O Livro dos Espíritos

067 – O Sono e sonhos - 2a. Parte

R E S U M O


a) Não é necessário o adormecimento completo para a emancipação da alma. Para se emancipar, o espírito aproveita
todos os instantes de trégua que o corpo lhe concede. Basta que os órgãos entrem em estado de torpor para que o
espírito recobre a liberdade.

Nota de Kardec: Assim se explica que imagens idênticas às que vemos, em sonho, vejamos estando apenas
meio dormindo, ou em simples modorra.

b) O fato de ouvirmos palavras ou mesmo frases inteiras quando os sentidos começam a se entorpecer é, quase sempre, eco de algum espírito que desejava se comunicar conosco.

c) Às vezes, num estado que não seja o do adormecimento completo, estando com os olhos fechados, podemos ter
visões, imagens distintas, cujas mínimas particularidades percebemos. Isto se dá devido ao espírito, estando entorpecido
o corpo, dele se desprender. Então, transporta-se e vê. Se já fosse completo o sono, haveria sonho.

d) As idéias que nos ocorrem durante o sono ou quando estamos ligeiramente adormecidos, que nos parecem excelentes
e que se nos apagam da memória, apesar dos esforços que façamos para retê-las, provêm da liberdade que o espírito
tem quando se encontra emancipado, estado em que goza de suas faculdades mais amplamente. Também podem ser
conselhos de outros espíritos.

e) Essas idéias, em regra, mais dizem respeito ao mundo dos Espíritos do que ao mundo corpóreo. Pouco importa que comumente o espírito as esqueça, quando unido ao corpo. Na ocasião oportuna, voltar-lhe-ão como inspiração de momento.

f) Encontrando-se desprendido da matéria, o espírito pode pressentir a morte do corpo físico. Também pode ter plena
consciência dessa época, o que dá lugar a que, em estado de vigília, tenha a intuição do fato.

g) A atividade do espírito durante o repouso ou o sono corporal pode provocar cansaço no corpo físico, pois ele está
a este ligado. Assim, a atividade do espírito durante a sua emancipação reage sobre o corpo e pode fatigá-lo.


QUESTÕES PARA ESTUDO


1 - Pode o espírito se emancipar do corpo físico sem que este se encontre em completo sono?

2 - Como explicar as visões que temos quando o corpo físico ainda não está completamente adormecido?

3 - O espírito sempre se recorda das idéias que lhe ocorrem durante o sono?

4 - A atividade do espírito durante a emancipação pode influenciar de alguma forma o corpo físico?


Conclusão

C O N C L U S Ã O


1 - Pode o espírito se emancipar do corpo físico sem que este se encontre em completo sono?

R - Basta que os sentidos físicos se entorpeçam para que o espírito goze de relativa liberdade em relação ao corpo.
Para se emancipar, o espírito se aproveita de todos os momentos de afrouxamento dos laços que o ligam ao organismo
físico. Desde que as forças vitais se atenuem, ele se desprende parcialmente. Quanto mais se enfraquece o corpo,
maior a liberdade do espírito.

2 - Como explicar as visões que temos quando o corpo físico ainda não está completamente adormecido?

R - Enfraquecidos os laços que o ligam ao corpo físico, como vimos na resposta anterior, o espírito dele já pode se
desprender, transportar-se e ver à distância. Se fosse completo o sono, essas imagens se manifestariam através do
sonho.

3 - O espírito sempre se recorda das idéias que lhe ocorrem durante o sono?

R - Encontrando-se em relativa liberdade, o espírito emancipado goza mais amplamente as suas faculdades, podendo
entrar em contacto com outros espíritos e receber conselhos. Essas idéias que lhe são sugeridas nem sempre são
recordadas inteiramente pelo espírito ao retornar ao corpo físico, pois, em geral, dizem mais respeito ao mundo
espiritual do que ao corporal. No entanto, ainda que não se recorde plenamente das idéias, estas ser-lhe-ão inspiradas
no momento oportuno.

4 - A atividade do espírito durante a emancipação pode influenciar de alguma forma o corpo físico?

R - A libertação do espírito em relação ao seu organismo fisiológico dá-se em grau proporcional ao seu estado evolutivo.
Quanto mais desenvolvidas as suas faculdades, maior é o grau de liberdade que o espírito desfruta. Entretanto, esse
desprendimento é sempre relativo, pois o desprendimento absoluto somente se dá com a morte do corpo físico. Assim,
permanecendo ligado ao corpo, a atividade do espírito durante a sua emancipação reage sobre ele, podendo, inclusive, chegar a fatigá-lo.