais bens materiais, se o respeito pelo outro parece a cada instante diminuir, se a impunidade campeia, se o justo paga pelo pecador, se a lei parece proteger os que a violam, se a honestidade é premiada com o desprezo e a desconfiança, pensam os pais, como transmitir os velhos valores aos filhos? E para quê, se perguntam. Quantas vezes por dia vemos a falta de civilidade e de respeito ocorrer?


Nos condomínios chiques os próprios moradores insistem em não observar as mínimas regras de convivência. Se o porteiro interfona para checar sobre a entrada de um visitante no prédio - norma estabelecida para todos - sempre existem alguns que sentem-se extremamente "ofendidos" e, por vezes, até destratam aqueles que, num outro momento, seriam severamente repreendidos se não fizessem o que estabeleceu-se como regra.

Nas ciclovias, o lazer - andar de bicicleta - virou conflito com os pedestres que têm que prestar muita atenção para não serem atropelados. São homens, mulheres e crianças que preferem arriscar a vida de um semelhante a diminuir a velocidade, para não perder um segundozinho de prazer pessoal. Nas praias, os jogos de bola (volei, frescobol, futebol), tão saudáveis, transformaram-se ocupando mais e mais espaço dos banhistas e ameaçando-lhes a segurança física. No trânsito - nem é bom falar - vivemos um permanente bangue-bangue: tiros são disparados contra pessoas, por simples desentendimentos ou "fechadas".

Na escola, os alunos esforçados, estudiosos e atentos são ridicularizados pelos demais que lhes colocam apelidos pejorativos como cê-dê-efe e outros. No trabalho, diferentes formas de bajulação substituem a produtividade e a seriedade como instrumento certo para promoções. Intrigas e "fofocas" são toleradas e até incentivadas como meio de "comunicação" enquanto os que agem lealmente são alijados do processo ou colocados em segundo plano.

Frente a tudo isso, os pais, repentinamente, sentem-se receosos e inseguros. Os próprios filhos são os primeiros a questionar: "só você é que faz assim!" ; "os pais da fulana deixam..."; "ah, todo mundo faz!"; "você é quadrado "; "você já era..."; "por que eu não posso, se todo mundo vai?" Junte-se a isso tudo a influência extremamente forte dos meios de comunicação de massa incentivando o consumismo e a adoção de valores materiais e imediatistas e poderemos, sem dificuldade alguma, compreender a situação em que se encontram os pais.

Preocupados em garantir um futuro para os filhos, defrontam-se com um contexto que os leva a questionar valores até então incorporados e transmitidos geração após geração, quase que automaticamente. "Será que meu filho não vai ser "o bobão" do grupo?" "Será que lhe estou dando o instrumental correto para viver nesse tipo de sociedade?" (*) Mestre em Educação, Escritora, Professor-Adjunto da UFRJ, Autora dos livros "Educar sem Culpa", "Sem Padecer no Paraíso" , "O Adolescente por ele Mesmo", "Rampa", "Encurtando a Adolescência" entre outros. E-mail: taniaz@esquadro.com.br Leia reportagem completa em Aprender OnLine - Leiam mais artigos relacionados a Educação. Excelente o site Aprendiz.



(*) Mestre em Educação, Escritora, Professor-Adjunto da UFRJ, Autora dos livros "Educar sem Culpa", "Sem Padecer no Paraíso" , "O Adolescente por ele Mesmo", "Rampa", "Encurtando a Adolescência" entre outros. E-mail: taniaz@esquadro.com.br

Leia reportagem completa em Aprender OnLine - Leiam mais artigos relacionados a Educação. Excelente o site Aprendiz. - Texto publicado na MiniWeb Educação em 2.000
http://www.miniweb.com.br/Cidadania/Temas_Transversais/familia.html


Texto 03 :
Bom cidadão desde pequeno

Por Lucy Casolari*



Honestidade e integridade se aprendem em família e, na escola, a criança amplia suas noções de respeito mútuo. É o conceito de cidadania tomando conta da cabecinha do seu filho.

- A família dá os primeiros toques
- Aprendendo limites


Transformar crianças e jovens em cidadãos é tarefa de toda a sociedade - pais, educadores, meios de comunicação e Estado. Cabe a cada um colocar o seu tijolinho na construção moral e ética das futuras gerações.

Não dá para continuar com o pingue-pongue: família joga a responsabilidade para a escola que passa a bola para o Governo que, sozinho, não tem força para educar as crianças. O trabalho em parceria é a esperança de uma sociedade mais justa e solidária.

Afinal, ninguém quer viver na terra de Macunaíma, herói sem nenhum caráter; ser lembrado como aprendiz de Gerson, aquele que leva vantagem em tudo e ouvir que o jeitinho resolve qualquer problema.

A família dá os primeiros toques

O aprendizado sobre valores e regras de conduta começa na família. É no círculo de pessoas mais próximas - pais, irmãos, tios, avós - que a criança tem contato com limites e modelos de comportamento.

A família é o espaço privado. Em casa, as relações sociais dependem da afetividade e o respeito aos pais tem a ver com amor. A criança aceita as regras e limites porque considera os pais sábios e poderosos.

Vale reforçar a importância de estabelecer limites firmes, claros e consistentes para os pequenos desenvolverem respeito aos valores e regras em geral. E nunca se esqueça de que o exemplo é sempre dos pais.


Atitudes respeitosas e gentis como cumprimentos e agradecimentos são necessárias. Pais educados são bons modelos para seus filhos.


O discurso deve concordar com a prática. Cuidado com o tradicional "faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço". Um exemplo clássico é a reprovação da mentira. Então, se não quiser atender a um telefonema, jamais peça ao seu filho que minta em seu lugar, dizendo que você não está em casa.


Comparar a criança com alguém da família por características negativas funciona como reforço do mau comportamento. Dizer que o filho é teimoso como a mãe ou bagunceiro como o avô estimula teimosia e bagunça.


Chantagens e ameaças são ineficientes para construir atitudes adequadas, têm efeito imediato, mas não são incorporadas consistentemente à formação de valores. Barganhar com presentes e recompensas bons resultados na escola e comportamento positivo cria um círculo vicioso. Prepare-se, pois para cada exigência e solicitação virá sempre a pergunta: o que eu ganho com isso?


Tarefas domésticas mostram noções dos deveres necessários para o exercício da cidadania. Crianças são especialistas na defesa dos seus direitos, é importante que percebam os dois lados da moeda. Ensine os pequenos a guardar brinquedos, arrumar a cama, estender a toalha após o banho e tirar o prato depois das refeições.

Aprendendo limites

A escola representa a passagem do espaço privado da casa para o público da sociedade. É organizada de forma diferente da família, pois os professores ocupam lugares passageiros na vida das crianças e é onde se dá o contato com os colegas de classe. O círculo de relações sociais se amplia e a possibilidade de interação também. É um espaço protegido, ideal para desenvolver respeito mútuo, integridade, justiça, honestidade, lealdade, solidariedade, contando sempre com a intermediação dos educadores.

A convivência entre alunos vindos de diferentes famílias, com valores próprios, torna tudo mais complexo, mas acrescenta a riqueza da diversidade. É importante que a escola tenha discurso e prática concordantes: a premissa de que respeito é fundamental deve ser hábito entre os professores e a garotada.

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais, documento do Ministério da Educação divulgado em 1998, as instituições escolares são responsáveis por tratar explicitamente de temas como ética, saúde, meio ambiente, etc. Isso significa que devem reservar tempo e abrir espaço para proporcionar reflexão e informações sobre esses assuntos, sem deixar de ensinar as matérias clássicas: português, matemática, ciências, línguas e artes.


*Lucy Casolari é pedagoga e educadora da VERCRESCER assessoria educacional
http://www.clicfilhos.com.br/site/display_materia.jsp?titulo=Bom+cidad%E3o+desde+pequeno+

Conclusão