A Gênese
132 – Sinais dos tempos (4ª pte) - itens 12 a 15
Sinais dos tempos
(4ª pte)
12 - A Humanidade é um ser coletivo em quem se operam as mesmas revoluções morais por que passa todo ser individual, com a diferença de que umas se realizam de ano em ano e as outras de século em século. Acompanhe-se a Humanidade em suas evoluções através dos tempos e ver-se-á a vida das diversas raças marcada por períodos que dão a cada época uma fisionomia especial.
13. - De duas maneiras se opera, como já o dissemos, a marcha progressiva da Humanidade: uma, gradual, lenta, imperceptível, se se considerarem as épocas consecutivas, a traduzir-se por sucessivas melhoras nos costumes, nas leis, nos usos, melhoras que só com a continuação se podem perceber, como as mudanças que as correntes dágua ocasionam na superfície do globo;
a outra, por movimentos relativamente bruscos, semelhantes aos de uma torrente que, rompendo os diques que a continham,
transpõe nalguns anos o espaço que levaria séculos a percorrer. É, então, um cataclismo moral que traga em breves instantes
as instituições do passado e ao qual sobrevém uma nova ordem de coisas que pouco a pouco se estabiliza, à medida que se restabelece a calma, e que acaba por se tornar definitiva.
Àquele que viva bastante para abranger com a vista as duas vertentes da nova fase, parecerá que um mundo novo surgiu das ruínas do antigo. O caráter, os costumes, os usos, tudo está mudado. É que, com efeito, surgiram homens novos, ou, melhor, regenerados. As idéias, que a geração que se extinguiu levou consigo, cederam lugar a idéias novas que desabrocham com a geração que se ergue.
14. - Tornada adulta, a Humanidade tem novas necessidades, aspirações mais vastas e mais elevadas; compreende o vazio
com que foi embalada, a insuficiência de suas instituições para lhe dar felicidade; já não encontra, no estado das coisas, as satisfações legítimas a que se sente com direito. Despoja-se, em consequência, das faixas infantis e se lança, impelida por irresistível força, para as margens desconhecidas, em busca de novos horizontes menos limitados.
É a um desses períodos de transformação, ou, se o preferirem, de crescimento moral, que ora chega a Humanidade. Da adolescência chega ao estado viril. O passado já não pode bastar às suas novas aspirações, às suas novas necessidades; ela
já não pode ser conduzida pelos mesmos métodos; não mais se deixa levar por ilusões, nem fantasmagorias; sua razão
amadurecida reclama alimentos mais substanciosos. É demasiado efêmero o presente; ela sente que mais amplo é o seu destino e que a vida corpórea é excessivamente restrita para encerrá-lo inteiramente. Por isso, mergulha o olhar no passado e
no futuro, a fim de descobrir num ou noutro o mistério da sua existência e de adquirir uma consoladora certeza.
E é no momento em que ela se encontra muito apertada na esfera material, em que transbordante se encontra de vida intelectual, em que o sentimento da espiritualidade lhe desabrocha no seio, que homens que se dizem filósofos pretendem encher o vazio com as doutrinas da nadismo e do materialismo! Singular aberração! Esses mesmos homens, que intentam impelir para a frente a Humanidade, se esforçam por circunscrevê-la no acanhado círculo da matéria, donde ela anseia por escapar-se. Velam-lhe o aspecto da vida infinita e lhe dizem, apontando para o túmulo: Nec plus ultra!
15. - Quem quer que haja meditado sobre o Espiritismo e suas conseqüências e não o circunscreva à produção de alguns fenômenos terá compreendido que ele abre à Humanidade uma estrada nova e lhe desvenda os horizontes do infinito. Iniciando-a nos mistérios do mundo invisível, mostra-lhe o seu verdadeiro papel na criação, papel perpetuamente ativo, tanto no estado
espiritual, como no estado corporal. O homem já não caminha às cegas: sabe donde vem, para onde vai e por que está na Terra. O futuro se lhe revela em sua realidade, despojado dos prejuízos da ignorância e da superstição. Já na se trata de uma vaga esperança, mas de uma verdade palpável, tão certa como a sucessão do dia e da noite. Ele sabe que o seu ser não se acha limitado a alguns instantes de uma existência transitória; que a vida espiritual não se interrompe por efeito da morte; que já viveu e tornará a viver e que nada se perde do que haja ganho em perfeição; em suas existências anteriores depara com a razão do que é hoje e reconhece que: do que ele é hoje, qual se fez a si mesmo, poderá deduzir o que virá a ser um dia.
(extraído de "A Gênese", de Allan Kardec, editora FEB)
QUESTÕES PARA ESTUDO
a) De que forma pode se operar o progresso da Humanidade?
b) Quais as características do período de transformação a que ora chega a humanidade?
c) Como o Espiritismo pode contribuir para o processo de transformação por que passa a Terra?
Conclusão
C O N C L U S Ã O
A Humanidade se transforma, como já se transformou noutras épocas e cada transformação se assinala por uma crise que
é, para o gênero humano, o que são, para os indivíduos, as crises de crescimento. Assim continuará, até que se haja outra vez estabilizado em novas bases.
QUESTÕES PROPOSTAS PARA ESTUDO
a) De que forma pode se operar o progresso da Humanidade?
R - O progresso da Humanidade pode se operar de duas maneiras distintas: gradualmente, de modo lento e imperceptível a uma geração, através de melhoras nos costumes, nas leis e nos usos; e por movimentos bruscos, que em alguns anos provocam transformações que, normalmente, levariam séculos para se realizarem. Provocam um cataclismo moral, ao qual sobrevém uma nova ordem de coisas, pouco a pouco estabilizando-se, restabelecendo a calma e tornando-se definitiva. Kardec compara a primeira às mudanças que as correntes dágua ocasionam na superfície do globo; a segunda, a uma torrente que rompe diques que a continha e transpõe em alguns anos o que levaria séculos para ser transposto.
b) Quais as características do período de transformação a que ora chega a humanidade?
R - Tendo novas necessidades e aspirações mais elevadas, a transformação a que ora chega a Humanidade terrena é de ordem moral. Como explica Kardec, é chegado o momento da Humanidade compreender o vazio e a insuficiência de suas instituições, incapazes para lhes trazer a felicidade. Impelida por força irresistível, lança-se a margens desconhecidas, em busca de horizontes mais amplos. O período de transformação a que chega a humanidade é de crescimento moral. Não podendo o passado atender às novas aspirações, já não pode a humanidade ser conduzida pelos mesmos métodos. "Não mais se deixa levar por ilusões, nem fantasmagorias; sua razão amadurecida reclama alimentos mais substanciosos", completa Kardec.
c) Como o Espiritismo pode contribuir para o processo de transformação por que passa a Terra?
R - O Espiritismo pode dar - e já o vem fazendo - uma grande e decisiva contribuição para o processo de transformação em curso na Terra. Como vimos em estudos anteriores, a transformação que ora se opera no Planeta não é de natureza material, mas, sim, moral. É preciso que advenham mudanças de ordem espiritual, como complemento indispensável do progresso material já realizado. O Espiritismo revela à humanidade a realidade, até então oculta, acerca do mundo espiritual, mostrando ao homem o seu verdadeiro papel na obra da criação.
Revelando ao homem a sua natureza espiritual, de onde ele vem, para onde vai e por que está na Terra, faz com que ele já não caminhe às cegas, pois o futuro se lhe revela uma realidade e não uma vaga promessa usada pelas religiões. Mostra ao homem que a sua existência não está limitada a um período transitório vivido na matéria, mas que, ao contrário, continua após a morte do corpo físico, no mundo espiritual. Demonstrando a lei natural da reencarnação, mostra-lhe que nada do que conquistou em existências anteriores, em valores morais, será perdido, que ele voltará a viver na Terra e do que ele é hoje pode-se deduzir o que virá a ser no futuro.