A Gênese
013 – Existência de Deus (ítens 1 a 7)
1.- Deus é a causa primária de todas as coisas, a origem de tudo que existe e a base de toda a criação.
2.- Constitui princípio elementar que pelos efeitos é que se julga uma causa, mesmo quando ela se conserva
oculta. Em tudo, observando os efeitos é que se chega ao conhecimento da causa.
3.- Outro princípio que se tornou axioma é o de que todo efeito inteligente tem que decorrer de uma causa
inteligente. Quando se contempla uma obra de arte ou da indústria, diz-se que produzida por um homem, por
se verificar que não está acima da capacidade humana. A ninguém ocorrerá dizer que saiu do cérebro de um
idiota ou de um ignorante, nem, ainda menos, que é trabalho de um animal ou produto do acaso.
4.- Em toda a parte, reconhece-se a presença do homem pelas suas obras. Observando-se as obras da
da Natureza, por sua providência, sabedoria e harmonia verifica-se que ultrapassam o limite da mais portentosa
inteligência humana. Se o homem não as pode produzir, conclui-se que elas são produto de uma inteligência
superior à Humanidade, a menos que se sustente que há efeitos sem causa.
5.- Opõem alguns que as obras da Natureza são produzidas por forças materiais que atuam mecanicamente.
Assim com as moléculas do corpo, as plantas, os animais, os astros, tudo, enfim, se rege pelas leis de
atração e repulsão. Por esse raciocínio, as forças orgânicas da Natureza são puramente automáticas.
6.- Entretanto, não consideram os que assim pensam que, embora essas forças sejam materiais e mecânicas,
não são inteligentes de si mesmas. São efeito de uma causa e não podem se constituir a Divindade. A aplicação
útil dessas forças é um efeito inteligente, que denota uma causa inteligente.
7.- Kardec exemplifica citando um pêndulo, que se move com automática regularidade, movida por uma força
material. Nessa regularidade é que está o seu mérito. Mas que seria esse pêndulo, se uma inteligência não o
houvesse distribuído inteligentemente essa força, indaga o Codificador? Do fato de não estar essa inteligência
no pêndulo e de ninguém a ver pode-se deduzir que ela não existe? A existência do relógio atesta a existência
do relojoeiro e a engenhosidade do mecanismo lhe atesta a inteligência e o saber.
8.- Quando um relógio dá a hora precisa, nunca ocorreu a alguém dizer: aí está um relógio inteligente. E conclui:
Allan Kardec: " o mesmo ocorre com o mecanismo do Universo: Deus não se mostra, mas se revela pelas suas
obras."
9.- A existência de Deus é, pois, uma realidade comprovada não só pela revelação como pela evidência material
dos fatos. Os povos selvagens, que nenhuma revelação tiveram, crêem, instintivamente, na existência de um poder
sobre-humano. Vendo coisas que estão acima das possibilidades do homem, deduzem que provêm de um ente
superior à Humanidade. Demonstram, portanto, mais lógica do que os que pretendem que tais coisas se fizeram
a si mesmas.
QUESTÕES PARA ESTUDO
a) De que princípio utilizou-se Kardec para demonstrar a existência de Deus?
b) E para demonstrar a sua ação inteligente?
c) Como Kardec refuta o argumento de que as obras da Natureza são produto de forças puramente mecânicas?
Conclusão
C O N C L U S Ã O
Não existe efeito sem causa, este é um axioma da ciência. Nem sempre, porém, essa causa nos é visível, o que não implica dizer que ela não existe. Sendo esse efeito inteligente, a causa que o origina somente pode ser igualmente inteligente. Em toda parte se reconhece a presença do homem pelas suas obras. Pela grandiosidade das obras da Natureza, porém, há que se concluir que a sua causa não pode ser a inteligência humana. Somente uma inteligência muito superior à do homem poderia dar causa a um efeito de tamanha magnitude.
QUESTÕES PROPOSTAS PARA ESTUDO
a) De que princípio utilizou-se Kardec para demonstrar a existência de Deus?
R - Kardec se utilizou de um axioma utilizado pela ciência, segundo o qual não há efeito sem causa. É princípio elementar da ciência que pelos seus efeitos é que se julga de uma causa, ainda que essa causa se conserve oculta. Cita, como exemplo, um pássaro que, ao voar, é atingido por um tiro. Ainda que o atirador não seja visto, é de se deduzir a sua existência. Conclui-se, pois, que nem sempre se faz necessário vejamos uma coisa para sabermos que ela existe e que, observando-se o efeito, conhece-se a causa.
b) E para demonstrar a sua ação inteligente?
R - Kardec parte de outro princípio elementar igualmente utilizado pela ciência e que também se tornou axioma para comprovar a inteligência de Deus: todo efeito inteligente resulta de uma causa inteligente. Em toda parte se reconhece a presença do homem pelas suas obras. Uma obra de arte, por exemplo, não pode se fazer por si mesma. Reconhece-se, nela, a atuação de uma inteligência, pois somente uma inteligência poderia concebê-la. Ninguém admitiria ser obra de um animal ou produto do acaso. Verificando-se que não está acima da capacidade humana, conclui-se ser ela obra de um homem.
Pela perfeição ou imperfeição da obra, poder-se-á reconhecer o grau de inteligência ou de adiantamento do seu autor. A existência do homem pre-histórico prova-se não apenas pelos fósseis encontrados, mas, também, por objetos daquela época
trabalhados pelo homem. Uma pedra talhada, por exemplo, pode atestar a presença do homem pouco adiantado; um obra de arte, no entanto, prova que, não sendo ele capaz de produzi-la, somente pode ser obra de uma inteligência superior. O mesmo acontece com a obra da Criação. Observando-se a perfeita harmonia que move toda a Natureza, somos forçados a reconhecer que ela ultrapassa o limite da inteligência humana. Não podendo o homem produzí-la, somente pode ser fruto de uma inteligência superior à da Humanidade. Apenas uma inteligência superior à mais luminosa sabedoria de um homem de gênio seria capaz
de produzí-la, a menos que se admita possa haver inteligência sem causa. Logo, essa inteligência somente pode provir da Divindade.
c) Como Kardec refuta o argumento de que as obras da Natureza são produto de forças puramente mecânicas?
R - Os que se recusam a aceitar a existência de Deus argumentam que as obras da Natureza são efeito de forças puramente materiais, que atuam mecanicamente, em virtude de leis e forças que se põem em ação através de um automatismo. Kardec demonstra que essas leis e forças são materiais e mecânicas e não inteligentes. Sendo a sua aplicação útil um efeito inteligente, é irrefutável a existência de uma causa inteligente por trás delas. Exemplifica com a existência do relógio, que não se pode conceber sem a existência do relojoeiro. A "engenhosidade do mecanismo lhe atesta a inteligência e o saber. Quando um relógio vos dá, no momento preciso, a indicação de que necessitais, já vos terá vindo à mente dizer: aí está um relógio bem inteligente? Outro tanto ocorre com o mecanismo do Universo: Deus não se mostra, mas se revela pelas suas obras", conclui o Codificador.