Evolução em Dois Mundos
021 – 2ª pte - I - Alimentação dos desencarnados
Alimentação dos desencarnados
_ Como se verifica a alimentação dos Espíritos desencarnados?
_ Encarecendo a importância da respiração no sustento do corpo espiritual, basta lembrar a hematose no corpo físico, pela qual o intercâmbio gasoso se efetua com segurança, através dos alvéolos, nos quais os gases se transferem do meio exterior para o meio interno e vice-versa, atendendo à assimilação e desassimilação de variadas atividades químicas no campo orgânico.
O oxigênio que alcança os tecidos entra em combinação com determinados elementos, dando, em resultado, o anidrido carbônico e a água, com produção de energia destinada à manutenção das províncias somáticas.
Estudando a respiração celular, encontraremos, junto aos próprios arraiais da ciência humana, problemas somente equacionáveis com a ingerência automática do corpo espiritual nas funções do veículo físico, porque os fenômenos que lhe são conseqüentes se graduam em tantas fases diversas que o fisiologista, sem noções do Espírito, abordá-los-á sempre com a perplexidade de quem atinge o insolúvel.
Sabemos que para a subsistência do corpo físico é imprescindível a constante permuta de substâncias, com incessante transformação de energia.
Substância e energia se conjugam para fornecer ao carro fisiológico os recursos necessários ao crescimento ou à reparação do contínuo desgaste, produzindo a força indispensável à existência e os recursos reguladores do metabolismo.
O alimento comum ao corpo carnal experimenta, de início, a digestão, pela qual os elementos coloidais indifusíveis se transubstanciam em elementos cristalóides difusíveis, convertendo-se ainda as matérias complexas em matérias mais simples, acessíveis à absorção, a que se sucede a circulação dos valores nutrientes, suscetíveis de aproveitamento pelos tecidos, seja em regime de aplicação imediata, seja no de reserva, destinando-se os resíduos à expulsão natural.
A ciência terrena não desconhece que o metabolismo guarda a tendência de manter-se em estabilidade constante, tanto assim que, reconhecidamente, a despesa de oxigênio e o teor de glicemia em jejum revelam quase nenhuma diferença de dia para dia.
É que o corpo espiritual, comandando o corpo físico, sana espontaneamente, quando harmonizado em suas próprias funções, todos os desequilíbrios acidentais nos processos metabólicos, presidindo as reações do campo nutritivo comum.
Não ignoramos, desse modo, que desde a experiência carnal o homem se alimenta muito mais pela respiração, colhendo o alimento de volume simplesmente como recurso complementar de fornecimento plástico e energético, para o setor das calorias necessárias à massa corpórea e à distribuição dos potenciais de força nos variados departamentos orgânicos.
Abandonado o envoltório físico na desencarnação, se o psicossoma está profundamente arraigado às sensações terrestres, sobrevém ao Espírito a necessidade inquietante de prosseguir atrelado ao mundo biológico que lhe é familiar, e, quando não a supera ao preço do próprio esforço, no auto-reajustamento, provoca os fenômenos da simbiose psíquica, que o levam a conviver, temporariamente, no halo vital daqueles encarnados com os quais se afine, quando não promove a obsessão espetacular.
Na maioria das vezes, os desencarnados em crise dessa ordem são conduzidos pelos agentes da Bondade Divina aos centros
de reeducação do Plano Espiritual, onde encontram alimentação semelhante à da Terra, porém fluídica, recebendo-a em porções adequadas até que se adaptem aos sistemas de sustentação da Esfera Superior, em cujos círculos a tomada de substância é tanto menor e tanto mais leve quanto maior se evidencie o enobrecimento da alma, porquanto, pela difusão cutânea, o corpo espiritual, através de sua extrema porosidade, nutre-se de produtos sutilizados ou sínteses quimio-eletromagnéticas, hauridas
no reservatório da Natureza e no intercâmbio de raios yitalizantes e reconstituintes do amor com que os seres se sustentam entre si.
Essa alimentação psíquica, por intermédio das projeções magnéticas trocadas entre aqueles que se amam, é muito mais importante que o nutricionista do mundo possa imaginar, de vez que, por ela, se origina a ideal euforia orgânica e mental da personalidade. Daí porque toda criatura tem necessidade de amar e receber amor para que se lhe mantenha o equilíbrio geral.
De qualquer modo, porém, o corpo espiritual, com alguma provisão de substância específica ou simplesmente sem ela, quando já consiga valer-se apenas da difusão cutânea para refazer seus potenciais energéticos, conta com os processos da assimilação e da desassimilação dos recursos que lhe são peculiares, não prescindindo do trabalho de exsudação dos resíduos, pela epiderme ou pelos emunctórios normais, compreendendo-se, no entanto, que pela harmonia de nível, nas operações nutritivas, e pela essencialização dos elementos absorvidos, não existem para o veículo psicossomático, determinados excessos e inconveniências dos sólidos e líquidos da excreta comum.
Uberaba, 16/4/58.
QUESTÕES PARA ESTUDO
1) Como André Luiz explica a necessidade de alimentação sentida por espíritos desencarnados?
2) De que forma o plano espiritual atua em auxílio a esses espíritos?
3) Qual a natureza da alimentação oferecida aos desencarnados?
4) É possível ao espírito desencarnado dispensar esse tipo de alimentação?
ELUCIDAÇÃO DE TERMOS USADOS PELO AUTOR ESPIRITUAL
alvéolo - alvéolo pulmonar. É dos alvéolos que o oxigênio se difunde para o sangue e que se desprende o gás carbônico, no ciclo da respiração
anidrido carbônico - gás carbônico. É eliminado como resultado da respiração celular pelos seres vivos.
coloidal - referente à colóide, substância gelatinosa
cristalóide - substância que forma uma solução verdadeira e que, numa diálise, atravessa a membrana porosa. Diálise é a separação de substâncias coloidais e cristalóides num líquido
desassimilação - degradação de compostos ricos em energia
difusão cutânea - absorção de uma substância mediante a passagem de suas moléculas através da superfície porosa da epiderme
difusível - que tem a propriedade de sofrer difusão, isto é, migração lenta das moléculas através de gases e líquidos ou de membranas porosas
emunctório - órgão, abertura ou canal por onde se eliminam os produtos excrementícios do organismo
essencialização - formação de essência a partir de uma substância
excreta - excreção, matéria expelida como resíduo inútil
exsudação - ato de exsudar, isto é, segregar em forma de gotas ou suor
glicemia - presença de glicose (açúcar) no sangue
halo vital - halo formado em torno do corpo pela energia psíquica
hematose - transformação do sangue venoso em arterial, nos pulmões, ao contato do ar aspirado
indifusível - que não tem a propriedade de sofrer difusão
plástico - relativo à massa dos tecidos orgânicos
quimioeletromagnético - referente à interação entre carga elétrica e campo magnético
simbiose - associação de dois seres de espécie distinta, com influência de um sobre o outro
síntese - formação de uma substância mediante a combinação dos seus componentes químicos
transubstanciar - transformar uma coisa em outra
(extraído do livro Elucidário de evolução em dois mundos, de José Marques Mesquita, edição da USEERJ, União das Sociedades Espíritas do Estado do Rio de Janeiro)
Conclusão
(Conclusão)
QUESTÕES PROPOSTAS PARA ESTUDO
1) Como André Luiz explica a necessidade de alimentação sentida por espíritos desencarnados?
R - André Luiz começa esclarecendo que, desde a vida na Terra, o homem se alimenta muito mais pela respiração do que pelo que chama "alimento de volume", ou seja, aquele constituído de matéria mais densa, que é complementar. A necessidade de alimentação pelo homem é uma das circunstâncias que resultam de um automatismo biológico, pois o organismo corpóreo não prescinde da constante troca de substâncias, que se transformam em energia e que são necessárias ao curso do processo de crescimento e de reparação do desgaste natural a que se submete.
Retornando ao mundo espiritual, o espírito não mais necessita dessa forma de alimento, podendo se manter apenas pela respiração celular do seu corpo somático. No entanto, quando o espírito, após a desencarnação, não consegue se desligar, mentalmente, das sensações vivenciadas no corpo físico, o seu psiquismo permanece preso ao mundo material, preservando a lembrança do automatismo biológico a que se acostumou. Não conseguindo reajustar-se de imediato à nova forma de vida, permanece preso às circunstâncias da vida terrena, donde a sensação de necessidade de alimentação para repor energia permanece. Para suprir essa necessidade, busca partilhar, psiquicamente, com encarnados que lhe são afins, as energias vitais destes. Muitas das vezes, esta situação leva à instalação de um processo obsessivo.
2) De que forma o plano espiritual atua em auxílio a esses espíritos?
R - O plano espiritual, através dos benfeitores que nos assistem, na maioria dos casos, conduzem o espírito em desequilíbrio a instituições que se dedicam à reeducação para a vida no mundo espiritual. É fornecida alimentação semelhante à existente na Terra, em porções adequadas, até que o espírito se adapte ao novo sistema de manutenção da vida.
3) Qual a natureza da alimentação oferecida aos desencarnados?
R - A alimentação oferecida aos desencarnados em desequilíbrio, que ainda se encontram fortemente presos às necessidades terrenas, é de natureza fluídica, constituída de fluidos do mundo espiritual, porém assemelhando-se à utilizada na Terra, para que possa atender às suas necessidades. À medida que se eleva, o espírito passa a sentir menos necessidade desse tipo de alimento, que vai sendo fornecido em menor quantidade e constituindo-se de fluidos mais leves.
(Obs.: A respeito da formação de alimentos e outros objetos do mundo espiritual, através da modificação das propriedades
dos fluidos, ver capítulo VIII, da Segunda Parte, do Livro dos Médiuns, intitulado "Laboratório do mundo invisível".)
4) É possível ao espírito desencarnado dispensar esse tipo de alimentação?
R - À medida que atinge círculos mais elevados, o espírito passa a se alimentar de produtos sutilizados, de natureza quimio- -eletromagnéticas, hauridos da Natureza e de raios vitalizantes e reconstituintes emanados de sentimentos trocados entre aqueles que se amam. André Luiz esclarece, ainda, que essa alimentação psíquica é de grande importância para a formação da personalidade e para a manutenção do equilíbrio geral, daí a necessidade que toda criatura tem de dar e receber amor. De qualquer modo, explica, o corpo espiritual, alimentando-se ou não de substância menos sutil, não prescinde de secretar resíduos pela epiderme. Entretanto, encontrando a harmonia nas operações nutritivas e sutilizando os elementos absorvidos, o espírito evita determinados excessos e inconveniências ocasionadas pelas substâncias sólidas, comuns naqueles que procedem de modo diferente.