O Livro dos Espíritos

123 – Flagelos destruidores


a) Sendo a destruição uma necessidade para a regeneração moral dos espíritos,
que em cada nova existência física, sobem um degrau na escala do aperfeiçoamento,
Deus permite a ocorrência de flagelos destruidores para fazê-los progredir mais
depressa.

b) Somente vendo do ponto de vista pessoal, o homem não percebe o objetivo da
destruição, qualificando-a de flagelos, por efeito do prejuízo que lhes causam. Porém,
ela é necessária para que mais depressa se dê o advento de uma melhor ordem das
coisas, consumando-se em alguns anos o que levaria muitos séculos.

c) Deus, no entanto, emprega outras maneiras para obter a melhora da Humanidade,
tendo nos dado meios de progredir pelo conhecimento do bem e do mal. O homem
é que não aproveita desses meios, sendo necessário que seja castigado no seu orgulho
para que sinta a sua fraqueza.

d) Os sofrimentos de que o homem tanto se queixa nada são diante da eternidade,
significando um ensino que lhe servirá no futuro. A vida do corpo pouca coisa é, pois
os espíritos preexistem e sobrevivem a tudo, formando o mundo real. Os corpos são
meras vestimentas com que aparecem no mundo.

e) Se o homem compreendesse a vida como ela realmente é, entenderia o pouco que
esses flagelos destruidores representam em relação ao infinito, pois essa vítimas, em
outra passagem pela carne, serão amplamente compensadas, se souberem suportar
seus sofrimentos sem murmurar.

f) Os flagelos destruidores, muitas das vezes, têm uma utilidade física, ao mudarem
as condições de uma região, o que, entretanto, só resultará em bem para as gerações
vindouras.

g) Constituem provas que possibilitam ao homem exercitar a sua inteligência, paciência
e resignação ante a vontade de Deus, além de lhe oferecerem oportunidade de
demonstrar abnegação, desinteresse e amor ao próximo.

h) À medida que progride em conhecimentos e experiência, o homem vai conseguindo
conjurar esses flagelos, prevenindo-se de suas causas. Contudo, alguns há que são de
caráter geral e estão nos decretos da Providência. Contra esses, o homem nada pode
opor, somente lhe restando se submeter à vontade de Deus.

i) Kardec comenta que, havendo soado a hora da partida, a morte virá de qualquer
modo, por causa comum ou por meio de um flagelo. A única diferença é que, nesse
caso, um maior número parte ao mesmo tempo. Se, no entanto, pensarmos a
Humanidade em seu conjunto, esses flagelos não nos pareceriam mais do que
passageiras tempestades no destino do mundo.

j) Ressalta, ainda, o Codificador, que o homem tem encontrado na ciência os meios de
impedir ou atenuar muitos desses flagelos. Que não fará pelo seu bem-estar material
quando souber aproveitar-se de todos os recursos de sua inteligência, aliando aos
cuidados de sua conservação pessoal a caridade para com os seus semelhantes, indaga
Kardec.


QUESTÕES PARA ESTUDO E PARTICIPAÇÃO:

1) Por que Deus permite a ocorrência de flagelos destruidores?

2) Como analisar, considerando a justiça das Leis divinas, o fato desses flagelos
atingirem também o homem de bem?

3) Que conseqüências materiais e morais provocam os flagelos destruidores?

4) Pode o homem evitá-los?

Conclusão


1) Por que Deus permite a ocorrência de flagelos destruidores?

A ocorrência de flagelos destruidores é permitida por Deus com o objetivo
de fazer a Humanidade progredir mais depressa. Sendo a destruição uma
necessidade para a regeneração moral dos espíritos, é preciso que se veja o
objetivo desses fatos, tidos como flagelos. O homem assim os qualifica porque
somente vê os prejuízos por eles causados, sem perceber que são necessários
para antecipar o advento de uma melhor ordem coisas que levaria em tempo
muito maior para ocorrer.


2) Como analisar, considerando a justiça das Leis divinas, o fato desses flagelos
atingirem também o homem de bem?

Considerando que esses fatos pouco representam em relação ao infinito, o
espírito, fora da matéria, pouca importância lhe dá. O espírito sobrevive a tudo
e, em vivências futuras, essas vítimas encontrarão ampla compensação pelos
sofrimentos passados, sem souberem suportá-los com resignação e compreensão
aos desígnios de Deus.


3) Que conseqüências materiais e morais provocam os flagelos destruidores?

Do ponto de vista material, podem provocar mudanças nas condições de
uma região, ainda que o bem que deles resultem só possam ser aproveitados
por gerações futuras. Moralmente, constituem provas para impulsionar a
evolução do espírito, fazendo-o exercitar a inteligência, a paciência e a resignação
à vontade de Deus, além de possibilitar a manifestação de sentimentos de
abnegação e amor ao próximo.


4) Pode o homem evitá-los?

Com relação a alguns tipos, sim. À medida que adquire conhecimentos e
experiências, o homem consegue prevenir-se dos flagelos que resultam de sua
imprevidência. Outros há, porém, que são fruto dos decretos da Previdência. A
esses nada pode o homem opor, cabendo-lhe se submeter à vontade divina.