A Gênese

016 – A Providência - 1a. parte (ítens 20 a 25)

1.- A providência é a solicitude de Deus para com as suas criaturas. Ele está em toda parte, tudo vê, a tudo
preside, mesmo às coisas mais mínimas. É nisto que consiste a ação providencial.

2.- No estado de inferioridade em que ainda se encontra, o homem não pode compreender que Deus seja
infinito, figurando-o circunscrito e limitado como ele e adorando-o mais a forma que o pensamento. Para a
maioria, é um soberano poderoso, sentado num trono inacessível e perdido na imensidade dos céus, não
compreendendo que possa ele intervir diretamente nas pequenas coisas.

3.- Impotente para compreender a essência da Divindade, o homem só pode fazer dela uma idéia aproximada,
mediante comparações imperfeitas, mas que servem para lhe mostrar a possibilidade daquilo que, à primeira
vista, lhe parece impossível.

4.- Para se ter uma idéia mais aproximada possível do que seja Deus, Kardec nos leva a supor um fluido sutil
o bastante para penetrar todos os corpos. Não sendo inteligente esse fluido, atua mecanicamente, por força
apenas da matéria. Se imaginarmos esse fluido com inteligência, dotado de faculdades perceptivas e sensitivas,
ele já não atuará às cegas, mas com discernimento, com vontade e liberdade: verá, ouvirá e sentirá.

5.- Seria como o fluido perispirítico, que, não sendo por si mesmo inteligente, pois que é matéria, serve de
veículo ao pensamento, às sensações e às percepções do espírito. Não sendo o pensamento do espírito, é o
agente e o intermediário desse pensamento, ficando, de certo modo, impregnado do pensamento transmitido.
Não podendo isolá-lo, parece-nos que o pensamento faz parte desse fluido, como acontece com o som e o ar,
de maneira que se pode entendê-lo materializado. Tomando o efeito pela causa, é comum dizermos que o ar
se torna sonoro; do mesmo modo, poderíamos dizer que o fluido se torna inteligente.

6.- Quer o pensamento de Deus atue diretamente ou por intermédio de um fluido, se tomarmos a figura de um
fluido inteligente que enche o universo infinito e penetra todas as partes da criação, toda a Natureza estaria
mergulhada nesse fluido divino. Tendo a parte de um todo a sua mesma natureza e as mesmas propriedades,
esse fluido está em toda a parte, submetendo tudo à sua ação inteligente, à sua providência e à sua solicitude.

7.- Não havendo nenhum ser que não esteja saturado desse fluido, achamo-nos, então, constantemente, na
presença de Deus. Nosso pensamento está em contato permanente com o seu pensamento. As nossas preces
não precisam transpor o espaço nem ser ditas em voz alta para que ele as ouça. Estando ininterruptamente ao
nosso lado, os nossos pensamentos repercutem nele.

8.- Kardec ressalta que não pretende materializar a Divindade com a idéia de um fluido inteligente universal, mas,
apenas, dar uma visão mais exata do que as que apresentam Deus sob a figura humana, fazendo compreender a
possibilidade que ele tem de estar em toda a parte e de se ocupar com todas as coisas.


QUESTÕES PARA ESTUDO

a) Podemos definir a providência como sendo a onipresença de Deus?

b) Como Kardec procura explicar a influência de Deus em nossas vidas?

c) Qual a importância da prece, segundo o estudo da providência divina?



Conclusão

C O N C L U S Ã O

A Providência é a solicitude de Deus para com as suas criaturas. Impotente
para compreender a essência mesma da Divindade,
o homem não pode fazer dela mais do que uma idéia aproximativa: um fluido,
sutil para penetrar todos os corpos; dotado de inteligência, de faculdades
perceptivas e sensitivas e que atua com discernimento, vontade e
liberdade. Tudo vê, tudo ouve e tudo sente. Todo o Universo está
mergulhado nesse fluido, haurindo nele a força que move as coisas e
mantendo-se em contato permanente e direto com o seu pensamento. A imagem
de um fluido inteligente universal, evidentemente, não passa de uma
comparação apropriada a dar de Deus uma idéia mais exata do que os quadros
que o apresentam debaixo de uma figura humana. Destina-se ela a fazer
compreensível a possibilidade que tem Deus de estar em toda parte e de se
ocupar com todas as coisas.

QUESTÕES PROPOSTAS PARA ESTUDO

a) Podemos definir a Providência como sendo a onipresença de Deus?

R - A Providência Divina é a presença de Deus em toda parte, tudo vendo,
tudo presidindo e oferecendo às criaturas a sua solicitude. Ela se faz
presente até nos mais ínfimos atos e pensamentos de cada um. É nisto que
consiste a ação providencial.
Admitida a existência de Deus, só se pode admitir, quanto à sua ação, que
ela se exerça sobre as leis gerais do Universo; que este funcione de toda
a eternidade em virtude dessas leis, às quais toda criatura se acha
submetida na esfera de suas atividades, sem que haja mister a intervenção
incessante da Providência. Porém, no estado de inferioridade em que nos
encontramos, o homem ainda tem dificuldade de compreender isso,
circunscrevendo a ação da Divindade aos seus próprios limites. Daí a
concepção de uma imagem com traços humanos, sentado num trono perdido nos
céus, onde exerce a soberania de seu poder.

b) Como Kardec procura explicar a influência de Deus em nossas vidas?

R - Mesmo reconhecendo a impotência da humanidade para compreender a
essência divina, Kardec admite uma hipótese possível para a compreensão da
questão: um fluido inteligente, que enche o Universo e penetra todos os
corpos, atuando com discernimento, vontade e liberdade. Tendo a parte de
um todo a mesma natureza e as mesmas propriedades que ele, podemos
concluir que toda a criação está impregnada desse fluido, submetendo-se à
sua ação inteligente, à sua providência e à sua solicitude. Nenhum ser
haverá que não esteja saturado desse fluido. Em conseqüência, achamo-nos
constantemente na presença de Deus. Nenhuma de nossas ações, nenhum de
nossos pensamentos, podemos lhe subtrair, havendo, pois, razão para se
dizer que Deus vê os mais profundos refolhos do nosso coração. Estamos
nele, como ele está em nós, segundo as palavras do Cristo.

c) Qual a importância da prece, segundo o estudo da Providência Divina?

R - Estando, assim, Deus em toda a parte, a tudo vendo e a tudo ouvindo,
os nossos pensamentos estão, ininterruptamente, em contato com o seu
pensamento. Por essa razão, encontrando-nos permanentemente em contato com
o Criador, a prece sempre chega até ele, não necessitando de formas
convencionais nem de ser dita em voz alta. Sendo ele soberana e
infinitamente bom
e justo, a prece será sempre atendida, dependendo apenas do nosso
merecimento. Jesus ensinou: "pedi e obtereis"; mas, também, que "a cada um
será dado segundo as suas obras".