A Gênese

124 – Advento de Elias - Anunciação do Consolador (itens 33 e 42)

PREDIÇÕES DO EVANGELHO - itens 33 e 42: Advento de Elias

Anunciação do Consolador



Advento de Elias

33. - Então, seus discípulos lhe perguntaram: Por que, pois, dizem os
escribas ser preciso que, antes, venha
Elias? - Jesus lhes respondeu: É certo que Elias tem de vir e que
restabelecerá todas as coisas.

Mas, eu vos declaro que Elias já veio e eles não o conheceram; antes o
trataram como lhes aprouve. É assim
que farão morrer o Filho do homem.

Então, seus discípulos compreenderam que era de João Batista que ele lhes
falara. (S. Mateus, cap. XVIl,
versículos 10 a 13.)

34. - Elias já voltara na pessoa de João Batista. Seu novo advento é
anunciado de modo explícito. Ora, como ele não pode
voltar, senão tomando um novo corpo, aí temos a consagração formal do
princípio da pluralidade das existências. (O Evangelho segundo o
Espiritismo, cap. IV, nº 10.)

Anunciação
do Consolador

35. - Se me amais, guardai os meus mandamentos - e eu pedirei a meu Pai e
ele vos enviará outro Consolador,
a fim de que fique eternamente convosco: - O Espírito de Verdade que o
mundo não pode receber, porque não
o vê; vós, porém, o conhecereis, porque permanecerá convosco e estará em
vós. - Mas o Consolador, que é o
Espírito Santo, que meu Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as
coisas e fará vos lembreis de tudo o
que vos tenho dito. (S. João, cap. XIV, vv. 15 a 17 e 26. - O Evangelho
segundo o Espiritismo, cap. VI.)

36. - Entretanto, digo-vos a verdade: Convém que eu me vá, porquanto, se
eu não me for, o Consolador não
vos virá; eu, porém, me vou e vo-lo enviarei. - E, quando ele vier,
convencerá o mundo no que respeita ao
pecado, à justiça e ao juízo: - no que respeita ao pecado, por não terem
acreditado em mim; - no que respeita
à justiça, porque me vou para meu Pai e não mais me vereis; no que
respeita ao juízo, porque já está julgado o
príncipe deste mundo.

Tenho ainda muitas coisas a dizer-vos, mas presentemente não as podeis
suportar.

Quando vier esse Espírito de Verdade, ele vos ensinará toda a verdade,
porquanto não falará de si mesmo,
mas dirá tudo o que tenha escutado e vos anunciará as coisas porvindouras.

Ele me glorificará, porque receberá do que está em mim e vo-lo anunciará.
(S. João, cap. XVI, vv. 7 a 14.)

37. - Esta predição, não há contestar, é uma das mais importantes, do
ponto de vista religioso, porquanto comprova, sem a possibilidade do menor
equívoco, que Jesus não disse o que tinha a dizer, pela razão de que não o
teriam compreendido nem mesmo seus apóstolos, visto que a eles é que o
Mestre se dirigia. Se lhes houvesse dado instruções secretas, os
Evangelhos fariam referência a tais instruções, Ora, desde que ele não
disse tudo a seus apóstolos, os sucessores destes não terão podido saber
mais do que eles, com relação ao que foi dito; ter-se-ão possivelmente
enganado, quanto ao sentido das palavras do Senhor, ou dado interpretação
falsa aos seus pensamentos, muitas vezes velados sob a forma parabólica.
As religiões que se fundaram no Evangelho não podem, pois, dizer-se
possuidoras de toda a verdade, porquanto ele, Jesus, reservou para si a
completação ulterior de seus ensinamentos. O princípio da imutabilidade,
em que elas se firmam, constitui um desmentido às próprias palavras do
Cristo.

Sob o nome de Consolador e de Espírito de Verdade, Jesus anunciou a vinda
daquele que havia de ensinar todas as coisas
e de lembrar o que ele dissera. Logo, não estava completo o seu ensino. E,
ao demais, prevê não só que ficaria esquecido,
como também que seria desvirtuado o que por ele fora dito, visto que o
Espírito de Verdade viria tudo lembrar e, de combinação com Elias,
restabelecer todas as coisas, isto é, pô-las de acordo com o verdadeiro
pensamento de seus ensinos.

38. - Quando terá de vir esse novo revelador? É evidente que se, na época
em que Jesus falava, os homens não se achavam
em estado de compreender as coisas que lhe restavam a dizer, não seria em
alguns anos apenas que poderiam adquirir as
luzes necessárias a entendê-las. Para a inteligência de certas partes do
Evangelho, excluídos os preceitos morais, faziam-se mister conhecimentos
que só o progresso das ciências facultaria e que tinham de ser obra do
tempo e de muitas gerações.
Se, portanto, o novo Messias tivesse vindo pouco tempo depois do Cristo,
houvera encontrado o terreno ainda nas mesmas condições e não teria feito
mais do que o mesmo Cristo. Ora, desde aquela época até os nossos dias,
nenhuma grande revelação se produziu que haja completado o Evangelho e
elucidado suas partes obscuras, indicio seguro de que o Enviado
ainda não aparecera.

39. - Qual deverá ser esse Enviado? Dizendo: «Pedirei a meu Pai e ele vos
enviará outro Consolador», Jesus claramente indica que esse Consolador não
seria ele, pois, do contrário, dissera: «Voltarei a completar o que vos
tenho ensinado.» Não só tal
não disse, como acrescentou: A fim de que fique eternamente convosco e ele
estará em vós. Esta proposição não poderia
referir-se a uma individualidade encarnada, visto que não poderia ficar
eternamente conosco, nem, ainda menos, estar em nós; compreendemo-la,
porém, muito bem com referência a uma doutrina, a qual, com efeito, quando
a tenhamos assimilado,
poderá estar eternamente em nós. O Consolador é, pois, segundo o
pensamento de Jesus, a personificação de uma doutrina soberanamente
consoladora, cujo inspirador há de ser o Espírito do Verdade.

40 - O Espiritismo realiza, como ficou demonstrado (cap. 1, nº 30), todas
as condições do Consolador que Jesus prometeu.
Não é uma doutrina individual, nem de concepção humana; ninguém pode
dizer-se seu criador. É fruto do ensino coletivo dos Espíritos, ensino a
que preside o Espírito de Verdade. Nada suprime do Evangelho: antes o
completa e elucida. Com o auxílio das novas leis que revela, conjugadas
essas leis às que a Ciência já descobrira, faz se compreenda o que era
ininteligível e se admita a possibilidade daquilo que a incredulidade
considerava inadmissível. Teve precursores e profetas, que lhe
pressentiram
a vinda. Pela sua força moralizadora, ele prepara o reinado do bem na
Terra.

A doutrina de Moisés, incompleta, ficou circunscrita ao povo judeu; a de
Jesus, mais completa, se espalhou por toda a Terra, mediante o
Cristianismo, mas não converteu a todos; o Espiritismo, ainda mais
completo, com raízes em todas as crenças, converterá a Humanidade.

41. - Dizendo a seus apóstolos: «Outro virá mais tarde, que vos ensinará o
que agora não posso ensinar», proclamava Jesus
a necessidade da reencarnação. Como poderiam aqueles homens aproveitar do
ensino mais completo que ulteriormente seria ministrado; como estariam
aptos a compreendê-lo, se não tivessem de viver novamente? Jesus houvera
proferido uma coisa inconseqüente te se, de acordo com a doutrina vulgar,
os homens futuros houvessem de ser homens novos, almas saídas do nada por
ocasião do nascimento. Admita-se, ao contrário, que os apóstolos e os
homens do tempo deles tenham vivido depois; que ainda hoje revivem, e
plenamente justificada estará a promessa de Jesus. Tendo-se desenvolvido
ao contacto do progresso
social, a inteligência deles pode presentemente comportar o que então não
podia. Sem a reencarnação a promessa de Jesus fora ilusória.

42. - Se disserem que essa promessa se cumpriu no dia de Pentecostes, por
meio da descida do Espírito Santo, poder-se-á responder que o Espírito
Santo os inspirou, que lhes desanuviou a inteligência, que desenvolveu
neles as aptidões mediúnicas destinadas a facilitar-lhes a missão, porém
que nada lhes ensinou além daquilo que Jesus já ensinara, porquanto, no
que deixaram, nenhum vestígio se encontra de um ensinamento especial. o
Espírito Santo, pois, não realizou o que Jesus anunciara relativamente ao
Consolador; a não ser assim, os apóstolos teriam elucidado o que, no
Evangelho, permaneceu obscuro até
ao dia de hoje e cuja interpretação contraditória deu origem às inúmeras
seitas que dividiram o Cristianismo desde os primeiros séculos.

QUESTÕES
PARA ESTUDO

aa) Como se deu o advento de Elias, predito pelos antigos profetas?

b) Quais as razões por que Jesus prometeu enviar um outro Consolador?

c) Por que Kardec afirma que o Espiritismo é o Consolador prometido por Jesus?

d) Qual a importância da reencarnação para que se cumpram os objetivos do Consolador?

e) Por que não se pode aceitar como cumprida a promessa de Jesus com os fenômenos ocorridos no dia de Pentecostes?

Conclusão

O Consolador, como disse Jesus a seus apóstolos, viria para ensinar "o que agora não posso ensinar". Assim, para que os homens de então mais tarde pudessem receber um ensino mais completo necessário seria que desenvolvessem suas inteligências, através das reencarnações sucessivas. Sob o nome de Consolador e de Espírito de Verdade, Jesus anunciou a vinda daquele que havia de ensinar todas as coisas e de lembrar o que ele dissera.

QUESTÕES PROPOSTAS PARA ESTUDO

a) Como se deu o advento de Elias, predito pelos antigos profetas?

R - Segundo anunciou o profeta Malaquias, no Antigo Testamento, o Senhor enviaria, antes de sua vinda, o seu mensageiro a fim de preparar-lhe o caminho, anunciando, ainda: "eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível Dia do Senhor" ( Malaquias, 3.1-4.5). Portanto, para que o Senhor viesse, antes, Elias haveria de voltar, para anunciar a sua chegada e preparar-lhe o caminho. Elias, portanto, seria o mensageiro anunciado na profecia. Na passagem citada neste estudo, constante do evangelho de Mateus, Jesus esclarece que Elias já retornara e que não fora conhecido, tendo seus discípulos compreendido, então, que era a João Batista que o Mestre se referia. Portanto, se Elias retornou como João Batista, conforme afirma Jesus, cumprindo a profecia, somente pode tê-lo feito através de um novo corpo de carne, ou seja, através do processo natural da reencarnação, pois o corpo de Elias já houvera sido decomposto. Como destaca Kardec, é a consagração formal do princípio da pluralidade das existências. Esta confirmação do retorno de Elias é importante, também, para a identificação de Jesus como o Senhor a que se refere a profecia. Se Elias não houvesse retornado, Jesus não seria o Cristo prometido.

b) Quais as razões por que Jesus prometeu enviar um outro Consolador?

R - Jesus não disse o que tinha a dizer, posto que aquele povo não o teria compreendido, nem mesmo seus apóstolos, a quem se dirigia. Com relação ao que foi dito, poderão ter se enganado quanto ao sentido das palavras ou dado interpretação equivocada aos seus ensinamentos, dados, muitas das vezes, em forma de parábola. Desse modo, não podem as religiões que se fundam no Evangelho dizerem-se possuidoras da verdade, pois Jesus reservou para si a complementação de seus ensinos. Não havendo completado o seu ensino e prevendo que ficaria esquecido ou desvirtuado o que dissera, Jesus anunciou, sob o nome de Consolador e de Espírito de Verdade, aquele que viria ensinar todas as coisas e lembrar o que ele dissera. O Espírito de Verdade, em combinação com Elias, viria tudo lembrar e restabelecer todas as coisas, pondo-as de conformidade com o verdadeiro sentido de seus ensinamentos.

c) Por que Kardec afirma que o Espiritismo é o Consolador prometido por Jesus?

R - Afirmando que pediria ao Pai o envio de outro Consolador, Jesus deixa claro que esse Consolador não seria ele, em pessoa, pois, se assim fosse, anunciaria sua volta para completar o ensinamento. Contrariamente, afirmou que o Consolador ficaria eternamente conosco e estará em nós, o que impossibilita que estivesse se referindo a uma individualidade encarnada, pois esta não poderia ficar eternamente conosco nem estar em nós. Compreendendo que Jesus se referia a uma doutrina, que, uma vez entendida, poderá ficar eternamente conosco, fica claro que o Consolador prometido é a personificação de uma doutrina consoladora, inspirada pelo Espírito de Verdade.

Conforme demonstra Kardec, o Espiritismo preenche todas as características do Consolador anunciado por Jesus. Não é um doutrina individual nem de concepção humana, ninguém podendo dizer-se seu criador. É fruto do ensino coletivo dos Espíritos, cujo trabalho foi dirigido pelo Espírito de Verdade. Nada contesta do Evangelho, uma vez que, ao contrário, completa-o e o elucida. Esclarece o que antes não podia ser compreendido e admite o que os incrédulos consideravam impossível, mediante o auxílio das novas leis que revela e das descobertas da Ciência, preparando o reinado do bem sobre a Terra. Completa as doutrinas de Moisés, que, além de incompleta, ficou restrita ao povo judeu e a do próprio Jesus, mais completa que a de Moisés, mas que, embora tenha se espalhado pela Terra através do Cristianismo, não converteu a todos. Até o advento do Espiritismo, nenhuma grande revelação se produziu que houvesse completado o ensino de Jesus e esclarecido o que não fora compreendido, demonstrando que o Consolador ainda não houvera chegado.

d) Qual a importância da reencarnação para que se cumpram os objetivos do Consolador?

R - À época em que Jesus falava, a humanidade não se achava evoluída o suficiente para entender todas as coisas nem poderia, em alguns anos, adquirir condições para tanto. Era necessário o progresso das ciências, o que, somente com o tempo e após muitas gerações, poderia ser alcançado. Se tivesse vindo pouco depois de Jesus, o Consolador prometido não teria encontrado ainda as condições de entendimento por parte dos homens, não podendo fazer mais do que o Cristo fizera. Dizendo aos apóstolos que outro viria mais tarde para ensinar o que agora não podia fazê-lo, Jesus tornava clara a necessidade
da reencarnação, pois, sem ela, não poderiam aqueles homens aproveitar o ensino mais completo que seria trazido pelo Consolador. Somente através da reencarnação poderiam adquirir condições de entendimento do novo ensino. Sua promessa não teria conseqüência se os homens futuros fossem novas criaturas, recém criadas por ocasião do nascimento. Admitindo-se que os apóstolos e os homens daquele tempo tenham continuado a vida até a época da chegada do Consolador, tendo-se desenvolvido em inteligência, já podendo entender o que à época não podiam, podemos compreender a promessa de Jesus, que, sem a reencarnação, não teria conseqüência.

e) Por que não se pode aceitar como cumprida a promessa de Jesus com os fenômenos ocorridos no dia de Pentecostes?

R - Mesmo admitindo-se ter o Espírito Santo, no dia de Pentecostes, inspirado os Apóstolos e desenvolvido neles aptidões espirituais a fim de possibilitar- -lhes a missão, nenhum novo ensino foi ministrado, além do que Jesus já ensinara, até porque, ocorrido apenas alguns meses após a passagem de Jesus, não poderiam aqueles homens, em tão curto espaço de tempo, terem adquirido as condições necessárias ao recebimento de novos ensinamentos. Portanto, não há como se aceitar os acontecimentos daquele dia como sendo o cumprimento da promessa de Jesus