A Gênese

025 – Papel da ciência na Gênese (ítens 6 a 12)


1.- A Bíblia narra fatos que hoje, com o desenvolvimento da ciência, a razão os rejeita e, outros, que derivam de
costumes que já não são os nossos. Apesar disso, traz belas imagens e alegorias que, penetrando-se no âmago
do pensamento ali expresso, verifica-se que não constitui nenhum absurdo.

2.- As interpretações cuja impossibilidade a ciência veio demonstrar devem-se à falta de conhecimentos trazidos
somente mais tarde pela ciência e pelo princípio da imutabilidade absoluta da fé, imposto à época, o que levaram a
uma leitura cega da letra. Como todas as crenças baseavam-se na gênese, temia-se que, uma vez questionada a
base, todo o restante viesse a ser comprometido.

3.- Com o desenvolvimento da ciência, ficaram demonstrados os erros da gênese moisaica e a impossibilidade
material de terem as coisas se passado como estão ali narradas. Em conseqüência, a ciência também desferiu um
fundo golpe nas crenças seculares, afetando a fé ortodoxa, que se baseava na obrigatoriedade da aceitação sem se
observar a razão.

4.- Objeta-se a ação da ciência com o argumento de que, sendo a Bíblia uma revelação divina, Deus teria, então,
se enganado. Não sendo uma revelação divina, a gênese careceria de autoridade e a religião, que tem nela a sua
base, se desmoronaria. Sendo, porém, Deus, todo verdade, não induziria o homem a erro, pelo que somente
podemos concluir que ele não pronunciou as palavras como ali se acham escritas ou que elas foram entendidos em
sentido oposto ao que lhes é próprio.

5.- A ciência tem por missão descobrir as leis da Natureza, que, sendo obras de Deus, não podem ser contrariadas
pelas religiões. Desconhecer o progresso para preservar determinadas religiões é ofender as leis de Deus, além de
inútil, pois não se conseguiria obstar que a ciência avance e a verdade surja. As religiões que temem as descobertas
da ciência fazem uma idéia mesquinha da Divindade, não compreendendo que assimilar as leis da Natureza que a
ciência revela é glorificar a Deus em suas obras.

6.- A ciência tem se limitado à pesquisa das leis que regem a matéria, compreendendo o mecanismo do Universo e
do organismo humano. Sobre esses pontos pode completar a Gênese de Moisés, retificando-lhe as partes equivocadas.
Com relação ao ser espiritual, porém, a ciência ainda não dominou as leis que regem as suas relações, limitando-se a
formular sistemas contraditórios por intermédio da Filosofia, que vão desde a mais pura espiritualidade até a negação
do princípio espiritual e até de Deus.

7.- A questão espiritual, no entanto, é a mais importante para o homem, pois lhe importa saber de onde ele veio e para
onde ele vai. A do mundo material apenas indiretamente o afeta, pois é temporária.


QUESTÕES PARA ESTUDO

a) Como Kardec explica o fato de a Gênese bíblica ter sido aceita como verdadeira por tantas religiões?

b) Por que os equívocos nela existentes e que foram expostos pela ciência não podem ser interpretados como
contestação aos atributos da Divindade?

c) Pelo que se viu, é possível a coexistência da religião com os avanços da ciência?


Conclusão


A Bíblia narra fatos que hoje, com o desenvolvimento da ciência, ficou demonstrada a impossibilidade
material de terem se passado como estão ali narrados. Em conseqüência, a ciência também desferiu um
fundo golpe nas crenças seculares, afetando a fé ortodoxa, que se baseava na obrigatoriedade da aceitação
sem se observar a razão.A ciência tem por missão descobrir as leis da Natureza, que, sendo obras de Deus,
não podem ser contrariadas pelas religiões. Compreendendo melhor o mecanismo do Universo e do organismo
humano, o homem tem hoje uma gênese mais condizente com os atributos da Divindade, guardando sempre
o respeito devido à Gênese moisaica, que, além das belas imagens que contém, teve um papel importante
em determinado momento da evolução da humanidade.


QUESTÕES PROPOSTAS PARA ESTUDO


a) Como Kardec explica o fato de a Gênese bíblica ter sido aceita como verdadeira por tantas religiões?

A gênese bíblica foi adotada como princípio de fé, sem se admitir qualquer questionamento a respeito. Como
explica o Codificador, numa época em que a humanidade estava carente de conhecimentos científicos, em que
predominava o atraso moral e intelectual, recém saída da fase primitiva, somente à custa do temor a Deus é
que se conseguiria impor algum limite, algum princípio moral àquele povo, de modo a permitir uma convivência
algo civilizada.

Nesse contexto, não havia como se questionar os fatos narrados na Gênese. Todo o edifício religioso se
desmoronaria e a humanidade retornaria ao estado primitivo, em que prevalecia o instinto de conservação, à falta
de um Poder Superior que se fizesse respeitar. Por essa razão é que as religiões tradicionais impingiram uma
gênese conforme conhecida, sem se admitir qualquer questionamento quanto a possibilidade ou não dos fatos
terem se passados da forma narrada. Objetivava-se manter os homens sob controle e, para isso, era necessário
uma divindade que não sofresse qualquer abalo em seu poder. Dentro da evolução intelectual da época, qualquer
dúvida a respeito dos fatos bíblicos seria interpretada como fraqueza ou falha de Deus, pois, como ainda hoje
ocorre com algumas denominações religiosas, tinham a Bíblia como a palavra de Deus.

Além desse aspecto, há que se considerar, também, que não havia como se questionar os fatos bíblicos devido
ao desconhecimento científico a respeito dos temas envolvidos na gênese. Não foi somente, portanto, para
para preservar as religiões, mas também por não ter a humanidade meios de investigação é que se aceitou
durante todo esse tempo a Gênese bíblica como é conhecida.


b) Por que os equívocos nela existentes e que foram expostos pela ciência não podem ser interpretados como
contestação aos atributos da Divindade?

A ciência tem por missão descobrir as leis da Natureza, que, sendo obras de Deus, não podem ser contrariadas
pelas religiões. Desconhecer o progresso para preservar a imagem da Divindade, como entendem determinadas
religiões é contrariar as suas próprias leis, além de inútil, pois não se conseguiria obstar que a ciência avance e
que a verdade venha à tona. As religiões que temem as descobertas da ciência fazem uma idéia mesquinha da
Divindade, não compreendendo que assimilar as leis da Natureza que a ciência revela é glorificar a Deus em
suas obras.


c) Pelo que se viu, é possível a coexistência da religião com os avanços da ciência?

Kardec demonstra nesse capítulo que não só é possível como necessário. A religião sem o amparo da ciência
torna-se uma fábrica de dogmas e mitos, que somente levam o homem à descrença. Perde a sua credibilidade.
A ciência sem a religião afasta-se da sua função principal, que é aprofundar o estudo das leis da Natureza,
divorciando-se do Criador e enveredando por uma caminho que não leva à evolução espiritual da humanidade.
Perde a sua referência maior, que é avançar sempre visando o progresso e o bem do homem, passando a ser
usada em sentido contrário ao que lhe destinou o Criador.