A Gênese
109 – Jesus caminha sobre a água - Transfiguração (itens 41 a 44)
Jesus caminha sobre a água
41.- Logo, fez Jesus que seus discípulos tomassem a barca e passassem para a outra margem antes dele,
que ficava a despedir o povo. - Depois de o ter despedido, subiu a um monte para orar e, tendo caído a
noite, achou-se ele sozinho naquele lugar.
Entrementes, a barca era fortemente açoitada pelas ondas, em meio do mar, por ser contrário o vento. -
Mas, na quarta vigília da noite, Jesus foi ter com eles, caminhando por sobre o mar.
- Quando eles o viram andando sobre o mar, turbaram-se e diziam: É um fantasma e se puseram a gritar
amedrontados. Jesus então lhes falou dizendo: Tranqüilizai-vos, sou eu, não tenhais medo.
Pedro lhe respondeu: Senhor, se és tu, manda que eu vá ao teu encontro, caminhando sobre as águas.
Disse-lhe Jesus: Vem. Pedro, descendo da barca, caminhava sobre a água, ao encontro de Jesus. Mas,
vindo um grande vento, ele teve medo; e como começasse a submergir, clamou: Senhor, salva-me. Logo,
Jesus, estendendo-lhe a mão, disse: Homem de pouca fé! por que duvidaste? - E, tendo subido para a
barca, cessou o vento. - Então, os que estavam na barca, aproximando-se dele o adoraram, dizendo: És
verdadeiramente filho de Deus, (S. Mateus, cap. XIV, vv. 22 a 33.)
42.- Este fenômeno encontra explicação natural nos princípios acima expostos, cap. XIV, nº 43.
Exemplos análogos provam que ele nada tem de impossível, nem de miraculoso, pois que se produz sob a ação das leis
da Natureza. Pode operar-se de duas maneiras.
Jesus, embora estivesse vivo, pôde aparecer sobre a água, com uma forma tangível, estando alhures o seu corpo. É a
hipótese mais provável. Fácil é mesmo descobrir-se na narrativa alguns sinais característicos das aparições tangíveis.
(Cap. XIV, nos 35 a 37.)
Por outro lado, também pode ter sucedido que seu corpo fosse sustentado e neutralizada a sua gravidade pela mesma
força fluídica que mantém no espaço uma mesa, sem ponto de apoio. Idêntico efeito se produz muitas vezes com os
corpos humanos.
Transfiguração
43.- Seis dias depois, tendo chamado de parte a Pedro, Tiago e João, Jesus os levou consigo a um alto
monte afastado (1) e se transfigurou diante deles. - Enquanto orava, seu rosto pareceu inteiramente
outro; suas vestes se tornaram brilhantemente luminosas e brancas qual a neve, como não há pesqueiro
na Terra que possa fazer alguma tão alva. - E eles viram aparecer Elias e Moisés, a entreter palestra com
Jesus.
Então, disse Pedro a Jesus: Mestre, estamos bem aqui; façamos três tendas: uma para ti, outra para
Moisés, outra para Elias. - É que ele não sabia o que dizia, tão espantado estava.
Ao mesmo tempo, apareceu uma nuvem que os cobriu; e, dessa nuvem, uma voz partiu, fazendo ouvir
estas palavras: Este é meu Filho bem-amado; escutai-o.
Logo, olhando para todos os lados, a ninguém mais viram, senão a Jesus, que ficara a sós com eles.
Quando desciam do monte, ordenou-lhes ele que a ninguém falassem do que tinham visto, até que o
Filho do Homem ressuscitasse dentre os mortos. - E eles conservaram em segredo o fato, inquirindo
uns dos outros o que teria ele querido dizer com estas palavras: Até que o Filho do Homem tenha
ressuscitado dentre os mortos. (S. Marcos, cap. IX, vv. 1 a 9.)
44.- É ainda nas propriedades do fluido perispirítico que se encontra a explicação deste fenômeno. A transfiguração,
explicada no cap. XIV, nº 39, é um fato muito comum que, em virtude da irradiação fluídica, pode modificar a aparência
de um indivíduo; mas, a pureza do perispírito de Jesus permitiu que seu Espírito lhe desse excepcional fulgor. Quanto
à aparição de Moisés e Elias cabe inteiramente no rol de todos os fenômenos do mesmo gênero. (Cap. XIV, nos 35 e
seguintes.)
.De todas faculdades que Jesus revelou, nenhuma se pode apontar estranha às condições da humanidade e que se não
encontre comumente nos homens, porque estão todas na ordem da Natureza. Pela superioridade, porém, da sua
essência moral e de suas qualidades fluídicas, aquelas faculdades atingiam nele proporções muito acima das que são
vulgares. Posto de lado o seu envoltório carnal, ele nos patenteava o estado dos puros Espíritos.
(1) O Monte Tabor, a sudoeste do lago de Tabarich e a 11 quilômetros a sudeste de Nazaré, com cerca de 1.000
metros de altura.
("A Gênese", capítulo XV, itens 41 a 44)
QUESTÕES PARA ESTUDO
a) Quais as hipóteses admitidas por Kardec para explicar o fato de Jesus ter caminhado sobre a água?
b) Como se opera o fenômeno da transfiguração?
c) Como se deu a aparição de Moisés e Elias no Monte Tabor?
Conclusão
C O N C L U S Ã O
É nas propriedades do fluido perispirítico que se encontra a explicação do fenômeno ocorrido ao caminhar Jesus
sobre a água, bem como a sua transfiguração e a aparição de Moisés e Elias, ambas ocorridas no Monte Tabor e
diante dos discípulos Pedro, Tiago e João. De todas as faculdades que Jesus revelou, nenhuma se pode apontar
estranha às Leis Naturais e às condições em que se encontram comumente nos homens, porque estão todas na
ordem da Natureza. Pela superioridade, porém, da sua essência moral e de suas qualidades fluídicas, aquelas
faculdades atingiam nele proporções muito acima das que são vulgares. Embora em seu envoltório carnal
constituído da mesma matéria dos homens comuns, Jesus deixava patenteado o estado de puro Espírito.
QUESTÕES PROPOSTAS PARA ESTUDO
a) Quais as hipóteses admitidas por Kardec para explicar o fato de Jesus ter caminhado sobre a água?
R - O texto evangélico de Mateus não explica as leis que regeram a produção do fenômeno narrado, até por que,
àquela época, eram desconhecidas. Com a revelação trazida pelo Espiritismo acerca das leis que regem a vida
espiritual, pode-se concluir, ainda que hipoteticamente, que se tratou de um fenômeno absolutamente natural,
ocorrido de acordo com as leis da Natureza e que foi tratado como milagre por serem estas ignoradas à época.
Kardec apresenta duas hipóteses que explicariam naturalmente a ocorrência do fenômeno. Na primeira, se explicaria
pela possibilidade de Jesus haver neutralizado a ação da gravidade sobre o seu corpo, à semelhança do que ocorria
com os fenômenos das mesas girantes. Com sua alta capacidade de manipular as leis da Natureza, Jesus envolveu
seu corpo físico com uma espécie de atmosfera fluídica que neutraliza o efeito da gravitação. Esse fluido deu ao seu
corpo, momentaneamente, maior leveza, permitindo-lhe manipulá-lo e deslocá-lo por sobre a água.
Outra hipótese, admitida por Kardec como a mais provável e que também se encontra perfeitamente de conformidade
com as leis da Natureza, é a aparição por sobre a água ter se dado através do fenômeno da aparição. Mediante a modificação molecular do perispírito, Jesus o teria condensado ao ponto de torná-lo momentaneamente visível aos
discípulos que se encontravam na barca, ficando seu corpo físico em outro local.
b) Como se opera o fenômeno da transfiguração?
R - No fenômeno de transfiguração, o espírito opera uma transformação fluídica em seu perispírito, alterando-lhe a
aparência. Sendo o perispírito um corpo de contextura semi-fluídica e semi-material, que irradia em torno do corpo
físico, pode o espírito, mediante a transformação dessa camada fluídica e através de seu psiquismo, operar uma
transformação da imagem real do corpo físico, pois este reflete a aparência do perispírito.
A transfiguração espelha sempre as qualidades morais do espírito e os seus sentimentos. Sendo Jesus um espírito
elevado, o mais elevado que o planeta conhece, totalmente depurado, em seu estado definitivo e que se identifica
inteiramente com as Leis Divinas, seu psiquismo somente poderia produzir a aparência bela, com "vestes
brilhantemente luminosas e brancas qual a neve", conforme relatado pelo evangelista.
c) Como se deu a aparição de Moisés e Elias no Monte Tabor?
R - A aparição de Moisés e Elias a Jesus, ocorrida no Monte Tabor e presenciada por Pedro, Tiago e João, deu-se
de maneira absolutamente natural, como ocorrem todos os fenômenos do mesmo gênero. Mediante a modificação
molecular de seus perispíritos, tornando-os momentaneamente mais densos, Moisés e Elias, desencarnados,
tornaram-se visíveis a Jesus e aos apóstolos, a quem queriam se mostrar. Essa condensação perispirítica se explica por ser o perispírito formado de substância etérea, plasticizada, adaptável conforme o psiquismo do espírito,
permitindo-lhe tornar-se visível aos encarnados.