O Livro dos Espíritos

079 – Possessos

LE079 - Estudo Sintetico do Livro dos Espiritos
LIVRO DOS ESPIRITOS- Allan Kardec. Da intervenção dos
Espíritos no mundo corpóreo.
Parte Segunda. Capitulo IX. Perguntas 473 a 480
Tema: Possessos

a) O espírito não entra em um corpo como quem entra numa casa. Mas pode identificar-se com um encarnado, cujos defeitos e qualidades sejam identicos aos seus. O encarnado pode ficar na dependência de um desencarnado, de modo a se achar subjugado ou obsidiado, achando a sua vontade, de certa maneira, paralisada. São esses os verdadeiros possessos.

b) É sempre possível a qualquer um, por si mesmo, subtrair-se ao jugo de um espírito, desde que manifeste uma firme vontade neste sentido.

c) Uma terceira pessoa, sendo um homem de bem, pode ajudar a outro se libertar da possessão, desde que apele para o concurso dos bons espíritos, porque, quanto mais digna for a pessoa, tanto maior poder terá sobre os espíritos imperfeitos, para afastá-los e sobre os bons, para os atrair. Todavia, é necessário a colaboraçao do encarnado, pois há pessoas a quem agrada uma dependência que lhes lisonjeia os gostos e os desejos..

d) As diversas modalidades de exorcismo não têm efeito algum sobre os espiritos maus, que riem dessa prática e .
quando vêem alguém levá-la a sério.

e) A melhor maneira de se livrar da influência dos maus espiritos é cansar-lhes, não dando nenhum valor às suas sugestões
e mostrando-lhes que perdem tempo. Vendo que nada conseguem, afastam-se.

f) A prece é um poderoso recurso para tratamento das possessões. Porém, não basta murmurar palavras para que se obtenha o que deseja. É preciso que o obsidiado faça a sua parte, destruindo em si mesmo a causa da atração dos maus espíritos.

g) Os demônios citados no Evangelho e que foram expulsos devem ser entendidos como espíritos maus, que subjugam uma
pessoa. Destruindo-lhe a influência, pode-se afirmar que ele terá sido expulso.

Observação: Anos após o lançamento de "O Livro dos Espíritos", Allan Kardec, em "A Gênese", apresentou um novo estudo sobre possessão, modificando um pouco o seu conceito, conforme o trecho abaixo transcrito:

"47.- (...) Na possessão, em vez de agir exteriormente, o Espírito atuante se substitui, por assim dizer, ao Espírito encarnado;
toma-lhe o corpo para domicílio, sem que este, no entanto, seja abandonado pelo seu dono, pois que isso só se pode dar pela
morte. A possessão, conseguintemente, é sempre temporária e intermitente, porque um Espírito desencarnado não pode tomar definitivamente o lugar de um encarnado, pela razão de que a união molecular do perispírito e do corpo só se pode operar no
momento da concepção. (Cap.XI, nº 18.)
De posse momentânea do corpo do encarnado, o Espírito se serve dele como se seu próprio fora: fala pela sua boca, vê pelos
seus olhos, opera com seus braços, conforme o faria se estivesse vivo. Não é como na mediunidade falante, em que o Espírito
encarnado fala transmitindo o pensamento de um desencarnado; no caso da possessão é mesmo o último que fala e obra; quem
o haja conhecido em vida, reconhece-lhe a linguagem, a voz, os gestos e até a expressão da fisionomia.
48. - Na obsessão há sempre um Espírito malfeitor. Na possessão pode tratar-se de um Espírito bom que queira falar e que, para
causar maior impressão nos ouvintes, toma do corpo de um encarnado, que voluntariamente lho empresta, como emprestaria seu
fato a outro encarnado. Isso se verifica sem qualquer perturbação ou incômodo, durante o tempo em que o Espírito encarnado se
acha em liberdade, como no estado de emancipação, conservando-se este último ao lado do seu substituto para ouvi-lo.
Quando é mau o Espírito possessor, as coisas se passam de outro modo. Ele não toma moderadamente o corpo do encarnado,
arrebata-o, se este não possui bastante força moral para lhe resistir. Fá-lo por maldade para com este, a quem tortura e martiriza
de todas as formas, indo ao extremo de tentar exterminá-lo, já por estrangulação, já atirando-o ao fogo ou a outros lugares
perigosos. Servindo-se dos órgãos e dos membros do infeliz paciente, blasfema, injuria e maltrata os que o cercam; entrega-se a excentricidades e a atos que apresentam todos os caracteres da loucura furiosa.
São numerosos os fatos deste gênero, em diferentes graus de intensidade, e não derivam de outra causa muitos casos de loucura.
Amiúde, há também desordens patológicas, que são meras conseqüências e contra as quais nada adiantam os tratamentos médicos, enquanto subsiste a causa originária. Dando a conhecer essa fonte donde provém uma parte das misérias humanas, o Espiritismo
indica o remédio a ser aplicado: atuar sobre o autor do mal que, sendo um ser inteligente, deve ser tratado por meio da inteligência."

("A Gênese", capítulo XIV, itens 47 e 48)

QUESTÕES PARA ESTUDO

1 - Como podemos definir a possessão?

2 - Como a prece pode ajudar no tratamento das possessões?

3 - Qual a influencia do possesso no processo de tratamento?

4 - Como se pode evitar a instalação de uma possessão?

Conclusão

LE079 - Estudo Sintetico do Livro dos Espiritos
LIVRO DOS ESPIRITOS- Allan Kardec. Da intervenção dos
Espíritos no mundo corpóreo.
Parte Segunda. Capitulo IX. Perguntas 473 a 480
Tema: Possessos

C O N C L U S Ã O

1 - Como podemos definir a possessão?

R - No livro "A Gênese", Allan Kardec apresenta um novo conceito de possessão, definindo-a como um caso típico de coabitação de um espírito desencarnado no corpo de um encarnado ou, como mais recentemente definiu Hermínio Miranda, um "condomínio espiritual, com síndico e convenção". É uma forma de obsessão grave, em que o espírito obsessor age sobre o corpo físico de outro como se nele estivesse encarnado. O espírito obsessor como que substitui temporariamente ao encarnado, tomando-lhe o corpo e dele se utilizando como se fosse seu. O espírito obsediado não abandona definitivamente o corpo, pois isto somente ocorre no momento da morte. Mas sua vontade é subjugada, praticamente já não existindo e passa a obedecer cegamente ao possessor. O espírito obsessor serve-se dele como se seu próprio corpo fora: fala pela sua boca, vê pelos seus olhos e comando todos os movimentos do corpo. Quem conheceu o obsessor em vida, reconhece sua linguagem, sua voz, seus gestos e sua expressão fisionômica. Não é como na mediunidade falante, explica Kardec, em que o encarnado fala transmitindo pensamento de um desencarnado. No caso da possessão, é mesmo o possessor que fala e obra através do corpo do possuído, como o faria se estivesse encarnado.

2 - Como a prece pode ajudar no tratamento das possessões?

R - Ainda na mesma obra, Kardec explica qualquer que seja o tipo de obsessão, "a prece é o mais poderoso meio de que se dispõe para demover de seus propósitos maléficos o obsessor." Faz-se necessário, porém, que seja uma prece sincera e não aquela que se limita a murmurar palavras.

3 - Qual a influencia do possesso no processo de tratamento?

R - Uma terceira pessoa, através da prece e do auxílio dos bons espíritos, pode ajudar a outro se libertar da possessão,
neutralizando com fluidos salutares os fluidos perniciosos com que o envolve o obsessor. Pode, ainda, uma terceira pessoa atuar sobre o espírito obsessor, falando-lhe com autoridade moral de modo a levá-lo a renunciar seus maus propósitos,
fazendo-o chegar ao arrependimento e despertando-lhe o desejo do bem. Todavia, é indispensável à obtenção da cura a colaboração do encarnado, por meio da sua transformação moral.

4 - Como se pode evitar a instalação de uma possessão?

R - A melhor maneira de se evitar a possessão ou qualquer outra modalidade de obsessão é vigiar os pensamentos e as ações que praticamos, habituando-nos regularmente à prece e trabalhando pela nossa transformação moral e pelo domínio das nossas más inclinações. Orientam, ainda, os Espíritos, a não dar nenhum valor às sugestões dos maus espíritos que venham nos assediar, fazendo-os cansar e mostrando-lhe que perdem tempo.