Educar

078l – Tema: Relacionamento Afetivo e Ciúmes - Texto 4

From: Ivair


Oi, amigos da Sala Educar!
Tudo bem com vocês??
Demos uma sumidinha básica da sala, mas foi por motivos de força maior.
Lendo sobre o tema ciúmes, encontramos, no livro Vida Desafios e Soluções,
de Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Franco, uma passagem sobre
Afetividade Conflitiva, que achamos interessante e se encaixa
perfeitamente no nosso tema da semana:
"Entre as condutas perturbadoras, convém seja destacada a afetividade
conflitiva como de relevância, apresentada pela criatura humana que,
desajustada emocionalmente, expressa todos os seus tipos de realizações
mediante estados de desequilíbrio, gerando novas ansiedades, insatisfações
e desajustes.
A carência afetiva e a insegurança normalmente produzem comportamentos
anti-naturais, instáveis, que chamam a atenção de forma desagradável.
Confundindo afetividade com paixão, o paciente transfere o seu potencial
de irrealizações para o ser elegido e propõe-se a dominar-lhe a
existência, utilizando-se de ardis variados, através dos quais,
sentindo-se sem valor para receber amor, tenta conquistar piedade,
simpatia, fazer-se necessário, isolando o afeto de outros relacionamentos
e atividades, de forma a estar sempre presente e tornar-se um misto de
servo e amante ao alcance da mão.
As suas manifestações de afetividade são egoísticas, insaciáveis,
derrapando no ciúme doentio, que assevera ser demonstração de amor,
destruindo a espontaneidade das atitudes na convivência. Mesmo que amado,
desconfia dessa possibilidade, afirmando ser do outro, um sentimento de
compaixão e não um amor cheio de arrebatamento e de profundidade.
Sempre almeja dedicação exclusiva até o asfixiar da pessoa escolhida, que
perde a personalidade sob o jugo implacável desse algoz afetivo.
Não obstante consiga conquistar alguém, não é capaz de mantê-lo, porque
sempre aspira a mais, a ponto de tornar insuportável o convívio, fugindo
para a autodestruição psicológica. Suas maneiras são artificiais, sua
preocupação única é cercar o ser querido com demonstrações cansativas do
que diz ser o amor que devota, não compreendendo que o outro tem
inquietações próprias e anseios diferentes dos seus, e nem sempre está
disposto a suportar a asfixia que lhe é imposta.
A criatura nasceu para ser livre, e, por isso mesmo, o amor é sentimento
que liberta, proporcionando paz e alegria. Quando manifestado por
exigências descabidas, deperece e morre. O amor tem infinita capacidade de
compreender e de tolerar, de ser franco e honesto, nunca diminuindo,
quando em dificuldades, por dispor de recursos nobres para eliminar os
impedimentos e incompreensões.
Um relacionamento saudável é feito de diálogos e coerência de
comportamentos, de lealdade na forma de ser e autenticidade na maneira de
viver, de tal forma que a presença do outro não inibe, antes agrada,
preenchendo os espaços sem as imposições habituais de tomá-los. A pessoa
sequer dá-se conta de como o outro ser é-lhe importante, até o momento em
que lhe sente a ausência, experimentando a profundidade afetiva e o
significado daquele a quem ama.
Quando a afetividade se apresenta através de uma pessoa insegura, torna-se
tormentosa, cansativa, e aquele que parece amado sente-se bem quando longe
do seu controlador emocional. Por sua vez, o atormentado olha todos quanto
estimam o seu elegido como adversários ou competidores, invejosos ou
dificultadores de sua plenificação e felicidade.
As raízes dessa conduta estão na infância solitária, maltratada, que foi
vivda conflituosamente e transferiu para o futuro as aspiraçõres de
dominação para ter, ao invés da afirmação pessoal para ser.
Na fase infantil, sentindo-se desamada, a criança chamava a atenção pelo
choro, pela insubordinação, pelo fingimento que transferiu para a idade
adulta dissimulando o que pensa e o que faz, em razão dos recursos mentais
de que dispõe.
A libido funciona, nesses casos, sob estímulos equivocados, quando o
indivíduo passa de um estado de posse ao de perda, agitando-se e desejando
o outro, submetendo-se a situações humilhantes, desagradáveis, sem
importar-se, desde que atenda o ego em angustiosa desesperação.
Quase nunca relaxa quem assim se comporta, vivendo de suspeitas e
procurando provas do que pensa, por isso, exigindo sempre mais abnegação,
paciência e demonstrações de amor que espera receber, sem satisfazer-se.
Essa afetividade patológica requer terapia cuidadosa, a fim de o paciente
adquirir a tranquilidade perdida e a auto-segurança, necessárias para
poder amar sem conflitos.
Quanto mais a pessoa tenta ignorar que esse é um comportamento irregular,
tanto mais difícil se lhe torna a convivência com as demais criaturas,
particularmente quando manifesta a tendência para ser vítima, transferindo
a culpa do que lhe ocorre para as demais pessoas.
A coragem para assumir responsabilidades e reconhecer a urgência, em favor
de uma terapia conveniente para o seu conflito, já é um passo para o seu
processo de cura."

Esperamos que sirva para algumas de nossas reflexões
Abraços à todos
Ivair

Conclusão