O Mundo Maior

014 – Medida salvadora

Havíamos terminado ativa colaboração, num elevado
ambiente consagrado à prece, quando certo companheiro
se abeirou de nós, reclamando o concurso do Assistente
num caso particular.

Calderaro decerto conheceria os pormenores da
situação, porque entre ambos logo se estabeleceu
curioso diálogo.

- Infelizmente - dizia o informante - nosso Antídio
não sobreleva a situação;permanece em derrocada quase
total. Vinculou-se de novo a perigosos elementos da
sombra, e voltou aos desacertos noturnos, com grave
prejuízo para o nosso trabalho socorrista.

- Não lhe valeram as melhoras da quinzena passada ? -
indagou fraternalmente o orientador.

- Aproveitou-as para mais presto volver à irreflexão
- esclareceu o interlocutor com inflexão magoada.

- É de notar, porém, que se achava quase de todo
louco.

- Sim, mas conseguiu fruir, outra vez, estado
orgânico invejável, mercê de sua intervenção última:
logo, porém, que se viu fortalecido, tornou
desbragadamente aos alcoólicos. A sede escaldante,
provocada pela própria displicência e pela instigação
dos vampiros que, vorazes, se lhe enxameiam à roda,
everteu-lhe o sistema nervoso. A organização
perispirítica, semiliberta do corpo denso pelos
perniciosos processos de embriaguez, povoa-lhe a mente
de atros pesadelos, agravados pela atuação das
entidades perversas que o seguem passo a passo.

- Estará em casa a esta hora ? - inquiriu Calderaro
com interesse.

- Não - disse o outro, abatido -, deixei-o ainda
agora, num centro menos digno, onde a situação do
nosso doente tornou a características lamentáveis.

O instrutor estudou o caso em silêncio, durante
alguns instantes, e considerou:

- Poderemos providenciar: contudo, se da outra vez
consistiu o socorro em restituí-lo ao equilíbrio
orgânico possível, no momento há que agir em
contrário. Convém ministrar-lhe provisória e mais
acentuada desarmonia ao corpo. Neste, como em outros
processos difíceis, a enfermidade retifica sempre.

(...)

Rumamos para o local em que deveríamos acudir o amigo
extraviado.

Penetramos o recinto, servido de amplas janelas e
abundantemente iluminado.

O ambiente sufocava. Desagradáveis emanações se
faziam cada vez mais espessas, à maneira que
avançávamos.

(...)

Indefinível e dilacerante impressão dominou-me o ser.
Não provinha da estranheza que a indiferença dos
cavalheiros e a leviandade das mulheres me provocavam;
o que me enchia de assombro era o quadro que eles não
viam. A multidão de entidades conturbadas e viciosas
que aí se movia era enorme. Os dançarinos não bailavam
a sós, mas, inconscientemente, correspondiam, no ritmo
açodado da música inferior, a ridículos gestos dos
companheiros irresponsáveis que lhes eram invisíveis.
Atitudes simiescas surdiam aqui e ali e, de quando em
quando, gritos histéricos feriam o ar.

Calderaro não se deteve. Mostrava-se habituado à
cena; mas, não conseguindo sofrear a estupefação que
se assenhoreara de mim, solicitei-lhe uma
intermitência, perguntando:

- Meu amigo, que vemos ? criaturas alegres cercadas
de seres tão inconscientes e perversos ? pois será
crime dançar ? buscar alegria constituirá falta grave
?

(...)

- Que perguntas André ? O ato de dançar pode ser tão
santificado como o ato de orar, pois a alegria
legitima é sublime herança de Deus. Aqui, porém, o
quadro é diverso. O bailado e o prazer nesta casa
significam declarado retorno aos estados primitivos do
ser, com iniludíveis agravantes de viciação dos
sentidos. Observamos, neste recinto homens e mulheres
dotados de alto raciocínio, mas assumindo atitudes de
que muitos símios talvez se pejassem. Todavia, esteja
longe de nós qualquer recriminação: lastimemo-los
simplesmente. São trânsfugas sociais e, na maioria,
rebeldes à disciplina instituída pelos Desígnios
Superiores para os seus trilhos terrestres. Muitos
deles são profundamente infelizes, precisando de nossa
ajuda e compaixão. Procuram afogar no vinho ou nos
prazeres certas noções de responsabilidade que não
logram esquecer. Fracos perante a luta, mas dignos de
piedade pelos remorsos e atribulações que os devoram ,
merecem amparados fraternalmente.

E, passando os olhos de relance pela multidão de
Espíritos perturbadores que ali se davam ao vampirismo
e ao sarcasmo, obtemperou:

- Quanto a estes infortunados, que fazer senão
recomendá-los ao Divino Poder ? Tentam igualmente a
fuga impossível de si mesmos. Alucinados, apenas adiam
o terrível minuto de auto-reconhecimento, que chega
sempre, quando menos esperam, através de mil processos
da dor, esgotados os recursos do amor divino, que o
Supremo Pai nos oferece a todos. A mente deles também
está apegada aos instintos primitivos, e, frágeis e
hesitantes, receiam a responsabilidade do trabalho da
regeneração.

Vendo-me boquiaberto e faminto de novas elucidações o
Assistente propôs-me:

- Vamos ! deixemo-los divertir-se. A dança, nesta
casa, não lhes deixa de ser, em última análise, um
benefício. Chegaram nossos amigos encarnados e
desencarnados, aqui presentes, a nível tão desprezível
que, sem dúvida, não fora o sapateado, estariam
rodando, lá fora, em atos extremamente condenáveis,
tal a predisposição em que se encontram para o crime.
Que o Pai se comisere de todos nós.

Demandamos o interior, apressadamente.

Numa saleta abafada, um cavalheiro de quarenta e
cinco anos presumíveis jazia a tremer. Não conseguia
manter-se de pé.

Calderaro examinou-o detidamente e indagou do novo
amigo que nos acompanhava:

- Voltou aos alcoólicos, há muitos dias ?

- Precisamente, há uma semana.

- Vê-se que se esgotou rápido.

Enquanto encetava a aplicação de fluidos magnéticos, o
orientador aconselhou-me notar os caracterísiticos do
quadro dantesco sob nossos olhos.

Antídio, doente e desventurado, a despeito das
condições precárias, reclamava um copinho, sempre mais
um copinho, que um rapaz de serviço trazia, obediente.
Tremiam-lhe os membros, denunciando-lhe o abatimento.
Álgido suor lhe escorria da fronte e, de vez em
quando, desferia gritos de terror selvagem. Em
derredor, quatro entidades embrutecidas submetiam-no
aos seus desejos. Empolgavam-lhe a organização
fisiológica, alternadamente, uma a uma, revezando-se
para experimentar a absorção das emanações alcoólicas,
no que sentiam singular prazer. Apossavam-se
particularmente da " estrada gástrica", inalando a
bebida a volatizar-se da cárdia ao piloro.

A cena infundia angústia e assombro.

Estaríamos diante de um homem embriagado ou de uma
taça viva, cujo conteúdo sorviam gênios satânicos do
vício ?

O infortunado Antídio trazia o estômago atestado de
líquido e a cabeça turva de vapores.

Semidesligado do organismo denso pela atuação
anestesiante do tóxico, passou a identificar-se mais
intimamente com as entidades que o perseguiam.

Os quatro infelizes desencarnados, a seu turno, tinham
a mente invadida por visões terrificantes do sepulcro
que haviam atravessado como dipsomaníacos. Sedentos,
aflitos, traziam consigo imagens espectrais de víboras
e morcegos dos lugares sombrios onde haviam
estacionado.

Entrando em sintonia magnética com o psiquismo
desequilibrado dos vampiros, o ébrio começou a rogar,
estentóreamente:

- Salve-me ! salve-me por amor de Deus !

E indicando as paredes próximas, bradava sob a
impressão de indefinível pavor:

- Oh ! os morcegos ! ... os morcegos ! afugentem-nos,
detenham-nos ...! Piedade ! quem me livrará ?! Socorro
! Socorro !

Dois senhores, também obnubilados pelo vinho,
aproximaram-se, espantados. Um deles, porém
tranquilizou o outro, dizendo:

- Nada de mais. É o Antídio, de novo. Os acessos
voltaram. Deixemo-lo em paz.

Enquanto isso, o desditoso ébrio continuava bradando:

- Ai ! ai ! uma cobra ... aperta-me, sufoca-me ...
Que será de mim ? Socorro !

As entidades perturbadoras timbravam nas atitudes
sarcásticas; gargalhavam de maneira sinistra. Ouvia-as
o infeliz, a lhe ecoarem no fundo do ser, e gritava,
tentando investir, embora cambaleante, os algozes
invisíveis:

- Quem zomba de mim ? quem ?!

Cerrando os punhos, acrescentava:

- Malditos ! malditos sejam !

A cena prosseguia, dolorosa, quando Calderaro se
acercou de mim, esclarecendo:

- É deplorável pai de família que, incapaz de reagir
contra as atrações do vício, se entregou, inerme, à
influência de malfeitores desencarnados, afins com a
sua posição desequilibrada. Em atenção às intercessões
da esposa e de dois filhinhos amoráveis que o seguem,
assistimo-lo com todos os recursos ao alcance de
nossas possibilidades; entretanto, o imprevidente
irmão não corresponde ao nosso esforço. Emerge de
todas as tentativas, mais e mais disposto à perversão
dos sentidos; busca, acima de tudo, a fuga de si
mesmo; detesta a responsabilidade e não se anima a
conhecer o valor do trabalho. Atenuando-lhe a ânsia
irrefreável de sorver alcoólicos, esperamos se
reeduque. Para isso, porém, usaremos agora recurso
drástico, já que o desventurado se revela infenso a
todos os nossos processos de auxílio.

Fixando em mim expressivo olhar, concluiu:

- Antídio, por algum tempo, a partir de hoje, será
amparado pela enfermidade. Conhecerá a prisão no
leito, durante alguns meses, a fim de que se lhe não
apodreça o corpo num hospício, o que se iniciaria
dentro de alguns dias, lançando nobre mulher e duas
crianças em pungente incerteza do porvir.

Dito isto, Calderaro encetou complicado serviço de
passes, ao longo da espinha dorsal.

O enfermo aquietou-se, pouco a pouco, na velha
poltrona em que se mantinha.

O assistente passou a aplicar-lhe eflúvios luminosos
sobre o coração, durante vários minutos. Notei que
essas emissões se concentraram gradativamente no órgão
central, que em certo instante acusou parada súbita.

Antídio parecia prestes a desencarnar, quando o
orientador lhe restituiu as energias, em movimentação
rápida. Premido pelo fenômeno circulatório, que lhe
valeu tremendo choque, o desditoso amigo pôs-se a
pedir auxílio em altos brados. Havia tamanha inflexão
de dor, na voz lamentosa, que grande número de pessoas
se aproximaram, penalizadas.

Um piedoso cavalheiro tomou-lhe o pulso, verifiou a
desordem do coração e, presto, requisitou um carro da
assistência pública. Em breves momentos Antídio era
transportado em maca de hospital, pare receber socorro
urgente, seguido, de perto, pelo solícito benfeitor
espiritual.

Retirando-se em minha companhia, Calderaro
acrescentou, tristonho:

- O infortunado amigo será portador de uma nevrose
cardíaca por dois a três meses, aproximadamente.
Debalde usará a valeriana e outras substâncias
medicamentosas, em vão apelará para anestesiantes e
desintoxicantes. No curso de algumas semanas conhecerá
intraduzível mal-estar, de modo a restabelecer a
harmonia do cosmo psíquico. Experimentará indizível
angústia, submeter-se-á a medicações e regimes, que
lhe diminuirão a tendência de esquecer as obrigações
sagradas da hora e lhe acordarão os sentimentos,
devagarinho, para a nobreza do ato de viver.

Notando-me a estranheza, o Assistente conclui:

- Que fazer, meu amigo ? As mesmas Forças Divinas que
concedem ao homem a brisa cariciosa, infligem-lhe a
tempestade devastadora ... Uma e outra, porém, são
elementos indispensáveis à glória da vida.



Questões para estudo

1. Como podemos entender a sentença: "...se da outra
vez consistiu o socorro em restituí-lo ao equilíbrio
orgânico possível, no momento há que agir em
contrário. Convém ministrar-lhe provisória e mais
acentuada desarmonia ao corpo. Neste, como em outros
processos difíceis, a enfermidade retifica sempre."

2. Com poucas palavras na indagação de André Luiz,
temos uma excelente reflexão a respeito do vampirismo.
Eis a frase: "Estaríamos diante de um homem embriagado
ou de uma taça viva, cujo conteúdo sorviam gênios
satânicos do vício ?". Como você entende essa frase ?

3. A que estamos sujeitos espiritualmente/
perispiritualmente quando influenciados pela
atuação anestesiante do tóxico ?

4. A esposa e os dois filhinhos de Antídio com certeza
sofrerão amarguras face sua situação. Explique de que
forma o mau emprego de nosso livre arbítrio (que neste
caso levou Antídio ao vício do álcool) pode afetar
aqueles que convivem conosco:

5. Analisando a frase: "As mesmas Forças Divinas que
concedem ao homem a brisa cariciosa, infligem-lhe a
tempestade devastadora ... Uma e outra, porém, são
elementos indispensáveis à glória da vida.", cabe uma
pergunta: Como devemos agir quando nosso próximo ou
nós mesmos nos deparamos com a tempestade devastadora
indispensáveis à glória da vida ?

6. De que forma podemos nos fortalecer no sentido de
afastar toda e qualquer influência que nos leve aos
vícios ?

Conclusão


Em mais uma diligência de socorro espiritual, Calderaro e André Luiz foram em
atendimento a Antídio, vítima de alcoolismo e que se encontrava em estado grave,
totalmente dominado pelo consumo descontrolado da bebida.

O socorrida já era conhecido de Calderaro, que o atendera semanas atrás,
restituindo-lhe o equilíbrio orgânico. A melhora obtida, todavia, pouco ou nada resultou de útil,
pois Antídio retomou o velho vício com tal intensidade que agora se encontrava no linear da loucura, inteiramente entregue à sanha de espíritos malfeitores, que o vampirizavam impiedosamente

A única alternativa que restou ao nobre benfeitor foi a de causar-lhe um mal físico
que o confinasse no leito, impedindo-o de levantar-se para buscar a satisfação viciosa.


Questões propostas para estudo e participação

1.- Como podemos entender a sentença: "...se da outra vez consistiu o socorro em
restituí-lo ao equilíbrio orgânico possível, no momento há que agir em contrário. Convém
ministrar-lhe provisória e mais acentuada desarmonia ao corpo. Neste, como em outros
processos difíceis, a enfermidade retifica sempre."

Devemos entender que nem sempre a espiritualidade consegue melhorar a situação
do assistido de imediato, pela via do equilíbrio físico e mental. Casos há em que se faz
indispensável o remédio amargo, mas eficiente, do sofrimento e da dor. O caso do presente
capítulo é um exemplo. Antídio, inteiramente dominado pelo consumo desregrado do álcool, obteve, anteriormente, uma sensível melhora, graças à ação dos benfeitores espirituais, que
lograram obter o seu reequilíbrio orgânico.

Entretanto, essa melhora pouco adiantou, pois o infeliz socorrido retomou o antigo vício,
levando-o a um estado físico e mental de tal modo deteriorado que se tornou necessário o
remédio doloroso da dor, mediante um distúrbio circulatório que internasse num leito, sem
possibilidade de sair para buscar a danosa satisfação que o vício lhe proporcionava. Foi a
única maneira de fazê-lo deixar, ao menos temporariamente, o vício que o consumia.


2.- Com poucas palavras na indagação de André Luiz, temos uma excelente reflexão a
respeito do vampirismo. Eis a frase: "Estaríamos diante de um homem embriagado ou
de uma taça viva, cujo conteúdo sorviam gênios satânicos do vício ?". Como você entende
essa frase ?

Vivemos rodeados por entidades de acordo com nossos pensamentos. Se somos um
"espirito fraco", que não conhece Deus, ficamos mais suscetíveis de sermos influenciados
por obsessores e vampiros. Se Antidio estava sendo vampirizado, é porque estava em
perfeita harmonia com os malfeitores.

Quis o Autor demonstrar que o enfermo já não conseguia manter a sua personalidade,
pois se encontrava inteiramente dominado pelos desencarnados obsessores. Convertera-se
no que André Luiz chamou de uma "taça viva", imagem figurada que passa a idéia de uma
pessoa encharcada pelo álcool, da qual as entidades do mal sorviam seu conteúdo.


3.- A que estamos sujeitos espiritualmente/perispiritualmente quando influenciados pela
atuação anestesiante do tóxico ?

Aquele que se deixa influenciar pelo efeito do tóxico perde a consciência e o domínio
de suas ações, tornando-se presa fácil de espíritos ainda muito atrasados em sua evolução,
viciados e que dele se utilizam como instrumento de satisfação de seus desejos. Como são
atrasados espiritualmente, ainda sentem necessidade, mesmo fora da matéria, de consumir
o produto tóxico. Não podendo fazê-lo sem o concurso do corpo físico, utilizam-se do
viciado como instrumento para alcançar seus objetivos.

Esse processo d alcoolização causa danos não apenas no corpo físico como, também,
no corpo perispiritual, gravando-o com lesões que serão levadas após a desencarnação. Os
centros perispirituais ligados às funções hepáticas e digestivas são gravemente atingidos,
restando danificados. Em conseqüência, futuramente, vão plasmar um corpo físico que irá
apresentar lesões patológicas nesses organismos. Para limpar o perispírito desses gravames,
serão necessárias várias encarnações, em corpos doentes, que trarão a marca dessas
agressões em seu organismo.


4.- A esposa e os dois filhinhos de Antídio com certeza sofrerão amarguras face sua
situação. Explique de que forma o mau emprego de nosso livre arbítrio (que neste caso
levou Antídio ao vício do álcool) pode afetar aqueles que convivem conosco.

A constituição do organismo familiar é programada ainda no plano espiritual. Os
espíritos que reencarnarão num mesmo núcleo familiar, constituindo a nova família, são,
via de regra, espíritos que se afinizam entre si ou que se encontram em desarmonia. Neste
último caso, a união através de uma família consangüínea objetivará que se harmonizem
pela força do amor conjugal, fraternal ou filial, fazendo-os superar as divergências do
passado.

Quer numa hipótese, quer em outra, ninguém faz parte de uma família por acaso. Sendo
assim, nada mais natural que, estando na mesma parentela consangüínea, o bom ou o mal
uso que o espírito faz de seu livre-arbítrio trará conseqüências não apenas para si, mas,
também, para os demais componentes da família, que com ele estão juntos por afinidade ou
para se harmonizarem.

No caso em estudo, qualquer que tenha sido o motivo que levou a esposa e os filhos de
a constituírem com Antídio a nova família, sofrerão eles as conseqüências do mau uso do
livre-arbítrio por parte dele, cabendo-lhes suportar com fé e resignação, além de ajudá-lo a
vencer a enfermidade.


5.- Analisando a frase: "As mesmas Forças Divinas que concedem ao homem a brisa
cariciosa, infligem-lhe a tempestade devastadora ... Uma e outra, porém, são elementos indispensáveis à glória da vida.", cabe uma pergunta: Como devemos agir quando nosso
próximo ou nós mesmos nos deparamos com a tempestade devastadora indispensáveis
à glória da vida ?

A dor é uma forma Divina que nos foi dada para que cresçamos. Sabendo disso,
devemos nos resignar e aprender a sofrer sem nos desesperar, confiando, sobretudo, no
Pai, que não nos abandona. Sendo a dor resultado de nossos próprios atos e pensamentos,
não temos de quem nos queixar, a não ser de nós mesmos. Como não podemos modificar
o passado, temos que cuidar do presente, para que, no futuro, não tenhamos que nos
socorrer novamente desse remédio.


6.- De que forma podemos nos fortalecer no sentido de afastar toda e qualquer influência
que nos leve aos vícios ?

Praticando a oração, o bem desinteressado, leituras edificantes e a caridade para com
o próximo. Somente assim manteremos uma sintonia vibratória elevada, cercando-nos dos
bons espíritos, que só nos trarão boas intuições.


Questões apresentadas durante o estudo


a) ... como podemos discernir que uma determinada tempestade devastadora é desígnio de
Deus?

Tudo o que acontece em nossas experiências terrenas ou quando nos encontramos no mundo espiritual é desígnio de Deus, uma vez que resulta da lei de ação e reação que rege
o Universo. Se essa lei foi instituída pela Providência Divina com o objetivo de nos fazer progredir pelo nosso próprio merecimento, tudo o que nos acontece como conseqüência de
nosso pensar e agir assim o é por desígnio de Deus.


b) Quando Calderaro estava naquele ambiente com André Luiz, em meio a tantos irmãozinhos nossos sem luz, por que eles não foram atacados? Afinal, se iam tirar um pratão
cheio como era Antidio deles, não deveriam eles se rebelar contra Calderaro e André Luiz?

No mundo espiritual, existe uma hierarquia irresistível, conforme os Espíritos disseram
a Kardec na resposta à questão 274 do Livro dos Espíritos, estabelecida com base na ascendência moral de cada um. Os espíritos que lá se encontravam vampirizando Antídio
eram de baixíssima vibração, muito atrasados, ainda, em sua evolução. Ante espíritos da
elevação de Calderaro e André Luiz, eles sequer tinham condições de vê-los, muito menos
de esboçar qualquer reação contra a ação de ambos em benefício da vítima. A ascendência
moral dos dois benfeitores sobre os obsessores era tão grande que os colocava em faixa vibratória muito superior em relação a estes, impossibilitando-os de vê-los e de se rebelarem.