A Gênese

123 – Um só rebanho e um só pastor (itens 31 e 32)

PREDIÇÕES DO EVANGELHO - itens 31 e 32: Um só rebanho e
um só pastor


Um só rebanho e um só pastor

31. - Tenho ainda outras ovelhas que não são deste aprisco; é preciso que
também a essas eu conduza;
elas escutarão a minha voz e haverá um só rebanho e um único pastor. (S.
João, cap. X, v. 16.)

32. - Por essas palavras, Jesus claramente anuncia que os homens um dia se
unirão por uma crença única; mas, como poderá efetuar-se essa união?
Difícil parecerá isso, tendo-se em vista as diferenças que existem entre
as religiões, o antagonismo que elas alimentam entre seus adeptos, a
obstinação que manifestam em se acreditarem na posse exclusiva da verdade.
Todas
querem a unidade, mas cada uma se lisonjeia de que essa unidade se fará em
seu proveito e nenhuma admite a possibilidade
de fazer qualquer concessão, no que respeita às suas crenças.

Entretanto, a unidade se fará em religião, como já tende a fazer-se
socialmente, politicamente, comercialmente, pela queda
das barreiras que separam os povos, pela assimilação dos costumes, dos
usos, da linguagem . Os povos do mundo inteiro já confraternizam, como os
das províncias de um mesmo império. Pressente-se essa unidade e todos a
desejam. Ela se fará pela força das coisas, porque há de tornar-se uma
necessidade, para que se estreitem os laços da fraternidade entre as
nações;
far-se-á pelo desenvolvimento da razão humana, que se tornará apta a
compreender a puerilidade de todas as dissidências;
pelo progresso das ciências, a demonstrar cada dia mais os erros materiais
sobre que tais dissidências assentam e a destacar pouco a pouco das suas
fiadas as pedras estragadas. Demolindo nas religiões o que é obra dos
homens e fruto de sua ignorância das leis da Natureza, a Ciência não
poderá destruir, mau grado à opinião de alguns, o que é obra de Deus e
eterna verdade. Afastando os acessórios, ela prepara as vias para a
unidade.

A fim de chegarem a esta, as religiões terão que encontrar-se num terreno
neutro, se bem que comum a todas; para isso,
todas terão que fazer concessões e sacrifícios mais ou menos importantes,
conformemente à multiplicidade dos seus dogmas particulares. Mas, em
virtude do processo de imutabilidade que todas professam, a iniciativa das
concessões não poderá partir do campo oficial; em lugar de tomarem no alto
o ponto de partida, tomá-lo-ão em baixo por iniciativa individual. Desde
algum tempo, um movimento se vem operando de descentralização, tendente a
adquirir irresistível força. O princípio da imutabilidade, que as
religiões hão sempre considerado uma égide conservadora, tornar-se-á
elemento de destruição, dado que, imobilizando- -se, ao passo que a
sociedade caminha para a frente, os cultos serão ultrapassados e depois
absorvidos pela corrente das
idéias de progressão.
A imobilidade, em vez de ser uma força, torna-se uma causa de fraqueza e
de ruína para quem não acompanha o movimento geral; ela quebra a unidade,
porque os que querem avançar se separam dos que se obstinam em permanecer
parados.

No estado atual da opinião e dos conhecimentos, a religião, que terá de
congregar um dia todos os homens sob o mesmo estandarte, será a que melhor
satisfaça à razão e às legítimas aspirações do coração e do espírito; que
não seja em nenhum ponto desmentida pela ciência positiva; que, em vez de
se imobilizar, acompanhe a Humanidade em sua marcha progressiva, sem nunca
deixar que a ultrapassem; que não for nem exclusivista, nem intolerante;
que for a emancipadora da inteligência,
com o não admitir senão a fé racional; aquela cujo código de moral seja o
mais puro, o mais lógico, o mais de harmonia com
as necessidades sociais, o mais apropriado, enfim, a fundar na Terra o
reinado do Bem, pela prática da caridade e da fraternidade universais.

O que alimenta o antagonismo entre as religiões é a idéia, generalizada
por todas elas, de que cada uma tem o seu deus particular e a pretensão de
que este é o único verdadeiro e o mais poderoso, em luta constante com os
deuses dos outros
cultos e ocupado em lhes combater a influência. Quando elas se houverem
convencido de que só existe um Deus no Universo
e que, em definitiva, ele é o mesmo que elas adoram sob os nomes de Jeová,
Alá ou Deus; quando se puserem de acordo
sobre os atributos essenciais da Divindade, compreenderão que, sendo um
único o Ser, uma única tem que ser a vontade suprema; estender-se-ão as
mãos umas às outras, como os servidores de um mesmo Mestre e os filhos de
um mesmo Pai
e, assim, grande passo terão dado para a unidade.



QUESTÕES PARA ESTUDO

a) Segundo Kardec, que fatores levarão à unidade das religiões?

b) Poe que transformações terão de passar as religiões para se dê essa unidade?

c) Quais as características da religião que um dia congregará todos os homens?

d) Em relação a Deus, o que marcará a diferença entre essa nova crença e as religiões hoje praticadas?


Conclusão

C O N C L U S Ã O

Jesus anunciou claramente que os homens um dia se unirão por uma crença única. Difícil parecerá isso, tendo-se em vista as diferenças que existem entre as religiões. Para chegarem a esta união, todavia, as religiões terão que fazer concessões e sacrifícios mais ou menos importantes, conforme à multiplicidade dos seus dogmas particulares.

QUESTÕES PROPOSTAS PARA ESTUDO

a) Segundo Kardec, que fatores levarão à unidade das religiões?

R - Kardec explica que, embora as diferenças e o antagonismo entre as religiões e a obstinação com que elas defendem suas doutrinas, a união dos homens numa crença única, predita por Jesus, far-se-á pela força das coisas, pois será uma necessidade, a fim de que se estreitem os laços de fraternidade entre as nações. Contribuirá, ainda, para essa unidade o desenvolvimento da razão humana, que se tornará apta a compreender as dissidências. Também o progresso da ciência, demonstrando, cada dia mais, os erros materiais em que as religiões se fundamentam é um dos fatores apontados por Kardec. A ciência afastará dos conceitos religiosos o que é obra dos homens e fruto de sua ignorância acerca das leis da Natureza, preparando o caminho para a unidade.

b) Por que transformações terão de passar as religiões para que se dê essa unidade?

R - As religiões terão que se encontrar num terreno neutro, comum a todas, fazendo concessões e sacrifícios mais ou menos importantes, conforme à multiplicidade dos seus dogmas particulares. No entanto, aponta Kardec que a iniciativa dessas transformações não devem partir do poder religioso, mas dos seus seguidores, individualmente. A imobilidade das religiões, contrariando a humanidade, que marcha para a frente, tornar-se-á elemento de destruição, sendo elas ultrapassadas e absorvidas pelo progresso das idéias.

c) Quais as características da religião que um dia congregará todos os homens?

R - A religião que um dia terá de congregar toda a humanidade será a que melhor atenda à razão e às legítimas aspirações dos homens. Que não seja desmentida pela ciência positiva; que acompanhe o progresso da humanidade, ao invés de se manter imobilizada; que não seja exclusivista nem intolerante; que não admita outra forma de fé senão a racional; que pregue um código moral mais puro, lógico, harmonioso com as necessidades humanas e mais apropriado a fundar o reinado do bem na Terra, através da prática da caridade e da fraternidade universais.

d) Em relação a Deus, o que marcará a diferença entre essa nova crença e as religiões hoje praticadas?

R - A visão que cada religião tem acerca da Divindade é o principal ponto de divergência entre elas. Cada uma tem o seu deus particular, adorado sob variados nomes, que seria o único verdadeiro e o mais poderoso, a lutar constantemente com os deuses das demais religiões, combatendo-lhes a influência. A nova crença predita por Jesus caracterizar-se-á pela existência de um Deus único no Universo, entendendo-se todas com relação aos seus atributos essenciais. Compreendendo que um único Ser tem a vontade suprema e que todos são filhos de um mesmo Pai, as religiões se unirão como servidoras de um mesmo Senhor, dando um grande passo para a unidade.