O Livro dos Espíritos
149 – : Fatalidade (2a. parte)
a) O homem pode, pela sua vontade e por seus atos, fazer com que se dêem ou não acontecimentos que
deveriam ou não se verificar, desde que isso não altere a seqüência da vida que escolheu.
b) Com relação aos atos da vida moral, nunca há fatalidade, pois resultam sempre do próprio homem,
no uso da sua vontade e do seu livre-arbítrio. Assim, aquele que comete um assassínio não estava
predestinado ao crime, pois ninguém reencarna com essa predestinação. Escolhendo uma vida de lutas,
o espírito sabe que terá oportunidade de matar um seu semelhante, mas não sabe se o fará.
c) O fato de existirem pessoas que nunca logram êxito em coisa alguma deve ser atribuído ao gênero de
existência escolhida, ou seja, às provas por que escolheu passar. São espíritos que optaram passar por
decepções para serem provados e, assim, exercitarem a paciência e a resignação.
d) O homem não pode culpar os costumes sociais ao enveredar por um caminho que o leve a decepções.
Os costumes sociais são obras sua e não de Deus. Se quisesse, poderia se libertar desses costumes. Não
o fazendo, agem conforme seu livre-arbítrio, não havendo por que se queixar.
e) As pessoas a quem a sorte parece em tudo favorecer são aquelas, geralmente, que sabem se conduzir
melhor em seus atos, embora possa assim acontecer, também, por ser um gênero de prova. Alguns
espíritos escolhem a fortuna como prova para seu orgulho e para sua cupidez. Se não souberem se
conduzir, ganham como homem, mas perdem como espírito.
f) Quanto mais rude for a prova e melhor for suportada, mais o espírito se eleva. Os que passam a vida
na abundância e na ventura humana permanecem estacionários. Daí o número de desafortunados ser em
muito superior ao dos felizes, pois os espíritos procuram, em sua maioria, as provas que lhes sejam mais
proveitosas. Sabem a futilidade das grandezas e gozos terrestres.
g) Não tem nenhum fundamento e constitui alegoria a superstição que liga o destino dos homens às
estrelas.
QUESTÕES PARA ESTUDO E PARTICIPAÇÃO:
1 - Pode o homem modificar os acontecimentos previstos para a sua existência?
2 - Tem o homem como justificativa para suas más ações o fato de terem ela sido programadas para a sua
existência?
3 - Como os Espíritos explicam a existência de pessoas de "sorte" e outras de "azar"?
4 - De acordo com o ensinamento dos Espíritos, existe ou não fatalidade?
Conclusão
1 - Pode o homem modificar os acontecimentos previstos para a sua existência?
Somente os fatos principais, que influem no seu destino, são previstos antes mesmo do espírito
reencarnar. São aqueles, por exemplo, resultantes de débitos cármicos ou os escolhidos pelo espírito
como prova. Esses o homem não pode modificar, pois estão programados em seu planejamento
reencarnatório e vão acontecer independentemente da sua vontade enquanto encarnado. Os demais
são acontecimentos secundários que não estão previstos e se originam das circunstâncias e do tipo
de vida escolhido pelo espírito ou que lhe é imposto por necessidade evolutiva.
2 - Tem o homem como justificativa para suas más ações o fato de terem ela sido programadas para a
sua existência?
Os atos da vida moral não são previstos, pois dependem sempre do próprio homem, que manifesta
sua vontade através do seu livre-arbítrio. Assim, aquele que leva uma existência contrariando as leis
naturais não pode alegar a fatalidade para justificar seus atos. Ninguém reencarna tendo em sua
programação de vida a prática de qualquer ato contrário às leis de Deus. Se assim age, é por sua
própria conta e risco, não por predestinação.
3 - Como os Espíritos explicam a existência de pessoas de "sorte" e outras de "azar"?
As pessoas que comumente se diz que têm sorte são aquelas que sabem melhor se portar diante
das provas ou que não têm em seu planejamento de reencarnação nenhum fato grave a suportar.Outras
há que por necessidade provacional ou expiatória ou mesmo por não saberem enfrentar adequadamente
as provas tudo parece lhes ser desfavorável. Desconhecendo as leis que regem a vida espiritual e, em
conseqüência, o destino do homem, que o Espiritismo veio trazer à luz, o homem criou essa crença de
"sorte" ou "azar", para explicar e, até mesmo, justificar sua felicidade ou infelicidade.
4 - De acordo com o ensinamento dos Espíritos, existe ou não fatalidade?
Fatais somente são os acontecimentos previstos antes da reencarnação do espírito, que obedecem
a um planejamento feito pelas Entidades Superiores encarregadas da questão e de acordo com o
necessário para a sua evolução. São as provas solicitadas ou aceitas pelo espírito e as expiações que
resultam de débito cármico por ele contraídos. Quanto ao mais, inexiste fatalidade, sendo resultado do
livre-arbítrio exercido pelo espírito.