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200b – Tema: Terceira idade/idoso: relação entre pais, filhos e netos. - conclusão

CVDEE - Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo
www.cvdee.org.br - sala de estudo Educar
Estudos destinados à família e à educação no lar


OOis, Gente Linda, tudo joiiinha com vcs?! 🙂
A título de nossa conclusão, vou deixar o texto sobre Visão Espírita do Idoso, feito por Leda Marques Bighetti, ele é super grande, mas creio que um manacional de informações para todos nós 🙂
Ah! o sub-dividi em 02 partes, porque senão não entraria na sala, ok?! 🙂
Um sábado todinho cor e amor procês
beijocas mineiras com carinho no coração

Visão Espírita do Idoso

Leda Marques Bighetti (Ribeirão Preto, SP)

I - "(...) É justo que os filhos cooperem com os pais, embora saibamos que os mais jovens de hoje serão os mais velhos de amanhã tanto quanto os maduros de agora, desempenharão, muito em breve o papel de jovens no futuro.

Tudo é seqüência na Lei". Emmanuel - Reformador, julho/76 - 22/4/51

"Antes de mais nada, é necessário esclarecer cada uma das gerações que se cruzam na mesma época reencarnatória sobre um princípio altamente funcional para o progresso das coletividades (povos e nações). As atuais posições e funções específicas das gerações de hoje já estiveram trocadas em vidas passadas. E ainda se inverterão em vidas futuras. A geração mais velha de hoje em função educadora foi a mais nova e educanda de ontem; e será a de amanhã.

Os papeis vão sendo invertidos no suceder das exigências, para permitir um intercâmbio salutar de experiências, de vivências e de conhecimento, de infusão recíproco de valores em ampla e necessária complementaridade.

Essa contingência está a apontar a todos o respeito mútuo, recíproca compreensão e liberdade a ser mantida entre os mais velhos e os jovens em comunicação produtiva". Espiritismo e Educação, Ney Lobo - IX

As fases da vida física e o que cada uma representa para o Espírito
Dentro dos objetivos da Doutrina Espírita - a renovação moral - encarnação, isto é, uso de um corpo físico e o tempo que pode desfrutar dele, é altamente valorizado no entender espírita.

"A passagem dos espíritos pela vida corporal é necessária para que eles possam cumprir, por meio de uma ação material, os desígnios cuja execução Deus lhes confia. É-lhes necessária, a bem deles, visto que a atividade que são obrigados a exercer lhes auxilia o desenvolvimento da inteligência. Sendo soberanamente justo Deus tem de distribuir tudo igualmente por todos os seus filhos; assim é que estabeleceu para todos o mesmo ponto de partida, a mesma aptidão, as mesmas obrigações a cumprir e a mesma liberdade de proceder. Qualquer privilégio seria uma preferência, uma injustiça. Mas, a encarnação para todos os espíritos é um estado transitório. É uma tarefa que Deus lhes impõe, quando iniciam a vida, como primeira experiência do uso do livre-arbítrio. Os que desempenham com zelo essa tarefa transpõem rapidamente e menos penosamente os primeiros graus da iniciação e mais cedo gozam do fruto de seus labores. Os que, ao contrário, usam mal a liberdade que Deus lhes concede retardam sua marcha e, tal seja a obstinação que demonstrarem, podem prolongar, indefinidamente, a necessidade da reencarnação e é quando se torna um castigo". 1

Desse modo é o homem:

"um Espírito transeunte, reencarnado nesta Terra, peregrino imperfeito, em determinado grau educativo em romagem da perfectibilidade para perfeição que, pela Educação conquistada ou a conquistar em Reencarnações sucessivas e progressivas como ser Pluriexistencial atingirá o estado de Puro Espírito, isto é totalmente educado" 2

Entendida essa premissa o Espírito precisa de um corpo físico para desenvolver seu potencial perfectível, submetido ao ciclo da matéria que "nasce, cresce, desenvolve-se, mantém determinado equilíbrio, desagrega-se e morre, qual a função de cada uma? Há alguma coisa que seja superior, mais importante?

Recorde-se que na perfeição do Pai, não existe acaso, supérfluo, ou algo sem função específica. Desse modo, cada fase em que estagia o Espírito, tem ela uma função altamente qualificada em preparações contínuas e seqüentes onde o aprendizado, as experiências, o processo educativo aí contido, vai ampliando o campo perceptivo e irradiador do Espírito.

De passagem, recorde-se que a infância etapa que vai desde o nascimento até a puberdade configura-se como tempo de transição de uma existência para outra; período de convalescença da árdua travessia da vida espiritual para a material, onde a primeira função3, é o repouso e as faculdades em latência encontrarão, no trabalho envidado pelos pais/responsáveis, os estímulos para que se manifestem. Nesse campo, interligado, junto, paralelo ao repouso/latência está a segunda função - a plasticidade, a maleabilidade"4 propiciadora do campo aberto para se reformar, mudar. O exemplo, o desvelo, o carinho, a firmeza, o empenho dos pais/responsáveis em trabalhar sem perder a dimensão de que está diante de um Espírito imortal, dá sentido e entendimento as várias situações com as quais se defrontarão.

Essa visão - Imortalidade - em nenhum momento pode ser esquecida - pois se ela referencia o ser, com seu passado, aquisições, virtudes e problemas, também dá sentido a todos os cuidados e trabalhos visando o futuro.

A adolescência, puberdade, fase que adentra em tese, além um pouco dos vinte anos, caracteriza-se pela descoberta e afirmação do EU, onde períodos de egocentrismo, crises de irriquietude, irritabilidade, alternando-se com períodos calmos, ou de entusiasmo e depressão são freqüentes. Produzem tormento interior, acrescido das dificuldades nas decisões, as desilusões, ou o contato com a realidade mais evidente, onde o Espírito não se sente ainda com estruturação de um Homem, mas também não se aceita mais como criança. Mendouse, pensador francês classifica essa fase como "estado de anarquia das tendências".

Sob o enfoque da Imortalidade, tudo isso de um modo geral (pode haver exceções) tem razão de ser. Agora, o esquecimento do passado é total, a potencialidade está voltada para o futuro, mas esse Espírito é todo um aflorar de passado. A infância acenou-lhe com novas propostas, ideais. Nessa luta (quase sempre inconsciente) entre o que não mais quer se repetir, rescindir e o que almeja, sente ou deseja, o objetivo que é justamente a emancipação, quase sempre exterioriza-se através de conflitos a representar verdadeiro grito de socorro onde a atitude atuante dos pais/responsáveis - conversando, dialogando, refletindo juntos será de capital importância para a fisionomia espiritual desse futuro homem, totalmente diferente do que já fora em passado, da "criança" dessa existência, dos pais ou familiares.

No mesmo enfoque e importância esse Espírito imortal alcança, atinge (na tese de uma seqüência lógica) a maturidade onde pressupõe-se o equilíbrio físico e emocional no vigor e a energia que esplendem. O Espírito se exteriorizaria aí em toda solidez, firmeza, precisão e desenvolvimento. A segurança, a justeza, a reflexão dão real colorido as propostas e decisões "Se realmente a idade madura é menos primaveril que a adolescência; se as flores decaíram do seu colorido e perfume, os frutos igualando-se aos frutos de uma árvore começam a aparecer na extremidade da alma pois é a idade madura, por excelência, o período da plenitude; é o rio que corre a toda força e espalha pela campina a riqueza e a fecundidade". 5

A arte da vida, portanto, consistirá em justamente se entender porquês e funções, e se preparar para elas e nelas, qual trabalhador que após os serviços devidos se prepara para a colheita.

Essa fase madura onde "(...) o nascer do sol é logo de manhã, o poente é radioso e as noites sempre alumiadas maravilhosamente, suntuosamente por milhares de estrelas (...)6, o trabalho, a inspiração, o desprendimento e o amor preparam para a fase que se seguirá - a do envelhecimento da matéria.

Por que a do envelhecimento da matéria?

"(...) teu corpo é uma veste que se apodrece (...)"7

Mantidas as condições gerais de vida, isto é, ar, luz, calor, alimento, cuidados necessários, por que a energia vital que mantém a Vida se desagrega?

Gabriel Delanne8 representa essa resposta com a analogia de uma pedra lançada ao ar em sentido vertical. Impulsionada pela força dos músculos, a despeito da força centrípeta, eleva-se rapidamente até que as duas forças contrárias se equilibram. Depois, a atração predomina, a pedra cai e quando chega ao ponto de partida toda energia a ela comunicada terá desaparecido.

Pode-se fazer paralelo com o ser vivo - a energia potencial proveniente dos pais e que se encontra na célula original, transforma-se em energia natural à medida em que se organiza a matéria. De começo a ação é altamente enérgica - a assimilação ultrapassa a desassimilação - o indivíduo cresce (infância e juventude). A seguir vem o equilíbrio das perdas e ganhos - é a maturidade, a estabilidade da matéria. Cessado, rompido esse equilíbrio, os tecidos não mais convenientemente alimentados, esvai-se a força vital até a exaustão completa. Caracterizou-se a velhice dessa matéria até o sobrevir de extinção completa, no caso, na morte. A matéria agora desagregada retorna ao mundo inorgânico.

Essa matéria em desagregação influencia o Espírito?

Sem dúvida. Ela limita sua exteriorização, sua expansão, impõe-lhe ritmo diferente. Os instrumentos para a manifestação da alma estão limitados, e o Espírito não mais consegue dinamizar sua pujança.

Acredita-se que esse processo natural do envelhecimento da matéria apresente menos problemas ao Espírito quando se faz acompanhar desse conhecimento e do fruto das atitudes positivas e condutas corretas no dia-a-dia, desde a mocidade e que as funções biológicas e psicológicas são alteradas com maiores repercussões diante dos comportamentos sem disciplina em todos os setores.

Daí entender, compreender essa fase natural da existência e trabalhar nela para que o Espírito se mantenha ativo, lúcido, entusiasmado e permanentemente livre, embora limitado pela matéria que o restringe.

A História mostra que o envelhecimento da matéria não se processou em paralelo, para quem soube cultivar o Espírito ou em outras palavras, a idade cronológica não representou barreiras para Verdi, compositor italiano, que aos sessentas anos compõe "Aída"; com mais de setenta e quatro "Otelo" e aos oitenta e quatro completa três imorredouras páginas religiosas: "Ave Maria", "Stabat Mater" e "Te Deum". Picasso, o genial pintor espanhol aos noventa e um anos cria; Churchill septuagenário foi a alma da resistência na Segunda Grande Guerra e morre aos noventa e um anos em plena contribuição social. Que falar ainda de Einsten, Edison, Albert Schwtzer, Pasteur, Fleming, Adenahuer, Bertrand Russell espíritos altamente produtivos aos setenta, oitenta, noventa anos de idade física, que não se entregando a vida contemplativa permanecem vivos até hoje quando pelos efeitos de suas descobertas, invenções, idéias e ideais se mantiveram produtivos, interessados, interessantes e atuantes, apesar, do envelhecimento físico.

Nessas colocações quem é o idoso?

Há primeiro que se diferenciar o que se entende por idoso. Assim...

II -

Como definir ou o que se entende por idoso?

De modo geral, por hábito, costume, desconhecimento da real significação das palavras usamos como sinônimo de idoso, o termo velho.

E não têm elas (as palavras idoso e velho) a mesma significação?

Se tomarmos o dicionário mais simples encontramos:

Velho - adjetivo - gasto pelo uso, antigo, usadíssimo, desusado, antiquado, obsoleto, arcaico.

Idoso - substantivo masculino - homem que tem muita idade.

Nota: O vocábulo velho sendo adjetivo, indica qualidade, caráter, modo de ser ou estado do ser ou dos objetos nomeados pelo substantivo. Assim...

Nos exemplos citados no estudo anterior (Verdi, Churchill, Einstein, Edison, Fleming, etc., etc.) evidenciou-se essa diferença, uma vez que todo idoso, inevitavelmente o será pelo próprio adentrar dos anos vividos no tempo presente. Ser porém, junto a essa realidade, velho, obsoleto, desusado, usadíssimo, antiquado é opção, concluindo-se que: ser idoso (para quem aí chega) é contingência, porém, ser velho é arbítrio, decisão pessoal.

Desse modo é velho quem perdeu a jovialidade, quem só dorme, quem nada ensina ou recusa-se a aprender. É velho aquele que somente descansa, que vive no passado e se alimenta de saudades, na vida que se acaba a cada noite que termina sem planos e sonhos para o amanhecer, em que os dias são tolerados como se fossem os últimos de uma longa jornada num calendário só de ontens.

O idoso, aquele que se entende na bênção de viver uma longa vida, compreendendo o desgaste natural das células, não se permite a degenerescência, o decaimento, o definhamento a alteração dos caracteres do Espírito, a mudança de um padrão para outro funcionalmente inferior.

Nesse aspecto, o idoso sonha, aprende, se exercita, faz planos, povoa a vida de ocupações pessoais interessantes; renova a cada aurora que surge entendendo o hoje sempre como o tempo bendito de atualizar algo, rever um aspecto, apreender melhor isto ou aquilo num calendário repleto de amanhãs.

De um modo geral, pensamos e agimos assim?

Infelizmente não. Por conteúdo, bagagem, contingência, imposição ou por nos atermos só à visão material da vida, somos tendenciosos a manter e aprofundar limites. A posição contrária normalmente é vista com o leve sorriso de desdém, descrença ou pouco caso, rotulado de utopia, poesia, devaneios...

Não é bem assim; não se trata de enganos de querer fugir ou não aceitar, assumir uma situação. A realidade física é inexorável dentro da série de alterações que se exibem e se processam nesse campo: por predominar agora os processos da desassimilação, onde a matéria praticamente não mais se regenera; há a decadência progressiva do organismo, que poderá favorecer o aparecimento das doenças. O estado da pele com seu tom, brilho ou opacidade, os cabelos, seu volume e colorido; a marcha, a diminuição da força muscular, etc., etc. são visíveis. Somem-se outros acontecimentos naturais que se revelam mais sob orientação clínica, onde as funções dos vários aparelhos diminuem ou são eliminadas, como por exemplo, a função sexual na característica de gerar vida.

Quanto a capacidade mental, ela também se ressente por influência dessas alterações.

"A medida que envelhecemos, segundo mostram inúmeros estudos, nosso cérebro sofre um verdadeiro encolhimento (...) a substância cinzenta (do cérebro) é perdida mais precocemente (dos 20 aos 50 anos) e a substância branca sofre uma perda mais acentuada em idades mais avançadas (dos 70 aos 90 anos de idade). A perda de peso é algo em torno de 7 a 8% em relação ao peso máximo alcançado na vida adulta. Tal declínio da massa cerebral, se deve, fundamentalmente, à perda de células nervosas (neurônios) tendo-se demonstrado uma perda de mais de 50% em algumas regiões específicas do cérebro como a frontal e a temporal superiores. Alguns pesquisadores apontaram também, uma perda dos dentritos dos neurônios, após os 80 anos de idade (...). Medição da capacidade de glicose (fonte de energia) pelo cérebro vem demonstrando uma redução após os 70 anos de idade. Uma conseqüência é a queda na capacidade de síntese do neurotransmissor acetilcolina. Neurotransmissores são liberados nas sinapses (pontos de ligação entre os neurônios) facilitando o impulso de uma célula para outra. Suspeita-se que o decréscimo moderado na atividade da acetilcolina cerebral possa ser responsável por uma redução discreta na capacidade de atenção, concentração e aprendizagem comumente encontrada entre pessoas idosas. Todavia, a grande maioria das pessoas chega aos 75 e 80 anos ainda com bom nível de desempenho intelectual mostrando que o nosso organismo tem uma certa reserva funcional para enfrentar as perdas"1

Essa constatação de uma realidade natural é imprescindível conhecer. Não é o homem porém, só um aglomerado de trilhões e trilhões de células, mas uma Individualidade imortal que se serve por um determinado tempo, de uma matéria que lhe permitirá exteriorizar-se usando (essa matéria e exteriorização) para burilamento (educação) da essência.

Desse modo há perfeita interação, ação recíproca, mútua entre mente/corpo, sendo impossível dissociar um do outro, o que equivale dizer, o Espírito da matéria.

A ação, a interferência do psiquismo no mundo orgânico é preponderante para que se possa viver em equilíbrio. A matéria por suas limitações cerceará a exteriorização do Espírito mas a saudável disposição mental deste se refletirá no conjunto em forma de bem-estar no dinamismo, lúcido, vívido, interessado e atuante fornecendo "(...) lubrificante para as engrenagens celulares que passam a movimentar-se sob o comando equilibrado"2

Isso é novidade?

Não. Os pais gregos da Medicina já compreendiam esse papel interativo do Espírito e a importância desse comando dinâmico para a constituição harmônica da existência humana. A cada dia, os cientistas da Saúde constatam mais evidências dessa realidade, demonstrando que o processo educativo no qual o Espírito se insira ou não, produzirá reflexos na área da saúde, facultando o surgimento e manutenção de enfermidades (limitações) ou preservando e administrando o conjunto em boa atividade.

Comportamentos estressantes;
sentimentos agressivos;
conduta conformista exterior e rebeldia interna;
guardar ressentimentos ou paixões perturbadoras;
ambições desmedidas;
autodesamor etc., etc., etc....
Transformam-se em toxinas que o cérebro elabora. Nesse desequilíbrio mental, os venenos produzidos se espraiam pelo sistema nervoso central, fixam-se no corpo físico especialmente nos órgãos, regiões mais sensíveis estabelecendo o desconcerto geral. As emissões são carregadas de energia deletéria, depressiva, inconformista, perturbadora onde os efeitos se apresentam danosos, agredindo inclusive as defesas imunológicas, limitando ou/e desarticulando os mecanismos de equilíbrio que respondem pela saúde.

Por outro lado, os sentimentos de: esperança, fé, alegria, amor, paz, entusiasmo, idéias, planos edificantes enfim, proporcionam altas descargas de energias salutares que "(...) são conduzidas pelas moléculas dos peptídeos em forma de endorfinas, interferon, interleucinas e outras substâncias equivalentes que restabelecem a equilibrada mitose celular recuperando-as das desarticulações, estimulando os leucócitos e gerando circuito de vibrações bem estruturadas.

Essa interação mente/corpo é resultado de não ser a constituição humana só material, mas essencialmente psicofísica portanto, trabalhada pelo Espírito que é o agente da vida inteligente e organizada da criatura"2 As emissões constituídas dessas idéias acima, exteriorizam-se em respostas saudáveis no corpo que se apresenta dinâmico, jovial preservando seus equipamentos.

Sob esse enfoque, o Espírito, segundo a proporção do trabalho educativo que realiza consigo no decorrer do tempo, na existência em si, envia continuadamente mensagens do mais variado teor a todos os setores do corpo físico pelo qual se manifesta.

Dessa forma, a idade cronológica, tem importância limitativa relativa mais ou menos acentuada, segundo a disposição/entendimento/educação do Espírito. Nesse tempo exteriorizar-se-á o idoso ou o velho como resultado do que construiu, elaborou, realizou, manteve e cultivou, durante toda uma vida.

Surge a interrogação - como ou quais as formas mais comuns de rreação frente a essa realidade?

Pode-se rejeitar, mas esta em si mesma, de forma alguma altera o quadro; antes, amplia e complica-o. Pode-se detestar, maldizendo desde sempre a idéia, na expressão rebelde que destrói as reservas de equilíbrio e força, aumentando aflições. Pode-se aceitar, com resignação estática, indiferente que não trabalhando a causa semeia a morbidez no desânimo conformado, passivo, que se instala. Somente a aceitação dinâmica, aquela que compreende o acontecimento e marcha envolto em planos, ideais e realizações, atenua conseqüências. Superando-se o peso de grandes esforços é que contribui para manutenção harmônica do ser inteligente sempre, sempre aprendendo novas lições, desenvolvendo valores em gérmen, vinculado às Fontes Superiores de onde procede, que o inspiram e animam em todas as vicissitudes pelas quais inevitavelmente passará.

Essas seriam em tese, em ideal, os raciocínios, as premissas que deveriam em processo educativo constar da formação de uma mentalidade de respeito primeiro, cada um consigo para irradiando-se nos outros reformar a idéia de que idoso e velho seriam sinônimos.

Sem isso como o idoso se vê? como é visto, de um modo geral?

III- Sem esse entendimento, se não forem trabalhados os aspectos levantados, percebidas essas diferenças, manteremos o atual estágio onde as dimensões velho - idoso - idoso velho, permanecem como sinônimos, como padrão de comportamento.

De um modo geral, o idoso contribui para que essa mentalidade permaneça?

Na realidade, essa faceta não se instalou aí nessa fase da vida física. É ela decorrência de todo um fator cultural, onde a criança já vê, no próprio meio que a acolhe, a afirmação desse desprestígio, no qual a idade adulta ou avançada significa marginalização, sofrimento e amargura. Assim incorpora, mantém ou aprofunda esse entender, passando, não só a temer a idade, mas também a morte, como se essa não ocorresse em qualquer fase da existência.

Lá na frente, no tempo que chegará, encontraremos essa criança como o adulto desequipado, buscando desesperado métodos externos de rejuvenescimento, grupos especiais, nos quais seja possível repetir-se a ilusão da mocidade. Desarmonizado interiormente cria, se vê as voltas com os transtornos psicológicos a se exteriorizar em quadros de depressões e angústias esquecido, nunca ensinado ou lembrado de que o fator idade apresentar-se-á como resultado de como cada qual se comportou, isto é, de como foi construída pelos pensamentos e atitudes todo um existir.

Esses dias de passado, já encarado aí como carga que se quer rapidamente alijar, não enriquecerá, nesse futuro, a mente, os pensamentos, as idéias ou as lembranças em luzes com painéis ditosos, criativos, úteis e felizes.

"Atravessar a existência - qual ocorre com aquele que vence as estradas ou águas de um rio - sempre conduzindo com segurança o veículo de que se utiliza, é processo de realização existencial, que produz resultados compatíveis com a maneira de enfrentar o percurso na direção do objetivo".

Dentro desses raciocínios, poderíamos responder que o idoso contribui para que essa idéia de marginalização se intensifique. Em suas atitudes mínimas lamenta-se do:

distanciamento da vida ativa - que ele (mesmo sem o saber) se negou desde muito tempo atrás a querê-la ativa agora, pois esperava a idade, como um tempo que daria o direito de mais nada fazer.
enfraquecimento das forças orgânicas
privação dos provocantes de prazer
proximidade com a morte, situações estas não condicionadas a número de anos vividos, uma vez que em qualquer período da vida orgânica, enfermidades, acidentes, conflitos, problemas econômicos e sociais, geram as mesmas conseqüências.
O distanciamento da Vida, é gerado pela perda do encanto, da alegria de viver.

O pensamento ativo que se mantém útil aqui, ali e sobretudo no campo interno, encontra oportunidade de contribuir positivamente em favor dos grupos familiar e social. Afere-se a força de um ser, não pelo vigor físico, mas pela capacidade de administrar a existência, de enfrentar dificuldades, de resolver desafios, de lutar e vencer; idéias, situações e posicionamentos controvertidos.

Essas premissas, não são característica ou resultantes desta ou daquela idade, mas de disposição interior de viver e de participar dos desafios humanos.

Podemos encontrar muitos jovens de constituição orgânica fraca, o que não os impede de crescer e se realizar. O mesmo ocorre com os idosos que podem ser fracos ou fortes, com estrutura mais ou menos equilibrada, sem que isto seja a causa de afetar-lhes o comportamento social, espiritual e humano.

Naturalmente, a prática de exercícios, a alimentação saudável, planos, ideais, pensamentos edificantes, leituras, atividades gratificantes, correspondentes à cada faixa etária, constituem-se como valores que se importantes no decorrer dos dias, se tornam imprescindíveis nos tempos mais avançados.

Ausência e diminuição do vigor físico necessariamente não são paralelos, contingências para que o mesmo ocorra nas áreas do pensamento, da emoção, do desejo de servir e amar.

Já vimos no estudo um, políticos e administradores, escritores, poetas, cientistas, filósofos, estadistas atingindo seus momentos culminantes quando outros haviam deixado de lutar e despertar oportunidade de crescimento. Estes, encolhem-se para esperar a morte, o desaparecer, o dissolver-se no nada. Os primeiros, utilizam-se dos valores que arregimentaram no tempo para se apresentarem mais vitoriosos, felizes, oferecendo ao mundo contribuição duradoura e brilhante.

Como lidar com o estabelecido de que o idoso esquece?

O hábito de pensar e agir desenvolve a memória retentiva, facultado maior número de aprendizados que não se apagam. Permanece o interesse do principal em detrimento das questões secundárias que a seleção natural faculta desaparecer da mente. À medida, porém, que o indivíduo se mantém ágil, exercitando a capacidade de pensar, aberto, interessado, participante nas inovações do tempo, maior se lhe torna o desempenho intelectual. Mesmo que haja uma variação no ritmo, na velocidade, haverá não só a preservação do patrimônio conquistado como também aquisição de novos valores onde o idoso se configura como exemplo para as gerações novas.

Como refletir sobre a privação de prazeres?

Depende também de como se entende o que é prazer. Sua significação não se atém somente ao que agrada em determinado período da existência física mas qualifica-se como sensação ou sentimento agradável, harmonioso, que atende a uma inclinação vital proporcionando alegria, satisfação, contentamento, deleite. Prazer proporciona alegria, bem-estar, satisfação, felicidade, agrado, incentivo, estímulo para o crescimento interior, conforto e paz.

De acordo com essa definição, a escala de valores a respeito do prazer, varia, de acordo com a idade que cada um desfruta: em um momento a volúpia, o grande prazer dos sentidos, noutro arrefece-se este; em outro ainda perdem-se os atrativos, desaparecendo completamente. Há prazeres dos sentidos que exigem imediatas compensações; há prazeres do sentimento que proporcionam inimaginável e duradouro bem-estar.

A busca pelo prazer na juventude e madureza é afligente, busca o ter onde o sexo é priorizado como sua fonte única. Nesse entender a idade avançada acena com a decrepitude e insatisfação, tormento, amargura, revolta e frustração.

No real entender do prazer, ele existirá e atrairá das mais variadas formas que poderão ser vivenciadas nos vários ou conforme o padrão orgânico, onde formas antes desconhecidas de companheirismo, convívio, afetividade, trocas, e prazeres fluem no ser sem a imposição do relacionamento sexual.

Ainda, nesse encadear dos sentidos que se superam, o ser pode nesse entender (ilusório para uns, utópico para outros) descobrir o prazer de encontrar-se, de viver consigo mesmo, experimentando sensações, percebendo um mundo estético pleno de harmonia na satisfação pessoal cada vez mais abrangente. Prazer em tese, não se configura como sensação um momento fugaz, mas frui de dentro do ser, irradiando-se em indescritível paz, entusiasmo, alegria de ser, de estar e de viver.

Há quem associe idade avançada com rabugice. Como refletir sobre isso?

Queixar-se de tudo, ser impertinente, inconveniente, inoportuno, insolente, falar e agir de modo ofensivo, grosseiro, viver de mau humor, zangar-se continuamente, não é privilégio dos anciãos. Pessoas exteriorizando a habituidade dessas posturas são encontradas em todos os períodos da existência! Quantos, dispondo de uma existência pela frente, se exteriorizam em atitudes irritadiças, exigentes ao lado de idosos pacientes, confiantes e gentis. O inverso também procede? Sem dúvida, jovens ternos, pacientes e idosos inconvenientes, mostrando mais uma vez, cada um a se exteriorizar como fruto do trabalho que realizou e ou realiza consigo. Como ainda em tese, não despertos, interessados ou motivados como Espíritos imortais para esse trabalho educativo a realizar-se na essência, é coerente que o idoso se configure como expressivo número a chamar a atenção pelas atitudes da rebeldia rabugenta, descontente e infeliz.

De um modo geral, essas posições refletem esse imenso vazio do ser que se vê diante do nada, no fim que não chega, na família que estigmatiza, marginaliza e põe de lado como algo que estorva e enfeia o ambiente.

Estudiosos apontam que, grande parte das atitudes mais agressivas do idoso, configuram-se como reações para com as atitudes, o pouco caso, o desprezo, o subestimar que sentem ou percebem (mesmo quando não exteriorizadas em palavras e atos) nos demais.

Desse modo, o relacionamento não saudável na família ocasionam ou aprofundam conflitos, implicâncias, cobranças que podem caminhar para agravamentos insustentáveis.

Reflitamos que de modo geral, mas especificamente neste caso, é na família que o processo se desenvolve em clima de sintonia, onde o menosprezo de uns (exteriorizado ou não) provoca reações que reciprocamente interferirão na preservação da saúde física, emocional e mental do grupo familiar.

Nivelou-se nesse grupo, a visão do nada do idoso, no descaso desrespeitoso do grupo, onde todos querem se ver livres uns dos outros, como pesos recíprocos a se tolerarem por obrigação.

Nesse clima, somente aqueles que dispuserem de resistências morais relevantes, suportarão (não se sabe em que condições íntimas) o desrespeito mantido.

Essas "resistências morais relevantes", frise-se, não são conseguidas de uma hora para outra, mas fruto de trabalho pessoal no entender da Vida, na sua função, nos objetivos que cumpre frente ao crescimento do Espírito.

Entender que os dias da existência têm significado especial par o enriquecimento interior, na conquista de patamares elevados para o sentimento e o pensamento, nas ações nobres rumo a plenitude, desperta para que se viva integralmente cada momento, com atividades renovadoras, espírito de combate, alegria e paz. Ainda, em favor de cada um, nesse preparo para dias que estamos ou que chegarão despojar-se da consciência de culpa pelas ações menos felizes que podem ser reparadas; sem cobranças, pelo que gostaria de ter feito ou realizado de forma diferente. Harmonizar-se, agir corretamente, dinamizar no Bem tudo quanto possui orientando os passos, pelos caminhos da Verdade, da Solidariedade e do Amor.

Quem trabalha consigo e se descobre, não mais permanece na indecisão, cultivando pensamentos perturbadores mas marcha em busca da auto-realização em total harmonia íntima.

Conclui-se que, chegar a ser idoso é uma arte e uma ciência, que devem ser tomadas a sério, seja qual for a idade que se tenha hoje, exercitando-as a cada instante, em atitudes positivas do dia-a-dia. Alijar do campo mental o "estabelecido" de que essa etapa espiritual deve ser ociosa, contemplativa, sem movimento e trabalho.

Mas o idoso trabalhar? Todos necessitamos do trabalho, inclusive o idoso com trabalho é lógico adaptado às suas condições físicas e psicológicas. aliás, quanto mais participarmos de uma vida de trabalho, principalmente dirigido à sociedade dos homens, mais esquecemos de nós onde as naturais reações da organização física ficam como que, apagadas, suplantadas, nos planos, nas idéias, no que se planeja fazer aqui e ali na mento que organiza procedimentos ou providências, esperando com euforia as luzes do amanhecer, para poder pôr em pratica, essas novas idéias e planos. É nesse sonhar, arquitetar, planejar constante que se nutre as próprias fontes de energia, quase sempre carentes e necessitadas de renovação.

Estima-se que por volta do ano de 202 teremos no Brasil vinte e sete milhões de idosos e setecentos milhões no mundo. Se entendemos que a vida é semeadura, e que muitos de nós comporá esse número, somente nesse entendimento da Vida e no desenvolvimento das qualidades positivas, teremos estruturas psicológicas dignificantes e bem sedimentadas acrescida ainda, pela compreensão de que chegar a ser idoso acena ainda como fase preparatória de uma nova vida.


Conclusão