O Livro dos Espíritos

004 – Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita - itens VII e VIII

Estudo nº LE 004-a

Tema: Introdução (itens VII e VIII)


R E S U
M O


Para muita gente, a oposição das corporações científicas constitui, senão
uma prova, pelo menos forte presunção
contra o que quer que seja. Não somos dos que se insurgem contra os
sábios, pois não queremos dar azo a que
de nós digam que escouceamos. Temo-los, ao contrário, em grande apreço e
muito honrado nos julgaríamos se
fôssemos contado entre eles. Suas opiniões, porém, não podem representar,
em todas as circunstâncias, uma
sentença irrevogável. Desde que a Ciência sai da observação material dos
fatos, em se tratando de os apreciar e
explicar, o campo está aberto às conjeturas. Cada um arquiteta o seu
sistemazinho, disposto a sustentá-lo com
fervor, para fazê-lo prevalecer. Não vemos todos os dias as mais
opostas opiniões serem alternativamente
preconizadas e rejeitadas, ora repelidas como erros absurdos, para logo
depois aparecerem proclamadas como
verdades incontestáveis? Os fatos, eis o verdadeiro critério dos nossos
juízos, o argumento sem réplica. Na ausência
dos fatos, a dúvida se justifica no homem ponderado. Com relação às coisas
notórias, a opinião dos sábios é, com
toda razão, fidedigna, porquanto eles sabem mais e melhor do que o vulgo.
Mas, no tocante a princípios novos, a
coisas desconhecidas, essa opinião quase nunca é mais do que hipotética,
por isso que eles não se acham, menos
que os outros, sujeitos a preconceitos. Direi mesmo que o sábio tem mais
prejuízos que qualquer outro, porque
uma propensão natural o leva a subordinar tudo ao ponto de vista donde
mais aprofundou os seus conhecimentos:
o matemático não vê.


O ESPIRITISMO E OS FENÔMENOS ESPIRITAS: "Os fenômenos espiritas repousam
na ação de inteligências
dotadas de vontade própria e que nos provam a cada instante não se acharem
subordinadas aos nossos caprichos.
As observações não podem, portanto, ser feitas da mesma forma; requerem
condições especiais e outro ponto de
partida".

"O Espiritismo esta todo na existência da alma e no seu estado depois da
morte."

FALIBILIDADE DA RAZÃO: "O homem que julga infalível a sua razão esta bem
perto do erro. Mesmo aqueles,
cujas idéias são as mais falsas, se apoiam na sua própria razão e é por
isso que rejeitam tudo o que lhes parece
impossível. Os que outrora repeliram as admiráveis descobertas de que a
Humanidade se honra, todos endereçavam
seus apelos a esse juiz, para repeli-las. O que se chama razão não e
muitas vezes senão orgulho disfarçado e quem
quer que se considere infalível apresenta-se como igual a Deus.
Dirigimo-nos, pois, aos ponderados, que duvidam
do que não viram, mas que, julgando do futuro pelo passado, não crêem que
o homem haja chegado ao apogeu nem
que a Natureza lhe tenha facultado ler a ultima pagina do seu livro." .

ESTUDO ÚTIL DA DOUTRINA ESPIRITA: "Acrescentemos que o estudo de uma
doutrina, qual a Doutrina
Espirita, que nos lança de súbito numa ordem de coisas tão nova quão
grande, só´ pode ser feito com utilidade por
homens sérios, perseverantes, livres de prevenções e animados de firme e
sincera vontade de chegar a um resultado.
Não sabemos como dar esses qualificativos aos que julgam a priori,
levianamente, sem tudo ter visto; que não
imprimem a seus estudos a continuidade, a regularidade e o recolhimento
indispensáveis."
"Abstenham-se os que entendem não serem dignos de sua atenção os fatos.
Ninguém pensa em lhes violentar a
crença; concordem, pois, em respeitar a dos outros."
.
CARACTERÍSTICA DA SERIEDADE DE UM ESTUDO: "O que caracteriza um estudo
serio e a continuidade
que se lhe da. Será de admirar que muitas vezes não se obtenha nenhuma
resposta sensata a questões de si mesmas
graves, quando propostas ao acaso e a queima-roupa, em meio de uma
aluvião de outras extravagantes? Demais,
sucede freqüentemente que, por complexa, uma questão, para ser elucidada,
exige a solução de outras preliminares
ou complementares. Quem deseje tornar-se versado numa ciência tem que a
estudar metodicamente, começando
pelo principio e acompanhando o encadeamento e o desenvolvimento das
idéias. Que adiantara aquele que, ao
acaso, dirigir a um sábio perguntas acerca de uma ciência cujas primeiras
palavras ignore? Poderá o próprio sábio,
por maior que seja a sua boa-vontade, dar-lhe resposta satisfatória? A
resposta isolada, que der, será forçosamente incompleta e quase sempre por
isso mesmo, ininteligível, ou parecera absurda e contraditória. O mesmo
ocorre em
nossas relações com os Espíritos. Quem quiser com eles instruir-se tem que
com eles fazer um curso; mas, exatamente
como se procede entre nos devera escolher seus professores e trabalhar
com assiduidade".

CONDUTA DOS ESPÍRITOS SUPERIORES: "Dissemos que os Espíritos superiores
somente as sessões serias
acorrem, sobretudo as em que reina perfeita comunhão de pensamentos e de
sentimentos para o bem. A leviandade
e as questões ociosas os afastam, como, entre os homens, afastam as
pessoas criteriosas; o campo fica, então, livre
a turba dos Espíritos mentirosos e frívolos, sempre a espreita de
ocasiões propicias para zombarem de nos e se
divertirem a nossa custa".
"Se quereis respostas sisudas, haveis de comportar-vos com toda a
sisudeza, na mais ampla acepção do termo, e
de preencher todas as condições reclamadas. Só´ assim obtereis grandes
coisas. Sede, alem do mais, laboriosos e
perseverantes nos vossos estudos, sem o que os Espíritos superiores vos
abandonarão, como faz um professor com
os discípulos negligentes".

QUESTÕES PARA
ESTUDO

1 - Por que Kardec afirma que as observações dos fenômenos espíritas
diferem dos métodos comumente
usados pela ciência?

2 - Como deve ser o estudo do Espiritismo, segundo recomendação de Allan
Kardec?

3 - Como podemos saber se uma comunicação provém de um espírito de ordem
superior?


Conclusão

Tema: Introdução (itens VII e VIII) - Conclusão


QUESTÕES PARA
ESTUDO


1 - Por que Kardec afirma que as observações dos fenômenos espíritas
diferem dos métodos comumente
usados pela ciência?

Kardec faz essa observação em função das críticas contrárias dirigidas à
Doutrina pelos homens de ciência. As
ciências assentam suas observações nas propriedades da matéria,
experimentando e a manipulando livremente.
Os fenômenos espíritas, porém, baseiam-se na ação de inteligências dotadas
de vontade própria, que pensam
conforme suas conquistas intelectuais acumuladas. As observações desses
fenômenos, portanto, não podem ser
feitas utilizando-se as mesmas formas e os mesmos processos de
investigação, uma vez que exigem condições
especiais. Isto, todavia, não afeta o caráter científico do Espiritismo,
pois as conclusões foram tiradas de
pesquisas com métodos científicos, embora com formas diferentes.


2 - Como deve ser o estudo do Espiritismo, segundo recomendação de Allan
Kardec?

O estudo do Espiritismo deve ser feito com perseverança, seriedade, sem
conceitos previamente estabelecidos,
com método e motivado pela firme e sincera vontade de chegar a um
resultado. Questões complexas podem
surgir, exigindo estudo de outras, preliminares ou complementares.
Deve-se tomar um ponto de partida e
acompanhar o encandeamento e o desenvolvimento das idéias, para que a
conclusão não seja incompleta nem
ininteligível ou pareça absurda e contraditória.


3 - Como podemos saber se uma comunicação provém de um espírito de ordem
superior?

Os Espíritos Superiores somente às sessões sérias comparecem. Por sessões
sérias devemos entender aquela
em que reina perfeita comunhão de pensamentos e de sentimentos para o
bem. Afastam-se sempre que
percebem qualquer tipo de leviandade ou questões ociosas. Nestes casos, a
ação dos espíritos mentirosos e
frívolos é que prevalece. Recomenda o Codificador que, para se obter
comunicações sérias, os participantes
da reunião devem se portar com seriedade e com a intenção na prática do
bem, além de perseverarem no
estudo. Somente assim pode-se obter comunicação de um Espírito Superior.