O Mundo Maior
016 – Alienados mentais
... Compreenderás, disse Calderaro, a tragédia dos homens desencarnados, em
pleno equilíbrio das sensações. Executados os casos puramente orgânicos, o
louco é alguém que procurou forçar a libertação do aprendizado terrestre,
por indisciplina ou ignorância. Temos neste domínio um gênero de suicídio
habitualmente dissimulado, a autoeliminação da harmonia mental, pela
inconformação da alma nos quadros de luta que a existência humana apresenta.
Diante da dor, do obstáculo, ou da morte, milhares de pessoas capitulam,
entregando-se, sem resistência, à perturbação destruidora, que lhes abre,
por fim , as portas do túmulo. A princípio, são meros descontentes e
desesperados, que passam desapercebidos mesmo àqueles que os acompanham de
mais perto. Pouco a pouco, transformam-se em doentes mentais de variadas
gradações, de cura quase impossível, portadores que são de problemas
inextricáveis e ingratos. Imperceptíveis frutos da desobediência começam
por arruinar o patrimônio fisiológico que lhes foi confiado na Crosta da
Terra... São eles homens e mulheres que desde os círculos terrenos padecem,
encovardados em precipícios infernais, por se haverem rebelado aos desígnios
divinos, preterindo-os, na escola benéfica da luta aperfeiçoadora, pelos
caprichos insensatos...
... Acompanhei Calderaro na excursão matinal, ao grande estabelecimento,
onde os mentecaptos eram em grande número...
... Uma velha de cabelos nevados, mostrando acerba ferocidade no olhar,
envergava o uniforme da casa, como quem arrastasse um vestido real, e dizia
a duas companheiras apáticas:
- Na minha qualidade de marquesa, não tolero a intromissão de médicos
inconscientes. Creio estar presa por motivos secretos de família... tenho
poderosos inimigos na corte, contudo as minhas amizades são mais
prestigiosas e fiéis.
Baixou a voz, como receando espias ocultos e disse ao ouvido de uma das
irmãs de sofrimento:
- O imperador está interessado em meu caso e punirá os culpados...
Inesperadamente bradou:
-Todos pagarão, todos pagarão...
Aqui, disse Calderaro, quase todos os alienados são criaturas que abdicaram
a realidade, atendo-se a circunstâncias do passado sem mais razão de ser.
Essa desventurada irmã já possuiu títulos de nobreza em existência anterior;
perpetrou clamorosas faltas, dando expansão ás energias cegas do orgulho e
da vaidade... renascendo em aprendizado humilde para o reajustamento
imprescindível, alarmou-se ante as primeiras provações mais rudes da
correção benfeitora, reagiu contra os resultados da própria sementeira,
entregou o invólucro físico ao curso de ocorrências nefastas e por fim,
situou-se mentalmente em zonas mais baixas da personalidade, passando a
residir, em pensamento, no pretérito de mentiras brilhantes. Agarrou-se,
desesperada, às recordações da marquesa vaidosa de salões que já não existem
mais, e perambula nos vales da demência em lastimáveis condições.
Não asseguremos-prossegue Calderaro - que todos os casos sejam de
escapatória aos imperativos da realidade educadora. Muita gente atravessa
este pavoroso túnel, premiada por exigências da prova retificadora... São
irmãos revoltados ante os desígnios de Deus que os conduzem a recapitular
ensinamentos difíceis qual o de se reaproximarem de velhos inimigos por
intermédio de laços consangüíneos, ou o de enfrentarem obstáculos
aparentemente insuperáveis.
Para que se efetue a jornada iluminativa do espírito é indispensável
deslocar a mente, revolver as idéias, renovar as concepções e modificar,
invariavelmente, para o bem maior o modo íntimo de ser, tal qual procedemos
com o solo na revivificação da lavoura produtiva ou com qualquer instituto
humano em reestruturação para o progresso geral. Negando-se porém a alma a
receber o auxílio divino, através dos processos de transformação incessante
que lhe são oferecidos, em benefício próprio, pelas diferentes situações de
que os dias se compõem no aprendizado carnal, recolhe-se à imagem da
estrada, criando paisagens perturbadoras com desejos injustificáveis.
"Quase podemos afirmar que de 100 casos, 90 dos casos de loucura começam nas
conseqüências das faltas graves que praticamos, com a impaciência ou com
a tristeza, ou seja por intermédio de atitudes mentais que imprimem
deploráveis reflexos ao caminho daqueles que as acolhem e alimentam...
... Penetrávamos extensa varanda no departamento masculino e logo se
deparou um homem que decerto se enquadrava entre os esquizofrênicos
absolutos. Rodeavam-no algumas entidades de sombrio aspecto... O desditoso
era rematado fantoche nas mãos doa algozes tipicamente perversos...
... O processo de desequilíbrio está consumado, diz Calderaro, o infeliz
vem sendo objeto de práticas hipnóticas de implacáveis perseguidores;
acha-se exposto a emissões contínuas de forças que o deprimem e
enlouquecem... tratá-se de um homem que em encarnações anteriores, abusou do
magnetismo pessoal...
.. Em pretérito não muito remoto, nosso amigo se excedeu em seu potencial de
fascínio ... várias mulheres que lhe sofreram a ação corrosiva, atentaram
contra ele incessante explosão de ódio doentio e corruptor, da qual hoje ele
é joguete...
... Geralmente ao delinqüirmos, podemos precisar o instante exato de nossa
desarmonia, porém quando será o momento de abandoná-la, jamais sabemos...
... Em verdade, na alienação mental começa a descida da alma às zonas
inferiores da morte ...
... Quanto às perturbações que acompanham a alma no renascimento ou na
infância do corpo, na juventude ou na senilidade, é mister reconhecer que o
desequilíbrio começa na inobservância da Lei, como a expiação começa no
crime...
... O louco em geral, considerando-se não só o presente, senão até o passado
longínquo, é alguém que aborreceu as bênçãos da experiência humana,
preferindo segregar-se nos caprichos mentais...
Questões para estudo
1) No caso da velhina que havia sido marquesa, Calderaro diz assim:
"alarmou-se ante as primeiras provações mais rudes da correção benfeitora,
reagiu contra os resultados da própria sementeira ..."
Qual o comportamento que deveria ter tido essa nossa irmã diante de tal
situação?
2) Ainda nesta frase "reagiu contra os resultados da própria sementeira
...", o que Calderaro quer nos afirmar ???
3) "... Geralmente ao delinqüirmos, podemos precisar o instante exato de
nossa desarmonia, porém quando será o momento de abandoná-la, jamais
sabemos... "
Por que algumas pessoas se demoram mais para procurar a harmonia, enquanto
outras demoram-se nela?
4) " ... é mister reconhecer que o desequilíbrio começa na inobservância da
Lei, como a expiação começa no crime... "
Como fazer tais relações??
5) "... o louco é alguém que procurou forçar a libertação do aprendizado
terrestre,
por indisciplina ou ignorância..."
Analisando de uma forma geral, não nos é possivel fugir da quitação das
dívidas e ludibriar a Lei do Pai ??
Leitura de apoio: Ação e Reação de AL
Conclusão
André Luiz e Calderaro se preparavam para visitar regiões de sofrimento,
habitadas por espíritos ainda muito endividados com a Lei. Antes disso, fizeram uma
rápida visita a um instituto destinado ao abrigo de desencarnados que se encontravam
em processo de desequilíbrio mental.
Na rápida passagem pelo local, os dois benfeitores tiveram contato com
alguns casos graves de desajustados psíquicos, todos refletindo experiências mal
sucedidas no organismo físico, que ocasionaram os desajustes levados para o plano
espiritual após a desencarnação.
Questões para participação e estudo
1.- No caso da velhinha que havia sido marquesa, Calderaro diz assim: "alarmou-se
ante as primeiras provações mais rudes da correção benfeitora, reagiu contra os
resultados da própria sementeira ..." Qual o comportamento que deveria ter tido essa
nossa irmã diante de tal situação?
Sendo-lhe concedida a oportunidade retificadora através da reencarnação em meio
humilde e sujeito a provações, o espírito agora mentalmente enfermo deveria ter
aproveitado aquela experiência para se despojar dos sentimentos de orgulho e vaidade
que ostentou em existência pretérita, como marquesa. Cumpria-lhe aceitar aquelas
condições com resignação, levando uma vida dedicada ao trabalho digno pela
sobrevivência. Somente assim estaria aproveitando a passagem pela matéria para fazer
o indispensável reajustamento que o recolocaria em sintonia com as Leis Naturais,
aproximando-o da Divindade.
2.- Ainda nesta frase "reagiu contra os resultados da própria sementeira...", o que
Calderaro quer nos afirmar?
Quis o Assistente dizer que a ex-marquesa deixou prevalecer seu inconformismo
com a situação desfavorável mas retificadora, perdendo a oportunidade que a misericórdia
divina lhe concedeu para retomar o caminho evolutivo. "Resultados da própria sementeira"
porque originados de seu próprio comportamento no passado, em que usou mal as
oportunidades que a posição social em que se encontrava lhe propiciava.
3.- "... Geralmente, ao delinqüirmos, podemos precisar o instante exato de nossa
desarmonia, porém quando será o momento de abandoná-la, jamais sabemos... " Por
que algumas pessoas se demoram mais para procurar a harmonia, enquanto outras
demoram-se nela?
Os modos e o tempo para a saída do processo de desajuste espiritual varia de
acordo com cada espírito. Todos têm o livre-arbítrio para direcionarem seus atos e
pensamentos. Uns, embora ainda muito imperfeitos a ponto de delinqüirem,
compreendem mais rapidamente a necessidade de se reajustarem às Leis Naturais e,
dessa forma, encurtam o caminho, submetendo-se com resignação ao remédio da dor e
do sofrimento que o modificará para melhor. Outros há, contudo, para quem o processo
de reajuste é mais penoso e demorado, por não compreenderem a necessidade de se modificarem. Para estes, com são persistentes no erro, somente o tempo pode se
encarregar de fazê-los enxergar essa necessidade, mediante as expiações a que
terão de se submeter.
4.- " ... é mister reconhecer que o desequilíbrio começa na inobservância da Lei, como
a expiação começa no crime... ". Como fazer tais relações?
Como as leis que regem o Universo são perfeitas e harmônicas entre si, qualquer ato
ou pensamento que contra elas se insurjam causam um desequilíbrio que, em conseqüência da lei de ação e reação, vai se voltar contra o seu causador. Disse o
Assistente que a expiação começa no crime porque, a partir da sua execução, o espírito
aciona o mecanismo divino que o submeterá ao processo de resgate, geralmente doloroso.
5.- "... o louco é alguém que procurou forçar a libertação do aprendizado terrestre, por indisciplina ou ignorância..." Analisando de uma forma geral, não nos é possível fugir da
quitação das dívidas e ludibriar a Lei do Pai?
A lei dos homens até pode-se ludibriar, com artifícios dos mais diversos matizes.
Porém, da aplicação da Lei de Deus ninguém consegue se furtar, pois seus efeitos são
fruto de um mecanismo automático introduzido no Universo pelo Criador. Como ensinou
Calderaro, a tentativa de escapar ao império desta Lei, rejeitando o aprendizado através
das reencarnações sucessivas, pode levar o espírito a um desequilíbrio mental que
o acompanhará mesmo após o seu desenlace do corpo material, como nos exemplos
narrados neste capítulo.