O Livro dos Espíritos
119 – Instinto de Conservação. Meios de Conservação
) O instinto de conservação é lei da Natureza e todos os seres vivos o
possuem. Conforme o grau de inteligência, nuns é um instinto maquinal;
noutros, raciocinado.
b) Deus outorgou o instinto de conservação para que todos os seres vivos
concorram para cumprimento dos desígnios da Providência.
c) Sendo a vida necessária ao aperfeiçoamento dos seres, Deus lhes deu
a necessidade de viver, que eles sentem instintivamente, sem disso se
aperceberem.
d) Tendo dado ao homem a necessidade de viver, Deus lhe deu também os
meios de consegui-lo e, se ele não os encontra, é porque não os compreende.
A Terra produz o necessário aos que a habitam, visto que só o necessário é
útil; o supérfluo nunca o é.
e) O homem, porém, não se contenta com o necessário, empregando no
supérfluo o que a Terra produz. Desperdiçando o produto da Terra para
satisfazer fantasias, não tem o homem por que se queixar de nada encontrar
no dia seguinte ou de estar desprovido nos dias de penúria. Dizem os Espíritos
que "imprevidente não é a Natureza, é o homem, que não sabe regrar o seu
viver".
f) Tudo o que o homem pode gozar nesse mundo deve ser entendido como
bens da Terra. O solo é fonte de onde provêm os recursos que se
transformarão nesses bens.
g) A falta dos meios de subsistência que atinge certos indivíduos deve ser
atribuída ao egoísmo dos homens, que nem sempre fazem o que lhes cumpre.
Para obtê-los, é preciso buscá-los com ardor e perseverança, sem desânimo
ante os obstáculos, que, muitas das vezes, são opostos pela Providência para
nos provar a constância, a paciência e a firmeza.
h) Comentários de Kardec: à medida que a Civilização avança, aumentam as
necessidades mas, também, as fontes de trabalho e os meios de viver. Para
todos há lugar ao sol, desde que cada um ocupe o seu lugar e não o dos outros.
Não se pode responsabilizar a Natureza pela desorganização social nem pelas
conseqüências da ambição e do amor-próprio. Embora não se tenha ainda
chegado à perfeição, a Ciência e a Filantropia têm contribuído para melhorar a
condição material do homem, atenuando, em grande parte, a insuficiência da
produção.
i) O homem pode ser privado dos meios de subsistência independentemente
de sua vontade, o que constitui uma prova que lhe compete sofrer e a que deve
se submeter, ainda que, em conseqüência, a morte venha a colhê-lo. Nesse caso,
deve compreender que lhe soou a hora derradeira da libertação e que o desespero
pode ocasionar a perda do benefício que a resignação nesse último momento lhe
traria.
j) A necessidade de viver não atenua o crime dos que, para saciar a fome,
sacrificam a vida de seus semelhantes. Há mais merecimento em sofrer todas
as provações da vida com coragem e abnegação.
l) Nos mundos mais evoluídos, os seres vivos também têm necessidade de
alimentação. Os alimentos nesses mundos guardam relação com a sua natureza,
sendo menos grosseiros que os existentes na Terra. Desse modo, não
satisfariam nosso organismo, assim como os nossos alimentos não poderiam
ser ingeridos pelos seres daqueles mundos.
QUESTÕES PARA ESTUDO E PARTICIPAÇÃO:
1 - Todos os seres com o instinto de conservação? Por quê?
2 - Por que, com frequência, falta ao homem o necessário para a sua conservação?
3 - Pode a falta do necessário constituir-se numa prova?
4 - Numa situação extrema, tem o homem direito de alimentar-se do corpo de seu semelhante?
5 - A alimentação será necessária em todos os graus evolutivos do espírito?
Conclusão
Conclusão
QUESTÕES PROPOSTAS PARA ESTUDO
1 - Todos os seres vivos são dotados com o instinto de conservação? Por quê?
R - O instinto de conservação é lei da Natureza e todos os seres vivos o possuem, sem o perceberem. Nos reinos intermediários, é puramente maquinal, ou seja, manifesta-se automaticamente; no reino hominal, obedece à razão. Deus outorgou a todos os seres vivos o instinto de conservação porque lhes deu a necessidade de viver, a fim de que possam concorrer para o cumprimento de seus desígnios e de se aperfeiçoarem.
2 - Por que, com frequência, falta ao homem o necessário para a sua conservação?
R - Deus não seria justo se criasse para o homem a necessidade de viver e não lhe desse os meios para tanto. Assim, a Terra produz o necessário para que o homem proveja à sua conservação, desde que ele se contente com o que é realmente necessário. A falta do necessário que por vezes acontece resulta da imperícia ou da imprevidência do homem, que emprega no supérfluo o que a Terra produz. Além disso, cria o homem, por egoísmo, necessidades irreais, apenas para satisfazer suas fantasias, fazendo com que falte no futuro o que é de fato necessário.
3 - Pode a falta do necessário constituir-se numa prova?
R - Sim, nas situações em que os meios de subsistência independem da vontade e do esforço do homem para consegui-los.
Nestes casos, torna-se uma prova, muitas vezes cruel, que lhe compete suportar e que sabia que viria passar. Cabe-lhe, então, submeter-se a ela com resignação, o que lhe será um mérito.
4 - Numa situação extrema, tem o homem direito de alimentar-se do corpo de seu semelhante?
R - Se tirar a vida de seu semelhante com esse objetivo, estará o homem cometendo um assassínio, o que é reprovável perante a Lei Natural. Numa situação extrema, deve sofrer a provação com coragem e abnegação, ao invés de tirar a vida de seu semelhante.
5 - A alimentação será necessária em todos os graus evolutivos do espírito?
R - Em todos os graus evolutivos os seres vivos sentem a necessidade de se alimentarem. Todavia, a alimentação guarda relação com a natureza dos seres. Nos mundos mais adiantados, sendo a matéria de que se compôem os corpos mais sutil, os alimentos são igualmente menos grosseiros. Esses alimentos não satisfariam a nossa organização física ainda banstante densa, assim como não poderiam os seres desses mundos digerir a alimentação praticada na Terra.