A Gênese

134 – Sinais dos tempos (6ª pte) - itens 21 a 26

Sinais dos tempos
(6ª pte)

21. - Essa fase já se revela por sinais inequívocos, por tentativas de reformas úteis e que começam a encontrar eco. Assim é que vemos fundar-se uma imensidade de instituições protetoras, civilizadoras e emancipadoras, sob o influxo e por iniciativa de homens evidentemente predestinados à obra da regeneração; que as leis penais se vão apresentando dia a dia impregnadas de
sentimentos mais humanos. Enfraquecem-se os preconceitos de raça, os povos entram a considerar-se membros de uma grande família; pela uniformidade e facilidade dos meios de realizarem suas transações, eles suprimem as barreiras que os separavam e de todos os pontos do mundo reúnem-se em comícios universais, para as justas pacificas da inteligência.

Falta, porém, a essas reformas uma base que permita se desenvolvam, completem e consolidem; falta uma predisposição moral mais generalizada, para fazer que elas frutifiquem e que as massas as acolham. Ainda aí há um sinal característico da época, porque há o prelúdio do que se efetuará em mais larga escala, à proporção que o terreno se for tornando mais favorável.

22. - Outro sinal não menos característico do período em que entramos encontra-se na reação que se opera no sentido das idéias espiritualistas; na repulsão instintiva que se manifesta contra as idéias materialistas. O espírito de incredulidade, que se apoderara das massas, ignorantes ou esclarecidas, e as levava a rejeitar com a forma a substância mesma de toda crença, parece ter sido um sono, a cujo despertar se sente a necessidade de respirar um ar mais vivificante. Involuntariamente, lá onde o vácuo se fizera, procura-se alguma coisa, um ponto de apoio.

23. - Se supusermos possuída desses sentimentos a maioria dos homens, poderemos facilmente imaginar as modificações que daí decorrerão para as relações sociais; todos terão por divisa: caridade, fraternidade, benevolência para com todos, tolerância para todas as crenças. É a meta para que tende evidentemente a Humanidade; esse o objeto de suas aspirações, de seus desejos, sem que, entretanto, ela perceba claramente por que meio as há de realizar. Ensaia, tateia, mas é detida por muitas resistências ativas, ou pela força de inércia dos preconceitos, das crenças estacionárias e refratárias ao progresso. Faz-se-lhe mister vencer tais resistências e essa será a obra da nova geração. Quem acompanhar o curso atual das coisas reconhecerá que tudo parece predestinado a lhe abrir caminho. Ela terá por si a dupla força do número e das idéias e, de acréscimo, a experiência do passado.

24. - A nova geração marchará, pois, para a realização de todas as idéias humanitárias compatíveis com o grau de adiantamento a que houver chegado. Avançando para o mesmo alvo e realizando seus objetivos, o Espiritismo se encontrará com ela no mesmo terreno. Aos homens progressistas se deparará nas idéias espíritas poderosa alavanca e o Espiritismo achará, nos novos homens, espíritos inteiramente dispostos a acolhê-lo. Dado esse estado de coisas, que poderão fazer os que entendam de opor-se-lhe?

25. - O Espiritismo não cria a renovação social; a madureza da Humanidade é que fará dessa renovação uma necessidade. Pelo seu poder moralizador, por suas tendências progressistas, pela amplitude de suas vistas, pela generalidade das questões que abrange, o Espiritismo é mais apto, do que qualquer outra doutrina, a secundar o movimento de regeneração; por isso, é ele contemporâneo desse movimento. Surgiu na hora em que podia ser de utilidade, visto que também para ele os tempos são chegados. Se viera mais cedo, teria esbarrado em obstáculos insuperáveis; houvera inevitavelmente sucumbido, porque, satisfeitos com o que tinham, os homens ainda não sentiriam. falta do que ele lhes traz. Hoje, nascido com as idéias que fermentam, encontra preparado o terreno para recebê-lo. Os espíritos cansados da dúvida e da incerteza, horrorizados com o abismo que se lhes abre à frente, o acolhem como âncora de salvação e consolação suprema.

26. - Grande, por certo, é ainda o número dos retardatários; mas, que podem eles contra a onda que se alteia, senão atirar-lhe algumas pedras? Essa onda é a geração que surge, ao passo que eles se somem com a geração que vai desaparecendo todos os dias a passos largos. Até lá, porém, eles defenderão palmo a palmo o terreno. Haverá, portanto, uma luta inevitável, mas
luta desigual, porque é a do passado decrépito, a cair em frangalhos, contra o futuro juvenil. Será a luta da estagnação contra o progresso, da criatura contra a vontade do Criador, uma vez que chegados são os tempos por ele determinados.

(extraído de "A Gênese", de Allan Kardec, editora FEB)

QUESTÕES PARA ESTUDO

a) Que mudanças no comportamento da humanidade Kardec aponta como sinais dos novos tempos?

b) Qual o papel da nova geração no processo de transformação da Terra?

c) Por que Kardec afirma que também para o Espiritismo "os tempos são chegados"?

d) Todos se submeterão a essa transformação?


Conclusão

C O N C L U S Ã O

Os novos tempos se revelam por sinais inequívocos de tentativas de reformas úteis e que começam a encontrar eco. Falta, porém, a essas reformas uma base que permita se desenvolvam, completem e consolidem e uma predisposição moral mais generalizada por parte dos homens. Se possuída desses sentimentos a maioria dos homens, poderemos facilmente imaginar as modificações que decorrerão quando reinarem os sentimentos de caridade, fraternidade, benevolência para com todos e tolerância para todas as crenças. Esta é a meta da Humanidade. O Espiritismo está mais apto do que qualquer outra doutrina para secundar esse movimento de regeneração. Por isso, é ele contemporâneo desse movimento e para ele também os tempos são chegados.

QUESTÕES PROPOSTAS PARA ESTUDO

a) Que mudanças no comportamento da humanidade Kardec aponta como sinais dos novos tempos?

R - Kardec aponta como sinais dos novos tempos que chegam as tentativas de reformas que começam a encontrar aceitação pela humanidade. Como exemplos, cita o aparecimento de instituições protetoras, civilizadoras e emancipadoras, por iniciativa de homens predestinados à obra de regeneração em curso. As leis penais, continua o Codificador, vão se impregnando de sentimentos mais humanos; os preconceitos raciais vão se enfraquecendo; os povos começam a se considerar membros de uma grande família, suprimindo barreiras que os separavam. Outro sinal apontado por Kardec é a prevalência que começa a acontecer das idéias espiritualistas sobre as materialistas. A incredulidade que se apoderara dos menos esclarecidos e que os levava a rejeitar todo o tipo de crença aos poucos desaparece, levando os homens a viverem num ambiente espiritual mais propício e a procurarem um ponto de apoio onde antes se fizera um vácuo.

b) Qual o papel da nova geração no processo de transformação da Terra?

R - Para que essas mudanças se concretizem, porém, é necessário que a humanidade incorpore uma propensão à moralidade, fazendo com que os sinais dos novos tempos frutifiquem e sejam acolhidos por todos. Embora estas sejam as aspirações de todos, os homens ainda não percebem claramente os meios de as realizar. Ainda se constatam resistências manifestadas através de preconceitos renitentes e de crenças ultrapassadas, que resistem ao progresso. O papel da nova geração é o de vencer todas estas modalidades de resistências, fazendo aumentar o número dos que marcham neste sentido e usando a força das novas idéias, aliada à experiência do passado, para implantar na Terra todas as idéias humanitárias compatíveis com o seu grau de adiantamento. Os que não acompanharem os novos tempos irão de encontro à nova geração e se estabelecerá a luta entre o passado decadente, representando a estagnação contra os novos tempos de progresso.

c) Por que Kardec afirma que também para o Espiritismo "os tempos são chegados"?

R - O Espiritismo é a doutrina que melhor se enquadra aos tempos que são chegados, pelo seu poder moralizador, por suas tendências progressistas e por acompanhar o progresso da ciência. Estes fatores o tornam contemporâneo do movimento de transformação em curso e o autorizam a ser um seu instrumento. Por ter vindo no momento certo, em que poderia ser realmente útil à humanidade, é que Kardec afirma que, também para ele, "os tempos são chegados". Se viesse mais cedo, encontraria obstáculos então insuperáveis, sucumbindo ante a satisfação da humanidade com as crenças e idéias que praticavam. Foi preciso que se esperasse o momento próprio para ser recebido pelos homens, o momento em que essas crenças e idéias não atendiam às suas aspirações. Por isso, foi acolhido como a Doutrina consoladora e que pode apontar o caminho a regeneração da humanidade. À nova geração que aos poucos vai chegando à Terra cabe a luta pela implantação das suas idéias, com as quais se identificam, enfrentando os que ainda resistem em aceitá-las, uma vez que são chegados os tempos determinados pelo Criador.

d) Todos se submeterão a essa transformação?

R - Sendo de ordem geral as transformações em curso e não limitadas a um determinado povo ou lugar, todos terão de a ela se submeter. Grande é o número daqueles que ainda não se adaptaram aos novos tempos, explica Kardec, mas que nada podem contra a onda que se movimenta. Estes representam a geração que vai desaparecendo para dar lugar à geração nova. É a luta inevitável entre a estagnação e o progresso, entre o passado decrépito e o futuro juvenil, da criatura contra a vontade do Criador, pois são chegados os tempos por Ele determinados.