O Livro dos Espíritos
148 - Fatalidade - 1a parte
a) A fatalidade só existe no tocante à escolha feita pelo Espírito, ao se
encarnar, de sofrer esta ou aquela prova; ao escolhê-la ele traça para si
mesmo uma espécie de destino, que é a própria consequência da posição em que
se encontra.
b) O Espírito, conservando seu livre arbítrio sobre o bem e o mal, é sempre
senhor de ceder ou resistir.
c) Ainda uma vez levais à conta de destino o que é quase sempre a
consequência de sua própria falta.
d) Fatal, no verdadeiro sentido da palavra, só o instante da morte. Quando
chegar a tua hora de partir, nada te livrará.
e) As precauções que se toma , a fim de impedir a morte, são um dos meios
para que ela não se verifique.
f) Quando tua vida se encontra em perigo é essa uma advertência que tu mesmo
desejaste, a fim de te desviar do mal e te tornar melhor. Quando escapas a
esse perigo, ainda sob a influência do risco por que passaste, pensas com
maior ou menor intensidade.
g) O Espírito sabe, pelo gênero de vida que escolheu, esta mais propenso a
um tipo do que outro de morte. Com muita frequência o homem tem o
pressentimento do seu fim, como pode ter de que ainda não morrerá. É o homem
que teme a morte, não o Espírito.
h) Os acidentes no curso da vida são demasiados pequenos. Podendo haver sua
prevenção ao dirigirmos nosso pensamento para os evitarmos. A fatalidade, na
verdade, consiste nestas duas horas: a em que deveis aparecer e desaparecer
deste mundo.
i) Há fatos que forçosamente ocorrerão, mas o Espírito o viu e pressentiu
quando da sua escolha. Tudo o que acontece está escrito, uma vez que um
acontecimento é quase sempre a consequência de uma coisa que fazemos por um
ato de nossa livre vontade.
j) Somente os grandes acontecimentos, importantes e capazes de influir na
tua evolução moral são previstos por Deus, porque são úteis à purificação e
à instrução.
Questões Iniciais para estudo e diálogo virtual:
01) Há um fatalismo absoluto? Justificar.
02)Poderiamos dizer que o fatalismo , à luz das questões estudadas, pode ser
traduzido como a conseqüência de nossa conduta anterior? Justificar.
03) O fatalismo pode ser modificado com nossas ações? Justificar.
04) Existe uma relação entre livre-arbítrio e fatalismo? Qual? Por que?
Conclusão
01) Há um fatalismo absoluto? Justificar.
Resp.:
Não, não há um fatalismo absoluto, um determinismo que norteará a vida
do homem.
O livre-arbitrio foi a grande conquista do principio inteligente em sua
jornada evolutiva, pois, atraves dele, tornou-se o Espirito responsavel
pelos seus atos.
No entanto, embora o homem esteja subordinado ao seu livre-arbitrio,
sua existência está tambem submetida a determinada caracteristica de acordo
com o mapa de seus serviços e provações na Terra e, delineado pela
individualidade em harmonia com as opiniões da Espiritualidade antes da
reencarnação.
As condições sociais, as moléstias, os vícios, as ###tentações### são
circunsâncias da existencia do homem. E caberá à sua vontade , que
é soberana, ultrapassar positiva ou negativamente os reajustes que são
necessários ao Espírito
02)Poderiamos dizer que o fatalismo , à luz das questões estudadas, pode ser
traduzido como a conseqüência de nossa conduta anterior? Justificar.
Resp.:
Sim, poderiamos dizer que o fatalismo é determinado pelas escolhas,
opções, que fazemos ao longo de nossa evolução.
O homem é livre para agir, para escolher o tipo de vida que procura
levar. As dores, as dificuldades existentes na sua vida são provas e
expiações que vem muitas vezes como conseqüencia do uso incorreto do
livre-arbitrio em existências anteriores.
03) O fatalismo pode ser modificado com nossas ações? Justificar.
Resp.:
Somos nós mesmos quem construimos o nosso destino, que pode ser de
dores ou de alegrias; podemos fazer o que quisermos de nossa existência.
Entretanto, vale lembrar que existe uma outra lei que rege o Universo: a
lei de causa e efeito, ou seja, a toda ação corresponderá uma reação.
De acordo, portanto, com nossas ações é determinada uma reação. Ao
reencarnarmos, em geral, fazemos uma programação dos principais
acontecimentos que teremos que passar. Podemos, por exemplo, programar o
tipo de morte que teremos: uma morte trágica, acidental ou uma morte
natural.
Se programamos que, no final de semana, vamos lavar o carro, não implica
necessariamente que faremos isso.
A misericordia de Deus está justamente nesse ponto: o fatalismo pode ser
modificado com nossas ações, ou seja, podemos minorar nossos sofrimentos na
medida que auxiliarmos mais, na medida que nos doarmos mais. Lembrando
sempre: em qualquer ação no bem, o maior beneficiado será aquele que a
pratica.
04) Existe uma relação entre livre-arbítrio e fatalismo? Qual? Por que?
Resp.:
Fatalismo é uma doutrina segundo a qual todos os fatos são
considerados como conseqüências necessárias de condições antecedentes.
De acordo com essa maneira de pensar todos os acontecimentos foram
irrevogavelmente fixados de antemão, sendo o homem mero joquete nas mãos do
destino.
O livre-arbitrio é a concepção doutrinária que afirma que o homem dispõe
sempre da liberdade de escolha, podendo gerenciar as suas decisões e a sua
vida.
Se o homem tem a liberdade de pensar, tem igualmente a de obrar. Sem o
livre-arbitrio, o homem seria maquina.### [LE-qst 843]
Livre-arbítrio é a faculdade que o espírito tem de pensar e agir. Essa
faculdade é adquirida quando o princípio inteligente, que vem se elaborando
nos reinos inferiores, ingressa no reino hominal, passando a se constituir
espírito. A partir desse momento, o espírito parte do zero, simples e
ignorante, com a liberdade de escolher seus atos e seus pensamentos e com
aptidão, igualmente, para o bem e para o mal. Desde então, é o único senhor
da sua razão e das opções que fará durante a existência. Sem o
livre-arbítrio, disseram os Espíritos a Kardec, ### ... o homem seria
máquina.###.
Fatalismo será, justamente, a conseqüência do uso desse livre-arbítrio,
ou seja, será o resultado dos atos e pensamentos praticados pelo espírito.
Pode ser bom ou mau. Se os atos e pensamentos do espírito forem no sentido
de seguir as Leis Naturais, será positivo; se contrários às leis divinas,
será negativo.
Para o espitismo, a lei de causa e efeito é irreversível, porém não
fatalista. Isto significa que o espírito, em que pese haver contraído
aspectos negativos, face ao mau uso do seu livre-arbítrio, poderá atenuar as
suas conseqüências, desde que passe a se portar de conformidade com as leis
divinas e trabalhe na reparação do erro; é o que chamamos de lei de ação e
reação, que regula as ações no Universo. A toda ação corresponde uma reação
da mesma natureza e com igual intensidade.
Por força dessa lei, lei de causa e efeito, todo ato e, até todo
pensamento, que praticamos, gera uma reação, que pode se manifestar nesta ou
em outra existência física.
Assim, quando retornamos à vida material, nossa programação de vida é
elaborada em função das nossas necessidades, que, por sua vez, são fruto das
experiências anteriores. Voltamos com uma programação em que são previstos
os gêneros de provas a que teremos de nos submeter.
Esclareceram os Espíritos (questão 259 de ###O Livro dos Espíritos###), que
###previstos só são os fatos principais, os que influem no destino### e que ###as
particularidades correm por conta da posição em que vos achais###. Não somos,
portanto, simples máquinas, joguetes da Providência Divina. Nosso futuro não
é aleatório, fruto dos caprichos de Deus. Temos, sim, responsabilidades pelo
nosso destino e colheremos aquilo que nós mesmos plantarmos.