Ação e Reação
004 – Alguns recém-desencarnados
Capitulo 4
Alguns recém-desencarnados
Atingíramos largo recinto construído à feição de um pátio interior de proporções corretas e amplas.
Tive a idéia de penetrar em enorme átrio, algo semelhante a certas estações ferroviárias terrestres, porque nas acomodações marginais, caprichosamente dispostas, se encontravam dezenas de entidades em franca expectativa.
A dizer verdade, não vi sinais de alegria completa em rosto algum.
Os grupos variados, alguns deles em discreto entendimento, dividiam-se entre a preocupação e a tristeza.
De passagem, podíamos ouvir diálogos diferentes.
Em círculo reduzido, registramos frases como estas:
- Acreditas possa ela, agora, devotar-se à mudança justa?
- Dificilmente. Centralizou-se, por muito tempo, no descontrole da própria vida.
Mais além, escutamos dos lábios de uma senhora que se dirigia a um rapaz de agoniado semblante:
- Meu filho, guarde serenidade. Segundo informações do Assistente Cláudio, seu pai não virá em condições de reconhecer-nos. Precisará muito tempo para retornar a si.
Em trânsito, não assinalava senão alguns retalhos de conversação como esses.
A certa altura, na praça em movimentação, Druso, generoso, confiou-nos aos cuidados de Silas, mencionando obrigações urgentes que lhe absorveriam a atenção.
Encontrar-nos-íamos no dia seguinte, informou.
A promessa gentil obrigou-me a considerar o aspecto do tempo.
Pela sombra reinante, não poderíamos saber se era dia, se era noite.
Por isso, o grande relógio, ali existente, com largo mostrador abrangendo as vinte e quatro horas, funcionou aos meus olhos como a bússola para o viajante, deixando-me perceber que estávamos em noite alta. (3)
Sons de campanas invisíveis cortavam agora o ar e, assinalando-nos a curiosidade, Silas esclareceu que a caravana-comboio penetraria no recinto em alguns minutos.
Aproveitei os momentos para indagações que julguei necessárias.
Que espécie de criaturas aguardávamos, ali? Recém-desencarnados em que condições? como se organizaria a caravana-comboio? vinha diariamente à instituição atendendo a horário certo?
O companheiro, que se dispusera a assistir-nos, informou que as entidades prestes a entrarem integravam uma equipe de dezenove pessoas, acompanhadas por dez servidores da casa, que lhes orientavam a excursão, tratando-se de recém-desencarnados em desequilíbrio mental, mas credores de imediata assistência, de vez que não se achavam em desesperação, nem se haviam comprometido de todo com as forças dominantes nas trevas. Notificou, ainda, que a caravana se constituía de trabalhadores especializados, sob a chefia de um Atendente, e que viajavam com simplicidade, sem carros de estilo apenas conduzindo o material indispensável à locomoção no pesado ambiente das sombras, auxiliados por alguns cães inteligentes e prestimosos.
A Mansão contava com dois grupos dessa natureza.
Diariamente um deles atingia aquele domicílio de reajuste, revezando-se no piedoso mister socorrista.
Entretanto - aclarou -, não possuíam horário certo para a chegada, de vez que a peregrinação, pelos domínios das trevas, obedecia comumente a fatores circunstanciais.
Mal terminara o interlocutor e a expedição penetrava o enorme átrio.
Os cooperadores responsáveis estavam aparentemente calmos, evidenciando alguns, entretanto, no olhar, funda preocupação.
Os recolhidos, no entanto, exceção de cinco que vinham de maca, desmemoriados e dormentes, revelavam perturbações manifestas que, em alguns, se expressavam por loucura desagradável, se bem que pacífica.
Enquanto os enfermeiros se desvelavam em ajudá-los, carinhosos e atentos, e os cães se deitavam, extenuados, aqueles seres recém-chegados falavam e reclamavam, demonstrando absoluta ausência mental da realidade e provocando piedade e constrangimento.
Silas convidou-nos à movimentação.
Efetivamente, cabia-nos algo fazer na cooperação.
O chefe da caravana aproximou-se de nós e o Assistente no-lo apresentou num gesto amigo.
Era o Atendente Macedo, valoroso condutor de tarefas socorristas.
Afeiçoados e parentes dos recém-vindos cercavam-nos, agora, com expressões de alegria e sofrimento.
Algumas senhoras que vira, antes, em ansiosa expectativa, derramavam lágrimas discretas.
Notei que as criaturas recém-desligadas do corpo denso, conturbadas qual se achavam, traziam consigo todos os sinais das moléstias que lhes haviam imposto a desencarnação.
Ligeiro exame clínico poderia sem dúvida favorecera leitura da diagnose individual.
Dama simpática abeirara-se de uma jovem senhora que vinha amparada pela ternura de uma das enfermeiras da instituição, e, abraçando-a, chorava sem palavras.
A moça recém-liberta recebia-lhe os carinhos, rogando, comovente - Não me deixem morrer!... não me deixem morrer!...
Mostrando-se enclausurada na lembrança dos momentos derradeiros no corpo terrestre, de olhos torturados e lacrimosos, avançou para Silas, exclamando:
- Padre! padre, deixa cair sobre mim a bênção da extrema-unção; contudo, afasta de minhalma a foice da morte!... Tentei apagar minha falta na fonte da caridade para com os desprotegidos da sorte, mas a ingratidão, praticada com minha mãe, fala muito alto em minha consciência infeliz!... Ah! por que o orgulho me encegueceu, assim tanto, a ponto de condená-la à miséria?!... Por que não possuía eu, há vinte anos, a compreensão que tenho agora? Pobrezinha, meu padre! Lembra-se dela? Era uma atriz humilde que me criou com imensa doçura!... Concentrou em mim a existência... Da ribalta festiva, desceu a rude labor doméstico para conquistar nosso pão... Tinha a sociedade contra ela, e meu pai, sem ânimo de lutar pela felici dade de todas nós, deixou-a arrastar-se na extrema pobreza, acovardado e infiel aos compromissos que livremente assumira...
A infortunada criatura fez ligeiro interregno, misturando as próprias lágrimas com as da nobre matrona que a conchegava de encontro ao peito e, de mente aprisionada à confissão que fizera "In extremis", continuou qual se tivesse o sacerdote ao pé de si:
- Padre, perdoe-me, em nome de Jesus, entretanto, quando me vi jovem e senhora do vultoso dote que meu pai me conferira, envergonhei-me do anjo maternal que sobre os meus dias estendera as brancas asas e, aliando-me ao homem vaidoso que desposei expulsei-a de nossa casa!... Oh! ainda sinto o frio daquela terrível noite de adeus!...
Atirei-lhe ao rosto frases cruéis... Para justificar minha vileza de coração, caluniei-a sem piedade!... Pretendendo elevar-me no conceito do homem que desposara, menti que ela não era minha mãe! apontei-a como ladra comum que me roubara ao nascer!...
Lembro-me do olhar de dor e compaixão que me lançou ao despedir-se... Não se queixou, nem reagiu...
Apenas contemplou-me, tristemente, com os olhos túrgidos de chorar!...
Nessa altura, a dama que a sustentava afagou-lhe os cabelos em desalinho e buscou reconfortá-la:
- Não se excite. Descanse... descanse...
- Ah! que voz é esta? bradou a desvairar-se de angústia.
E, tateando as mãos afetuosas que lhe acariciavam as faces, exclamou, sem vê-las:
- Oh! padre, dir-se-ia que ela se encontra aqui, junto de mim!...
E, voltando para o alto os olhos apagados e súplices, rogava em pranto:
- Õ Deus, não me deixeis encontrá-la, sem que pague os meus débitos!...
Senhor, compadecei-vos de mim, pecadora que Vos ofendi, humilhando e ferindo a amorosa
mãe que me destes!...
Com o auxílio de duas enfermeiras, porém, a simpática senhora que a acalentava situou-a em leito portátil e fê-la emudecer, à força de inexcedível ternura.
Percebendo-me a emotividade, Silas, depois de amparar o serviço de acomodação da doente, explicou:
- A dama generosa que a recolheu nos braços é a genitora que veio ao encontro da filha.
- Que nos diz?! - exclamou Hilário, assombrado.
- Sim, acompanhá-la-á, carinhosamente, sem identificar-se, para que a pobre desencarnada não sofra abalos prejudiciais. O traumatismo perispirítico vale por muito tempo de desequilíbrio e aflição.
- E por que motivo teria a doente decidido confessar-se, dessa maneira? - perguntou meu colega, intrigado.
- É fenômeno comum - elucidou o Assistente. As faculdades mentais de nossa irmã sofredora estagnaram-se no remorso, em razão do delito máximo de sua existência última, e, desde que foi mais intensamente tocada pelas reflexões da morte, entregou-se, de modo total, a semelhantes reminiscências. Por haver cultivado a fé católica romana, imagina-se ainda diante do sacerdote, acusando-se pela falta que lhe maculou a vida...
O espetáculo ferira-me, fundo.
A rudeza do quadro que a verdade me oferecia obrigava-me a dolorida meditação.
Não havia, então, males ocultos na Terra!...
Todos os crimes e todas as falhas da criatura humana se revelariam algum dia, em algum lugar!...
Silas entendeu a amargura de minhas reflexões e veio em meu socorro, observando:
- Sim, meu amigo, você repara com acerto. A Criação de Deus é gloriosa luz. Qualquer sombra de nossa consciência jaz impressa em nossa vida até que a mácula seja lavada por nós mesmos, com o suor do trabalho ou com o pranto da expiação...
E ante os apelos agoniados e afetivos nos reencontros a se processarem, ali, sob nossos olhos, em que filhos e pais, esposos e amigos se reaproximavam uns dos outros, o Assistente acrescentou:
- Geralmente a estas plagas de inquietação aportam aqueles que em si mesmos cavaram mais fundos sulcos infernais e que se cristalizaram em perigosas ilusões, mas a Bondade Infinita do Senhor permite que as vítimas edificadas no entendimento e no perdão se transformem, felizes, em abnegados cireneus dos antigos verdugos. Como é fácil verificar, o incomensurável amor de nosso Pai Celeste cobre, não somente os territórios glorificados do paraíso, mas também as províncias atormentadas do inferno que criamos...
Pobre mulher prorrompeu em choro convulso, junto de nós, cortando a palavra de nosso amigo.
De punhos cerrados, reclamava a infeliz:
- Quem me libertará de Satã? quem me livrará do poder das trevas? Santos anjos, socorrei-me! Socorrei-me contra o temível Belfegor!...
Silas convocou-nos ao amparo magnético imediato.
Enfermeiros presentes acorreram, solícitos, impedindo o agravamento da crise.
- Maldito! Maldito!... - repetia a demente, persignando-se.
Invocando o socorro divino, através da oração, procurei anular-lhe os movimentos desordenados, adormecendo-a pouco a pouco.
Asserenado o ambiente, convidou-nos Silas a sondar-lhe a mente conturbada, agora sob o império de profunda hipnose.
Busquei pesquisar-lhe a desarmonia em rápido processo de análise mental, e verifiquei, espantado, que a pobre amiga era portadora de pensamentos horripilantes.
Como que a se lhe enraizar no cérebro, via escapar-lhe do campo íntimo a figura animalesca de um homem agigantado, de longa cauda, com a fisionomia de um caprino degenerado, exibindo pés em forma de garras e ostentando dois chifres, sentado numa cadeira tosca, qual se vivesse em perfeita simbiose com a infortunada criatura, em mútua imanização.
Diante da minha pergunta silenciosa, o Assistente informou - É um clichê mental, criado e nutrido por ela mesma. As idéias macabras da magia aviltante, quais sejam as da bruxaria e do demonismo que as igrejas denominadas cristãs propagam, a pretexto de combatê-los, mantendo crendices e superstições, ao preço de conjurações e exorcismos, geram imagens como esta, a se difundirem nos cérebros fracos e desprevenidos, estabelecendo epidemias de pavor alucinatório. As Inteligências desencarnadas, entregues à perversão, valem-se desses quadros mal contornados que a literatura feiticista ou a pregação invigilante distribuem na Terra, a mancheias, e imprimem-lhes temporária vitalidade, assim como um artista do lápis se aproveita dos debuxos de uma criança, tomando-os p or base dos desenhos seguros com que passa a impressionar o ânimo infantil.
O esclarecimento se me deparava como oportuna chave para a solução de muitos enigmas, no capítulo da obsessão, em que os doentes começam atormentando a si mesmos e acabam atormentados por seres que se afinam com o desequilíbrio que lhes é próprio.
Hilário, que observava atentamente o duelo íntimo entre a enferma prostrada e a forma-pensamento que se lhe superpunha à cabeça, falou comovido:
- Lembro-me de haver manuseado, há muitos anos, na Terra, um livro da autoria de Collin de Plancy, aprovado pelo arcebispo de Paris, trazendo a descrição minuciosa de diversos demônios, e creio haver visto uma figura gravada nessa obra, semelhante à que temos sob nossa direta observação.
Silas adiantou, confirmando:
- Isso mesmo. É o demônio Belfegor, segundo as anotações de Jean Weier, que imprevidentes autoridades da Igreja permitiram se espalhasse nos círculos católicos.
Conhecemos o livro a que se refere. Tem criado empecilhos tremendos a milhares de criaturas que inadvertidamente acolhem tais símbolos de Satanás, oferecendo-os a Espíritos bestializados que os aproveitam para formar terríveis processos de fascinação e possessão.
Refletia quanto ao problema dos moldes mentais na vida de cada um de nós, quando o Assistente, certo me surpreendendo a indagação, acentuou bem-humorado:
- Aqui, é fácil reconhecer que cada coração edifica o inferno em que se aprisiona, de acordo com as próprias obras. Assim, temos conosco os diabos que desejamos, segundo o figurino escolhido ou modelado por nós mesmos.
O serviço assistencial, porém, exigia cautelosa atenção e, por isso, removemos a enferma para o aposento limpo e bem-posto que a esperava.
Decorridos alguns minutos, voltamos ao átrio, então descongestionado e silencioso.
Apenas algumas sentinelas da noite velavam, infatigáveis e atentas.
Os tormentos entrevistos compeliam-me a pensar.
Muito já estudara acerca de pensamento e fixação mental, todavia, a angústia daquelas almas recém-desencarnadas me infundia compaixão e quase terror.
Confiei ao amigo que nos acompanhava, bondoso, a indefinível tortura de que me via objeto e o Assistente esclareceu com sabedoria:
- Em verdade, estamos ainda longe de conhecer todo o poder criador e aglutinante encerrado no pensamento puro e simples, e, em razão disso, tudo devemos fazer por libertar os entes humanos de todas as expressões perturbadoras da vida íntima. Tudo o que nos escravize à ignorância e à miséria, à preguiça e ao egoísmo, à crueldade e ao crime é fortalecimento da treva contra a luz e do inferno contra o Céu.
E talvez porque desejasse ardentemente mais alguma anotação, em torno do transcendente assunto, Silas ajuntou:
- Recorda-se de haver lido alguma memória, alusiva às primeiras experiências de Marconi, nos albores do telégrafo sem fio?
- Sim - respondi -, lembro-me de que o sábio, ainda muito jovem, se consagrou ao estudo das observações de Henrique Hertz, o grande engenheiro alemão que realizou importantes experiências sobre as ondulações elétricas, comprovando as teorias da identidade da transmissão entre a eletricidade, a luz e o calor irradiante, e sei que, certa feita, tomando-lhe o oscilador e conjugando-o com a antena de Popoff e com o receptor de Branly, no jardim da casa paterna, conseguiu transmitir sem fio os sinais do alfabeto Morse. Mas... que tem isso a ver com o pensamento?
O Assistente sorriu e falou:
- A referência é significativa para as nossas considerações. Além dela, volvamos à televisão, uma das maravilhas da atualidade terrestre...
E acrescentou:
- Reporto-me ao assunto para lembrar que na radiofonia e na televisão os elétrons que carreiam as modulações da palavra e os elementos da imagem se deslocam no espaço com velocidade igual à da luz, ou seja, a trezentos mil quilômetros por segundo. Ora, num só local podem funcionar um posto de emissão e outro de recepção, compreendendo-se que, num segundo, as palavras e as imagens podem ser irradiadas e captadas, simultaneamente, depois de atravessarem imensos domínios do espaço, em fração infinitesimal de tempo. Imaginemos agora o pensamento, força viva e atuante, cuja velocidade supera a da luz. Emitido por nós, volta inevitavelmente a nós mesmos, compelindo-nos a viver, de maneira espontânea, em sua onda de formas criadoras, que naturalmente se nos fixam no espírito quando alimentadas pelo combustível de nosso desejo ou de nossa atenção. Daí, a necessidade imperiosa de nos situarmos nos ideais mais nobres e nos propósitos mais puros da vida, porque energias atraem energias da mesma natureza, e, quando estacionários na viciação ou na sombra, as forças mentais que exteriorizamos retornam ao nosso espírito, reanimadas e intensificadas pelos elementos que com elas se harmonizam, engrossando, dessa forma, as grades da prisão em que nos detemos irrefletidamente, convertendo-se-nos a alma num mundo fechado, em que as vozes e os quadros de nossos próprios pensamentos, acrescidos pelas sugestões daqueles que se ajustam ao nosso modo de ser, nos impõem reiteradas alucinações, anulando-nos, de modo temporário, os sentidos sutis.
E, depois de ligeira pausa, concluiu:
- Eis por que, efetuada a supressão do corpo somático, no fenômeno vulgar da morte, a criatura desencarnada, movimentando-se num veículo mais plástico e influenciável, pode permanecer longo tempo sob o cativeiro de suas criações menos construtivas, detendo-se em largas faixas de sofrimento e ilusão com aqueles que lhe vivem os mesmos enganos e pesadelos. A explicação não podia ser mais clara.
Calamo-nos, Hilário e eu, dominados por igual sentimento de respeito e reflexão.
Silas percebeu-nos a atitude interior e generosamente convidou-nos ao descanso em que, por algumas horas, conseguiríamos repousar e... pensar.
(3) Reportamo-nos a regiões encravadas nos domínios do próprio globo terrestre, submetidas às mesmas leis que lhe regulam o tempo. - (Nota da Autor espiritual.)
Questões para o Estudo
1 _ Ao produzir-se a desencarnação, cada um de nós penetra na espiritualidade portando o seu bagagem ganhado na sua existência carnal. Muitos poderão ser assistidos pelos anjos das claridades, mas outros ficaram na espera de melhor oportunidade. Quais as condições elementais para ter oportunidade para a ajuda?
2 _ As emoções dos momentos derradeiros da alma sob a terra, lhe imprime imagens que rivalizam com a realidade. É possível para todos, despertarem para a verdade, no mundo espiritual, sem delonga?
3 _ Quando na Terra, todos sonhamos em paraísos celestiais para os nossos futuros, tendo a seguridade em nossa _reta conduta_. No entanto o livro nos fala de choro e ranger de dentes. Como ter a certeza de que a nossa conduta é verdadeiramente reta?
4 _ Os humanos fazemos uso de um idioma e de símbolos para nos comunicar entre nós. A mesma conduta sobrevive em nós no Além formando o que alguns autores nomeiam como _clichê mentais_. Que conclusões tiramos dos exemplos resultantes das experiencias de nossos irmãos, inseridas no livro?
5 _ Num momento de reflexão, o Instrutor nos diz: _Imaginemos agora o pensamento, força viva e atuante, cuja velocidade supera a da luz. Emitido por nós, volta inevitavelmente a nós mesmos, compelindo-nos a viver, de maneira espontânea, em sua onda de formas criadoras, que naturalmente se nos fixam no espírito quando alimentadas pelo combustível de nosso desejo ou de nossa atenção._ A lógica é inegável. Podemos ampliar considerações levando em conta o lido no presente capítulo?
6 - Mais adiante, ele mesmo diz: _Daí, a necessidade imperiosa de nos situarmos nos ideais mais nobres e nos propósitos mais puros da vida, porque energias atraem energias da mesma natureza, e, quando estacionários na viciação ou na sombra, as forças mentais que exteriorizamos retornam ao nosso espírito, reanimadas e intensificadas pelos elementos que com elas se harmonizam, engrossando, dessa forma, as grades da prisão em que nos detemos irrefletidamente, convertendo-se-nos a alma num mundo fechado, em que as vozes e os quadros de nossos próprios pensamentos, acrescidos pelas sugestões daqueles que se ajustam ao nosso modo de ser, nos impõem reiteradas alucinações, anulando-nos, de modo temporário, os sentidos sutis._ Ante a imensidade destes conceitos, quais as nossas conclusões?
Boas noites e bom estudo para todos. Com o coração, Julián
Conclusão
Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo - CVDEE
Sala de Estudos André Luiz
Livro em estudo: Ação e reação
Tema: Capítulo 4 - Alguns recém-desencarnados (Conclusão)
QUESTÕES PROPOSTAS PARA ESTUDO
1. - Ao produzir-se a desencarnação, cada um de nós penetra na espiritualidade portando a sua bagagem ,
ganhada na sua existência carnal. Muitos poderão ser assistidos pelos anjos das claridades, mas outros
ficarão na espera de melhor oportunidade. Quais as condições elementares para ter oportunidade para a
ajuda?
R - Pela leitura deste capítulo, vimos que os espíritos que foram assistidos eram "credores de imediata assistência, de vez que
não se achavam em desesperação, nem se haviam comprometido de todo com as forças dominantes nas trevas." Conforme
lembrado durante o estudo, o próprio André Luiz relata nos primeiros capítulos do livro "Nosso Lar", que durante mais ou menos
oito anos permaneceu nas regiões de sofrimento, acossado por espíritos inferiores que não lhe deixavam ter paz. Somente
quando elevou seu pensamento a Deus e, em conseqüência, o seu padrão vibratório, rogando a ajuda do Alto, é que conseguiu
perceber a presença de Clarêncio, o benfeitor que buscava, sem êxito, ajudá-lo. Seu psiquismo ainda se encontrava em grande
estado de perturbação, o que o sintonizava com a região habitada por espíritos igualmente perturbados e sofredores. Podemos
concluir que é necessário conquistar o merecimento ao socorro, através de uma vivência no mundo físico compatível com as
leis divinas e, quando no mundo espiritual, manter-se receptivo à ajuda.
2. - As emoções dos momentos derradeiros da alma sob a terra lhe imprimem imagens que rivalizam com a
realidade. É possível para todos, despertarem para a verdade, no mundo espiritual, sem delonga?
R - As conseqüências de uma desencarnação dependem, principalmente, da maneira como o espírito viveu durante a passagem
pelo mundo físico. Conforme ensinam os Espíritos, somente aqueles que já se encontram em seu estado definitivo deixam de
sofrer perturbação espiritual após a desencarnação. Estes - e o único que conhecemos nesta condição é Jesus - como não
mais a influência da matéria, têm imediata consciência de que deixaram o corpo. Nós outros, ainda em processo de evolução
e sob forte impressão da matéria, não temos como fugir de um período de perturbação, que pode ser mais ou menos longo,
dependendo do grau de evolução que o espírito já tenha alcançado. Uns compreendem logo a sua nova situação e vão para as
regiões do mundo espiritual onde se reúnem aqueles que lhe são afins; outros ficam mesmo vagando pelo espaço, sem sequer
perceberem que desencarnaram. O despertamento para a realidade, portanto, varia de espírito para espírito, conforme o seu
estado evolutivo.
3. -Quando na Terra, todos sonhamos em paraísos celestiais para os nossos futuros, tendo a seguridade
em nossa reta conduta. No entanto, o livro nos fala de choro e ranger de dentes. Como ter a certeza de
que a nossa conduta é verdadeiramente reta?
R - A resposta se encontra na questão 625 do Livro dos Espíritos, em que Kardec pergunta: "Qual o tipo mais perfeito que
Deus tem oferecido ao homem, para lhe servir de guia e modelo? Resposta: Jesus". Para termos a certeza de que a nossa
conduta é verdadeiramente reta e de que estamos no caminho que nos levará a uma situação espiritual de felicidade, sem
choro nem ranger de dentes, devemos seguir o guia e modelo que Deus tem nos oferecido, que é Jesus. Ninguém vai ao Pai
senão por ele, como ele próprio nos ensinou. Devemos buscar seguir os seus ensinamentos e o seu exemplo, que estão
contidos no seu Evangelho. O Evangelho é, assim, a luz que ilumina o nosso caminho e que nos ensina a não nos deixarmos
desviar do rumo certo.
4. - Os humanos fazemos uso de um idioma e de símbolos para nos comunicar entre nós. A mesma conduta
sobrevive em nós no Além, formando o que alguns autores nomeiam como "clichês mentais". Que conclusões
tiramos dos exemplos resultantes das experiências de nossos irmãos, inseridas no livro?
R - Como no caso narrado no capítulo anterior, do desencarnado que assassinara seus irmãos para se apropriar de uma
herança, o caso da mulher que abandonara à própria sorte sua genitora, constante no presente capítulo, mostra o peso
carregado pelo pensamento, quando a consciência nos condena. Gera os chamados "clichês mentais", que são reflexos da
natureza dos nossos pensamentos. Em ambos os casos, vemos o psiquismo desses espíritos cristalizado em torno de um
determinado acontecimento do passado, isolando-se do mundo exterior. Passaram a vivenciar os acontecimentos em todos os
instantes da nova existência, imobilizando-se em torno deles e passando por profundo desequilíbrio e desarmonia interior.
Segundo o instrutor Áulus, no livro "Nos Domínios da Mediunidade", também de André Luiz, quando isto ocorre, "não se interessando por outro assunto a não ser o da própria dor, da própria ociosidade ou do próprio ódio, a criatura desencarnada, ensimesmando-se, é semelhante ao animal no sono letárgico da hibernação. Isola-se do mundo externo, vibrando tão-somente ao redor do desequilíbrio oculto em que se compraz. Nada mais ouve, nada mais vê e nada mais sente, além da esfera desvairada de si mesma".
5. - Num momento de reflexão, o Instrutor nos diz: "Imaginemos agora o pensamento, força viva e atuante,
cuja velocidade supera a da luz. Emitido por nós, volta inevitavelmente a nós mesmos, compelindo-nos a
viver, de maneira espontânea, em sua onda de formas criadoras, que naturalmente se nos fixam no espírito
quando alimentadas pelo combustível de nosso desejo ou de nossa atenção". A lógica é inegável. Podemos
ampliar considerações levando em conta o lido no presente capítulo?
R - Estudamos em capítulos anteriores, que o pensamento se materializa e ganha o fluido cósmico universal, por meio do qual
é levado por ondas magnéticas. Como disse o assistente Silas, é uma força viva e atuante, que volta inevitavelmente a nós. É
a lei de causa e efeito, uma das leis cósmicas que regem o Universo e que é o tema principal deste livro. Somos resultados
não só de nossos atos como também de nossos pensamentos. Por isso é importante orar e vigiar, como recomendou Jesus,
para que não venhamos a cair na tentação, o que nos trará conseqüências desagradáveis no futuro. É indispensável, assim,
praticarmos pensamentos saudáveis, direcionados para o bem, para que eles retornem a nós de maneira positiva, favoráveis
ao nosso progresso espiritual.
6. - Mais adiante, ele mesmo diz: "Daí, a necessidade imperiosa de nos situarmos nos ideais mais nobres e
nos propósitos mais puros da vida, porque energias atraem energias da mesma natureza, e, quando estacionários
na viciação ou na sombra, as forças mentais que exteriorizamos retornam ao nosso espírito, reanimadas e
intensificadas pelos elementos que com elas se harmonizam, engrossando, dessa forma, as grades da prisão
em que nos detemos irrefletidamente, convertendo-se-nos a alma num mundo fechado, em que as vozes e os
quadros de nossos próprios pensamentos, acrescidos pelas sugestões daqueles que se ajustam ao nosso
modo de ser, nos impõem reiteradas alucinações, anulando-nos, de modo temporário, os sentidos sutis". Ante
a imensidade destes conceitos, quais as nossas conclusões?
R - Esta citação de Silas é uma confirmação da anterior, reafirmando que a sintonia vibratória em que nos situamos é definida
pela natureza dos ideais para os quais direcionamos a nossa vida.
Muita paz a todos.
Equipe CVDEE
Sala André Luiz
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