O Evangelho segundo o Espiritismo
100 – Utilidade providencial da riqueza - provas da riqueza e da miséria
Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo
Sala Virtual Evangelho
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EESE100b - Cap. XVI - Item 7
Tema: Utilidade providencial da riqueza -
provas da riqueza e da miséria
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A - Texto de Apoio:
Se a riqueza houvesse de constituir obstáculo absoluto à salvação dos que a possuem, conforme se poderia inferir de certas palavras de Jesus, interpretadas segundo a letra e não segundo o espírito, Deus, que a concede, teria posto nas mãos de alguns um instrumento de perdição, sem apelação nenhuma, idéia que repugna à razão. Sem dúvida, pelos arrastamentos a que dá causa, pelas tentações que gera e pela fascinação que exerce, a riqueza constitui uma prova muito arriscada, mais perigosa do que a miséria. É o supremo excitante do orgulho, do egoísmo e da vida sensual. E o laço mais forte que prende o homem à Terra e lhe desvia do céu os pensamentos. Produz tal vertigem que, muitas vezes, aquele que passa da miséria à riqueza esquece de pronto a sua primeira condição, os que com ele a partilharam, os que o ajudaram, e faz-se insensível, egoísta e vão. Mas, do fato de a riqueza tornar difícil a jornada, não se segue que a torne impossível e não possa vir a ser um meio de salvação para o que dela sabe servir-se, como certos venenos podem restituir a saúde, se empregados a propósito e com discernimento.
Quando Jesus disse ao moço que o inquiria sobre os meios de ganhar a vida eterna: "Desfase-te de todos os teus bens e segue-me", não pretendeu, decerto, estabelecer como princípio absoluto que cada um deva despojar-se do que possui e que a salvação só a esse preço se obtém; mas, apenas mostrar que o apego aos bens terrenos é um obstáculo à salvação. Aquele moço, com efeito, se julgava quite porque observara certos mandamentos e, no entanto, recusava-se à idéia de abandonar os bens de que era dono. Seu desejo de obter a vida eterna não ia até ao extremo de adquiri-la com sacrifício.
O que Jesus lhe propunha era uma prova decisiva, destinada a pôr a nu o fundo do seu pensamento. Ele podia, sem dúvida, ser um homem perfeitamente honesto na opinião do mundo, não causar dano a ninguém, não maldizer do próximo, não ser vão, nem orgulhoso, honrar a seu pai e a sua mãe. Mas, não tinha a verdadeira caridade; sua virtude não chegava até à abnegação. Isso o que Jesus quis demonstrar. Fazia uma aplicação do princípio: "Fora da caridade não há salvação".
A conseqüência dessas palavras, em sua acepção rigorosa, seria a abolição da riqueza por prejudicial à felicidade futura e como causa de uma imensidade de males na Terra; seria, ao demais, a condenação do trabalho que a pode granjear; conseqüência absurda, que reconduziria o homem à vida selvagem e que, por isso mesmo, estaria em contradição com a lei do progresso, que é lei de Deus.
Se a riqueza é causa de muitos males, se exacerba tanto as más paixões, se provoca mesmo tantos crimes, não é a ela que devemos inculpar, mas ao homem, que dela abusa, como de todos os dons de Deus. Pelo abuso, ele torna pernicioso o que lhe poderia ser de maior utilidade. E a conseqüência do estado de inferioridade do mundo terrestre. Se a riqueza somente males houvesse de produzir, Deus não a teria posto na Terra. Compete ao homem fazê-la produzir o bem. Se não é um elemento direto de progresso moral, é, sem contestação, poderoso elemento de progresso intelectual.
Com efeito, o homem tem por missão trabalhar pela melhoria material do planeta. Cabe-lhe desobstrui-lo, saneá-lo, dispô-lo para receber um dia toda a população que a sua extensão comporta. Para alimentar essa população que cresce incessantemente, preciso se faz aumentar a produção. Se a produção de um país é insuficiente, será necessário buscá-la fora.
Por isso mesmo, as relações entre os povos constituem uma necessidade. A fim de mais as facilitar, cumpre sejam destruídos os obstáculos materiais que os separam e tornadas mais rápidas as comunicações. Para trabalhos que são obra dos séculos, teve o homem de extrair os materiais até das entranhas da terra; procurou na Ciência os meios de os executar com maior segurança e rapidez. Mas, para os levar a efeito, precisa de recursos: a necessidade fê-lo criar a riqueza, como o fez descobrir a Ciência. A atividade que esses mesmos trabalhos impõem lhe amplia e desenvolve a inteligência, e essa inteligência que ele concentra, primeiro, na satisfação das necessidades materiais, o ajudará mais tarde a compreender as grandes verdades morais. Sendo a riqueza o meio primordial de execução, sem ela não mais grandes trabalhos, nem atividade, nem estimulante, nem pesquisas. Com razão, pois, é a riqueza considerada elemento de progresso.
B - Questões para estudo e diálogo virtual:
1 - É a riqueza instrumento de perdição para o homem?
2 - Sendo o oposto da riqueza, pode concluir-se que a miséria é prova fácil que conduz à "salvação"?
3 - Qual a função da riqueza em nosso planeta?
Conclusão
Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo
Sala Virtual Evangelho
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EESE100b - Cap. XVI - Item 7
Tema: Utilidade providencial da riqueza -
provas da riqueza e da miséria
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A - Conclusão do Estudo:
Riqueza e miséria não são prêmio nem castigo de Deus: são situações transitórias que o homem experimenta, no processo de evolução espiritual. Longe de ser um mal, a riqueza é fator de progresso material do planeta e de bem estar da humanidade.
B - Questões para estudo e diálogo virtual:
1 - É a riqueza instrumento de perdição para o homem?
A riqueza, em si mesma, não constitui obstáculo à "salvação" do homem, pois, sendo Deus infinitamente justo e misericordioso, não colocaria em suas mãos algo que somente o arruinasse.
"Se a riqueza somente males houvesse de produzir, Deus não a teria posto na Terra. Compete ao homem fazê-la produzir bem."
2 - Sendo o oposto da riqueza, pode concluir-se que a miséria é prova fácil que conduz à "salvação"?
Não. Também a miséria é prova difícil, porque dá ensejo à inveja e à revolta, dificultando a prática da caridade que conduz o homem a Deus. Mas a riqueza é, sem dúvida, prova mais dura.
"... pela tentações que gera e pela fascinação que exerce, a riqueza constitui uma prova muito mais arriscada, mais perigosa do que a miséria." A miséria não garante o céu interior. O miserável revoltado tem o mesmo destino do rico avarento.
3 - Qual a função da riqueza em nosso planeta?
Oferecer ao homem os recursos necessários ao progresso material e à satisfação das necessidades de seus habitantes.
"O homem tem por missão trabalhar pela melhoria material do planeta: desobstruí-lo, saneá-lo, dispô-lo para receber um dia toda a população que a sua extensão comporta;" e alimentar essa população que cresce incessantemente.