A Gênese

096 – Catalepsia - Ressurreições (itens 29 a 30)

R E S U M O


1.- O fluido perispirítico, embora insensível como a matéria, transmite a sensação ao centro sensitivo, que é o espírito.
As lesões dolorosas do corpo repercutem, pois, no espírito, qual choque elétrico, por intermédio do fluido perispiritual,
que parece ter nos nervos os seus fios condutores.

2.- A interrupção da sensação pode se dar pela separação de um membro ou pela secção de um nervo, mas, também, parcialmente ou de maneira geral e sem nenhuma lesão, nos momentos de emancipação, de grande sobreexcitação
ou de preocupação do espírito. Nesse estado, o espírito não pensa no corpo e, em sua febril atividade, atrai a si, por
assim dizer, o fluido perispiritual que, retirando-se da superfície, produz aí uma insensibilidade momentânea.

3.- Poder-se-ia também admitir que, em certas circunstâncias, no próprio fluido perispiritual opera-se uma modificação
molecular, que lhe tira temporariamente a propriedade de transmissão. É o que ocorre, muitas vezes, com um militar
no ardor do combate e com uma pessoa, cuja atenção se acha concentrada num trabalho. Efeito análogo, porém mais pronunciado, verifica-se com alguns sonâmbulos, na letargia e na catalepsia.

4.- Em certos estados patológicos, quando o espírito há deixado o corpo e o perispírito só por alguns pontos se lhe
acha aderido, apresenta o corpo todas as aparências da morte e enuncia-se uma verdade absoluta, dizendo que a vida
aí está por um fio. Semelhante estado pode durar mais ou menos tempo. Podem mesmo algumas partes do corpo
entrar em decomposição, sem que, no entanto, a vida se ache definitivamente extinta.

5.- Enquanto não se haja rompido o último fio, pode o Espírito, quer por uma ação enérgica, da sua própria vontade,
quer por um influxo fluídico estranho, igualmente forte, ser chamado a volver ao corpo. É como se explicam certos
fatos de prolongamento da vida contra todas as probabilidades e algumas supostas ressurreições. Quando, porém, as
últimas moléculas do corpo fluídico se têm destacado do corpo carnal ou quando este último há chegado a um estado
irreparável de degradação, impossível se torna todo regresso à vida.



QUESTÕES PARA ESTUDO

a) Sendo a matéria insensível, como se explica a sensação de dor física?

b) É possível ocorrer lesões dolorosas no corpo físico sem a sensação de
dor?

c) Como podemos definir a catalepsia e as chamadas ressurreições?

d) Qual a explicação para a ocorrência desses fenômenos?


Conclusão

O fluido perispirítico, embora insensível como a matéria, transmite as sensações ao centro sensitivo, que é o espírito.
Em certos estados patológicos, quando o espírito há deixado o corpo e o perispírito só por alguns pontos se lhe acha
aderido, apresenta o corpo todas as aparências da morte. É o estado de catalepsia. Enquanto não se haja rompido o
último fio, porém, pode o espírito, quer por uma ação enérgica, da sua própria vontade, quer por um influxo fluídico
estranho, igualmente forte, ser chamado a volver ao corpo. É como se explicam certos fatos de prolongamento da vida
contra todas as probabilidades e algumas supostas ressurreições. Quando, porém, as últimas moléculas do corpo
fluídico se têm destacado do corpo carnal ou quando este último há chegado a um estado irreparável de degradação,
impossível se torna todo regresso à vida.


QUESTÕES PARA ESTUDO


a) Sendo a matéria insensível, como se explica a sensação de dor física?

A lesão que provoca a dor é recebida pela matéria, que, utilizando-se dos nervos como fio condutor, transmite os seus
efeitos ao fluido perispiritual. Este, que também é insensível, por sua vez, a repassa ao espírito, sede das sensações.
As lesões dolorosas, pois, explica Kardec, repercutem no espírito qual choque elétrico, por intermédio fluido perispiritual.

Podemos figurar assim este processo:

lesão dolorosa -> corpo material -> nervos -> fluido perispiritual -> espírito


b) É possível ocorrer lesões dolorosas no corpo físico sem a sensação de dor?

Além das hipóteses em que a lesão ocorre em um membro separado do restante do corpo ou em local onde o nervo haja
sido seccionado, que são causas puramente materiais, outras circunstâncias há, de natureza espiritual, em que pode
ocorrer uma lesão dolorosa sem que haja qualquer percepção pelo espírito. São nos casos de emancipação do espírito
(pelo sonambulismo, pelo êxtase, pela catalepsia, dentre outros modos) e nos momentos de grande sobreexcitação ou
de preocupação do espírito. Nessas situações, o espírito como que se esquece do corpo físico e atrai para si o fluido
perispiritual. Sem esse fluido para transmitir a sensação de dor, o espírito passa por momentos de insensibilidade.

Kardec admite, também, a hipótese de ocorrer, em certas circunstâncias, que o fluido perispiritual sofra uma modificação
molecular, perdendo, temporariamente, a propriedade de transmissão da dor, como pode acontecer, por exemplo, com o
soldado em combate, com alguém que se ache concentrado num trabalho ou com alguns sonâmbulos, extáticos ou
catalépticos.


c) Como podemos definir a catalepsia e as chamadas ressurreições?

A catalepsia é um estado de emancipação do espírito encarnado em que ocorre a perda temporária e localizada da
sensibilidade e do movimento do corpo, adquirindo o corpo físico uma aparência mórbida. Já o conceito de ressurreição,
comumente, refere-se à volta da vida física após a morte do corpo material, o que a ciência demonstra ser impossível.


d) Qual a explicação para a ocorrência desses fenômenos?

No estado de catalepsia, cuja duração pode variar, o espírito fica ligado ao corpo físico apenas por alguns pontos,
fazendo com que o corpo assuma a aparência de morto e podendo, mesmo, entrar em decomposição parcial, ainda
que a vida não tenha sido extinta. Por uma ação energética própria ou externa, o espírito pode voltar ao corpo,
retomando a vida normal. A esse retorno do espírito recobrando suas faculdades físicas é que se costuma atribuir a
ocorrência de uma "ressurreição". O exemplo mais conhecido desse fenômeno é a passagem evangélica em que Jesus
é chamado para "restituir a vida" a Lázaro. Como o fenômeno da catalepsia era então desconhecido, atribuiu-se ao fato
o caráter de uma "ressurreição".