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027b – Tema: Perda de Entes Queridos - texto
PARTIDA E CHEGADA
Quando observamos, da praia, um veleiro a afastar-se da costa, navegando mar
adentro, impelido pela brisa matinal, estamos diante de um espetáculo de
beleza rara.
O barco, impulsionado pela força dos ventos, vai ganhando o mar azul e nos
parece cada vez menor.
Não demora muito e só podemos contemplar um pequeno ponto branco na linha
remota e indecisa, onde o mar e o céu se encontram.
Quem observa o veleiro sumir na linha do horizonte, certamente exclamará:
"já se foi".
Terá sumido? Evaporado?
Não, certamente. Apenas o perdemos de vista.
O barco continua do mesmo tamanho e com a mesma capacidade que tinha quando
estava próximo de nós.
Continua tão capaz quanto antes de levar ao porto de destino as cargas
recebidas.
O veleiro não evaporou, apenas não o podemos mais ver. Mas ele continua o
mesmo.
E talvez, no exato instante em que alguém diz: já se foi", haverá outras
vozes, mais além, a afirmar: "lá vem o veleiro".
Assim é a morte.
Quando o veleiro parte, levando a preciosa carga de um amor que nos foi
caro, e o vemos sumir na linha que separa o visível do invisível dizemos:
"já se foi".
Terá sumido? Evaporado?
Não, certamente. Apenas o perdemos de vista.
O ser que amamos continua o mesmo. Sua capacidade mental não se perdeu. Suas
conquistas seguem intactas, da mesma forma que quando estava ao nosso lado.
Conserva o mesmo afeto que nutria por nós. Nada se perde, a não ser o corpo
físico de que não mais necessita no outro lado.
E é assim que, no mesmo instante em que dizemos: já se foi", no mais além,
outro alguém dirá feliz: "já está chegando".
Chegou ao destino levando consigo as aquisições feitas durante a viagem
terrena.
A vida jamais se interrompe nem oferece mudanças espetaculares, pois a
natureza não dá saltos.
Cada um leva sua carga de vícios e virtudes, de afetos e desafetos, até que
se resolva por desfazer-se do que julgar desnecessário.
A vida é feita de partidas e chegadas. De idas e vindas.
Assim, o que para uns parece ser a partida, para outros é a chegada.
Um dia partimos do mundo espiritual na direção do mundo físico; noutro
partimos daqui para o espiritual, num constante ir e vir, como viajores da
imortalidade que somos todos nós.
Pense nisso!
Victor Hugo, poeta e romancista francês que viveu no Século XIX, falou da
vida e da morte dizendo:
"A cada vez que morremos ganhamos mais vida. As almas passam de uma esfera
para a outra sem perda da personalidade, tornando-se cada vez mais
brilhante.
Eu sou uma alma. Sei bem que vou entregar à sepultura aquilo que não sou".
"Quando eu descer à sepultura, poderei dizer, como tantos: meu dia de
trabalho acabou. Mas não posso dizer: minha vida acabou."
Meu dia de trabalho se iniciará de novo na manhã seguinte.
O túmulo não é um beco sem saída, é uma passagem. Fecha-se ao crepúsculo e a
aurora vem abri-lo novamente."
Equipe de Redação do Momento Espírita.
Pensamentos de Victor Hugo retirado do livro "A reencarnação através dos
séculos", de Nair Lacerda.
Conclusão