A Gênese

044 – Diversidade dos mundos (ítens 58 a 61)

1. Visitando as imensas regiões do espaço, através da descrição de Galileu, psicografada por Camilo Flamarion,
vimos que sóis sucederam a sóis, os sistemas aos sistemas, as nebulosas às nebulosas. Desenrolou-se o
panorama esplêndido da harmonia do Cosmo e antegozamos a idéia do infinito, que somente quando atingirmos a perfectibilidade poderemos compreender em toda a sua extensão. Os mistérios do éter nos desvendaram o seu
enigma até aqui indecifrável e, pelo menos, concebemos a idéia da universalidade das coisas.

2. É belo, sem dúvida, haver reconhecido quanto é ínfima a Terra e medíocre a sua importância na hierarquia dos
mundos; é belo haver abatido a presunção humana, que nos é tão cara, e nos termos humilhado ante a grandeza
absoluta. Ainda mais belo, no entanto, será que interpretemos em sentido moral o espetáculo de que fomos
testemunhas: o poder infinito da Natureza e a idéia que devemos fazer do seu modo de ação nos diversos domínios
do vasto Universo.

3. Acostumados a julgar das coisas pela nossa insignificante e pobre habitação, imaginamos que a Natureza não
pode ou não teve de agir sobre os outros mundos, senão segundo as regras que lhe conhecemos na Terra.
Precisamente neste ponto é que importa reformemos a nossa maneira de ver.

4. Observando os seres que pairam nos ares, descendo à violeta dos prados e mergulhando nas profundezas do
oceano, em tudo e por toda a parte teremos esta verdade universal: a Natureza onipotente age conforme os lugares,
os tempos e as circunstâncias. Ela é una em sua harmonia geral, mas múltipla em suas produções; brinca com um
Sol, como com uma gota dágua; povoa de seres vivos um mundo imenso com a mesma facilidade com que faz se
abra o ovo posto pela borboleta.

5. Se é tal a variedade que podemos observar neste pequeno mundo tão acanhado, tão limitado, imaginemos quão
mais ampliado será nos mundos maiores, quão mais desenvolvida e pujante será, operando nesses mundos
maravilhosos que, muito mais do que a Terra, lhe atestam a inapreciável perfeição.

6. Não vejamos, pois, em, torno de cada um dos sóis do espaço, apenas sistemas planetários semelhantes ao
nosso. Não vejamos, nesses planetas desconhecidos, apenas os três reinos que encontramos na Terra. Pensemos,
ao contrário, que, assim como nenhum rosto de homem se assemelha a outro, também uma portentosa diversidade,
inimaginável, se acha espalhada pelas moradas eternas que vogam no seio dos espaços.

7. Do fato de que a nossa natureza animada começa no zoófito para terminar no homem; de que a atmosfera
alimenta a vida terrestre; de que o elemento líquido a renova incessantemente; de que as nossas estações fazem se
sucedam nessa vida os fenômenos que as distinguem, não devemos concluir que os milhões e milhões de terras que
rolam pela amplidão sejam semelhantes à que habitamos. Longe disso, aquelas diferem, de acordo com as diversas
condições que lhes foram prescritas e de acordo com o papel que a cada uma coube no cenário do mundo. São
pedrarias diversificadas de um imenso mosaico, as diversificadas flores de admirável parque.


QUESTÕES PARA ESTUDO


a) São idênticos os numerosos mundos existentes no Universo?

b) E as condições de vida neles existentes?


Conclusão

C O N C L U S Ã O

As leis e as forças que atuam sobre o fenômenos que ocorrem em cada um dos mundos são diversas, obedecendo às necessidades peculiares de cada um. Uma portentosa diversidade de formas de ação da Natureza, inimaginável para nós, acha-
-se espalhada pelas moradas que vagam pelo espaço. Não podemos imaginar que a ação da Natureza nesses globos obedeça às mesmas regras que conhecemos na Terra, impondo as mesmas condições de vida. Cada mundo tem a sua atmosfera própria, suas estações climáticas, seus fenômenos típicos. Nenhum globo é igual a outro.


QUESTÕES PROPOSTAS PARA ESTUDO

a) São idênticos os numerosos mundos existentes no Universo?

R - Uma simples observação dirigida a uma região qualquer do nosso globo permite-nos constatar uma variedade infinita de seres e de fenômenos produzidos pela Natureza. Vemos que as leis e as forças instituídas pelo Criador atuam incessantemente, numa atividade sem igual. A Natureza onipotente age conforme os lugares, os tempos e as circunstâncias, sem que isso venha a comprometer a harmonia que reina no seio da criação. As ações dessas leis e forças naturais são harmônicas, porém, múltiplas. Se, num pequeno mundo como o nosso planeta, que já vimos ser insignificante no contexto geral do Universo, é de tal variedade a ação da Natureza, quão mais variada, desenvolvida e pujante deve ser a sua ação em mundos inimaginavelmente maiores e mais complexos. Os sistemas planetários são, portanto, diferentes. A vida não se limita aos três reinos que aqui conhecemos.


b) E as condições de vida neles existentes?

R - A diversidade dos mundos ensinada por Galileu mostra-nos que são diferentes condições de vida nos numerosos mundos que integram o Universo. Cada um tem as suas próprias condições de vida, sempre de modo a atender às suas necessidades para cumprir o seu papel no concerto universal. As leis e as forças que os regem são diferentes das que reinam sobre os fenômenos que ocorrem na Terra. Conforme explica o Espírito, assim como nenhum rosto de ser humano é exatamente igual ao de outro, nenhum dos incontáveis mundos que compõem as muitas moradas da casa do Pai é igual a outro.

Fica-nos a lição do quanto é carente de importância o nosso Planeta perante a hierarquia dos mundos. A pretensão humana de sermos os únicos seres inteligentes em todo o Universo torna-se descabida e sem sentido. Aprendemos que o poder da Natureza é infinito e que a evolução, tanto dos mundos como dos espíritos que o habitam, é incessante; que não podemos julgar a ação da Natureza segundo as regras que conhecemos na Terra. Reflitamos sobre a universalidade das coisas e a solidariedade que reina sobre elas. Que esses ensinamentos nos sirvam como um motivo a mais para buscarmos a nossa perfectibilidade, o que nos permitirá compreender, em toda a sua extensão, a grandeza cósmica e a perfeição infinita que caracterizam a obra de Deus.