A Gênese

030 – O espaço e o tempo (ítem 1)

Observação: Allan Kardec esclarece que este capítulo é textualmente extraído de uma série de comunicações ditadas
à Sociedade Espírita de Paris, em 1.862 e 1.863, sob o título Estudos uranográficos e assinadas pelo
espírito GALILEU, tendo como médium C.F. Esclarece Guillon Ribeiro, tradutor da obra para a Federação
Espírita Brasileira, que essas são as iniciais de Camilo Flamarion, membro da Sociedade e amigo de
Kardec.


R E S U M O

1.- Muitas definições foram dadas para explicar o que seja o espaço. Nenhuma delas, contudo, logrou acrescentar algo
à idéia que o próprio termo exprime. Para uns, o espaço é a extensão que separa dois corpos e, onde não haja corpos,
não haverá espaço. Nisto se basearam alguns teólogos para estabelecerem que o espaço é necessariamente finito,
alegando que certo número de corpos finitos não poderiam formar uma série infinita e que, onde acabassem os corpos,
igualmente o espaço acabaria. Também definiram o espaço como sendo o lugar onde se movem os mundos, o vazio
onde a matéria atua, etc.

2.- O espírito Galileu deixa essas definições de lado e acentua que o espaço é infinito, pela razão de ser impossível
imaginar-lhe um limite qualquer e porque mais fácil é avançar pelo espaço eternamente, em pensamento, do que parar
num ponto qualquer em que não mais encontrássemos extensão a percorrer.

3.- Para figurarmos a infinidade do espaço, suponhamos que, partindo da Terra para um ponto qualquer do Universo, com
a velocidade da centelha elétrica, havendo percorrido milhões de léguas, nos achamos num lugar donde apenas o divisamos sob o aspecto de pálida estrela. Seguindo sempre a mesma direção, chegamos a essas estrelas longínquas,
que mal percebemos. Daí, não só a Terra nos desaparece inteiramente do olhar nas profundezas do céu, como também
o próprio Sol, com todo o seu esplendor, se há eclipsado pela extensão que dele nos separa. A cada passo que avançamos na extensão, transpomos sistemas de mundos, ilhas de luz etérea, estradas estelíferas, paragens suntuosas
onde Deus semeou mundos na mesa profusão com que semeou as plantas nas pradarias terrenas.

4.- Há apenas poucos minutos que caminhamos e já centenas de milhões de milhões de léguas nos separam da Terra,
bilhões de mundos nos passaram sob as vistas e, entretanto, em realidade, não avançamos um só passo que seja no
Universo.

5.- Se continuarmos durante anos, séculos, milhares de séculos, milhões de períodos cem vezes seculares e sempre
com a mesma velocidade do relâmpago, nem um passo igulamente teremos avançado, qualquer que seja o lado para
onde nos dirijamos e qualquer que seja o ponto para onde nos encaminhemos, a partir desse grãozinho invisível donde
saímos e a que chamamos Terra.
"Eis aí o que é o espaço!", conclui o espírito Galileu.


QUESTÕES PARA ESTUDO

a) Qual a diferença entre os conceitos de espaço dado pelas definições antigas e a visão do espírito Galileu?
b) De que modo Galileu figura a dimensão do espaço?


Conclusão

C O N C L U S Ã O

As definições de espaço não conseguem acrescentar algo à idéia que o próprio termo exprime. Os antigos concebiam o espaço como algo finito. O espírito Galileu deixa essas definições de lado e acentua que o espaço é infinito, pela razão de ser impossível imaginar-lhe um limite qualquer.
QUESTÕES PARA ESTUDO

a) Qual a diferença entre os conceitos de espaço dado pelas definições antigas e a visão do espírito Galileu?

R - Os antigos, principalmente os teólogos, concebiam o espaço como algo limitado, finito, constituindo uma extensão entre dois corpos. Assim, somente existiria espaço onde existisse corpos físicos, onde a matéria densa estivesse presente. Alegavam que certo número de corpos finitos não poderiam formar uma série infinita e que, onde acabassem os corpos, igualmente o espaço acabaria. Também definiram o espaço como sendo o lugar onde se movem os mundos, o vazio onde a matéria atua. O espírito Galileu, todavia, que subscreve o presente capítulo e cujos ensinamentos foram acolhidos por Kardec, trouxe a confirmação de que o espaço é infinito, posto que inimaginável qualquer limite. Isto é, existe o espaço mesmo onde não exista a matéria tal qual a conhecemos.

b) De que modo Galileu figura a dimensão do espaço?

R - Galileu entende que a idéia de espaço constitui um axioma, uma dessas verdades por si só definidas, não necessitando de demonstração para ser aceita. Por mais que imaginemos avançar de um ponto qualquer do Universo, jamais poderemos supor haver terminado o espaço, explica o Espírito comunicante. Mesmo percorrendo o espaço numa velocidade imaginária de uma centelha elétrica, constataremos não haver avançado um só passo no Universo. Ainda que nos fosse possível percorrê-lo com a velocidade de um relâmpago, durante milhões de séculos, partindo de qualquer ponto da Terra, em qualquer que fosse a direção, da mesma forma, nenhum passo teríamos avançado, se comparado à imensidão que é o espaço, conclui Galileu.