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O Livro dos Espíritos

155 - As virtudes e os vícios (1a. parte)

a) Toda virtude tem seu mérito próprio, porque indica progresso na senda do bem. Há virtude sempre que há resistência voluntária ao arrastamento dos maus pendores. A mais meritória de todas é a que se assenta na prática da caridade desinteressada. b) Para se atingir essa virtude, todos têm que lutar. Os que aparentemente fazem o bem sem nenhum esforço é porque já lutaram e triunfaram outrora. O bem se lhes tornou um hábito, por isso que nenhum esforço hoje lhes custam os bons sentimentos. É o que ocorre nos mundos superiores à Terra, onde somente bons espíritos os habitam. Nesses mundos, o sentimento do bem é espontâneo e constitui a regra. O mesmo se dará com a Terra, quando a sua humanidade se houver transformado moralmente. c) O interesse pessoal é o sinal mais característico da imperfeição. Muitos possuem qualidades reais, mas não suportam quando vêm seus interesses pessoais feridos. O verdadeiro desinteresse ainda é coisa rara na Terra. O apego às coisas materiais é um sinal notório de inferioridade, porque, quanto mais se apega aos bens deste mundo, o homem demonstra menos compreender o seu destino.. d) A prodigalidade irrefletida não constitui virtude. Os que assim procedem demonstram desinteresse pelos bens materiais mas não fazem todo o bem que podiam fazer. Todos terão que prestar contas da riqueza que receberam e responderão pelo bem que deixaram de fazer. e) O bem deve ser feito com desinteresse, sem se esperar compensação na Terra ou em outra vida. Aquele que faz o bem apenas pelo desejo de agradar a Deus e ao próximo demonstra que já adquiriu um certo grau de progresso e alcançará a felicidade mais depressa do que o que faz o bem calculadamente, sem estar impelido pelo ardor natural de seu coração. f) Não constitui indício de inferioridade querermos nos corrigir, vencer nossas paixões, com o propósito de nos elevarmos. Nenhum egoísmo há em querer o homem melhorar-se para se aproximar de Deus. Procede como egoísta, porém, aquele que calcula o que lhe possa cada uma de suas boas ações render na vida futura, tanto quanto na vida terrena. g) Mesmo sendo a vida corpórea um estado temporário, será sempre útil ao espírito a aquisição de conhecimentos científicos relativos à matéria. Tendo que progredir em tudo para atingir a perfeição, o progresso intelectual ajuda no desenvolvimento do espírito, que subirá mais despressa, se já houver progredido em inteligência. QUESTÕES PARA ESTUDO E PARTICIPAÇÃO: 1 - Qual o conceito de virtude, segundo o ensinamento dos Espíritos? 2 - Dentre os que fazem o bem sem qualquer esforço e os que o fazem mediante muita luta interna, quais os que têm maior mérito? 3 - É reprovável a prática do bem visando uma recompensa futura? 4 - Os Espíritos apontaram o apego aos bens materiais e o interesse pessoal como os sinais mais característicos da imperfeição. Por que esses sentimentos atrasam o progresso do espírito? 5 - A busca pelos conhecimentos trazidos pela ciência, sempre ligados à matéria, pode ser considerada apego à vida material?


Conclusão

1 - Qual o conceito de virtude, segundo o ensinamento dos Espíritos? Segundo os Espíritos, a virtude é a resistência voluntária à pratica do mal e, principalmente, o sacrifício do interesse pessoal em benefício do próximo. A prática desinteressada da caridade é a mais meritória delas. 2 - Dentre os que fazem o bem sem qualquer esforço e os que o fazem mediante muita luta interna, quais os que têm maior mérito? A prática do bem é sempre meritória. Para alcançar esse estágio, porém, todo espírito necessita lutar contra suas más tendências. Os que hoje, aparentemente, fazem o bem sem nenhum esforço, assim procedem porque outrora já travaram essa luta e triunfaram. Para esses, o bem se tornou um hábito e o praticam com ações que lhes parecem simplíssimas. 3 - É reprovável a prática do bem visando uma recompensa futura? Como se disse, a prática do bem é sempre louvável. Todavia, aquele que o faz sem qualquer idéia preconcebida de obter uma recompensa futura e age apenas com o propósito de agradar a Deus e ao seu próximo necessitado se encontra num grau de progresso mais elevado. Com isso, mais rapidamente chegará à felicidade do que aquele que faz o bem calculadamente e não por amor ao Criador e ao semelhante. 4 - Os Espíritos apontaram o apego aos bens materiais e o interesse pessoal como os sinais mais característicos da imperfeição. Por que esses sentimentos atrasam o progresso do espírito? Porque os que assim agem demonstram não compreender o seu destino e a real razão de suas existências. Os que já lograram se desapegar dos bens materiais denotam que alcançaram um progresso maior que aqueles, e que encaram o futuro de um ponto mais elevado. 5 - A busca pelos conhecimentos trazidos pela ciência, sempre ligados à matéria, pode ser considerada apego à vida material? A busca pelo conhecimento científico será sempre útil à evolução do espírito. Primeiro, porque lhe dá condições para melhor auxiliar o próximo necessitada; segundo, porque uma das asas do progresso espiritual é a inteligência, a evolução intelectual. Nenhum conhecimento é inútil, pois contribui para o progresso do espírito. Aquele que já houver progredido em inteligência mais depressa subirá na escala espírita. Não se trata, portanto, de apego às questões materiais, mas de uma das faces da evolução, pois, para adquirir a perfeição, há que se saber de tudo.