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088b – Tema: Adolescência: Prática sexual precoce e a orientação/educação espírita - texto
TABU DA CAMISINHA SE REFLETE EM GRAVIDEZ PRECOCE, AIDS E DSTs
Os jovens têm mais acesso à informação, têm mais conhecimento sobre prevenção a doenças sexualmente transmissíveis, especialmente a AIDS, mas, então, por que eles ainda são o grupo mais importante na incidência da doença? "Porque continuam não usando preservativos", diz Silvia Bellucci, do Centro Corsini. Basta ver, lembra, o número de casos de gravidez na adolescência registrados no país. Se os jovens usassem preservativos, certamente, tanto a AIDS e outras DSTs quanto a gravidez precoce não estariam acontecendo.
Dos casos de AIDS registrados em Campinas desde o início da epidemia, em 1982, 25,7% aconteceram em jovens de 15 a 24 anos. Mais da metade dos 485 jovens com a doença já morreram. O uso de drogas injetáveis ainda é importante no meio de transmissão do vírus HIV: compartilhar seringas e agulhas transmitiu o vírus a 19,3% dos doentes.
A incidência da doença vem diminuindo entre os jovens (ano passado, em Campinas, foram diagnosticados dez casos, contra 56 em 1990). Mas isso não significa que a contaminação esteja diminuindo. Os novos tratamentos médicos têm permitido às pessoas conviverem anos com o vírus sem apresentar os sintomas da doença.
O uso de preservativos ainda é um tabu. Basta ver uma pesquisa feita pelo Centro de Testagem e Aconselhamento (Coas/CTA) da Prefeitura de Campinas: 17,6% das pessoas que procuraram a unidade na última década nunca usam preservativos nas relações sexuais; 43% usam às vezes e apenas 21% usam sempre. Mesmo quem sabe ser portador do vírus resiste em usar a camisinha. A mesma pesquisa do Coas mostra que 18,5% nunca usam, 39% usam às vezes e somente 20,1% usam sempre. A pesquisa teve como universo as mais de 24 mil pessoas que procuraram o serviço na década.
Os índices crescentes de contaminação entre jovens provam como a linguagem da educação para a prevenção é ineficaz, diz a educadora do Centro Corsini, Cristina Tempesta. "Ela não sensibiliza o adolescente, não o seduz para o cuidar-se, não consegue mostrar para ele sua importância e ao mesmo tempo sua fragilidade diante do HIV/AIDS, pois significa adotar um discurso inverso ao que a mídia elegeu para se comunicar com o adolescente e para defini-lo", afirma.
Cristina observa que os jovens são eficientes na comunicação quando é dada a eles oportunidade. A experiência do Corsini mostra que, quando os adolescentes ouvem informações nas oficinas de trabalho que o levam a refletir, pelo menos durante algumas horas, sobre a questão da AIDS e solicita que eles produzam material informativo para alertar seus colegas sobre os riscos, eles são muito diretos. "Falam de morte, de finitude, da necessidade de contar aos seus pares sobre os riscos que podem correr nas suas situações cotidianas de vida. Nos seus textos, eles não usam disfarces, não maquiam as imagens; elas sempre são fortes e diretas", comenta.
Para a educadora, a prevenção será eficiente quando houver disposição de mudar a visão social sobre o que é culturalmente a adolescência. "O desafio não envolve somente a prevenção do HIV/AIDS, mas também uma revisão do conceito sobre o que representa a adolescência na nossa cultura e como tratar com eles o desafio da sobrevivência em tempos de AIDS", diz.
A cada seis nascimentos, um bebê é filho de adolescente
Um em cada seis bebês nasceu de mãe adolescente em Campinas no ano passado. A porcentagem, que hoje é de 15%, era de 17,9% em 2000, quando 2842 crianças nasceram de mães com idade até 19 anos. No Brasil, conforme o IBGE, 20% dos bebês nascem de mães jovens. Em números absolutos, são 705 mil adolescentes que viram seus destinos mudados pela gravidez precoce.
Além da necessidade de se discutir a sexualidade na escola e de garantir a jovens de ambos os sexos o direito e o acesso a métodos anticoncepcionais, ainda é preciso ir mais longe, diz a socióloga Sylvia Cavasin, da organização Estudos e Comunicação em Sexualidade e Reprodução Humana (Ecos). "Muitas meninas engravidam porque o desejam, porque alimentam um sonho de que estarão se realizando sendo mães, porque acreditam que é isso que o namorado quer, porque querem ser vistas como adultas", observa.
A socióloga comenta que uma gravidez na adolescência vai limitar a vida da menina, trazer conflitos com o pai da criança e com as famílias dos dois. O número dos casos de gravidez registrado no Brasil deve funcionar como um sinal de alerta, que pede investigação e propostas adequadas de prevenção.
Mas, por que os jovens não utilizam métodos anticoncepcionais? Por várias razões, elenca a especialista. Primeiro, porque existem uma relação de gênero: os jovens têm a expectativa de seduzir as meninas e elas ainda esperam passivamente por essa sedução. Isso, diz a socióloga, pode dificultar a discussão dos adolescentes sobre sexo, o que inclui a contracepção.
Outra questão, analisa, é o medo da rejeição. A pressão por aceitação, diz, pode desencorajar os adolescentes a se protegerem. "Algumas meninas acham que perderão o namorado se fizerem alguma exigência quanto à contracepção ou à prevenção da AIDS e DSTs", diz. Há também o fato de as meninas terem medo de admitir que têm vida sexual ativa e negarem a necessidade de tomar medidas de prevenção à gravidez
(enviado pela Fú)
Conclusão