Obreiros da Vida Eterna

005 – Irmão Gotuzo

Neste capitulo, através do diálogo entre Gotuzo e André Luíz, teremos uma leve idéia de como ocorre o desencarne de irmãos despreparados com a vida espiritual, e do processo reencarnacionista de ordem inferior e difícil.

Vamos lá?


(....)

-" Sempre supus – confiou-me, bem humorado, quando vimos a sós - que após a morte do corpo nada mais teríamos a fazer alem de cantar beatificamente no céu ou ranger de dentes no inferno, mas a situação é extremamente diversa."

"(....)Admitia, porem, que a morte fosse maravilhoso passe de magia, orientando almas a caminho do paraíso de paz imorredoura ou da região escura de castigos eternos. Nada disso, contudo. Encontrei a vida, em si mesma, com o mesmo sabor de beleza, intensificação e mistério divino. Transferimo-nos de residência, pura e simplesmente, e tanto trazemos para cá indisposições e doenças, como as investigações e processos de curar. Os enfermos e os médicos são aqui em maior número. O corpo astral é organização viva, tão viva quanto o aparelho fisiológico em que vivíamos no plano carnal."

E continuando

- "De fato, suponho devam existir lugares mais deliciosos que o éden imaginado pelos sacerdotes humanos e, com meus olhos, tenho visto flagelações e sofrimentos que ultrapassam todas as imagens infernais ideadas pelos inquisidores. Entretanto, e é lamentável reconhecê-lo, nem a Ciência, nem a Religião nos prepararam, convenientemente, para enfrentar os problemas do homem desencarnado."

"(....) a ignorância que nos segue até aqui é simplesmente deplorável! A personalidade humana, entre as criaturas terrestres, é mais desconhecida que o Oceano Pacífico. Eu por mim, católico militante que fui, sempre aguardei o sossego beatífico depois da morte."

"(....) Vim com todos os sacramentos e passaportes da política religiosa, passados em solene exéquias (cortejo fúnebre). (...) Não trouxe bastante documentação que me garantisse paz na transferência. Em vão, reclamei direitos que ninguém conhecia e supliquei bênçãos inébidas. Em face do desconhecimento aqui predominante a meu respeito, regressei ao meu velho templo, onde ninguém me identificou. Desesperado, então, mergulhei-me por longos anos em dolorosa cegueira espiritual."

"(...) Incompreendido e cego, peregrinei por muito tempo, entre a aflição e a demência, nas criações mentais enganadoras que trouxera do mundo físico."

-" Certamente, porem – observei – não lhe faltaram bons amigos."

- "Entretanto, gastei anos para tornar ao equilíbrio indispensável, condição única em que podemos compreender-lhes o auxílio e recebe-lo."

- "(....) A maior surpresa para mim., presentemente, é a paisagem de serviço que a vida espiritual nos descortina. Tenho hoje profundíssima compaixão de todos os homens e mulheres encarnados, que desejam insistentemente a morte física e procuram-na, através de vários modos, utilizando recursos indiretos e imperceptíveis aos demais, quando lhes faltam disposições para o ato do suicídio. Aguardam-nos atividades e problemas tão complexos de trabalho que mais venturosa lhes seria a existência desprovida de encanto, com pesadas disciplinas a lhes inibirem as divagações."

"Recordando a posição laboriosa da dirigente da casa, em virtude das observações vindas, considerei:"

- "O volume de nossas tarefas assombraria qualquer homem comum, e cumpre-nos reconhecer que a necessidade de sacrifício nos serviços desta instituição é enorme."


(....)

-" Já cooperou em tarefas reencarnacionistas? "


"Recordei a experiência que acompanhara, de perto, em outra ocasião (vide "Missionários da Luz"), e narrei o que sabia."

- "Sim, você conhece um caso em que o interessado se fizera credor da gentileza de vários amigos que o auxiliaram. Aqui, todavia, acompanhamos situações dolorosas, através de acidentes desagradabilíssimos para a sensibilidade. São trabalhos reencarnacionistas de ordem inferior, mais difíceis e complexos. Não calcula o que sejam. Há verdadeira mobilização de inúmeros benfeitores sábios e piedosos, dos planos mais altos, que nos traçam as necessárias diretrizes. Por vezes surgem problemas torturantes no esforço da aproximação e ligação dos interessados ao ambiente em que serão recebidos, de tal modo deploráveis, que muito angustiosas para nós se fazem as situações , sendo imprescindível o concurso de elevados número de obreiros. Segue-se a reencarnação expiatóriam de inenarráveis padecimentos, pelas vibrações contundentes do ódio e das humilhações punitivas. Na esfera venturosa que voce habita, há institutos para considerar as sugestões da escolha pessoal. O livre arbítrio, garantidor de créditos naturais, pode solicitar modificações e apresentar exigências justas, mas, aqui, as condições são diferentes... Almas grosseiras e endividadas não podem ser atendidas em suas preferências acerca do próprio futuro, em virtude da ignorância deliberada em que se comprazem, indefinidamente, e, de acordo com aqueles que as tutelam da região superior, são compelidas a aceitar os roteiros estabelecidos pelas autoridades competentes para os seus casos individuais. Por nossa vez, somos executores das providências respectivas e constitu-nos obrigação vencer os mais extensos e escuros obstáculos. Nesses quadros de dor, vemos pais e mães que, instintivamente, repelem a influenciação dos filhinhos antes do berço, dando pasto a discórdias sem nome, moléstias indefíníves, a abortos criminosos. Enquanto isso ocorre, os adversários que reencarnam, em obediência ao trabalho redentor, programados pelos mentores abnegados dessas personagens de dramas sombrios, com longa representação no cenário da existência humana, penetram o campo psiquico dos ex-inimigos e futuros progenitores, impondo-lhe sacrifícios intensos e quase insuportáveis. (...) Repare que a diversidade, entre as suas informações e as minhas, é efetivamente considerável. Os Espíritos que se esforçam nas aquisições da luz divina, através do serviço persistente na própria iluminação, conquistam o intrecâmbio direto com instrutores mais sábios, aprimoram-se, consequentemente, e, pelos atos meritórios a que se consagram, podem escolher seus elementos de vida nova Crosta Terrestre, como o trabalhador digno que, pelos créditos morais conquistados, pode exigir as próprias ferramentas destinadas ao seu trabalho. Os servos do ódio e do desequilíbrio, da intemperança e das paixões, contudo, que se preparem para as exigências da vida. Aos primeiros, a reencarnação será verdadeira bênção em aprendizado feliz; todavia, aos segundos constituirá necessária e legítima imposição do destino criado por eles mesmos,com o menosprezo a que votaram as dádivas de Nosso Pai, no espaço e no tempo. (...) A casa está repleta de cooperadores que trabalham, servindo-lhes ao programa de socorro, e se submetem aos nossos cuidados de orientação médica, simultâneamente. Não basta, porem, que eu lhes diga o que sofrem, como fazia antigamente. Devo funcionar, acima de tudo, como professor de higiene mental, auxiliando-os na germinação e desenvolvimento de idéias reformadoras e contrutivas, que lhes elevem o padrão de vida íntima. Distribuimos recursos magnéticos de restauração, com todos os necessitados, reanimando-lhes a organização geral, com os elementos de cura ao nosso alcance; não sem ensinar, entretanto, a cada enfermo,algo de novo que lhes reajuste a alma. Noutro tempo, tinhamos o campo de ação na célula física . Presentemente, todavia, essa zona de atuação é a célula mental."

"(...) Reparei, todavia, que o novo amigo não me recebia os pensamentos, nem mesmo de maneira parcial, demonstrando-se menos exercitado nas faculdades de penetração e , acompanhando-o ao recinto, onde o aguardava, extensa clientela, notei que a assistência de vibrações mais grosseiras e doentes em massa, exigindo a colaboração especializada de médicos desencarnados que, como acontecia a Gotuzo, ainda conservavam regular sintonia com os interesses imediatos da Crosta Terrestre."

Bibliografia para pesquisa.

O Evangelho Segundo o Espiritiso - Cap V -(Bem Aventurados os Aflitos) - Itens 14 ao 19
O céu e o inferno - Segunda Parte - cap I (A passagem), cap V (Espíritos suicidas).
Gênese - capítulo XI - Gênese Espiritual - itens 17 ao 26 (Encarnação dos Espíritos)
Livro dos Espíritos - Cap III -(Retorno da vida corpórea à vida Espiritual).
Depois da morte - Leon Denis - Parte quarta - (Alem túmulo) - capítulos XXX, XXXI, XXXVI
Missionários da Luz -
Questões para estudo e participação.

Durante o seu período de vida na Terra, o que Gotuzo admitia que fosse a morte?
O que ele encontrou ao desencarnar?
O que Gotuzo quiz dizer com a afirmação: "O corpo astral é organização viva...".
Qual a condição indispensável para compreender e receber auxilio no plano espiritual?
Gotuzo afirma que tem profunda compaixão de homens e mulheres que procuram a morte física atraves de recursos indiretos. Quais seriam esses recursos? Porque seria mais venturosa uma vida desprovida de encantos?
Como são os processos reencarnacionistas de ordem inferior?
Faça uma comparação entre o processo reencarnacionista de irmãos que se esforçam nas aquisições divinas, e irmãos servos do ódio e desequilíbrio.
O que Gotuzo quiz dizer ao afirmar : "Devo funcionar acima de tudo como professor de higiene mental".

Conclusão

Conclusão do estudo:

Ainda na Casa Transitória, André Luiz se encontrou com o Irmão Gotuzo,
trabalhador da Instituição, com quem trocou algumas idéias sobre o trabalho a ser
desenvolvido e sobre temas diversos, relativos à passagem do espírito para o mundo
imaterial. Gotuzo, como nos relata o Autor, ainda mantinha fortes impressões da vida na
carne e encontrava dificuldades para se abster dos problemas terrestres. Era um espírito
que fizera progressos mas que não atingira regiões vibratórias mais elevadas, que lhe eram
vedadas. Despertara há pouco sua consciência para a verdade da vida.
No diálogo entre ambos, trocaram impressões sobre a desencarnação, o estado
em que chegam a maioria dos espíritos que se abrigam naquela instituição, sobre o
conceito de morte e da vida após ela e sobre a reencarnação, relatando suas experiências..


Questões para estudo e participação:


1 - Durante o seu período de vida na Terra, o que Gotuzo admitia fosse a morte?

Em sua última passagem pela Terra, Gotuzo recebeu educação religiosa que lhe ensinara
ser o homem uma alma criada por Deus no instante da concepção materna e que, com a
morte, regressava ao Criador para um julgamento final, definitivo, podendo, ainda, ter de
passar pelas estações purgatoriais. Após esse julgamento, a alma humano seria remetida
ao céu, para gozar de uma paz beatífica ou ao inferno, onde se submeteria aos mais terríveis
castigos, com choro e ranger de dentes. Seria a morte, portanto, uma passagem, como que
num toque de mágica, para um paraíso de paz eterna ou para um inferno, de sofrimentos
igualmente eternos.


2 - O que ele encontrou ao desencarnar?

Ao desencarnar, Gotuzo foi surpreendido com o encontro de uma nova vida. Ou melhor,
com a continuação da vida, só que em outro plano. Constatou que continuava o mesmo, com
as mesmas qualidades e os mesmo defeitos. Encontrou muitos enfermos, segundo ele em
número ainda maior que na Terra e lamentou que a Ciência e a religião não se preocupem em
preparar o ser humano convenientemente para a nova forma de vida que encontrará após a
desencarnação. Como não encontrou a paz prometida pela religião que praticara, passou por
momentos de grande perturbação, peregrinando entre o mundo espiritual e a Terra, a reclamar
seus supostos direitos.


3 - O que Gotuzo quis dizer com a afirmação: "O corpo astral é organização viva..."?

O corpo astral nada mais é do que o perispírito, expressão mais apropriada, criada por
Kardec e que é utilizada pela doutrina espírita. É uma organização viva porque tem vida tanto
como o corpo físico que utilizamos enquanto encarnados, sofrendo transformações à medida
em que vamos evoluindo ou em que praticamos atos atentatórios às leis naturais. Ë o corpo
espiritual mencionado por Paulo em uma de suas epístolas. É o nosso corpo eterno, imortal,
que vamos utilizar no plano espiritual enquanto lá permanecermos e que presidirá a formação
do corpo físico numa nova experiência reencarnatória. Por isso, ele afirmou ser uma organização
viva, que deveria ser melhor estudada pela medicina humana.


4 - Qual a condição indispensável para compreender e receber auxílio no plano espiritual?

Segundo o Irmão Gotuzo, a condição única indispensável para o espírito desencarnado
compreender o auxílio dos benfeitores espirituais e recebê-lo adequadamente é estar em
condições de equilíbrio. E para estar em condições de equilíbrio, é necessário que o espírito,
ainda enquanto na vida carnal, entenda a importância da vida espiritual, que deve ser priorizada
sobre a material. Precisa entender o que significa a "morte", para não ser tomado por uma
perturbação muito grande quando chegar ao mundo espiritual.


5 - Gotuzo afirma que tem profunda compaixão de homens e mulheres que procuram
a morte física através de recursos indiretos. Quais seriam esses recursos? Por que seria
venturosa uma vida desprovida de encantos?

Esses recursos, a que se refere Gotuzo, são aqueles que caracterizam o suicídio indireto,
como, por exemplo, a má utilização do organismo físico, através de uma vida dedicada aos
excessos do fumo, bebida e comida. Uma vida desprovida de encantos seria venturosa pois
lhes serviria de provação, inibindo a prática daqueles atos mencionados, que podem trazer
graves conseqüências no futuro.


6 - Como são os processos reencarnacionistas de ordem inferior?

São mais difíceis e complexos, como narra o Irmão Gotuzo. Os espíritos nessas
condições encontram dificuldades até para se ligarem ao ambiente em que serão recebidos
para a nova experiência carnal. São reencarnações expiatórias, que exigem o trabalho de
numerosos benfeitores. Trata-se de espíritos muito endividados, cuja ignorância lhes impede
de qualquer manifestação no sentido de escolher as provas a que estarão submetidos.


7 - Faça uma comparação entre o processo reencarnacionista de irmãos que se esforçam
nas aquisições divinas e irmãos servos do ódio e desequilíbrio.

No primeiro caso, o espírito reencarnante demonstra alguma evolução, que lhe dá o
direito à assistência de benfeitores espirituais que o auxiliam no ato reencarnatório. A
compreensão que tem de todo o processo também o ajuda nos atos necessários à
concretização da reencarnação. O espírito nessa condição pode usar de seu livre-arbítrio na
escolha das provas a que deverá se submeter na nova existência. A reencarnação para
ele é uma bênção divina para um aprendizado que o propulsionará à evolução.
Quanto aos espíritos ainda persistentes no ódio e que se encontram em estado de
desequilíbrio, a reencarnação é uma imposição necessária, que lhes é compulsoriamente
determinada para expiarem suas faltas. São compelidos a aceitarem a programação que
lhes é traçada pelos espíritos superiores, sem o direito à escolha das provas. Em muitos dos
casos, sequer têm consciência de que estão reencarnando, tal o seu nível de ignorância.
Chegam ao novo corpo num ambiente impregnado de ódio e de vibrações negativas.


8 - O que Gotuzo quis dizer ao afirmar: "Devo funcionar acima de tudo como professor de
higiene mental"?

Gontuzo quis explicar a André Luiz que, na esfera terrestre, como médico, limitava-se a
esclarecer o enfermo sobre a doença que lhe atingia o corpo físico. Agora, no plano espiritual,
deve auxiliar os enfermos na compreensão das causas de sua enfermidade e mostrando-lhes
a necessidade de procederem à sua reforma em direção ao bem. O trabalho agora é de
aplicação de recursos magnéticos de restauração aos necessitados, objetivando sua
reorganização geral e o reajuste de sua alma. Na Terra, trabalhava no campo de ação na
célula física; no mundo espiritual, essa zona de atuação é a célula mental.