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076l – Tema: Família e Homossexualidade – nosso papso sobre 05



Olá, pessoal!
Estava eu aqui lendo os e-mails que foram postados à sala, e comecei a fazer
algumas reflexões, que gostaria de dividir com vocês.
Não tenho a pretensão de conduzir ninguém a pensar da mesma maneira que eu,
visto que seria impossível, mas, na condição de quem trabalhou com
Psicoterapia Holística durante 5 anos, tendo a oportunidade de atender à
vários indivíduos homossexuais (um, inclusive, recém saído de uma tentativa
de suicídio por não ser compreendido nem pela família), e também por ter
alguns amigos homossexuais, não posso me furtar à isso.
Não estarei emitindo uma opinião puramente pessoal sobre o assunto, mas
fruto de observação, estudo da Psicologia (que é ciência, e Kardec nos
deixou claro que Espiritismo e Ciência devem andar de mãos dadas) e do
Espiritismo. Mas, em um assunto desses, não podemos nos deter apenas à visão
espírita (acho que em assunto nenhum, pois o Espiritismo foi dado ao mundo,
e não o mundo ao Espiritismo, ou seja, a vida não gira apenas em torno da
Doutrina Espírita, apesar de ter sido essa a nossa escolha filosófica para
essa encarnação, e esperamos que pra próxima tb.).
Bem, vamos às reflexões (desculpem, mas será um mail longo):
Vamos imaginar que, ao invés de homossexualidade, estivéssemos estudando
preconceito racial.
O que será que pensaríamos de alguém colocasse uma mensagem mais ou menos
assim: "Os negros de hoje ainda sofrem preconceito por serem os brancos de
antigamente reencarnados como negros para pagarem seus abusos."?
Queremos coisa mais ridícula que essa?? Não tem como.
Seria reduzir a raça negra à uma condição de inferioridade sem limites,
chegando mesmo ao cúmulo de dizer que nascer negro é castigo. Mais uma vez,
repetimos, pensamento ridículo, pequeno demais para alguém que se diga
espírita.
Mas, e se pegássemos para corroborar essa afirmativa, palavras mal
interpretadas de Kardec ou de alguns dos Benfeitores Espirituais, que
interpretamos de acordo com nossos preconceitos?
Pois bem, será que nós conseguimos imaginar o que palavras impensadas, de
alguém que se pensa sábio só porque enxergou um pouquinho mais do que já via
antes, será que conseguimos imaginar que efeito essas palavras terão na
mente de um jovem de seus 16 ou 17 anos, totalmente confuso, hostilizado
pelos amigos, não compreendido pelos familiares, e que busca uma Casa
Espírita como refúgio para sua dor, ouvir que é um espírito extremamente
faltoso, que abusou dos outros e por isso agora está pagando, e lhe tirarmos
as esperanças de um dia encontar alguém que ele ame e respeite, e por quem
seja amado e respeitado, por que ele tem que se abster da prática afetiva e
sexual.
Não seria melhor então criarmos clausuras espíritas para esses jovens,
deixando-os presos para o resto da encarnação?
Ou, será que medimos a consequência que essas nossas palavras tem na mente
de uma mãe ou um pai que lutou por meses contra o preconceito que trazia,
para começar a amar o filho como ele é, e agora se depara com alguém dizendo
que seu filho vai, se viver a homossexualidade, sofrer muito no plano
espiritual e na próxima encarnação.
Gente, homossexualidade e promiscuidade não são sinônimos.
Será que todos nós, que estamos com o dedo em riste, apontando para os
jovens homossexuais dizendo que eles tem que deter seus impulsos afetivos e
sexuais, será que conseguimos fazer o mesmo com nossos filhos (especialmente
os meninos) heterossexuais, que não querem saber de ir à Mocidade Espírita,
e, a cada festa que vão, se não ficarem com pelo menos 3 meninas a noite é
perdida? Será que sabemos dizer para eles controlarem seus impulsos tb? Será
que ensinamos eles a se conterem e respeitarem, ou fazemos vistas grossas
pois isso é normal na idade deles. Se eles ficam com 3, 4 ou 5, se transam
com um parceiro diferente a cada semana, não faz diferença, pois ser
heterossexual é ser normal. Será que já refletimos nisso, ou "pimenta nos
olhos dos outros é refresco". Será que já tiramos a trave de nosso olho
antes de falar do cisco no olho do outro?
Kardec nos ensina que, como espíritos eternos, preservamos a nossa
individualidade, e somos, ao voltarmos à Pátria Espiritual, o mesmo que
éramos aqui, e quando voltarmos, continuaremos sendo tudo aquilo que já
conquistamos e o que ainda não eliminamos. André Luiz chama isso, no seu
livro Obreiros da Vida Eterna, de personalidade congênita.
Pois bem, dizer que homossexual é, por exemplo, um homem que abusou de
mulheres, e agora reencarna como mulher para sofrer os mesmos abusos, tem
duas implicações dentro do pensamento espírita
1 - É contrário ao conceito espírita de Bondade e Amor de Deus, pois, falar
isso é o mesmo que dizer: Hitler reencarnou com a missão de fazer sofrer
todos os 6 milhões de judeus que ele assassinou, pois esses 6 milhões
reencarnaram para sofrer o que tinham feito outros sofrerem.
2 - Dentro do conceito de personalidade congênita, iniciado por Kardec e
continuado por Andrá Luiz, de nossa continuidade psicológica, não seria mais
lógica crer que o homem que abusou de mulheres, se reencarnar como mulher
sem vencer essa tendência, será uma mulher que vai abusar dos homens?? Ou
será que nós continuamos fazendo vista grossa para o que acontece em nossa
sociedade?
Apontamos o dedo para os homossexuais, pois eles são errados, mas, somos
condescendentes com as orgias heterossexuais. Não que eu ache que
demonstrações de carinho devam ser dadas em público, tanto por homo quanto
por héteros, pois são coisas íntimas, mas, nos choca muito mais vermos dois
rapazes ou duas moças de mãos dadas na rua (e olha que, por exemplo, pode
ser um pai com um filho adolescente que ama muito, sem nada de
homossexualismo, mas, a nossa poluição mental não poupa nada), do que
assisitirmos à um programa onde vários casais se apresentam, mascarados
(pois tem vergonha, mas não tem senso moral) estimulando a prática de
swings, de trocas de casais, como remédios para curarem a "rotina
matrimonial".
Quem disse que todo homossexual é promíscuo?? Isso é mentira!
Outra coisa que nos fez refletir foi uma declaração do Sr. José Queid
Tuffaile sobre homossexualidade dentro da casa espírita (o texto 5 enviado
pela Lu).
Ele diz que, assim como os adúlteros, os homossexuais não devem exercer
atividades na casa espírita.
Bem, pra sabermos que alguém na casa espírita é gay, ele deve ter contado.
Que eu saiba, nenhum adúltero(a) vai sair falando que trai.
Então, seria preferível que, se fosse esse o caso, tirarmos da atividade
espírita alguém honesto, sincero, caridoso, amoroso, regrado, que não é
promíscuo, que faz o bem, que estuda, só porque esse alguém é homossexual??
E, no lugar dele deixaríamos o adúltero mentiroso, porque esse nos mostra a
aparência de ser "alguém de bem"?
Bem, gente, teríamos muito mais reflexões à fazer, mas vamos parar por aqui,
senão vai ficar muito comprido.
Mas, estamos fazendo um outro mail com alguns esclarecimentos tb.
Abraços
Ivair
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Bem, queremos aqui, na condição de estudante de Psicologia, pedir licença ao autor da mensagem para fazer alguns esclarecimentos sobre algumas noções um pouco equivocadas que percebemos na mensagem abaixo do Sr. Carlos:

Carlos - O espírito tem aptidões para ambos os sexos, sendo os mesmos os que reencarnam ora num corpo masculino, ora num corpo feminino, sempre de acordo com suas necessidades evolutivas. O homossexual é um espírito que está se sentindo desconfortável no corpo que está habitando.

Ivair - Não é bem assim.
Existe uma diferença muito grande entre homossexual, bissexual, transexual, travesti, drag queen e drag king, apesar de as pessoas acharem que "é tudo farinha do mesmo saco".
Vamos lá:
O homossexual, normalmente não se sente desconfortável com seu sexo biológico. Assim, vamos diferenciar abaixo:
Homossexual: pessoa que sente atração afetivo-sexual por outrem do mesmo sexo. O indivíduo já nasce assim, ele não escolhe ser assim. Pode ser o homossexual masculino ou gay e o homossexual feminino ou lésbica;
Bissexual: indivíduo que sente atração afetivo-sexual por pessoas de ambos os sexos;
Transexual: Esse sim se sente desconfortável em seu corpo físico.. Segundo o CID (Classificação Internacional de Doenças), o transexualismo sim é um Transtorno de Identidade Sexual, diferente da homo, da hétero e da bissexualidade (basta se veja o sufixo no final), que são consdierados como Orientação Sexual. Transcrevemos abaixo a definição do CID-10 sobre o assunto: "Um desejo de viver e ser aceito como um membro do sexo oposto, usualmente acompanhado por uma sensação de desconforto ou impropriedade de seu próprio sexo anatômico e um desejo de se submeter a tratamento hormonal e cirurgia para tornar seu corpo tão congruente quanto possível com o sexo preferido"
Travesti: é a pessoa que deseja vivenciar temporariamente experiências como alguém do sexo oposto, mas sem o desejo de fazer a cirurgia ou o tratamento para mudança definitiva. Tb é definido no CID-10 como Transtorno de Identidade Sexual.
Drag Queen: é o homem que se monta como uma figura caricata de mulher, para um papel artístico. Apesar da maioria das drag queens conhecidas serem gays, não há ligação necessária entre essa prática e a homossexualidade.
Drag King: é a mulher que se veste como uma figura caricata de homem. Mas raro, mais segue a mesma conceituação acima.
Desculpem a nossa pretensão, mas, isso é para vermos como é complexa essa questão, e para vermos como não podemos jogar tudo na mesma panela do preconceito que trazemos dentro de nós.
Como disse o Rodrigo, não podemos generalizar nada nesse sentido.
Abraços
Ivair
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Conclusão