O Livro dos Espíritos

165 – Uniões antipáticas

a) A afeição de dois seres pode, muitas das vezes, transformar-se em antipatia ou, até mesmo, em ódio, o que
se constitui uma punição. Muitos acreditam amar perdidamente porque apenas julgam pelas aparências. Quando
obrigados a viver com as pessoas amadas, não tardam a reconhecer que só experimentaram um encantamento
material.

b) Em muitas uniões, ao contrário, a princípio parecem destinadas a nunca ser simpáticas. Com o tempo, depois
dos que a constituíram haverem se conhecido bem, acabam por tornar-se amor duradouro e terno, porque assente
em estima.

c) Há duas espécie de afeição: a do corpo e a da alma. É comum tomar-se uma pela outra. Porém quem ama é o
espírito e não o corpo. A afeição da alma é duradoura; a do corpo, efêmera.

d) A falta de simpatia entre seres destinados a viver juntos é causa de grandes dissabores. Constitui grave erro das
leis humanas impor esse tipo de convivência, pois Deus jamais constrangeria dois seres que se desagradam a
permanecerem juntos. Uniões desse tipo, normalmente, resultam do orgulho e da ambição.

e) Em uniões dessa natureza, quase sempre, há uma vítima inocente, para quem elas se constituem uma expiação.
A responsabilidade por isso recairá sobre aqueles que tiverem sido causadores.


QUESTÕES PARA ESTUDO

1. Qual a diferença estabelecida pelos Espíritos entre o amor espiritual e o amor corporal?

2. À luz desses ensinamentos, podemos considerar conforme com os princípios cristãos a indissolubilidade das
uniões conjugais, defendida por alguns segmentos religiosos?



Conclusão

1. Qual a diferença estabelecida pelos Espíritos entre o amor espiritual e o amor corporal?

O sentimento de amor, como todos os outros, são atributos do espírito. Quem ama é o espírito e não o corpo.
Por esse motivo, quando a afeição está assentada em valores espirituais, que são eternos, ela é duradoura.
Quando, ao contrário, está motivada por causas materiais (beleza física ou situação econômica, por exemplo), é efêmera, posto que efêmeros os motivos que a ensejaram. A diferença, portanto, é que um é eterno, não se
desfazendo por razões materiais, pois não sofre influência da matéria; o outro, ao contrário, está sujeito à
manutenção das condições materiais que o motivaram.


2. À luz desses ensinamentos, podemos considerar conforme com os princípios cristãos a indissolubilidade
das uniões conjugais, defendida por alguns segmentos religiosos?

Os Espíritos ensinam que Deus não constrange ninguém a se manter junto de quem o desagrade.Quando isso
ocorre, ordinariamente, é porque essas uniões não foram motivadas pelo amor espiritual mas, sim, por questões
pertinentes à matéria, determinadas pelo orgulho ou ambição.Constitui, portanto, falta de caridade impor a
manutenção dessa união, que somente poderá trazer aos seus protagonistas amargos dissabores. A união que
compraz a Deus é aquela assentada no verdadeiro e mais puro amor, o que vem do espírito e não das
conveniências da vida física. Essa é a única união verdadeiramente indissolúvel aos olhos de Deus.