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045a – Tema: Super Proteção - nossa conversa sobre

Lu, muita paz...

Este tema de hoje veio a calhar, pois sou uma das pessoas que mais se
angustia e sofre pelas "possibilidades"de sofrimentos que meus filhos venham
a sofrer. Estou sempre a pedir a Jesus e aos bons Espíritos a proteçao para
eles. Agora mesmo estou com minha filha partindo para morar sozinha em S.
Paulo para fazer faculdade. Ela viaja amanha.Sinto muita angustia, medo,
insegurança.É o medo de ve-los sofrer...
Alguém já me perguntou se eu queria ser Deus, pois Ele que é o Criador de
todos nós nao interfere em nossas escolhas. Mas infelizmente ainda nao
consigo controlar todo esse medo.
Por favor fale um pouco a respeito desta superproteçao...


Graça

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a) qual a diferença entre proteção e super-proteção? Acredito que seja proteção uma ação moderada e dentro dos conformes da normalidade, já a super proteção é como se saisse do limite, ultrapassando a barreira de liberdade para com o outro.
b) Até onde vai a proteção e quando ela resvala para a super-proteção? A partir do momento em que o pai ou a mãe por exemplo impedem o seu filho ou filha de prosseguirem com seu caminho, quando o prendem de realizar tarefas e por si próprio sofrerem consequências que poderão ensinar-lhes algo.
c) quais as relações entre educar e proteger, educar e super-proteger? O medo dos pais de sofrer alguma decepção seja ela com drogas, homossexualismo ou até mesmo que eles sofram um acidente de carro, ou com outras atividades que eles não concordem que os filhos pratiquem.
d) Qual seu entendimento ou sua questão, procurando correlacioná-la à visão espírita, quanto à proteçao e quanto à super-proteção? Acredito que os pais devem sim proteger seus filhos, mas que devem tomar bastante cuidado no que se diz respeito em interferir nas decisões dos filhos. Cada um pensa de uma maneira, independente da criação e devem ter a liberdade de agir como pensam, assim eles poderão desfrutar de experiências que os farão crescer moralmente e espiritualmente.
e) protegemos ou super-protegemos nossos seres amados e/ou nossos familiares ? Sim, sabemos que temos o intuito de protegê-los contra o mal, mas muitas vezes o que pensamos ser bom para eles, nem sempre eles acham ser bom. Tememos que se eles agirem por conta própria, por inexperiência possam acabar se machucando, mas lembremos que muitas vezes é mais fácil aprendermos na prática do que apenas pela teoria. O nosso dever é educar, fazer a nossa parte, aconselhar, direcionar, mas nunca fazer por eles, reprendê-los.

beijos fraternos,
Helga

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Olá, amigois da Sala Educar!
Tudo em paz?
Olá, Helga, olá Graça!
Bom ver vocês participando!!:o))
Com relação à questão da superproteção, até para tentar entrar um pouquinho naquilo que a Graça pediu, temos cá para nós que essa superproteção é um zelo exagerado, que perdeu a medida do que fazer para auxiliar os filhos, como se nossos filhos não fossem capazes de viver e fazer as coisas sem nós. Talvez por insegurança de nossa parte, por medo de não sermos mais úteis (afinal, mesmo que nosso filho mais novo já tenha 50 anos, ele continua sendo nosso bebê, não é verdade?).
Lembro aqui de um episódio quando contávamos com nossos 8 ou 9 anos de idade. Como a cidade em que residimos é bem pequena, interiorana, não é difícil vermos crianças com essa idade indo sozinhas ao curso de inglês, ao judô, etc. E nós estávamos para iniciar nosso curso de datilografia (naquela época era datilografia mesmo, nada de informática não...rs...rs). Quando do dia anterior da primeira aula, nossa avó estava em nossa casa, e nossa mãe, toda preocupada, pedindo: "Mãe, não sei se vou ter tempo de levar o ivair à datilografia. Seria pedir muito que a senhora fizesse isso?". Ao que nossa avó respondeu: "Ora, deixa ele começar a fazer as coisas sozinho! Ou será que você não tem confiança naquilo que ensinou para ele?"
Claro que algumas realidades hoje são bem diferentes. Não podemos nos dar ao luxo de deixar uma criança de 8 ou 9 anos sair sozinha, andando vários quilômetros, em uma cidade grande ( tipo São Paulo, Curitiba, etc.) Mas, a frase que minha avó disse: "Será que você não confia naquilo que ensinou para ele?" ficou marcada, e acredito que sirva como base para melhorarmos nessa questão da super-proteção. Somos nós que educamos nossos filhos, nós que ensinamos à eles o que é melhor ou não. Se conseguimos fazer isso de uma forma marcante, e temos medo de deixar que eles enfrentem a vida sozinhos, é porque não conseguimos confiar em nós mesmos, no trabalho que fizemos.
Sugerimos aos amigos que leiam o excelente livro de Hermínio C. Miranda, Nossos Filhos são Espíritos, da editora Lachatre.
Esperando mais participações de todos!
(Ivair)
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OOis, tudo joiinha por aís com vcs LIndinhos e Lindinhas?:)))
Tava eu aqui refletindo sobre as colocações da Graça, da Helga e do Ivair,
mas principalmente na que a Graça colocou a respeito do medo...
Até que ponto a gente pode confundir as preocupações do bem querer com a
proteção excessiva?
Ou até que ponto o nosso medo em ver quem amamos sofrendo, sentindo
tristeza, tendo decepções, esteja errando ou esteja equivocado etc. se
mantém dentro de um parâmetro normal ou quando ele ultrapassa essa
normalidade?

Quando morava em SP, a familia de minha mae é toda de lá, em uma das visitas
que a Mamy fez, fomos à casa de sobrinhos dela.
Minha mãe tem um sério problema de visão e para poder, por exemplo , fazer
ligação telefônica ele tem que encostar o nariz no aparelho para poder
detectar onde estão os números. Em casa tudo bem , ela já está acostumada
com o aparelho e disca normal. Mas nesse dia , ela precisou ligar para meu
irmao e o faria da casa dos sobrinhos. O aparelho desconhecido lá foi ela
enconstando o nariz no aparelho para poder agir, o primeiro impulso meu foi
me levantar e "facilitar" o trabalho , eu mesma discando, mas meu primo
apenas me segurou sentada onde eu estava e me falando baixinho "deixa que
ela faça da forma dela".

Eu, particularmente, entendo que o "medo" e o não querer que quem amamos
viva situações negativas é normal. O problema é quando esse medo se torna
uma "compulsão".

A gente caminhar ao lado dando a segurança para que o outro caminhe por suas
próprias pernas sabendo que estamos ao lado para amparar, apoiar.
Agora quando caminhamos carregando o outro no colo para que ele não fira os
pés, não tropece no meio do caminho, não caia é outra história.

São duas situações distintas, aquela normal de proteção do bem querer, para
a situação que já não é de proteção (apesar de darmos esse nome tb a elas) ,
mas sim uma situação de inibição, de... de... de.. me fugiu a palavra, mas
seria de "aprisionar o outro", de evitar que o outro cresça no processo
natural de erros e acertos. de adestrar o outro como se ele fosse uma
extensão de nós mesmos e não o respeitar como um espírito livre, que
necessita de experiências que não são necessariamente as mesmas que as
nossas.

Tem uma história muito interessante, que apesar do título ser sobre o
aprender a dizer não, creio que se encaixa tb nessa questão de deixar que o
outro possa se expressar e viver por ele mesmo, protegendo sim, mas sem
super proteger...

Aprendendo a dizer não

Quando Angela tinha apenas dois ou três anos, seus pais a ensinaram a
nunca dizer NÃO. Ela devia concordar com tudo o que eles falassem, pois, do
contrário, era uma palmada e cama.

Assim, Angela tornou-se uma criança dócil, obediente, que nunca se
zangava.


Repartia suas coisas com os outros, era responsável, não brigava, obedecia
todas as regras, e para ela os pais estavam sempre certos.


A maioria dos professores valorizava muito essas qualidades, porém os mais
sensíveis se perguntavam como Angela se sentia por dentro.


Angela cresceu cercada de amigos que gostavam dela por causa de sua
meiguice e de sua extrema prestatividade: mesmo que tivesse algum problema,
ela nunca se recusava a ajudar os outros.

Aos trinta e três anos, Angela estava casada com um advogado e vivia com sua
família numa casa confortável. Tinha dois lindos filhos e, quando alguém lhe
perguntava como se sentia, ela sempre respondia: "Está tudo bem."

Mas, numa noite de inverno, perto do Natal, Angela não conseguiu pegar no
sono, a cabeça tomada por terríveis pensamentos. De repente, sem saber o
motivo, ela se surpreendeu desejando com tal intensidade que sua vida
acabasse, que chegou a pedir a Deus que a levasse.


Então ela ouviu, vinda do fundo do seu coração, uma voz serena que,
baixinho, disse apenas uma palavra: NÃO.


Naquele momento, Angela soube exatamente o que devia fazer. E eis o que ela
passou a dizer àqueles a quem mais amava:

Não, não quero
Não, não concordo
Não, faça você
Não, isso não serve pra mim
Não, eu quero outra coisa
Não, isso doeu muito
Não, estou cansada
Não, estou ocupada
Não, prefiro outra coisa.

Sua família sofreu um impacto, seus amigos reagiram com surpresa.

Angela era outra pessoa, notava-se isso nos seus olhos, na sua postura, na
forma serena mas afirmativa com que passou a expressar o seu desejo.

Levou tempo para que Angela incorporasse o direito de dizer NÃO à sua vida.


Mas a mudança que se operou nela contagiou sua família e seus amigos.

O marido, a princípio chocado, foi descobrindo na sua mulher uma pessoa
interessante, original, e não uma extensão dele mesmo.

Os filhos passaram a aprender com a mãe o direito ao próprio desejo.

E os amigos que de fato amavam Angela, embora muitas vezes desconcertados,
se alegraram com a transformação.

À medida que Angela foi se tornando mais capaz de dizer NÃO, as mudanças se
ampliaram. Agora ela tem muito mais consciência de si mesma, dos seus
sentimentos, talentos, necessidades e objetivos.

Trabalha, administra seu próprio dinheiro, e nas eleições escolhe seus
candidatos.


Muitas vezes ela fala com seus filhos: "Cada pessoa é diferente das outras
e é bom a gente descobrir como cada um é.

O importante é dizer o que você quer e ouvir o desejo do outro, dizer a sua
opinião e ouvir o que o outro acha.

Só assim podemos aprender e crescer. Só assim podemos ser felizes."

( Barbara K. Bassett de "Histórias para Aquecer o Coração 2" , A 3rd
Serving of Chicken Soup for the Soul, Jack Canfield & Mark Victor Hansen
editores, Editora Sextante.)

Faleu pelos cotovelos..oooopss pelos dedos hoje, né?:)))
Mas aguardando a participação de vcs, tá legal?:))
um dia cor e amor procês
beijocas mineiras com carinho no coração

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Um excelente dia à todos da sala !!!!

Eu tive a oportunidade de ler o livro citado pelo amigo Ivair "Nossos Filhos são Espíritos" e confesso que, mesmo após à leitura da obra depois de dias de reflexões, continuo com as mesmas atitudes de "mãezona-exageradamente-protetora". Eu acho que não sou pior, pois tento me controlar. Vocês acreditam que já sofro com o fato delas (minhas filhas gêmeas, hoje com oitos anos) chegarem a adolecência ? Sei lá, é tanta violência nos dias de hoje, tanto física quanto moral no mundo, que morro de medo que elas sofram. Mas eu sei que tenho que urgentemente mudar essa minha forma de olhar as coisas, e tenho clara certeza que vou mudar a tempo de deixá-las criarem asas e seguirem o seu próprio caminho. Elas são criadas dentro da moral espírita-cristã, e a semente dentro delas está sendo plantada diariamente. E uma coisa eu tenho certeza absoluta... não só elas estão sendo educadas e evangelizadas, principalmente eu estou.

Um abraço carinhoso à todos e muita paz.
Rosane.
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Conclusão