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035c – Tema: Doenças Sexualmente Transmissíveis - texto 02

Doenças Sexualmente Transmissíveis: Milênio Novo, Antiga Preocupação

Neste Artigo:

- Introdução

- Curiosidades Históricas

- Causas

- Formas de Transmissão

- Considerações Sobre Algumas Doenças

- Cura

- Prevenção

- Tratamento

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"Cruza-se o milênio e novamente o velho e conhecido tema das doenças

sexualmente transmissíveis volta a preocupar profissionais da área da saúde

no País. Faz-se urgente a mobilização de toda a sociedade para atuar na

prevenção dessas doenças, auxiliando no repasse de informações e na mudança

efetiva de comportamento, além do tratamento episódico. Neste artigo você

verá dados sobre as formas de transmissão, sobre o tratamento e, sobretudo,

informações gerais sobre as principais doenças e sobre a prevenção. Convém

esclarecer que essa reportagem não objetiva trabalhar as informações sobre o

HIV e a AIDS".

Introdução

"Antigamente, elas se chamavam doenças venéreas, isto é, doenças de Vênus,

ou doenças do amor. Apesar do romântico nome genérico, a denominação de cada

uma dessas doenças não era nada romântica (sífilis, gonorréia, cancro mole)

e elas chegavam a matar. Depois, vieram os antibióticos que, extremamente

eficientes no combate a esses males, mudaram o panorama. Então, podia até

ser considerado prova de virilidade ter uma doença do mundo ou doença

feia.... Atualmente, elas se chamam doenças sexualmente transmissíveis".

Desta maneira, a psicóloga Lídia Rosemberg Aratangy introduz o capítulo de

Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) em seu livro "Sexualidade - a

difícil arte do encontro". Realmente, hoje em dia, as DSTs voltam a assolar

a sociedade brasileira e devem ser compreendidas de maneira séria e

debatidas amplamente, para que possam ser superadas e deixem de infectar

tantas pessoas de todas as faixas etárias.

De acordo com a Assessoria de Imprensa da Coordenação Nacional de DST/Aids,

do Ministério da Saúde (MS), não há dados disponíveis que tracem um "mapa"

das DSTs no Brasil, pelas próprias dificuldades culturais em reportar este

tipo de informação aos setores da saúde. Até 1998, o Ministério da Saúde

publicava o Boletim Epidemiológico, onde anunciava principalmente

informações sobre Sífilis Congênita (transmitida da mãe para o filho,

durante a gravidez ou parto, e, portanto, não por via sexual) e de AIDS, uma

vez que, por lei, todo médico que diagnostica uma destas doenças é obrigado

a relatá-la. No entanto, diante das dificuldades de ter dados mais precisos

sobre as outras doenças, o MS deixou de publicar estes Boletins até que

arquitete uma metodologia mais eficaz.

Como as DSTs indicam, na maioria dos casos, um comportamento sexual

desprotegido, elas são também um indicativo de pessoas mais propensas à

contaminação pelo HIV e identificar esta população, alvo das campanhas de pr

evenção da AIDS, é uma das prioridades do Ministério da Saúde, segundo

informa sua assessoria de imprensa.

Conforme entrevista com o epidemiologista Dr. Fábio Moherdaui, assessor para

DST do Programa Nacional DST/AIDS do MS, a Organização Mundial da Saúde

(OMS) projeta que 12 milhões de novos episódios, entre homens e mulheres,

surjam anualmente no Brasil. Esta estimativa, baseada em 10 anos de estudos,

não leva em conta as doenças virais, como a AIDS, o HPV, a Herpes e a

Hepatite, mas apenas as doenças bacterianas, como a Sífilis, a Clamidíase, a

Gonorréia e Tricomoníase, esta última causada por um protozoário.

Curiosidades Históricas

Como foi dito, na Antigüidade, as DSTs eram tidas como as doenças da deusa

grega do amor, Vênus. Para se ter noção de como essas doenças acompanham a

própria história e o desenvolvimento do homem, a gonorréia foi descrita em

algumas passagens da Bíblia, muito embora sua causa só tenha sido conhecida

no século XIX.

Algumas tumbas do Egito antigo apresentavam registros sobre a Sífilis.

Sabe-se, ainda, que a rainha egípcia Cleópatra tentava se defender de

doenças e da gravidez através do uso de artigos precursores dos

preservativos.

Causas

Os vírus são causadores de grande parte das DSTs, como condiloma, herpes

genital, hepatite B e a infecção pelo HIV. Já as bactérias são as causas de

doenças como a gonorréia, a clamídia, o cancro mole e a sífilis. Finalmente,

algumas outras doenças, como a escabiose, tricomoníase e a infestação por

piolho púbico são causadas por parasitas.

Formas de Transmissão

As DSTs são transmitidas por meio de relações sexuais anais, vaginais e

orais. Médicos alertam que as doenças podem ser transmitidas a partir do

momento em que a pessoa se infecta, ou conforme o caso, mesmo depois que

nenhum sintoma ou sinal possa ser percebido.

Especialistas alertam que secreções no pênis, ânus ou na vagina, sensação de

ardência ao urinar, bolhas e úlceras nos genitais, dor na região pélvica ou

abdominal, dor durante a relação sexual, são possíveis sintomas das doenças

sexualmente transmissíveis. Assim, caso se apresente algum destes sintomas,

deve-se interromper as relações sexuais e procurar um médico. Convém

esclarecer que a cadeia de transmissão só se interrompe quando o portador da

doença é tratado e passa a usar preservativos em todas as relações sexuais.

Existem DSTs como a sífilis e a hepatite B, e o HIV (AIDS) que podem ser

transmitidas através de sangue infectado e por transmissão vertical (da mãe

para o filho, durante a gestação, no parto, ou no aleitamento).

Conforme informações do Dr. Fábio, em mais de 80% dos casos de mulheres

portadoras, as DSTs apresentam um curso assintomático, ao contrário dos

homens, onde são mais exuberantes e mobilizadoras de tratamento. É muito

comum, portanto, que as mulheres só percebam que portam uma DST quando ela

já está em um estágio avançado - daí a importância da visita freqüente ao

ginecologista para os exames de rotina.

Considerações Sobre Algumas Doenças

Gonorréia

Corrimento amarelado (pus) que sai do pênis, causando ardor para urinar,

apresentando mau cheiro. No caso das mulheres, 70% não apresenta sintomas.

No caso das mulheres que apresentam sintomas, eles são semelhantes aos dos

homens.

Cancro Duro

Cancro duro é o nome que se dá à manifestação inicial da sífilis.

Aproximadamente entre o décimo e o trigésimo dia, após o contágio, surge nos

genitais uma ferida que não dói, não coça, não arde. A ferida desaparece

espontaneamente, após um prazo, entretanto a doença continua a progredir e

ser transmitida.

Sífilis

Doença causada pela bactéria Treponema pallidum, capaz de infectar qualquer

órgão ou tecido. A bactéria atinge o organismo através de pequenas lesões na

pele, nas mucosas, ou pela corrente sangüínea.

Após a primeira fase, do cancro duro, cerca de dois meses após o sumiço da

ferida, aparecem manchas avermelhadas em toda a pele, nas palmas das mãos e

nas plantas dos pés. Caso não seja tratada, depois de alguns anos, pode

afetar o cérebro, o coração e outros órgãos.

Quando uma mãe, com sífilis, passa a doença para o bebê, chama-se sífilis

congênita, que pode trazer sérias complicações de saúde à criança.

Herpes Genital

O herpes inicia-se com coceiras, seguidas de ardor nos órgãos genitais.

Posteriormente, surgem pequenas bolhas, que estouram e se transformam em

pequenas lesões dolorosas. Estas desaparecem espontaneamente, após um prazo

aproximado de dez dias. Entretanto as lesões retornam, ciclicamente, sem

tempo definido, principalmente se o portador tem uma baixa em seu sistema

imunológico, que pode ser causada por estresse, desgastes emocionais ou

físicos, exposição excessiva ao sol, alimentação inadequada. Médicos

advertem que não existem remédios capazes de curar o herpes.

Clamidíase

Também conhecida como uretrite ou cervicite inespecífica e uretrite

não-gonocócica, a Clamidíase é caracterizada por corrimento uretral escasso,

translúcido e, geralmente, matutino. Pode, no entanto, ser reconhecida

apenas pelo ardor uretral ou vaginal, muitas vezes o único sintoma.

Raramente a secreção pode ser abundante e purulenta.

Se não tratada, a Clamídia pode permanecer por anos contaminando as vias

genitais dos pacientes. Mesmo sem sintomas, o portador segue transmitindo a

doença. De acordo com o Dr. Fábio Moherdaui, a Clamidíase é uma das doenças

mais comuns entre as mulheres e pode ser de difícil diagnóstico: localiza-se

do colo do útero para cima e é, muitas vezes, assintomática. Sendo assim,

junto com a Gonorréia, a Clamidíase pode ter por complicação a doença

inflamatória pélvica, que vem a ser uma das causas de mortalidade feminina.

Tricomoníase

Doença causada por um protozoário e transmitida sexualmente, a Tricomoníase

se localiza, na mulher, na vagina ou em partes internas do corpo e, no

homem, só nas partes internas. Os principais sintomas são o corrimento

amarelo-esverdeado, volumoso, com mau-cheiro, dor durante o ato sexual,

ardência e dificuldade para urinar e coceira nos órgãos sexuais. O

tratamento deve ser para o casal.

Cancro Mole

Surgimento de uma ou mais feridas dolorosas, com pus, mau cheiro, no pênis,

no ânus ou na vulva. As feridas podem apresentar sangramento. Além disso,

podem surgir gânglios na região da virilha, que se estiverem inflamados

podem soltar pus.

Condiloma Acuminado

Causado pelo Papiloma Vírus Humano (HPV), pode se transmitir durante o de

contato sexual, de qualquer espécie. São verrugas que crescem em torno dos

órgãos genitais e ânus, geralmente indolores podendo causar coceira e, em

alguns casos, sangramento. Esta doença é conhecida, popularmente, por Crista

de Galo e, se não tratada, pode evoluir para cânceres, como os de útero, a

partir das lesões que causam no colo do útero.

Candidíase

Segundo o Dr. Antônio Barbato, a Candida Albicans é uma das muitas espécies

de fungos e a mais comum a provocar uma infecção genital. Habita além da

mucosa vaginal, o estômago, intestino, pele e boca, causando corrimento

branco e espesso, coceira e ardência. Sabe-se que algumas situações

favorecem o surgimento da infecção: atividade sexual, alguns antibióticos,

anticoncepcionais, a gravidez, a menopausa, desequilíbrios hormonais,

situações de estresse, roupas sintéticas muito justas, etc.

De acordo com o Dr. Fábio Moherdaui, em uma última reunião em Genebra, em

meados de 2000, o Comitê Internacional, assessor para assuntos relacionados

às DSTs da OMS, definiu que a Candidíase não seria mais considerada uma DST,

uma vez que em 98% das ocorrências, ela é causada por outros motivos que não

os sexuais. A Candidíase é uma das doenças femininas mais comuns, sendo

observada inclusive entre crianças e idosas.

Hepatite B

Doença que causa a infecção do fígado com o vírus da Hepatite do tipo B. O

vírus pode ser transmitido pelo sangue, sêmen e secreções vaginais e, até,

pela saliva. Os sintomas mais comuns, dentre outros, são: falta de apetite,

febre, vômitos, náuseas, diarréia, icterícia, dores articulares. Convém

destacar que a hepatite pode trazer uma série de conseqüências, como: a

hepatite crônica, cirrose hepática, câncer do fígado, coma hepático e, até

mesmo, a morte. Infelizmente, não existem remédios para combater diretamente

o agente da doença. Todavia, pode-se tratar dos sintomas.

Especialistas indicam repouso domiciliar até que se finde o mal-estar, que

poderá durar, em média, quatro semanas. Embora não se deva ingerir bebidas

alcoólicas, não há nenhuma restrição alimentar.

Úlceras Genitais

Feridas que aparecem no local onde o agente causador da doença entrou no

organismo (pênis, vagina, ânus, boca). As lesões possuem aspecto de pequenas

bolhas de tamanho e duração variados, que podem ou não causar dor.

Médicos alertam que não é possível afirmar com segurança qual é a doença

causadora das feridas. A sífilis, o herpes genital, o cancro mole, dentre

outras, se apresentam desta maneira. Além disso, pode ocorrer a associação

de mais de uma doença, ao mesmo tempo.

Cura

Excetuando-se as doenças causadas por vírus, pode-se dizer que as DSTs podem

ser curadas. Contudo, caso não sejam tratadas rapidamente, podem causar

danos aos órgãos sexuais, podendo, inclusive, levar à esterilidade, ao

câncer, além de outras complicações orgânicas no cérebro e no coração, em

situações mais sérias.

Prevenção

Segundo informações do psicólogo paulistano, Fernando Falabella Tavares de

Lima que atua na área de prevenção às DSTs e à AIDS desde 1995, a melhor

maneira de combater as doenças é através da prevenção. O caminho, segundo

ele, é o trabalho de mudança de comportamento, que deve ser realizado em

pequenos grupos, visando que os participantes deixem de lado condutas

preconceituosas e passem a adotar práticas de sexo seguro. Para o psicólogo

que já atuou em projetos da Secretaria Estadual da Educação e da Saúde e,

atualmente, desenvolve trabalhos preventivos numa parceria do Ministério da

Saúde e do Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário (IBEAC), "as

ações preventivas devem começar com crianças, na infância, antes que a vida

sexual adulta, pois é evidente que a sexualidade existe desde o nascimento,

comece, de fato".

Especialistas da área de prevenção alertam para o fato de que as ações

preventivas devem ser de toda a sociedade e não apenas do governo. "Projetos

de prevenção, em geral, são de médio prazo. A sociedade é responsável como

um todo. As escolas, os clubes, as empresas, os sindicatos profissionais, as

igrejas, enfim, todos devem participar e promover treinamentos para agentes

multiplicadores de informação. Estes, por sua vez, repassarão a informação e

o próprio treinamento (as dinâmicas de grupo, os filmes, textos, etc.) para

suas comunidades de base, e assim por diante", explica Marcelo Sodelli,

mestre em Psicologia da Educação e membro do Núcleo de Estudos e Temas em

Psicologia (NETPSI).

Há unanimidade em se afirmar que o uso do preservativo, em todas as relações

sexuais, é o método mais eficiente no combate às DSTs.

De acordo com o epidemiologista Fábio, do MS, é essencial que, estando à

frente de um portador de DST, o profissional - seja médico, assistente

social ou mesmo jornalista - frise a importância de não apenas tratar o

episódio da doença, mas modificar o comportamento de risco para evitar novas

incorrências e a exposição à doenças mais sérias e mortais, como a AIDS e a

Hepatite B.

Tratamento

O uso de cremes ou óvulos vaginais acompanhados de medicação via oral, em

geral em dose única e, sempre que possível, para o casal devem resolver a

maioria dos casos. Contudo, há situações em que outras medidas devem ser

aplicadas como cauterizações e outros tratamentos químicos de "esfoliação"

das mucosas atingidas.

Segundo informações do Ministério da Saúde, através da cartilha Doenças

Sexualmente Transmissíveis - É preciso tratar, é preciso evitar, "Procure

tratamento num Posto de Saúde e siga a recomendação do médico. O seu

parceiro ou parceira também deve se tratar, senão um passa para o outro de

novo. Não tome nem passe remédios por conta própria. Só um médico pode

indicar o tratamento correto".

Novamente, segundo o psicólogo Fernando Falabella, o tratamento é

fundamental, pois diminui os riscos de contaminação com outras DSTs e com o

HIV, vírus da AIDS.

(Fonte: site do boasaude)


Conclusão