O Livro dos Espíritos

160 – Conhecimento de si mesmo




R E S U M O


A questão 919 do Livro dos Espíritos, que aborda o tema "Conhecimento de si mesmo", foi respondida pelo
espírito Santo Agostinho, numa bela dissertação transcrita por Allan Kardec. Vejamos, resumidamente, os
pontos principais desse ensinamento:

Indagado pelo Codificador sobre qual o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida
e de resistir à atração do mal, respondeu Santo Agostinho:

"Um sábio da antigüidade vo-lo disse: Conhece-te a ti mesmo."

E dissertou:

"Fazei o que eu fazia, quando vivi na Terra: ao fim do dia, interrogava a minha consciência, passava revista ao
que fizera e perguntava a mim mesmo se não faltar a algum dever, se ninguém tivera motivo para de mim se
queixar. Foi assim que cheguei a me conhecer e a ver o que em mim precisava de reforma. Aquele que, todas
as noites evocasse todas as ações que praticara durante o dia e inquirisse de si mesmo o bem ou o mal que
houvera feito, rogando a Deus e ao seu anjo de guarda que o esclarecessem, grande força adquiriria para se
aperfeiçoar, porque, crede-me, Deus o assistiria.

( . . . )

"O conhecimento de si mesmo é, portanto, a chave do progresso individual. Mas, direis, como há de alguém
julgar-se a si mesmo? Não está aí a ilusão do amor-próprio para atenuar as faltas e torná-las desculpáveis?
O avarento se considera apenas econômico e previdente; o orgulhosos julga que em si só há dignidade. Isto
é muito real, mas tendes um meio de verificação que não pode iludir-vos. Quando estiverdes indecisos sobre
o valor de uma de vossas ações, inquiri como a qualificaríeis, se praticada por outra pessoa. Se a censurais
noutrem, não na poderia ter por legítima quando fordes o seu autor, pois que Deus não usa de duas medidas
na aplicação de Sua justiça.

( . . . )

"Formulai, pois, de vós para convosco, questões nítidas e precisas e não temais multiplicá-las. Justo é que se
gastem alguns minutos para conquistar uma felicidade eterna. Não trabalhais todos os dias com o fito de juntar
haveres que vos garantam repouso na velhice? Não constitui esse repouso o objeto de todos os vossos desejos,
o fim que vos faz suportar fadigas e privações temporárias? Pois bem! Que é esse descanso de alguns dias,
turbado sempre pelas enfermidades do corpo, em comparação com o que espera o homem
de bem? Não valerá este outro a pena de alguns esforços?" Santo Agostinho

Comentário de Kardec: "Muitas faltas que cometemos nos passam despercebidas. Se, efetivamente, seguindo
o conselho de Santo Agostinho, interrogássemos mais amiúde a nossa consciência, veríamos quantas vezes
falimos sem que o suspeitemos, unicamente por não perscrutarmos a natureza e o móvel dos nossos atos."


QUESTÕES PARA ESTUDO E PARTICIPAÇÃO:

1 - Como devemos proceder para chegarmos ao auto-conhecimento?

2 - Por que a necessidade de nos auto-conhecermos?

3 - Segundo a orientação de Santo Agostinho, qual o instrumento que devemos nos utilizar para chegarmos ao
auto-conhecimento?


Conclusão


QUESTÕES PARA ESTUDO E PARTICIPAÇÃO:



1 - Como devemos proceder para chegarmos ao auto-conhecimento?

A receita é a ensinada por Santo Agostinho na questão 919 do Livro dos Espíritos, ora estudada: interrogarmos, diariamente, a nossa consciência, sobre os atos e pensamentos praticados durante o dia. Ou, como disse esse
elevado Espírito, fazermos um balanço no nosso dia moral, para avaliarmos as perdas e os lucros que resultaram
de nossas ações, para sabermos se o nosso próximo tem algo a se queixar contra nós. Nossa consciência, então,
fará com que nos conheçamos interiormente e indicará os pontos em que necessitamos nos modificar.


2 - Por que a necessidade de nos auto-conhecermos?

O auto-conhecimento é uma necessidade, pois somente através dele poderemos proceder a nossa reforma íntima,
que levará à nossa transformação moral. Essa é, em última análise, o grande objetivo final da reencarnação.


3 - Segundo a orientação de Santo Agostinho, qual o instrumento que devemos nos utilizar para chegarmos ao
auto-conhecimento?

O grande instrumento que Deus colocou à nossa disposição para nos conhecermos é a nossa consciência. Nela
estão escritas as Leis Morais, que o escritor Richard Simonetti denominou "A Constituição Divina". É o Código que deve balizar o nosso comportamento. Submetendo à nossa consciência as ações que praticamos e os
pensamentos que emitimos durante o dia, saberemos sempre, à luz das Leis Naturais, em que acertamos ou
em que erramos, sem o que não há como chegarmos ao auto-conhecimento.