O Livro dos Espíritos

173 – Natureza das penas e gozos futuros (2a.part e)

a) Da parte dos Espiritos bons, é sempre boa a influencia que exercem sobre os outros. os perversos entretanto procuram desviar da senda do bem e do arrependimento aqueles que lhes parecem suscetíveis de se deixarem influenciar e que sao muitas vezes os que eles mesmos arrastaram ao mal durante a vida terrestre.

b) A morte nao nos livra das tentaçoes, entretanto a açao dos maus espiritos é sempre menor sobre os outros Espiritos do que sobre os homens, porque lhes falta o auxílio das paixões materiais.

c) Há a considerar um outro lado da questão: é que se as paixões nao existem materialmente, no Espirito, existem em pensamento. Os maus dao pasto a esses pensamentos. O avarento vê o ouro que nao pode possuir, o devasso orgias em que nao pode tomar parte; o orgulhoso, honras que lhe causam inveja, Existem Espiritos atrasados que dao vasao aos seus maus pensamentos conduzindo suas vitimas aos lugares onde se lhes ofereça o espetáculo das paixoes que querem neles excitar.

d) Nao há descriçao possivel dos sofrimentos maiores a que os Espiritos maus se veem sujeitos, como puniçao por certos crimes. Mesmo os que sofrem teriam dificuldade em nos dar uma idéia. Todavia, a crença na existencia de um "fogo eterno" nao passa de uma imagem criada para servir de freio às paixoes humanas, que por sinal nao deu resultado algum, mesmo entre os que a ensinaram.



QUESTÕES PARA ESTUDO E PARTICIPAÇÃO:

1 - De que modo os Espíritos utilizam-se das paixões para tentarem outros desencarnados?

2 - Como o Espiritismo esclarece o homem a respeito das penas e gozos futuros?


3 - A doutrina do "fogo eterno" contribui para o melhoramento do homem?

Conclusão

QUESTÕES PROPOSTAS PARA ESTUDO

1 - De que modo os Espíritos utilizam-se das paixões para tentarem outros desencarnados?

R - Os espíritos dedicados ao mal utilizam-se das paixões que ainda se sustentam no pensamento dos desencarnados aos quais desejam tentar. Embora, materialmente, estes não mais possam usufruir do objeto de suas paixões, psiquicamente, mantêm-se ligados a elas pelo pensamento, o que é incentivado pelos espíritos maus, que excitam essas paixões como forma de fazê-los sofrer, devido à impossibilidade de atendê-las. Os Espíritos exemplificam com o caso do avarento, que é tentado a estar próximo ao ouro e não poder possuí-lo; do devasso, levado a locais onde se praticam orgias que aprecia mas das quais não pode participar e do orgulhoso, através de honrarias que não pode gozar.

2 - Como o Espiritismo esclarece o homem a respeito das penas e gozos futuros?

R - O Espiritismo esclarece a humanidade acerca das penas e gozos futuros desfazendo as crenças baseadas em imagens assustadoras criadas para causar temor. Em lugar de uma linguagem figurada, demonstra, por intermédio das comunicações com o mundo espiritual, que o homem é um ser espiritual em sua essência e que sobreviverá à morte do corpo físico, não ficando isento de sofrimentos nem de castigo por suas faltas. Traz a comprovação, pelos relatos dos próprios espíritos, da forma como prosseguem vivendo no outro lado da vida, conseqüência de como viveram na Terra. Demonstra que cada um é punido naquilo em que pecou, de diversas maneiras, como pela visão incessante do mal que fizeram, pelo temor, pela dúvida, pelo isolamento ou pela separação de seus entes queridos.

3 - A doutrina do "fogo eterno" contribui para o melhoramento do homem?

R - A doutrina do fogo eterno, tomada como realidade, assim como tantas outras, não tem servido como um instrumento de frear as más inclinações dos homens, mesmo daqueles que aceitam a sua crença. Explicam os Espíritos que coisas que serão mais tarde repelidas pela razão não causam impressão duradoura nem salutar. Por isso, a crença na punição pelo suplício no fogo eterno muito pouco ou quase nada contribuiu para o melhoramento do homem.