O Livro dos Espíritos

120 – Gozo dos Bens Terrenos. Necessário e Supérfluo


a) O uso dos bens da Terra é um direito de todos os homens. É conseqüência
da necessidade de viver, visto que Deus não imporia um dever sem dar o meio
de cumpri-lo.

b) Os atrativos no gozo dos bens materiais são estímulos para o homem dar
cumprimento à sua missão, servindo, também, como tentação para experimentá-
-lo, a fim de desenvolver-lhe a razão, que deve preservá-lo dos excessos.

c) Comenta Kardec que o uso dos bens terrenos apenas pela sua utilidade
poderia causar indiferença, comprometendo a harmonia do Universo. Para que
isso não aconteça foi que Deus conferiu a esse uso o atrativo do prazer, impelindo
o homem ao cumprimento dos desígnios da Providência e experimentando-o por
meio da tentação que pode arrastá-lo ao abuso, fazendo-o usar a razão para se
defender.

d) A natureza traçou o necessário como limite ao gozo dos bens materiais.

e) O próprio homem se pune ao praticar excessos no gozo dos bens materiais,
aproximando-se da morte física e moral.

f) Kardec tece comentário no sentido de que o homem que pratica esses excessos
coloca-se abaixo do bruto, abdicando da razão de que foi dotado por Deus e
conferindo preponderância à sua natureza animal sobre a espiritual. As doenças
ou a morte que resultam desse abuso são castigo à transgressão da lei de Deus.

g) Para nos mostrar o limite das nossas necessidades, a Natureza se utilizou da
nossa própria organização física. O homem que é ponderado conhece esse
limite por intuição. Outros, porém, insaciáveis, permitem que os vícios lhe alterem
a constituição e lhe criem necessidades que não são reais. Esses, somente conhecem
esse limite por experiências, à custa do próprio sofrimento.

h) Os que tomam para si bens terrenos com o intuito de lhes proporcionar o
supérfluo, em detrimento daqueles a quem falta o necessário, descumprem a Lei de
Deus, pelo que terão de responder pelas privações que hajam causado.

i) Segundo Kardec, não querem os Espíritos dizer que o homem civilizadodeva
viver como o selvagem, privando-se de determinados bens que não são a esses
necessários. Nada há de absoluto nessa regra e a razão é que deve dizer o que é
ou não necessário. A Civilização criou novas necessidades, o que não justifica
viverem uns à custa da privação de outros. Os que assim procedem, nos diz o
Codificador, da Civilização " ... têm apenas o verniz, como muitos há que da religião
só têm a máscara ".


PERGUNTAS PARA ESTUDO E PARTICIPAÇÃO:

1.- Transgride a Lei Natural o homem que busca obter prazer com o uso dos bens
terrenos?

2.- Até que limite nos é dado gozar dos bens terrenos?

3.- Segundo o conceito dos Espíritos, é condenável o gozo de bens supérfluos?

4,- Para seguirmos o ensinamento dos Espíritos e de Allan Kardec, como devemos,
então, proceder diante dos bens terrenos?


Conclusão


PERGUNTAS PARA ESTUDO E PARTICIPAÇÃO:

1) Transgride a Lei Natural o homem que busca obter prazer com o uso dos bens
terrenos?

O prazer no gozo dos bens terrenos é um atrativo que Deus colocou para
estimular o homem ao cumprimento de seus deveres e, também, para experimentá-lo,
por meio da tentação. Sendo assim, vindo de Deus, a busca pela obtenção de prazer
com o uso dos bens terrenos não transgride a Lei Natural, desde que obedecidos os
limites por ela impostos.


2) Até que limite nos é dado gozar dos bens terrenos?

Podemos gozar livremente dos bens terrenos desde que não cheguemos ao excesso.
Esse é o limite traçado pela Natureza. Aquele que procura nos excessos o gozo dos
bens terrenos contraria a Lei Natural e se aproxima das mortes física e moral, ou seja,
falece material e espiritualmente.


3) Segundo o conceito dos Espíritos, é condenável o gozo de bens supérfluos?

É condenável, se feito com prejuízo daqueles a quem falta o necessário. A grande
questão é se estabelecer o que seja supérfluo. Ensinam os Espíritos que a Natureza
deu ao homem conhecer o limite do necessário pela sua organização física. Nem todos,
porém, o conhecem por intuição. Muitos só chegam a conhecê-lo através de dolorosas
experiências.


4) Para seguirmos o ensinamento dos Espíritos e de Allan Kardec, como devemos,
então, proceder diante dos bens terrenos?

Devemos encarar os bens terrenos colocados por Deus à nossa disposição como
estímulos ao cumprimento dos deveres que nos levam à evolução. Todavia, é
necessário que saibamos distinguir o uso do abuso. Como ensina Kardec, nada há
de absoluto no limite entre o necessário e o supérfluo. Tudo é relativo e cabe-nos
utilizar a razão para definir o que seja um e outro. Uma norma, porém, é absoluta e
não comporta exceção: não devemos fazer uso dos bens terrenos à custa da
necessidade do nosso próximo.