Evolução em Dois Mundos

028 – 2ª pte - VIII - Matrimônio e divórcio

VIII

Matrimônio e divórcio

_ Poderíamos receber algumas noções acerca ao matrimônio, bem como ao divórcio no Plano Físico, examinados espiritualmente?



_ Nas esferas elevadas, as almas superiores identificam motivo de honra no serviço de amparo aos companheiros menos evolvidos que estagiam nos planos inferiores.



Não podemos olvidar que, na Terra, o matrimônio pode assumir aspectos variados, objetivando múltiplos fins. Em razão disso, acidentalmente, o homem ou a mulher encarnados podem experimentar o casamento terrestre diversas vezes, sem encontrar a companhia das almas afins com as quais realizariam a união ideal. Isso porque, comumente, é preciso resgatar essa ou aquela dívida que contraímos com a energia sexual, aplicada de maneira infeliz ante os princípios de causa e efeito.



Entretanto, se o matrimônio expiatório ocorre em núpcias secundárias, o cônjuge liberado da veste física, quando se ajuste à afeição nobre, frequentemente se coloca a serviço da companheira ou do companheiro na retaguarda, no que exercita a compreensão e o amor puro. Quanto à reunião no Plano Espiritual, é razoável se mantenha aquela em que prevaleça a conjunção dos semelhantes, no grau mais elevado da escala de afinidades eletivas. Se os viúvos e as viúvas das núpcias efetuadas em grau menor de afinidade demonstram sadia condição de entendimento, são habitualmente conduzidos, depois da morte, ao convívio do casal restituído à comunhão, desfrutando posição análoga à dos filhos queridos junto dos pais terrenos, que por eles se submetem aos mais eloqüentes e multifários testemunhos de carinho e sacrifício pessoal para que atendam, dignamente, à articulação dos próprios destinos.



Contudo, se a desesperação do ciúme ou a nuvem do despeito enceguecem esse ou aquele membro da equipe fraterna, os cônjuges reassociados no plano superior amparam-lhe a reencarnação, à maneira de benfeitores ocultos, interpretando-lhes a rebelião por sintoma enfermiço, sem lhes retirar o apoio amigo, até que se reajustem no tempo.



Ninguém veja nisso inovação ou desrespeito ao sentimento alheio, porquanto o lar terrestre enobrecido, se analisado sem preconceitos, permanece estruturado nessas mesmas bases essenciais, de vez que os pais humanos recebem, muitas vezes, no instituto doméstico, por filhos e filhas, aqueles mesmos laços do passado, com os quais atendem ao resgate de antigas contas, purificando emoções, renovando impulsos, partilhando compromissos ou aprimorando relações afetivas de alma para alma. É nessa condição que em muitas circunstâncias surgem nas entidades renascentes, sem que o véu da reencarnação lhes esconda de todo a memória, as psiconeuroses e fixações infanto-juvenis, cuja importância na conduta sexual da personalidade é exagerada em excesso pelos sexólogos e psicanalistas da atualidade, carentes de mais amplo contacto com as realidades do Espírito e da reencarnação, que lhes permitiriam ministrar aos seus pacientes mais efetivo socorro de ordem moral.



Quanto ao divórcio, segundo os nossos conhecimentos no Plano Espiritual, somos de parecer não deva ser facilitado ou estimulado entre os homens, porque não existem na Terra uniões conjugais, legalizadas ou não, sem vínculos graves no principio da responsabilidade assumida em comum.



Mal saídos do regime poligâmico, os homens e as mulheres sofrem-lhe ainda as sugestões animalizantes e, por isso mesmo, nas primeiras dificuldades da tarefa a que foram chamados, costumam desertar dos postos de serviço em que a vida os situa, alegando imaginárias incompatibilidades e supostos embaraços, quase sempre simplesmente atribuíveis ao desregrado narcisismo de que são portadores. E com isso exercem viciosa tirania sobre o sistema psíquico do companheiro ou da companheira mutilados ou doentes, necessitados ou ignorantes, após explorar-lhes o mundo emotivo, quando não se internam pelas aventuras do homicídio ou do suicídio espetaculares, com a fuga voluntária de obrigações preciosas.



É imperioso, assim, que a sociedade humana estabeleça regulamentos severos a benefício dos nossos irmãos contumazes na infidelidade aos compromissos assumidos consigo próprios, a benefício deles, para que se não agreguem a maior desgoverno, e a benefício de si mesma, a fim de que não regresse à promiscuidade aviltante das tabas obscuras, em que o princípio e a dignidade da família ainda são plenamente desconhecidos.



Entretanto, é imprescindível que o sentimento de humanidade interfira nos casos especiais, em que o divórcio é o mal menor que possa surgir entre os grandes males pendentes sobre a fronte do casal, sabendo-se, porém, que os devedores de hoje voltarão amanhã ao acerto das próprias contas.



Pedro Leopoldo, 18/5/58.



QUESTÕES PARA ESTUDO


1) Além da possibilidade de poder unir dois seres afins, que outra finalidade pode ter o matrimônio?

2) Qual a união que prevalece, no plano espiritual, quando o espírito contrai matrimônio mais de uma vez?

3) De que modo a reencarnação pode contribuir para ajustar espíritos que vivenciaram um matrimônio malsucedido?

4) Segundo André Luiz, do ponto de vista espiritual, seria reprovável o divórcio?

Conclusão

(Conclusão)


QUESTÕES PROPOSTAS PARA ESTUDO

1) Além da possibilidade de poder unir dois seres afins, que outra finalidade pode ter o matrimônio?

R - Sendo a Terra um planeta destinado a provas e expiações dos espíritos a ele vinculados, nem sempre a união matrimonial é um encontro de espíritos afins. Assim, pode assumir o matrimônio aspectos diversos. Muitas das vezes, por força da incidência da lei de causa e efeito, serve como instrumento para resgate de compromissos contraídos por aqueles que se utilizaram da energia sexual de modo desregrado, desvirtuando sua finalidade divina. Nesta hipótese, quando se trata de segundas núpcias, o cônjuge da união anterior, que primeiro retornou ao plano espiritual, se portador de nobres sentimentos, dedica-se a acompanhar o que permaneceu no mundo terreno, auxiliando-o com compreensão e amor.

2) Qual a união que prevalece, no plano espiritual, quando o espírito contrai matrimônio mais de uma vez?

R - Na hipótese de o espírito contrair matrimônio mais de uma vez, vai prevalecer, no plano espiritual, a união que tenha sido embasada em grau maior de afinidade entre os cônjuges. O espírito que participou da união com menor grau de afinidade, ao retornar ao plano espiritual, se já adquiriu condição de entendimento, será conduzido a conviver com o ex-cônjuge, junto ao casal por ele novamente constituído com aquele (a) com quem mantém maior afinidade. Ficará em posição semelhante à do filho perante os pais terrenos, a fim de que, juntos, auxiliem-se mutuamente na condução de seus destinos. Se, todavia, deixa-se levar pelo ciúme ou pela incompreensão, o casal novamente formado o receberá em seu seio através da reencarnação, como um espírito enfermo que necessita se reajustar.

3) De que modo a reencarnação pode contribuir para ajustar espíritos que vivenciaram um matrimônio malsucedido?

R - A reencarnação propicia aos espíritos que vivenciaram uma experiência matrimonial malsucedida a oportunidade do reajuste através da união num mesmo núcleo familiar, no qual ocuparão a posição de pai ou filho. Nesta condição, poderão resgatar débitos contraídos em união passada, depurando seus impulsos e emoções e aprimorando as relações afetivas entre ambos. No entanto, como a memória passada não é apagada, muitas vezes, surgem dificuldades de natureza psicológica, como neuroses
e fixações infanto-juvenis, que são tratadas pelos terapeutas terrenos, desconhecedores desta realidade espiritual, unicamente como desvios de conduta sexual,

4) Segundo André Luiz, do ponto de vista espiritual, seria reprovável o divórcio?

R - Embora entenda que não deva ser estimulado, devido às vinculações espirituais entre os cônjuges, geradoras de mútuos compromissos entre si, André Luiz não reprova a adoção do divórcio, por entender que pode significar um mal menor diante da gravidade de determinadas situações. Adverte, contudo, para situações em que o cônjuge, ainda instigados por instintos animalizantes do passado, procura abandonar o parceiro sob a alegação de incompatibilidades que não existem ou dificuldades ditadas por seu narcisismo. Com isso, tiranizam, psiquicamente, o companheiro, por vezes enfermo ou necessitado, após explorá-lo, emocionalmente. Outras vezes, chegam ao homicídio ou ao suicídio, com o fim de se evadirem das obrigações assumidas.

Por isso, o Autor defende que a sociedade estabeleça severas regras para regulamentar o divórcio, de modo a não permitir que espíritos reincidentes na fuga a compromissos assumidos venham agravar sua situação espiritual ou retornarem aos tempos em que predominava a promiscuidade, em detrimento da dignidade familiar.