Evolução em Dois Mundos

019 – Alma e reencarnação

Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo - CVDEE
Sala de Estudos André Luiz

Livro em estudo: Evolução em dois mundos (Editora FEB)
Autor: Espírito André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier
e Waldo Vieira

Primeira parte - Capítulo XIX - Alma e reencarnação (I)

Comentários: Eurípides Kühl

Alma e reencarnação
(I)

DEPOIS DA MORTE _ Efetivamente, logo após a morte física, sofre a alma culpada minucioso processo de purgação, tanto mais produtivo quanto mais se lhe exteriorize a dor do arrependimento, e, apenas depois disso, consegue elevar-se a esferas de reconforto e reeducação.

Se a moléstia experimentada na veste somática foi longa e difícil, abençoadas depurações terão sido feitas, pelo ensejo de auto-exame, no qual as aflições suportadas com paciência lhe alteraram sensações e refundiram idéias.

Todavia, se essa operação natural não foi possível no círculo carnal, mais se lhe agravam os remorsos, depois do túmulo, por recalcados na consciência, a aflorarem, todos eles, através de reflexão, renovando as imagens com que foram fixados na própria alma.

Criminosos que mal ressarciram os débitos contraídos, instados pelo próprio arrependimento, plasmam, em torno de si mesmos, as cenas degradantes em que arruinaram a vida íntima, alimentando-as à custa dos próprios pensamentos desgovernados.

Caluniadores que aniquilaram a felicidade alheia vivem pesadelos espantosos, regravando nas telas da memória os padecimentos das vítimas, como no dia em que as fizeram descer para o abismo da angústia, algemados ao pelourinho de obsidentes recordações.



Tiranetes diversos volvem a sentir nos tecidos da própria alma os golpes que desferiram nos outros, e os viciados de toda sorte, quais os dipsômanos e morfinômanos, experimentam agoniada insatisfação, qual ocorre também aos desequilibrados do sexo, que acumulam na organização psicossomática as cargas magnéticas do instinto em desvario, pelas quais se localizam em plena alienação.

As vítimas do remorso padecem, assim, por tempo correspondente às necessidades de reajuste, larga internação em zonas compatíveis com o estado espiritual que demonstram.



Comentários: Ao morrer fisicamente, o homem que tenha culpas acumuladas sofrerá muito para delas se libertar, sendo que tão

logo se conscientize e se arrependa, abreviará o sofrimento, iniciando estágios de elevação e reeducação.

Ficar preso ao leito como doente, por longo período antecedente à morte é benção inapreciada, desde que tal tormento seja

vivenciado resignadamente. Esse é abençoado tempo de auto-análise, que do contrário, carreará remorsos pós-desencarne.

Todos os que agem com maldade, os viciosos em geral, caluniadores e demais criminosos, sem aqueles tempos de auto-exame

e arrependimento, após a morte física purgarão largos e difíceis tempos nas zonas espirituais tristes e altamente

desconfortáveis. Experimentarão agora os mesmos males que causaram a outrem.



CONCEITO DE INFERNO _ O inferno das várias religiões, nesse aspecto, existe perfeitamente como órgão controlador do equilíbrio moral nos reinos do Espírito, assim como a penitenciária e o hospital se levantam na Terra, como retortas de recuperação e de auxílio.

Além-túmulo, no entanto, o estabelecimento depurativo como que reúne em si os órgãos de repressão e de cura, porquanto as consciências empedernidas aí se congregam às consciências enfermas, na comunhão dolorosa, mas necessária, em que o mal é defrontado pelo próprio mal, a fim de que, em se examinando nos semelhantes, esmoreça por si na faina destruidora em que se desmanda.



É assim que as Inteligências ainda perversas se transformam em instrumentos reeducativos daquelas que começam a despertar, pela dor do arrependimento, para a imprescindível restauração.

O inferno, dessa maneira, no clima espiritual das várias nações do Globo, pode ser tido na conta de imenso cárcere-hospital, em que a diagnose terrestre encontrará realmente todas as doenças catalogadas na patologia comum, inclusive outras muitas, desconhecidas do homem, não propriamente oriundas ou sustentadas pela fauna microbiana do ambiente carnal, mas nascidas de profundas disfunções do corpo espiritual e, muitas vezes, nutridas pelas formas-pensamentos em torturado desequilíbrio, classificáveis por larvas mentais, de extremo poder corrosivo e alucinatório, não obstante a fugaz duração com que se articulam, quando não obedecem às idéias infelizes, longamente recapituladas no tempo.



Comentários: Os devedores morais, na Espiritualidade, congregar-se-ão com afins, muitas vezes sendo escravizados por eles.

Assim, quando o criminoso se torna vítima de crime igual aos que tenha praticado, o remorso surge. Essa situação caracteriza,

literalmente, o _viver no inferno_ das várias religiões e demonstra como verdadeiramente _de todo mal Deus tira o bem_, pois esse

_inferno_, no caso, age com elemento de reequilíbrio para o Espírito moralmente desarticulado.

Nesses casos, o mal enfrenta o próprio o mal e assimila preciosa lição, a de que não vale a pena. Aí, ocorre aprendizado,

repressão e cura.

No clima espiritual do mundo todo esse panorama lembra imenso cárcere-hospital, podendo muitos desses dolorosos casos ser

diagnosticados como doenças comuns. Entretanto, desconhecidas do homem, surgem ali outras graves anomalias, em razão de

disfunções do perispírito, como conseqüência das próprias _formas-pensamento_ dos réprobos, que geram _larvas mentais_

causadoras de graves desequilíbrios.



_SEMENTES DE DESTINO_ _ Nesses lugares de retificadoras inquietações, alija o Espírito endividado a carga de superfície, exonerando-se dos elementos de mais envolvente degradação que o aviltam; contudo, tão logo revele os primeiros sinais de positiva renovação para o bem, registra o auxílio das Esferas Superiores, que, por agentes inúmeros, apóiam os serviços da Luz Divina onde a ignorância e a crueldade se transviam na sombra.

Qual doente, agora acolhido em outros setores pela encorajadora convalescença de que dá testemunho, o devedor desfruta suficiente serenidade para rever os compromissos assumidos na encarnação recentemente deixada, sopesando os males e sofrimentos de que se fez responsável, acusando ainda a si próprio, com a incapacidade evidente de perdoar-se, tanto maior quão maiores lhe foram no mundo as oportunidades de elevação e a luz do conhecimento.

Muita vez, ascendem a escolas beneméritas, nas quais recolhem mais altas noções da vida, aprimoram-se na instrução, aperfeiçoam impulsos e exercem preciosas atividades, melhorando os próprios créditos; todavia, as lembranças dos erros voluntários, ainda mesmo quando as suas vítimas tenham já superado todas as seqüelas dos golpes sofridos, entranham-se-lhes no espírito por _sementes de destino_, de vez que eles mesmos, em se reconhecendo necessitados de promoção a níveis mais nobres, pedem novas reencarnações com as provas de que carecem para se quitarem consciencialmente consigo próprios.

Nesses casos, a escolha da experiência é mais que legítima, porquanto, através da limpeza de limiar, efetuada nas regiões retificadoras, e pelos títulos adquiridos nos trabalhos que abraça, no plano extrafísico, merece a criatura os cuidados preparatórios da nova tarefa em vista, a fim de que haja a conjugação de todos os fatores para que reencontre os credores ou as circunstâncias imprescindíveis, junto aos quais se redima perante a Lei.



Comentários: Deus, Pai de infinito amor, acode a esses Espíritos infelizes, ao seu primeiro esforço renovador. Assistidos pelo

amparo das Esferas Superiores, tais enfermos encontram condições de revisar a si mesmos, entendendo o equívoco dos seus

atos maus. Ao serem recolhidos apresentam-se sem condições de se perdoarem, por se conscientizarem de que muito

receberam em luzes e conhecimento, o que inaproveitaram...

Agora, matriculados em escola de retificação, aprendem o valor da vida e recebem oportunidade de trabalho, o que lhes dará

condições e créditos para de logo reencarnarem, a fim de quitarem seus débitos, vivos na memória quais _sementes do destino_,

reclamando solvência moral.

Aí, requerem reencarnação e provas junto àqueles aos quais tenha prejudicado, para assim obter a própria redenção, perante

a Lei.

QUESTÕES PARA ESTUDO

1) Qual a importância que a enfermidade prolongada para o estado do espírito após a morte do corpo físico?

2) Não passando pela experiência da doença prolongada, como o espírito se apresenta após a desencarnação?

3) De que o modo o chamado "inferno" contribui para a recuperação do espírito?

4) Como André Luiz explica encontrar-se no chamado "inferno" a origem de determinadas enfermidades ainda desconhecidas pelo homem?

5) De que forma a Espiritualidade Superior pode auxiliar o espírito a sair dessa região de sofrimento?

Primeira parte - Capítulo XIX - Alma e reencarnação (II)

Comentários: Eurípides Kühl

Alma e reencarnação
(II)

REENCARNAÇÕES ESPECIAIS _ Entretanto, reencarnações se processam, muita vez, sem qualquer consulta aos que necessitam segregação em certas lutas no plano físico, providências essas comparáveis às que assumimos no mundo com enfermos e criminosos que, pela própria condição ou conduta, perderam temporariamente a faculdade de resolver quanto à sorte que lhes convém no espaço de tempo em que se lhes perdura a enfermidade ou em que se mantenham sob as determinações da justiça.



São os problemas especiais, em que a individualidade renasce de cérebro parcialmente inibido ou padecendo mutilações congênitas, ao lado daqueles que lhe devem abnegação e carinho.

Incapazes de eleger o caminho de reajuste, pelo estado de loucura ou de sofrimento que evidenciam, semelhantes enfermos são decididamente internados na cela física como doentes isolados sob assistência precisa.

Vemo-los, assim, repontando de lares faustosos ou paupérrimos, contrariando, por vezes, até certo ponto, os estatutos que regem a hereditariedade, por representarem dolorosas exceções no caminho normal.



Comentários: Quando o progresso reencarnatório prevê existências físicas especiais (por exemplo: cérebro inibido, mutilações

congênitas, cegueira de nascença), o Espírito assim reencarna, compulsoriamente, com programa alheio à sua participação elaborativa.

Esses doentes espirituais estarão, na existência terrena, isolados em corpos que lhes negarão a vida física normal.

Espiritualmente, contudo, terão assistência precisa.

Tais reencarnações, por vezes apresentam determinados caracteres contrários até mesmo às leis da hereditariedade (leis

humanas...).

E, os que assim nascem, podem nascer ricos ou pobres, mas sempre ao lado daqueles que em vidas passadas foram de

alguma forma responsáveis pelos desatinos cometidos e que, agora, voltam co-participando do aflitivo drama, para dispensar-

lhes atenção e carinho.

Abençoadas injunções, quase sempre familiares, redentoras para uns e outros!



REENCARNAÇÃO E EVOLUÇÃO _ Urge reparar, entretanto, em que a reencarnação não é mero princípio regenerativo.

A evolução natural nela encontra firme apoio.

Criaturas que avultam na bondade, em muitas ocasiões requerem conhecimento nobilitante, e muitas que se agigantaram na inteligência permanecem à míngua de virtude.

Outras inumeráveis, embora detendo preciosos valores, nos domínios do coração e do cérebro, após longo estágio no plano extrafísico, sentem fome de progresso renovador por inabilitadas, ainda, a ascensões maiores e renunciam à tranqüilidade a que se integram nos grupos afins, porque, no cadinho efervescente da carne, analisam, de novo, as próprias imperfeições, testando-lhes a amplitude nas rudes experiências da vida humana, obtendo mais avançado ensejo de corrigenda e transformação.

Isso não significa que a consciência desencarnada deixe de encontrar possibilidades de expansão nas cidades espirituais que gravitam em torno da Terra. Outras modalidades de estudo e trabalho aí lhe asseguram novos fatores de evolução; contudo, escassa percentagem de criaturas humanas, além da morte, adquirem acesso definitivo aos planos superiores.

A esmagadora maioria jaz ainda ligada às ideologias e raças, pátrias e realizações, famílias e lares do mundo.

É por isso que artistas eméritos, ao notarem o curso diferente das escolas que deixaram no Planeta, sentem-se irresistivelmente atraídos para a reencarnação, a fim de preservar-lhes ou enriquecer-lhes os patrimônios.

Cientistas eminentes, interessados na continuidade dos empreendimentos redentores que largaram em mãos alheias, volvem ao trabalho e à experimentação entre os homens, e, no mesmo espírito missionário, religiosos e filósofos, professores e condutores, homens e mulheres que se distinguem por nobres aspirações retornam, voluntariamente, à esfera física, em sagradas ações de auxílio que lhes valem honrosos degraus de sublimação na escalada para a Divina Luz.



Entendamos, assim, que tanto a regeneração quanto a evolução não se verificam sem preço.

O progresso pode ser comparado à montanha que nos cabe transpor, sofrendo-se naturalmente os problemas e as fadigas da marcha, enquanto que a recuperação ou a expiação podem ser consideradas como essa mesma subida, devidamente recapitulada, através de embaraços e armadilhas, miragens e espinheiros que nós mesmos criamos.

Se soubermos, porém, suar no trabalho honesto, não precisaremos suar e chorar no resgate justo.

E não se diga que todos os infortúnios da marcha de hoje estejam debitados a compromissos de ontem, porque, com a prudência e a imprudência, com a preguiça e o trabalho, com o bem e o mal, melhoramos ou agravamos a nossa situação, reconhecendo-se que todo dia, no exercício de nossa vontade, formamos novas causas, refazendo o destino.



Comentários: Não se pense que se reencarna apenas visando regeneração. Não: há os bons que querem adquirir conhecimentos

e há os muito inteligentes, mas minguados de virtude.

Há ainda os Espíritos evoluídos que após longo tempo entre afins, na Espiritualidade, sentem necessidade de novas

experiências na carne, antes de ascenderem a planos mais altos.

Embora haja evolução também no Plano Espiritual, poucos, pouquíssimos são aqueles que apresentam total desprendimento

terreno: ideologias, raças, pátrias, realizações e projetos. (Desencarnados, quais espíritos estarão imunes à saudade da família

e do lar, deixados no mundo, sabendo ou podendo administrar essa saudade?).

Artistas de renome, cientistas, professores e outros tantos que nobremente viveram existências terrenas _ missionárias em

geral _, voluntariamente almejam retorno à esfera física, para conquistas de maior mérito, seja para continuidade de seus

projetos ou para sublimes ações filantrópicas.

Regeneração e evolução conferem progresso e representam a subida da montanha a ser transposta, havendo os que, plenos de

resignação, aprendizados e amor ao próximo o fazem logo na primeira escalada.

Já essa mesma subida, sem esses parâmetros morais, para a transposição exigirá desses verdadeiros Sísifos* modernos várias

tentativas, malogradas, até finalmente alcançarem o cume e transpô-lo, a preço alto.

(*) = Sísifo: na mitologia grega, o lendário rei Sísifo quis enganar os deuses e fugir da morte. Por isso, foi

condenado, nos Infernos, a empurrar uma enorme rocha montanha acima. Cada vez que ia atingir o cume, a rocha caía,

forçando Sísifo a recomeçar o trabalho. (Bela figuração para as reencarnações expiatórias causadas por ausência do

bem...).

Nunca será demais repetir que os infortúnios ou sucessos que nos rodeiam, na maioria são conseqüência de atos do passado,

mas não todos. Há fatos causados por imprudência ou prudência

(continua)

QUESTÕES PARA ESTUDO

1) Quais os tipos de reencarnações classificadas por André Luiz como "reencarnações especiais"?

2) Por que o Autor afirma que "a reencarnação não é mero princípio regenerativo"?

3) Qual a razão de espíritos evoluídos ainda sentirem necessidade de novas experiências na carne?

4) Os infortúnios da existência atual são sempre resgates de compromissos assumidos nas anteriores?

Primeira parte - Capítulo XIX - Alma e reencarnação (III)

Comentários: Eurípides Kühl

Alma e reencarnação
(III)

PARTICULARIDADES DA REENCARNAÇÃO _ Perguntar-se-á, razoavelmente, se existe uma técnica invariável no serviço reencarnatório. Seria o mesmo que indagar se a morte na Terra é única em seus processos para todas as criaturas.

Cada entidade reencarnante apresenta particularidades essenciais na recorporificação a que se entrega na esfera física, quanto cada pessoa expõe característicos diferentes quando se rende ao processo liberatório, não obstante o nascimento e a morte parecerem iguais.

Os Espíritos categoricamente superiores, quase sempre, em ligação sutil com a mente materna que lhes oferta guarida, podem plasmar por si mesmos e, não raro, com a colaboração de instrutores da Vida Maior, o corpo em que continuarão as futuras experiências, interferindo nas essências cromossômicas, com vistas às tarefas que lhes cabem desempenhar.

Os Espíritos categoricamente inferiores, na maioria das ocasiões, padecendo monoideísmo tiranizante, entram em simbiose fluídica com as organizações femininas a que se agregam, experimentando o definhamento do corpo espiritual ou o fenômeno de _ovoidização_, sendo inelutavelmente atraídos ao vaso uterino, em circunstâncias adequadas, para a reencarnação que lhes toca, em moldes inteiramente dependentes da hereditariedade, como acontece à semente, que, após desligar-se do fruto seco, germina no solo, segundo os princípios organogênicos a que obedece, tão logo encontre o favor ambiencial.

Entre ambas as classes, porém, contamos com milhões de Espíritos medianos na evolução, portadores de créditos apreciáveis e dívidas numerosas, cuja reencarnação exige cautela de preparo e esmero de previsão.



Comentários: Não há reencarnação igual à outra:

- os Espíritos Superiores têm capacidade para, com ajuda do Alto, ligarem-se sutilmente à mãe e eles próprios plasmarem seu

corpo físico;

- já os Espíritos menos evoluídos, aqueles fixados em idéias tirânicas, para reencarnar ligam-se por simbiose fluídica (atração

inexorável) ao útero materno. Seu perispírito definha, pelo fenômeno de _ovoidização_ (deformação para a forma de ovo). O

reencarne se processa, então, nas condições previstas para a vida física futura, com império absoluto das leis da

hereditariedade.

Há a considerar que, entre uma e outra classe moral de Espíritos acima citados, há a dos de mediana evolução que, aos

milhões, reencarnam utilizando eventuais méritos, mas também sob cuidadosa conseqüência dos débitos.



RESTRINGIMENTO DO CORPO ESPIRITUAL _ Institutos de escultura anatômica funcionam, por isso, no Plano Espiritual, brunindo formas diversas, de modo a orientar os mapas ou prefigurações do serviço que aos reencarnantes competirá, mais tarde, atender.

Corpos, membros, órgãos, fibras e células são aí esboçados e estudados, antes que se definam os primórdios da rematerialização terrestre, porque, nesses casos, em que a alma oscila entre méritos e deméritos, a reencarnação permanece sob os auspícios de autoridades e servidores da Justiça Espiritual que administra recursos a cada aprendiz da sublimação, de acordo com as obras edificantes que lhes constem do currículo da existência.

Para isso, os candidatos à reencarnação, sem superioridade suficiente de modo a supervisioná-la com o seu próprio critério e distantes da inferioridade primitivista que deles faria escravos absolutos da herança física, são admitidos a instituições-hospitais em que magnetizadores desencarnados, bastante competentes pela nobreza íntima, se incumbem de aplicar-lhes fluidos balsamizantes que os adormeçam, por períodos variáveis, de conformidade com a evolução moral que enunciem, a fim de que os princípios psicossomáticos se adaptem a justo restringimento, em bases de sonoterapia.

Desse modo, regressam ao berço humano, nas condições precisas, recolhidos a novo corpo, qual operário detentor de virtudes e defeitos a quem se concede novo uniforme de trabalho e nova oportunidade de realização.



Comentários: Há, no Plano Espiritual, Institutos de escultura anatômica, nos quais laboram Espíritos organizadores de corpos

físicos adequados a futuros reencarnantes! Assim, conforme a programação de cada Espírito que vá reencarnar, o organismo

físico é detalhadamente delineado.

Espíritos sem condições de se manterem conscientes durante a gestação são bondosamente submetidos a adormecimento e

ao devido restringimento, necessários ao início do processo reencarnatório. Isso é feito por competentes magnetizadores

desencarnados, que proporcionam sonoterapia ao que vai reencarnar, durável por períodos variáveis, nos quais seu corpo irá se

desenvolvendo.

Aquele que renasce, assim, tem organismo físico consentâneo à razão do seu acervo moral e do programa da nova existência

terrena.



CORPO FÍSICO _ Paternidade e maternidade, raça e pátria, lar e sistema consangüíneo são conjugados com previdente sabedoria para que não faltem ao reencarnante todas as possibilidades necessárias ao êxito no empreendimento que se inicia.

E senhor das experiências adquiridas que lhe despontam do ser, em forma de tendências e impulsos, recebe o Espírito um corpo físico inteiramente novo, em olvido temporário, mas não absoluto, das experiências pregressas, corpo com o qual será defrontado pelas circunstâncias favoráveis ou não do caminho que deve percorrer, para prosseguir na obra digna em que se haja empenhado ou para retificar as lições em que haja falido.



Nessas diretrizes, nem sempre estará integrado normalmente na posição em que a vida mental e o campo somático se mostram em sinergia ideal. Às vezes, deve sofrer mutilações e enfermidades benéficas, inibições e dificuldades orgânicas de caráter inevitável, porque, de aprendizado a aprendizado e de tarefa a tarefa, quanto o aluno de estágio a estágio para as grandes metas educativas, é que se levantará, vitorioso, para a ascensão à Imortalidade Celeste.

Uberaba, 9/4/58.



Comentários: Pai e mãe, raça e pátria, lar e hereditariedade do reencarnante são-lhe previdentemente atribuídos para que tenha

todas as possibilidades de cumprir o roteiro terreno traçado.

Por bênção, renasce o Espírito com esquecimento (não absoluto) do passado! Experiências, impulsos e tendências, contudo,

emergirão no novo corpo, sempre em confronto nos momentos de provar ou comprovar o empenho em se regenerar.

Nessas diretrizes, casos haverá de incompatibilidade entre cérebro e corpo (mutilações, deformidades, inibições graves e outras

dificuldades físicas), para que novos aprendizados sejam conquistados.

O Espiritismo, abençoadamente, proporciona a aquisição de fé e confiança absolutas na Justiça Divina, desenvolvendo

raciocínio e lógica na análise dessas tristes dificuldades, explicitando-as à luz das vidas sucessivas.

Então, nada objeta entender e compreender que os problemas de hoje, são benefícios solventes de pesadas dívidas de ontem,

anunciando a vitoriosa felicidade no amanhã!

Ribeirão Preto/SP _ Inverno/2006 - Eu



QUESTÕES PARA ESTUDO

1) Como André Luiz classifica as diferentes maneiras como pode se dar o processo reencarnatório, segundo o grau de evolução do espírito?

2) De que modo o novo corpo físico é projetado no plano espiritual?

3) Podemos entender que o espírito sempre participa da sua programação reencarnatória?

4) Como o Autor explica a reencarnação em corpo com mutilações ou enfermidades inevitáveis?

Muita paz a todos e um Feliz 2007!...

Equipe CVDEE
Sala André Luiz
Coordenação: http://www.cvdee.org.br/contato.asp

Conclusão

Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo - CVDEE
Sala de Estudos André Luiz

Livro em estudo: Evolução em dois mundos (Editora FEB)
Autor: Espírito André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier
e Waldo Vieira

Primeira parte - Capítulo XIX - Alma e reencarnação (I) Conclusão


QUESTÕES PROPOSTAS PARA ESTUDO

1) Qual a importância que a enfermidade prolongada para o estado do espírito após a morte do corpo físico?


R - Após a morte do corpo físico, o espírito passa por um período de purgação dos equívocos praticados, que se exterioriza através da dor e do arrependimento. Somente depois conseguirá elevar-se a uma situação de conforto e de reeducação, em regiões onde a dor e o sofrimento não sejam a tônica. Quando a desencarnação se opera após prolongada enfermidade do corpo físico, o processo de purgação tem início desde logo, no mundo terreno, no curso do padecimento provocado pela doença. É a oportunidade de auto-avaliação de seus atos, de reflexão, de arrependimento e de consulta à sua consciência. Suportada com paciência e resignação, o espírito torna-se mais sensível e aproveita o tempo em que permanecer retido ao leito para repensar suas idéias, o que vai lhe atenuar a experiência do remorso no mundo espiritual.

2) Não passando pela experiência da doença prolongada, como o espírito se apresenta após a desencarnação?

R - Não havendo a oportunidade do espírito realizar essa experiência no mundo corporal, seus remorsos serão agravados após a desencarnação, pois sua consciência apresentar-se-á como um juiz implacável. Através da reflexão que deixou de realizar na Terra, as imagens dos atos equivocados que levou a efeito na vida corporal irão aflorar diante de si. É assim, com o pensamento em desequilíbrio, que criminosos verão à sua frente as cenas de seus atos delituosos; os que causaram sofrimentos a outrem com sua calúnias, receberam nas telas da memória os padecimentos de suas vítimas; tiranos de toda ordem sentirão no próprio espírito os males que provocaram e viciados em geral, inclusive os que desbarataram as energias sexuais, padecerão pela desorganização magnética que seus atos causaram no perispírito. Todos passarão pela vivência da dor e do sofrimento causados pelo remorso o tempo necessário ao reajuste, em zonas purgatoriais compatíveis com o estado espiritual em que se apresentam.


3) De que o modo o chamado "inferno" contribui para a recuperação do espírito?

R - O chamado "inferno", ensinado pelas religiões, são as regiões do mundo espiritual em que se reúnem espíritos em desequilíbrio, condenados por suas consciências pelo mal a que se dedicaram durante a experiência terrena. Como explica André Luiz, à feição das penitenciárias e hospitais conhecidos na Terra, propicia uma dolorosa comunhão de consciências enfermas, onde ao mal é contraposto o próprio mal. Os mais perversos, ao imporem seu domínio sobre os que começam a despertar para o arrependimento, impulsionados pela dor, funcionam como um instrumento de reeducação para estes, que suportarão idêntico sofrimento a que deram causa, o que lhes servirá como valiosa lição para o necessário reequilíbrio.

4) Como André Luiz explica encontrar-se no chamado "inferno" a origem de determinadas enfermidades ainda
desconhecidas pelo homem?

R - Muitas das enfermidades ainda não diagnosticadas na Terra têm a sua origem nas profundas disfunções provocadas no perispírito pelas larvas mentais nutridas por formas-pensamentos emanadas do espírito em desequilíbrio, que habitam as regiões infernais. André Luiz classifica estas larvas como de extremo poder corrosivo e alucinatório, capazes de dar origem a muitas enfermidades conhecidas ou não no mundo terreno.

5) De que forma a Espiritualidade Superior pode auxiliar o espírito a sair dessas regiões de sofrimento?

R - A Espiritualidade Superior, através dos benfeitores espirituais, seus agentes, vai em socorro do espírito que se encontra preso a essas regiões de sofrimento a partir do momento em que este registra os primeiros sinais de disposição à renovação
no sentido do bem. O espírito, então, é recolhido a institutos de tratamento, com o objetivo de dar início ao processo de convalescença. É levado a rever os compromissos assumidos na última reencarnação, oportunidade de avaliar os males que, com seus atos irresponsáveis, causaram sofrimento a seus semelhantes. Recebem lições de vida, instruem-se e aperfeiçoam-se pelo exercício de atividades no bem. No entanto, incapazes de se perdoarem, acusam-se a si próprios, mesmo quando suas vítimas já tenham se recuperado dos efeitos de seus atos. Requerem a reencarnação, a fim de se submeterem às provas necessárias à quitação da dívida que assumiram perante suas consciências, geralmente junto àqueles de quem foram algozes.
Primeira parte - Capítulo XIX - Alma e reencarnação (II) Conclusão


QUESTÕES PROPOSTAS PARA ESTUDO

1) Quais os tipos de reencarnações classificadas por André Luiz como "reencarnações especiais"?

R - André Luiz classificou como "reencarnações especiais" aquelas também conhecidas como "reencarnações compulsórias", que se processam independentemente da vontade do espírito. São submetidos a este modo de reencarnação os espíritos que afrontaram gravemente as leis naturais, alguns enveredando pelo caminho do crime, o que, em conseqüência, os fez perder, temporariamente, a faculdade de usar seu livre-arbítrio para fazer escolhas na elaboração de seus projetos reencarnatórios. Pela gravidade de suas faltas, assumirão a nova existência corporal portando enfermidade de natureza grave, como inibição das faculdades cerebrais ou mutilações congênitas, contrariando, por vezes, as leis que regem a hereditariedade física, conhecidas na Terra. Viverão a nova experiência num ambiente familiar junto daqueles que, de algum modo, contribuíram para sua queda e que repararão o erro mediante a abnegação e justiça com que os assistirão na jornada reparadora. A reencarnação funcionará como um cárcere físico, que os isolará da vida comum, mas sem que o amparo do Alto deixe de estar presente, dando-lhes força e resignação para suportarem a dor restauradora.

2) Por que o Autor afirma que "a reencarnação não é mero princípio regenerativo"?

R - Na questão 132 do Livro dos Espíritos, os Espíritos esclarecem que a encarnação, além de fazer o espírito sofrer as vicissitudes da existência corporal para alcançar a perfeição, tem, também, como objetivo, pô-lo em condições de suportar a parte que lhe cabe na obra da criação. É necessária para a evolução natural do espírito, mesmo para aqueles que não se deixam transviar das leis naturais. Espíritos dotados de bondade, que não carecem do processo regenerativo, reencarnam com o objetivo de avançarem no campo do intelecto. Outros, que já realizaram relevantes conquistas intelectuais, permanecem carentes de progresso no campo moral e o retorno à carne lhes serve de aprendizado regenerador. Assim, não visa a reencarnação apenas o processo regenerativo do espírito recalcitrante, mas, também, fazer a criatura progredir nas duas vertentes da evolução: a intelectual e a moral.

3) Qual a razão de espíritos evoluídos ainda sentirem necessidade de novas experiências na carne?

R - Durante a permanência no plano espiritual, o espírito tem oportunidades de crescimento, através do estudo e do trabalho levados a efeito nas cidades espirituais em que estagiam. No entanto, no estágio evolutivo da humanidade terrena, poucos conseguem acessar definitivamente os planos superiores, pois ainda permanecem ligados às circunstâncias da vida material, como as ideologias, raças, famílias, etc. Por esta razão é que inteligências evoluídas, ligadas às ciências, às artes, às religiões, pleiteiam a reencarnação a fim de, como missionários, darem continuidade ao trabalho interrompido pela desencarnação, no sentido de preservar o patrimônio evolutivo adquirido ou enriquecê-lo. Desse modo, mesmo acumulando valores intelectuais e morais, após longo tempo na vida extra-física, sentem a necessidade de retorno ao mundo corporal, onde terão novas oportunidades de avaliarem suas imperfeições, buscando corrigi-las, através de sua transformação.

4) Os infortúnios da existência atual são sempre resgates de compromissos assumidos nas anteriores?

R - Nem sempre os infortúnios com que se defronta o espírito durante a reencarnação representam resgates de compromissos assumidos nas passagens anteriores, em que infringiram a lei. Conforme o espírito se comporte durante a experiência terrena, pode agravar ou atenuar sua situação espiritual, dependendo do uso que fizer de seu livre-arbítrio nas escolhas que irá direcionar sua existência para o campo do trabalho ou do ócio, do bem ou do mal. Como explica o Autor, a cada dia, por força dessas escolhas, o espírito construirá o seu destino, dando ensejo a novas causas cujos efeitos serão irreversivelmente colhidos na mesma ou em próxima passagem pela carne.
Primeira parte - Capítulo XIX - Alma e reencarnação (III) Conclusão


QUESTÕES PROPOSTAS PARA ESTUDO

1) Como André Luiz classifica as diferentes maneiras como pode se dar o processo reencarnatório, segundo
o grau de evolução do espírito?

R - O processo reencarnatório pode se dar em diferentes circunstâncias, variando conforme o estado evolutivo do espírito. André Luiz apresenta uma classificação genérica, dividindo em três as maneiras como pode se dar o processo reencarnatório: a primeira diz respeito a espíritos de natureza mais elevada, esclarecendo que estes podem plasmar, por si mesmos, com a colaboração de instrutores espirituais, o futuro corpo com o qual se apresentará na nova experiência terrena, sempre atendendo às tarefas que lhes cabem desenvolver; a segunda envolve os espíritos inferiores, fixados em idéias opressoras. Nestes, a reencarnação se dá através da ligação fluídica com a organização física materna, dando-se o restringimento do perispírito, que assume a forma ovóide, num processo que obedece unicamente às leis de hereditariedade; e, na terceira hipótese, há o caso dos espíritos de mediana evolução, categoria intermediária entre as anteriores, em que a reencarnação é preparada pelos operadores espirituais, atendendo-se os eventuais méritos conquistados e a conseqüência dos débitos, acumulados em existências anteriores.

2) De que modo o novo corpo físico é projetado no plano espiritual?

R - O novo corpo físico que será habitado pelo espírito que vai reencarnar é projetado nos Institutos existentes no plano espiritual para esse fim. Espíritos designados, sob a direção de autoridades da Justiça Espiritual, dedicam-se à elaboração de projetos dos corpos físicos adequados às necessidades evolutivas do reencarnante. Assim, corpos, membros, órgãos e demais elementos que comporão a nova organização física do espírito que retorna à vida corpórea são esboçados e delineados previamente, atendendo sempre a méritos e deméritos constantes no currículo moral do reencarnante.

3) Podemos entender que o espírito sempre participa da sua programação reencarnatória?


R - Nem todos os espíritos encontram-se em condições de participar da sua programação reencarnatória. Estes, não podendo influenciá-la nem permanecerem conscientes durante a evolução do processo reencarnatório, são recolhidos a instituições de tratamento no mundo espiritual, onde são magnetizados, a fim de se conservarem adormecidos e de se submeterem ao devido restringimento, indispensável ao início do processo reencarnatório. O período em que serão mantidos adormecidos é variável, conforme a nível de evolução moral em que se situam.

4) Como o Autor explica a reencarnação em corpo com mutilações ou enfermidades inevitáveis?

R - Tanto a família que o receberá, como os caracteres raciais e, até, o lugar do renascimento do espírito na vida corpórea, são projetados de modo a possibilitar as experiências de que necessita para impulsionar a sua evolução. Recebe o espírito um novo corpo físico que nada tem a ver com o anterior, sendo-lhe olvidado o passado, que, no entanto, permanece presente em forma de tendências e impulsos. O novo corpo, assim como as demais circunstâncias com as quais terá de conviver, será apropriado às tarefas que lhe cumpre executar e às provas retificadoras necessárias ao seu reajustamento. Assim, nem sempre o novo corpo se apresentará em condições saudáveis, que lhe permita uma vida de relação normal. Pode ocorrer ser necessário ao espírito portar um corpo físico com mutilações, enfermidades ou inibições orgânicas inevitáveis. André Luiz explica que semelhantes ocorrências são úteis para que novos aprendizados sejam conquistados, propiciando ao espírito o resgate das dívidas assumidas no passado e o alvorecer de uma nova fase de progresso, que o credenciará à felicidade futura.

Muita paz a todos

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Sala André Luiz
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