A Gênese

067 – Escala dos seres orgânicos (itens 24 e 25)

1.- Entre os reinos vegetal e animal, nenhuma delimitação há nitidamente marcada. Nos confins dos dois reinos estão
os zoófitos ou animais-plantas, cujo nome indica que eles participam de um e outro: serve-lhes de traço de união.

2.- Como os animais, as plantas nascem, vivem, crescem, nutrem-se, respiram, reproduzem-se e morrem. Como eles,
precisam de luz, de calor e de água. Enfraquecem-se e morrem, quando lhes faltam esses elementos. A absorção de
um ar viciado e de substâncias deletérias as envenenam. Como caráter distintivo mais acentuado, conservam-se presas
ao solo e tiram dele a sua nutrição, sem se deslocarem.

3.- O zoófito tem a aparência exterior da planta. Como planta, mantém-se preso ao solo; como animal, a vida nele se
acha mais acentuada: tira do meio ambiente a sua alimentação. Um degrau acima, o animal é livre e procura o alimento.
Em primeiro lugar, vêm as inúmeras variedades de pólipos, de corpos gelatinosos, sem órgãos bem definidos, só
diferindo das plantas pela faculdade de locomoção. Seguem-se, na ordem do desenvolvimento dos órgãos, da atividade
vital e do instinto:
- os helmintos ou vermes intestinais;
- os moluscos, animais carnudos sem ossos, alguns deles nus, como as lesmas, os polvos, outros providos de conchas,
como o caracol, a ostra;
- os crustáceos, cuja pele é revestida de uma crosta dura, como o caranguejo, a lagosta;
- os insetos, nos quais a vida assume prodigiosa atividade e se manifesta o instinto engenhoso, como a formiga, a abelha
e a aranha.

4.- Alguns se metamorfoseiam, como a lagarta, que se transforma em elegante borboleta. Vem depois a ordem dos
vertebrados, animais de esqueleto ósseo, ordem que abrange os peixes, os reptis, os pássaros. Seguem-se, por fim, os mamíferos cuja organização é a mais completa.

5.- Se se considerarem apenas os dois pontos extremos da cadeia, nenhuma analogia aparente haverá; mas, se passar
de um anel a outro sem solução de continuidade, chega-se, sem transição brusca, da planta aos animais vertebrados. Compreende-se, então, a possibilidade de que os animais de organização complexa não sejam mais do que uma
transformação ou um desenvolvimento gradual, a princípio insensível, da espécie imediatamente inferior e, assim, sucessivamente, até ao primitivo ser elementar. 6.- Entre uma semente e uma árvore, é grande a diferença. Entretanto, se acompanharmos passo a passo o
desenvolvimento da semente, chegaremos à árvore e já não nos admiraremos de que esta proceda de tão pequena
semente. Se a semente encerra em latência os elementos próprios à formação de uma árvore gigantesca, por que não
se daria o mesmo do ácaro ao elefante?

7.- Kardec encerra este item concluindo que não existe geração espontânea senão para os seres orgânicos elementares.
As espécies superiores seriam produto das transformações sucessivas desses mesmos seres, realizadas à proporção
que as condições atmosféricas se lhes foram tornando propícias. Reportamo-nos, todavia, à observação feita a respeito
no estudo anterior: à época em que Kardec escreveu, a questão da geração espontânea ainda não se encontrava
resolvida pela ciência. Somente alguns anos após a publicação da obra é que Pasteur demonstrou, experimentalmente,
o principio segundo o qual todo o organismo vivo é gerado por outro, comprovando, definitivamente, o equívoco da teoria
da geração espontânea.


QUESTÕES PARA ESTUDO

a) Qual a teoria adotada por Kardec para explicar os diferentes tipos de seres vivos?

b) Que finalidade teria essa cadeia evolutiva dos seres vivos, isto é, a sucessivas passagens do mais simples vegetais
ao animais de formação mais complexas?

Conclusão

Entre os reinos vegetal e animal, nenhuma delimitação há nitidamente marcada. Nos extremos dos dois reinos,
nenhuma analogia aparente haverá. Mas, se passarmos passo a passo de um extremo a outro, sem solução de continuidade, chegaremos, sem transição brusca, da planta aos animais vertebrados. Cada espécie não é mais do que
uma transformação gradual da que lhe é imediatamente inferior. Assim, sucessivamente, desde o primitivo ser elementar.
É assim que acontece da glande ao carvalho, do pólipo ao elefante.


QUESTÕES PARA ESTUDO


a) Qual a teoria adotada por Kardec para explicar os diferentes tipos de seres vivos?

Allan Kardec, inspirado, naturalmente, pela Espiritualidade Superior que nos trouxe a Terceira Revelação, foi precursor
da teoria evolucionista, consagrada, mais tarde, por Charles Darwin. Segundo essa teoria, as diversas espécies
orgânicas que se conhece resultam do aperfeiçoamento sucessivo de cada uma delas, dando origem a uma outra, que
se seguiria, num verdadeiro processo escalonado de evolução.

Nesse sentido a conclusão de Kardec, no item 25 do capítulo que estamos estudando, de que, se passarmos de um
anel a outro dessa senda evolutiva, sem solução de continuidade, " ... chega-se, sem transição brusca, da planta aos
animais vertebrados. Compreende-se, então, a possibilidade de que os animais de organização complexa não sejam
mais do que uma transformação ou um desenvolvimento gradual, a princípio insensível, da espécie imediatamente
inferior e, assim, sucessivamente, até ao primitivo ser elementar."

É a afirmação daquele princípio trazido pelos Espíritos, na resposta à questão 540 do Livro dos Espíritos, segundo o
qual " ... Ë assim que tudo serve, que tudo se encadeia na Natureza, desde o átomo primitivo até o arcanjo, que
também, começou pelo átomo."


b) Que finalidade teria essa cadeia evolutiva dos seres vivos, isto é, a sucessivas passagens do mais simples vegetais
ao animais de formação mais complexas?

A finalidade da cadeia evolutiva por que passa a matéria orgânica, desde o mineral até a condição humana, é dotar o
elemento inteligente do Universo de um organismo físico adequado ao estado evolutivo em que se encontre,
possibilitando-lhe progredir rumo à perfeição possível, quando atingirá o estado crístico.

Como foi muito bem observado durante o estudo da semana, o Espiritismo traz em seu seio uma filosofia marcadamente
progressista do ser inteligente. Enquanto não atinge o seu objetivo final, o princípio inteligente vai sendo elaborado
através de uma composição física compatível com as suas necessidades evolutivas.

No início da caminhada, habita o mineral, que é constituído de matéria inerte e que somente possui uma força
mecânica. Esgotada essa fase, ingressa no reino vegetal, onde os corpos, além da matéria inerte, são dotados de
vitalidade. Em seguida, ascende ao reino animal, onde passa a habitar corpos mais complexos, compostos também de
matéria inerte e de vitalidade, mas já dotados de uma espécie de inteligência instintiva e limitada, individualizada. Finalmente, chega ao estado humano, que alguns consideram um quarto
reino e, outros, um grau mais avançado do reino animal. Nessa fase, além de todas as faculdades adquiridas e
acumuladas durante a longa trajetória percorrida nos reinos inferiores, recebe uma outra, especial, ainda indefinida para
nós, que lhe dá a consciência do seu futuro, o livre-arbítrio para pensar e agir e o conhecimento de Deus. O homem é,
segundo os Espíritos, um ser à parte.


B I B L I O G R A F I A

Em complementação ao estudo da Gênese orgânica que estamos fazendo, recomendamos a obra " A EVOLUÇÃO
ANÍMICA", de Gabriel Delanne.