Evolução em Dois Mundos

014 – Simbiose espiritual

Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo - CVDEE

Sala de Estudos André Luiz


Livro em estudo: Evolução em dois mundos (Editora FEB)

Autor: Espírito André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier
e Waldo Vieira

Primeira parte - Capítulo XIV - Simbiose espiritual (parte I)

Comentários: Eurípides Kühl

XIV

Simbiose espiritual

(parte I)

SUSTENTO DO PRINCIPIO INTELIGENTE _ O princípio inteligente, que exercitara a projeção de impulsos mentais fragmentários para nutrir-se durante largas eras, alçado ao Plano Espiritual, na condição de consciência humana desencarnada, começa a plasmar novos meios de exteriorização, em favor do sustento próprio.

No mundo das plantas, com o parênquima clorofiliano, aprendeu a decifrar os segredos da fotossíntese, absorvendo energia luminosa para elaborar as matérias orgânicas, e lançando de si os gases essenciais que contribuem para o equilíbrio da atmosfera.

No domínio de certas bactérias, inteirou-se dos processos da quimiossíntese, aproveitando a energia química haurida na oxidação de corpos minerais.



Entre os seres superiores, consagrou-se à biossíntese, em novo câmbio de substâncias nos vários períodos da experiência física, para garantir a segurança própria, sob o ponto de vista material e energético.



Habituado aos fenômenos do anabolismo, na incorporação dos elementos de que se nutre, e do catabolismo, na desassimilação respectiva, automatiza-se-Ihe a existência, em metamorfose contínua das forças que lhe alcançam a máquina fisiológica, através dos alimentos necessários à restauração constante das células e ao equilíbrio dos reguladores orgânicos.



Comentários - Já arrimado da condição de mentalizar, mesmo que primariamente, encontramos o Espírito, quando desenfeixado da vestimenta física, buscando novos meios de se exteriorizar, para com isso melhorar seu sustento.

No físico, as experiências acumuladas pelo Princípio Inteligente (P.I.) ao longo das várias etapas percorridas, particularmente

a partir do reino vegetal, culminaram com a propriedade de absorver energia solar, a qual, depois de aproveitada, metaboliza e expele, de si, gases que participarão do equilíbrio atmosférico _ bom ar. Tudo isso, sem deslembrar o aprendizado proporcionado pela apropriação da oxidação mineral, por parte de certas bactérias.

Evoluindo agora, já humano, o P.I. haure energias oriundas de alimentos (anabolismo), transformando-as em substâncias orgânicas em si mesmo. É assim que é garantida a permanente renovação celular (crescimento, do bebê ao adulto). Em processo subseqüente, ocorre a desassimilação (catabolismo) dos líquidos, sólidos e gasosos degradados, inaproveitáveis

ou supérfluos.



INICIO DA MENTOSSÍNTESE _ Erguido, porém, à geração do pensamento ininterrupto, altera-se-lhe, na individualidade, o modo particular de ser.



O princípio inteligente inicia-se, desde então, nas operações que classificaremos como sendo de mentossíntese, porque baseadas na troca de fluidos mentais multiformes, através dos quais emite as próprias idéias e radiações, assimilando as radiações e idéias alheias.



O impulso que lhe surgia na mente embrionária, por interesse acidental de posse, ante a necessidade de alimento esporádico, é agora desejo consciente. E, sobretudo, o anseio genésico instintivo que se lhe sobrepunha à vida normal, em períodos certos, converteu-se em atração afetiva constante.



Aparece, assim, a sede de satisfação invariável como estímulo à experiência e prefigura-se-lhe nalma a excelsitude do amor encravado no egoísmo, como o diamante em formação no carbono obscuro.



A morte física interrompe-lhe as construções no terreno da propriedade e do afeto e a criatura humana, a iniciar-se no pensamento contínuo, sente-se quebrada e aflita, cada vez que se desvencilha do corpo carnal adulto.



A liberação da veste densa impõe-lhe novas condições vibratórias, como que obrigando-o à ocultação temporária entre os seus para que se lhe revitalizem as experiências, qual ocorre à planta necessitada de poda para exaltar-se em renovação do próprio valor.



Épocas numerosas são empregadas para que o homem senhoreie o corpo espiritual, nos círculos da consciência mais ampla, porque, como deve compreender por si o caminho em que se conduzirá para a Glória Divina, cabe-lhe também debitar a si mesmo os bens e os males e as alegrias e as dores da caminhada.



Arrebatado aos que mais ama e ainda incapaz de entender a transformação da paisagem doméstica de que foi alijado, revolta-se comumente contra as novas lições da vida a que é convocado, em plano diferente, e permanece fluidicamente algemado aos que se lhe afinam com o sangue e com os desejos, comungando-lhes a experiência vulgar.



Nesse sentido, será, pois, razoável recordar que em seu recuado pretérito aprendeu, automaticamente, a respirar e a viver, justaposto ao hausto e ao calor alheios.



Comentários - Detentor do pensamento contínuo inicia-se o que o Autor espiritual denomina _mentossíntese_, ou seja, troca (emissão e recepção) de fluidos de várias gradações energéticas, geradoras de radiações e idéias.

Como resultante, brota-lhe a sublimidade do amor _ o que antes era anseio sexual com desejo de posse agora se afigura como busca de vivência afetiva constante.

A morte física expõe ao Espírito que qualquer posse material é-lhe e sempre será transitória, bem como se interrompe a

presença do objeto humano afetivo. As vidas sucessivas causam-lhe revolta pela _perda_ dos afins, aos quais busca fixar-se

(eis aí um dos quadros da obsessão). Custará, mas um dia entenderá que essa sublime engenharia é a mesma que regula a

poda das plantas, com isso proporcionando-lhes abençoada renovação...



SIMBIOSE ÚTIL _ Revisemos, assim, a simbiose entre os vegetais, como, por exemplo, a que existe entre o cogumelo e a alga, na esfera dos liquens, em que as hifas ou filamentos dos cogumelos se intrometem nas gonídias ou células das algas e projetam-lhes no interior certos apêndices, equivalendo a complicados haustórios, efetuando a sucção das matérias orgânicas que a alga elabora por intermédio da fotossíntese.



O cogumelo empalma-lhe a existência, todavia, em compensação, a alga se revela protegida por ele contra a perda de água, e dele recolhe, por absorção permanente, água e sais minerais, gás carbônico e elementos azotados, motivo pelo qual os liquens conseguem superar as maiores dificuldades do meio.



Entretanto, o processo de semelhante associação pode estender-se em ocorrências completamente novas. É que se dois liquens, estruturados por diferentes cogumelos, se encontram, podem viver, um ao lado do outro, com talo comum, pelo fenômeno da parabiose ou união natural de indivíduos vivos.



Dessa maneira, a mesma alga pode produzir liquens diversos com cogumelos variados, podendo também suceder que um líquen se transfigure de aspecto, quando uma espécie micológica se sucede à outra.



Julgava-se antigamente, na botânica terrestre, que os liquens participassem do grupo das criptogâmicas, mas Schwendener incumbiu-se de salientar-lhes a existência complexa, e Bonnier e Bornet, mais tarde, chamaram a si a obrigação de positivar-lhes a simbiose, experimentando a cultura independente de ambos os elementos integrantes, cultura essa que, iniciada no século findo, somente nos tempos últimos logrou pleno êxito, evidenciando, porém, que a vida desses mesmos componentes, sem o ajuste da simbiose, é indiscutivelmente frágil e precária.



Outro exemplo de agregação da mesma natureza vamos encontrar em certas plantas leguminosas que guardam os seus tubérculos nas raízes, cujas nodosidades albergam determinadas bactérias do solo que realizam a assimilação do azoto

atmosférico, processo esse pelo qual essas plantas se fazem preciosas à gleba, devolvendo-lhe o azoto despendido em serviço.



Comentários - Na simbiose dois seres de diferentes espécies se associam, influenciando-se reciprocamente, resultando bênçãos ou problemas, para ambos ou apenas para um deles. Vejamos simbioses _boas_:

- nos vegetais, o exemplo é a simbiose do cogumelo e da alga: aquele a esconde e protege contra perda de água, daí originando--se alguns liquens (vegetais); em contrapartida, quando a alga elabora a fotossíntese e elementos nutritivos, estes serão apropriados pelo cogumelo.

- em outras circunstâncias naturais, dois liquens formados por diferentes cogumelos poderão coabitar talo comum, no fenômeno denominado parabiose (união natural e permanente de indivíduos vivos _ caso, por exemplo, dos gêmeos xifópagos).

- a mesma alga poderá produzir liquens diversos, com vários cogumelos. No caso dos cogumelos sofrerem sucessão poderá ocorrer mudança de aspecto dos respectivos líquens.

- há simbiose próspera também entre algumas leguminosas e certas bactérias, as quais se fixam nas raízes, com isso fixando

o nitrogênio no solo, a benefício da gleba.



SIMBIOSE EXPLORADORA _ Contudo, além desses fenômenos em que a simbiose é simples e útil, temos as ocorrências desagradáveis, como sejam as micorrizas das orquidáceas, em que o cogumelo comparece como sendo invasor da raiz da planta, caso esse em que a planta assume atitude anormal para adaptar-se, de algum modo, às disposições do assaltante, encontrando, por vezes, a morte, quando persiste esse ou aquele excesso no conflito para a combinação necessária.



Nesse acontecimento, como assinalou Caullery, com justeza de conceituação, tal simbiose deve ser capitulada na patologia comum, por enquadrar-se perfeitamente ao parasitismo.



Identificaremos, ainda, a simbiose entre algas e animais, em que as algas se alojam no plasma das células que atacam, como acontece a protozoários e esponjas, turbelários e moluscos, nos quais se implantam, seguras.



Comentários - Vejamos agora aquelas simbioses que podemos considerar _danosas_...

- orquídeas podem se parasitar ou morrer se suas raízes se associarem a cogumelos invasores;

- há associações entre algas e animais, com aquelas se alojando no plasma (massa formadora e essencial de um órgão) das

células que atacam. É o caso de protozoários (animais unicelulares) e esponjas (animais marinhos ou de água doce); turbelários e moluscos (lesmas, ostras, caramujos, etc.).



ELUCIDAÇÃO DE TERMOS USADOS PELO AUTOR ESPIRITUAL

anabolismo - fase regenerativa do processo metabólico, em que se dá a regeneração dos compostos que foram degradados (por catabolismo), partindo de substâncias mais simples

biossíntese - síntese (formação) de substâncias orgânicas nos seres vivos

catabolismo - fase destrutiva (degradação de compostos) do processo metabólico, em que se dá a formação pelos organismos, de substâncias simples, a partir de outras, mais complexas, com a oxidação e liberação de energia

clorofila - designação dos pigmentos de cor verde que contém magnésio e que estão presentes nas células das plantas capazes de realizar fotossíntese

criptogâmica - referente ao vegetal que não se reproduz por meio de flores e que tem órgãos reprodutivos imperceptíveis a olho nu. Compreende as algas, os fungos, as ervas rasteiras e as samambaias

esponja - animal marinho ou de água doce, cujo corpo é provido de numerosos poros, câmaras e canais pelos quais entre e sai a água

fotossíntese - processo básico de alimentação dos vegetais, através da síntese (formação) de substâncias orgânicas, com a fixação do gás carbônico mediante a ação da luz solar e a participação da clorofila

gonídia - designação das células verdes que formam, nas algas e nos líquens, uma camada contínua, na qual parece residir todo o poder vegetativo dessas plantas

haustório - ramificação pela qual certos begetais absorvem o alimento

hifa - filamento de um talo de fungo (cogumelo)

mentossíntese - espécie de metabolismo operado com base na troca de fluidos mentais, tomada a fotossíntese como analogia

micológica - relativa a cogumelos

micorriza - associação simbiótica da raiz de uma planta com os filamentos do talo de determinados fungos

molusco - animal de corpo mole e mucoso, coberto por um manto que em geral segrega uma concha; não tem segmentação perceptível nem apêndices articulados. São as lesmas, as ostras, os caramujos, etc

nodosidade - saliência, proeminência, com aparência de nó

parabiose - união permanente de organismos vivos, como a de gêmeos xifópagos (ligados um ao outro)

parênquima - tecido constituído de células do mesmo diâmetro, que se relaciona sobretudo com a armazenagem e distribuição de substâncias nutritivas

protozoário - designação dos animais unicelulares, que constituem um grande sub-reino, tendo como exemplo a ameba

quimiossíntese - síntese (formação) de substâncias orgânicas, a partir de inorgânicas, realizada por bactérias sem o concurso da luz solar, mas com luso da energia resultante de um processo químico

simbiose - associação de dois seres de espécie distinta, com influência de um sobre o outro, ou de ambos entre si, podendo, essas relações, ser úteis ou prejudiciais às duas partes, favoráveis ou nocivas para uma delas apenas

turbelário - espécime dos turbelários, cujo corpo é revestido de epiderme ciliada com muitas glândulas mucosas, e que têm tubo digestivo incompleto e boca ventral; podem ser terrestres, de água doce ou marinhos, e geralmente de vida livre. São comumente representados pelas lesmas ou planárias

(extraído do livro "Elucidário de evolução em dois mundos", de José Marques Mesquita, edição da USEERJ -
União das Sociedades Espíritas do Estado do Rio de Janeiro)

QUESTÕES PARA ESTUDO

1) Como se dá a evolução do mecanismo de sustento do princípio inteligente?

2) O que é a mentossíntese, segundo André Luiz?

3) Que conseqüências são apontadas pelo Autor como resultantes da troca de energias surgida na vida do princípio inteligente?

4) Como podemos definir a simbiose útil e quais os exemplos citados por André Luiz para demonstrá-la?

5) E quanto à simbiose exploradora? Como defini-la e exemplificá-la?

XIV
Simbiose espiritual
(final)

SIMBIOSE DAS MENTES _ Semelhantes processos de associação aparecem largamente empregados pela mente desencarnada, ainda tateante, na existência além-túmulo.

Amedrontada perante o desconhecido, que não consegue arrostar de pronto, vale-se da receptividade dos que lhe choram a perda e demora-se colada aos que mais ama.

E qual cogumelo que projeta para dentro dos tecidos da alga dominadores apêndices, com os quais lhe suga grande parte dos elementos orgânicos por ela própria assimilados, o Espírito desenfaixado da veste física lança habitualmente, para a intimidade dos tecidos fisiopsicossomáticos daqueles que o asilam, as emanações do seu corpo espiritual, como radículas alongadas ou sutis alavancas de força, subtraindo-lhes a vitalidade, elaborada por eles nos processos da biossíntese, sustentando-se, por vezes, largo tempo, nessa permuta viva de forças.

Qual se verifica entre a alga e o cogumelo, a mente encarnada entrega-se, inconscientemente, ao desencarnado que lhe controla a existência, sofrendo-lhe temporariamente o domínio até certo ponto, mas, em troca, à face da sensibilidade excessiva de que se reveste, passa a viver, enquanto perdure semelhante influência, necessariamente protegida contra o assalto de forças ocultas ainda mais deprimentes. Por esse motivo, ainda agora, em plena atualidade, encontramos os problemas da mediunidade evidente, ou da irreconhecida, destacando, a cada passo, inteligências nobres intimamente aprisionadas a cultos estranhos, em matéria de fé, as quais padecem a intromissão de idéias de terror, ante a perspectiva de se afastarem das entidades familiares que lhes dominam a mente através de palavras ou símbolos mágicos, com vistas a falaciosas vantagens materiais. Essas inteligências fogem deliberadamente ao estudo que as libertaria do cativeiro interior, quando não se mostram apáticas, em perigosos processos de fanatismo, inofensivas e humildes, mas arredadas do progresso que lhes garantiria a renovação.



Comentários: OBS: Precisamente aqui, na minha opinião, o Espiritismo se viu brindado com a abençoada e minuciosa explicação de como se processam os meandros da obsessão.

Pedagogicamente o autor expôs as simbioses acima e agora apropria os mesmos fundamentos ao caso das mentes, de

desencarnados, inseguros, por desconhecedores da própria situação.

Tendo por apoio o choro dos encarnados que lamentam sua passagem, sobre eles lançam radículas perispirituais,sugando

energia vital deles, ás vezes por longo tempo...

A mente do encarnado, qual a alga, entrega-se de boamente à do desencarnado, aqui representando o papel do cogumelo. Dessa triste associação, em que o desencarnado não projetou mas realiza domínio sobre o encarnado, ambos se bastam, com o encarnado, quase sempre desconhecendo que já está sendo _assaltado_ por forças desconhecidas. Essa ignorância mútua merece nossa compaixão, eis que ambos inauguram processo obsessivo inconsciente, à guisa de um equivocado sentimento: _amor recíproco_...

Temos aqui, à mão, característico, o caso de mediunidade destrambelhada: o encarnado fazendo de tudo para cada vez mais

fortalecer os grilhões que ele próprio permitiu lhe fossem atados e o desencarnado, com pavor de perder a fonte da qual se

supre.

Ambos fogem da reflexão, da prece, dos estudos que os libertariam.



HISTERIA E PSICONEUROSE _ Entretanto, as simbioses dessa espécie, em que tantas existências respiram em reciprocidade de furto psíquico, não se limitam aos fenômenos desse teor, nos quais Espíritos desencarnados, estanques em determinadas concepções religiosas, anestesiam ou infantilizam temporariamente consciências menos aptas ao autocontrole, porquanto se expressam igualmente nas moléstias nervosas complexas, como a hístero-epilepsia, em que o paciente sofre o espasmo tônico em opistótono, acompanhado de convulsões clônicas de feição múltipla, às vezes sem qualquer perda de consciência, equivalendo a transe mediúnico autêntico, no qual a personalidade invisível se aproveita dos estados emotivos mais intensos para acentuar a própria influenciação.

E, na mesma trilha de ajustamento simbiótico, somos defrontados na Terra, aqui e ali, pela presença de psiconeuróticos da mais extensa classificação, com diagnose extremamente difícil, entregues aos mais obscuros quadros mentais, sem se arrojarem à loucura completa.

Tais entidades, imanizadas ao painel fisiológico e agregadas a ele sem o corpo de matéria mais densa, vivem assim, quase sempre por tempo longo, entrosadas psiquicamente aos seus hospedadores, porquanto o Espírito humano desencarnado, erguido a novo estado de consciência, começa a elaborar recursos magnéticos diferenciados, condizentes com os impositivos da própria sustentação, tanto quanto, no corpo terrestre, aprendeu a criar, por automatismo, as enzimas e os hormônios que lhe asseguravam o equilíbrio biológico, e, impressionando o paciente que explora, muita vez com a melhor intenção, subjuga-lhe o campo mental, impondo-lhe ao centro coronário a substância dos próprios pensamentos, que a vítima passa a acolher qual se fossem os seus próprios. Assim, em perfeita simbiose, refletem-se mutuamente, estacionários ambos no tempo, até que as leis da vida lhes reclamem, pela dificuldade ou pela dor, a alteração imprescindível.



Comentários: Em simbioses como a acima não ocorrem apenas _proteção_ do desencarnado ao encarnado contra outras influências maléficas: surgem doenças nervosas, complexas, tais como a histero-epilepsia (espasmos convulsivos, em que o encarnado permanece consciente). Esse é um quadro efetivo de mediunidade, ocorrendo quase sempre quando o desencarnado se vale dos instantes de emoção violenta do encarnado, que com isso, se desguarnece por inteiro.

Na Terra são incontáveis os indivíduos psiconeuróticos, cujos quadros são difíceis de serem diagnosticados e que se aproximam

da loucura completa, contudo, sem instalação.

Dispensado detalhar o futuro dessas simbioses: longa duração, fanatismo, atraso evolutivo, quando então, por Bondade Divina,

a Lei do Progresso aciona dispositivos para mudança de rota, de ambos: entram em ação as dificuldades, sofrimentos diversos

ou a própria dor, como remédio derradeiro, mas infalível...



OUTROS PROCESSOS SIMBIÓTICOS _ De outras vezes, o desencarnado que teme as experiências do Mundo Espiritual ou que insiste em prender-se por egoísmo aos que jazem na retaguarda, se possui inteligência mais vasta que a do hospedeiro, inspira-lhe atividade progressiva que resulta em benefício do meio a que se vincula, tal como sucede com a bactéria nitrificadora na raiz da leguminosa.

Noutras circunstâncias, porém, efetua-se a simbiose em condições infelizes, nas quais o desencarnado permanece eivado de ódio ou perversidade enfermiça ao pé das próprias vítimas, inoculando-Ihes fluidos letais, seja copiando a ação do cogumelo que se faz verdugo da orquídea, impulsionando-a a situações anormais, quando não lhe impõe lentamente a morte, seja reproduzindo a atitude das algas invasoras no corpo dos anelídeos, conduzindo-os a longas perturbações, fenômenos esses, no entanto, que capitularemos, com apontamentos breves, em torno do vampirismo, como responsável por vários distúrbios do corpo espiritual a se estamparem no corpo físico.



Comentários: No quadro das simbioses enfocadas neste capítulo surge o espantoso caso daquelas nas quais o desencarnado, mais sábio do que o encarnado que subjuga mentalmente e do qual furta energias, por temor ou inadaptação ao Mundo Espiritual, e mais por egoísmo, repassa idéias que proporcionarão melhoria deste (algo como _adubo intelectual_, se assim posso me expressar).

Mas pode ocorrer o contrário, sempre calcado em tal equivocada união: o desencarnado que cristaliza na mente o ódio ou

maldade contra a vítima (encarnada) inocula nesta fluidos letais (caso do cogumelo contra a orquídea). Resultado: condições

físicas anormais, quando não o vampirismo, passível de levar até à morte.



ANCIANIDADE DA SIMBIOSE ESPIRITUAL - Justo, assim, registrar que a simbiose espiritual permanece entre os homens, desde as eras mais remotas, em multifários processos de mediunismo consciente ou inconsciente, através dos quais os chamados _mortos_, traumatizados ou ignorantes, fracos ou indecisos, se aglutinam, em grande parte, ao _habitat_ dos chamados _vivos_, partilhando-Ihes a existência, a absorver-lhes parcialmente a vitalidade, até que os próprios Espíritos encarnados, com a força do seu próprio trabalho, no estudo edificante e nas virtudes vividas, lhes ofereçam material para mais amplas meditações, pelas quais se habilitem à necessária transformação com que se adaptem a novos caminhos e aceitem encargos novos, à frente da evolução deles mesmos, no rumo de esferas mais elevadas.

Pedro Leopoldo, 16/3/58.



Comentários: Simbiose humana tem registro antigo na humanidade, caracterizando que os chamados _mortos_ se acoplam aos _vivos_, com eles mantendo coabitação, naturalmente sugando-lhes a energia vital.

O processo tipifica claramente mediunidade, consciente ou inconsciente. Quando um dos dois, mas principalmente o encarnado

se propõe ao estudo edificante, do que resulta vivência das virtudes, obtém a chave que o liberta de tais algemas, que ele próprio auto-implantou, via de regra desconhecendo que o fazia.

OBS: Tal libertação é como sublime alvorada que visita a alma tanto de um quanto do outro, pois como registra o

dito popular _a palavra convence, mas o exemplo arrasta_. Ribeirão Preto/SP Verão/2006

ELUCIDAÇÃO DE TERMOS USADOS PELO AUTOR ESPIRITUAL

bactéria nitrificadora - agente de nitrificação, isto é, da transformação, no solo, do amoníaco (combinação do nitrogênio e hidrogênio) em substâncias de ação fertilizante

biossíntese - síntese (formação) de substâncias orgânicas nos seres vivos

enzima - denominação das substâncias protéicas que atuam no organismo como agentes catalisadores (desencadeiam reações) nos processos metabólicos, transformando a energia de ativação necessária para cada reação, tornando-a mais rápida

espasmo - contração involuntária e convulsiva dos músculos

espasmo tônico - espasmo caracterizado por uma tensão contínua

fisiopsicossomático - que pertence, simultaneamente, aos domínios do corpo físico e do psicossoma (corpo espiritual ou perispírito)

hístero-epilepsia - histeria com características epiléticas, em que ocorrem espasmos e convulsões

hormônio - substância produzida pela atividade das glândulas de secreção interna (endócrinas) ou pela atividade de tecidos de secreção interna. É lançado, em parte, no sangue ou na linfa, e, em parte, nos tecidos. Atua sobre as funções orgânicas como excitante ou como regularizador

opistótono - contração espasmódica em que a cabeça e os calcanhares se voltam para trás, enquanto o tronco se dobra para a frente, assumindo o corpo uma postura em forma de arco

psiconeurose - transtorno funcional, que se manifesta mediante perturbações orgânicas (respiratórias, digestivas, excretoras, genitais) e desequilíbrios psíquicos

simbiose - associação de dois seres de espécie distinta, com influência de um sobre o outro, ou de ambos entre si, podendo, essas relações, ser úteis ou prejudiciais às duas partes, favoráveis ou nocivas para uma delas apenas

(extraído do livro "Elucidário de evolução em dois mundos", de José Marques Mesquita, edição da USEERJ -
União das Sociedades Espíritas do Estado do Rio de Janeiro)
QUESTÕES PARA ESTUDO

1) Segundo André Luiz, como se dá a simbiose da mente de um encarnado e a de um desencarnado?

2) É possível um desencarnado, através do processo de simbiose das mentes, causar um mal a um encarnado?

3) A simbiose das mentes de um desencarnado e de um encarnado pode provocar danos ao corpo físico deste?

4) Pode a parte que esteja sendo prejudicada pela simbiose das mentes interromper os seus efeitos? De que modo?


Muita paz a todos e bom estudo

Equipe CVDEE
Sala André Luiz
http://www.cvdee.org.br/contato.asp

Conclusão

Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo - CVDEE

Sala de Estudos André Luiz


Livro em estudo: Evolução em dois mundos (Editora FEB)

Autor: Espírito André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier
e Waldo Vieira

Primeira parte - Capítulo XIV - Simbiose espiritual (parte I)


C O N C L U S Ã O

1) Como se dá a evolução do mecanismo de sustento do princípio inteligente?

R - No reino vegetal, o princípio inteligente satisfaz a necessidade de sustento através da fotossíntese, por meio da qual absorve energia luminosa para elaborar a matéria orgânica de que precisa, expelindo de si gases essenciais ao equilíbrio da atmosfera. Atingindo a fase em que se expressa como bactéria, passa a se sustentar de substâncias orgânicas formadas sem o concurso de luz solar e, sim, com o uso de energia resultante de um processo químico. Já na condição de espírito, o princípio inteligente passa a haurir energias oriundas de alimentos, que as transforma em substâncias orgânicas em si mesmo, garantindo-lhe a permanente renovação das células. Tem, assim, a existência automatizada, através dos processos de anabolismo (assimilação de energias) e catabolismo (desassimilação dos líquidos, sólidos e gasosos desnecessários).

2) O que é a mentossíntese, segundo André Luiz?

R - Adquirindo o pensamento contínuo, o princípio inteligente inicia o que André Luiz denomina "mentossíntese", que é a troca de fluidos mentais multiformes, através dos quais emite as próprias idéias e radiações e assimila as radiações e idéias alheias. .

3) Que conseqüências são apontadas pelo Autor como resultantes da introdução do pensamento contínuo na vida do princípio
inteligente?

R - Além de inaugurar a prática da troca de energias mentais, a aquisição do pensamento contínuo transforma o modo de ser do princípio inteligente. Os impulsos passam a desejos conscientes. O que antes era simples desejo sexual momentâneo transforma-se em amor, buscando uma vivência afetiva constante. Com a morte física, interrompe-se a idéia da posse definitiva das coisas e dos afetos, sofrendo o espírito perturbação, a cada vez que deixa o corpo físico. Na nova forma de vida, fora da matéria, novas vibrações lhe são impostas, obrigando-o a buscar abrigo entre àqueles com os quais se afina. Ressalta, ainda, André Luiz, que longos períodos são necessários para que o espírito se aproprie conscientemente de seu corpo espiritual, assim como para compreender que a si cabe a responsabilidade pela felicidade ou pela infelicidade.

4) Como podemos definir a simbiose útil e quais os exemplos citados por André Luiz para demonstrá-la?


R - Podemos definir a simbiose como o fenômeno através do qual dois seres de diferentes espécies se associam, influenciando- -se, reciprocamente. Quando desta união resulta benefício para ambos ou para um deles, temos o que André Luiz denomina "simbiose útil".

Como exemplos de simbiose útil, o autor cita, nos vegetais, a simbiose do cogumelo e da alga, em que o primeiro esconde e protege a segunda contra a perda de água. Desta simbiose originam-se novos organismos vegetais (liquens) e, quando a alga elabora a fotossíntese, produz elementos nutritivos, que vão servir de nutrientes ao cogumelo. Pode ocorrer, ainda, dois liquens formados por diferentes cogumelos virem coabitar um talo comum ou a mesma alga produzir liquens diversos, com vários cogumelos.

André Luiz cita, também, como exemplo de simbiose útil, a que ocorre entre algumas leguminosas e certas bactérias, que se fixam nas raízes das primeiras, realizando a assimilação de nitrogênio pelo solo, revitalizando-o.

5) E quanto à simbiose exploradora? Como defini-la e exemplificá-la?

R - A simbiose exploradora ocorre quando o seu efeito é negativo para uma ou ambas as partes associadas, causando danos. A título de exemplo, André Luiz cita o caso das orquídeas, quando se associam a cogumelos invasores, que podem provocar a morte de suas raízes. Cita, ainda, a simbiose entre algas e animais, com aquelas se alojando no plasma das células agredidas, como acontece com protozoários, esponjas e moluscos.

QUESTÕES PROPOSTAS PARA ESTUDO

1) Segundo André Luiz, como se dá a simbiose da mente de um encarnado e a de um desencarnado?

R - André Luiz explica o mecanismo da simbiose mental fazendo uma analogia com o que ocorre com as orquídeas, quando associadas a cogumelos invasores e com alguns animais, como os protozoários, esponjas e moluscos, quando invadidos por algas que se alojam no plasma de suas células. Em processo similar ao que acontece nestes casos, a mente desencarnada, ainda insegura no além-túmulo, pode se aproveitar da receptividade do encarnado que lhe chora a perda, colando-se a ela por intermédio de emanações perispirituais lançadas sobre o encarnado.
2) É possível um desencarnado, através do processo de simbiose das mentes, causar um mal a um encarnado?

R - Como acontece quando a alga e o cogumelo invasores se alojam em suas vítimas, a mente encarnada entrega-se, inconscientemente, ao domínio do desencarnado, que passa a controlá-la. Quando isto ocorre, o desencarnado subtrai-lhe vitalidade, num processo que pode durar largo tempo. São os mais variados graus de obsessão, estudados pelo Espiritismo. Explica o Autor espiritual que, nesta hipótese, a mente encarnada, em contrapartida, sente-se protegida contra forças espirituais ainda mais danosas. Destaca, ainda, conseqüências no campo mediúnico, citando a hipótese em que inteligências encarnadas deixam-se aprisionar a cultos estranhos de fé religiosa, receosas de verem afastadas as entidades com as quais se familiarizam e que lhes dominam a mente através de palavras ou símbolos mágicos.

3) A simbiose das mentes de um desencarnado e de um encarnado pode provocar danos ao corpo físico deste?

R - Além das conseqüências de natureza espiritual acima apontadas, o processo de simbiose de mentes pode acarretar danos

físicos no encarnado, através de moléstias nervosas complexas, que se expressam em forma de convulsões, nas quais a mente

invisível aproveita-se do estado emotivo mais intenso da mente encarnada para aumentar seu domínio. Forma-se, então, um

quadro efetivo de manifestação mediúnica danosa, de difícil diagnóstico por parte da medicina terrena. A mente desencarnada

permanece agregada ao corpo do encarnado, geralmente, por longo tempo, entrosada psiquicamente ao hospedeiro. Utiliza-se

de recursos magnéticos para subjugar o campo mental do encarnado, impondo-lhe seus pensamentos, que são acolhidos pela

vítima como se fossem os seus próprios.



Explica André Luiz que, do mesmo modo que o desencarnado possuidor de inteligência mais desenvolvida do que o encarnado

pode inspirá-lo em atividade benéfica, como acontece com a bactéria que se fixa na raiz da leguminosa possibilita a assimilação

de nitrogênio pelo solo, quando a mente desencarnada encontra-se eivada de ódio ou perversidade, introduz no encarnado

fluidos letais, enfermiços, provocando-lhe doenças, como acontece com o cogumelo em relação à orquídea.



4) Pode a parte que esteja sendo prejudicada pela simbiose das mentes interromper os seus efeitos? De que modo?


R - Em perfeita simbiose mental, invasor e hospedeiro podem permanecer estacionados no tempo até que a misericórdia divina,

por meio de suas leis sábias e soberanas as impulsione ao progresso. Através do trabalho edificante, do estudo, da prece e da conquista de virtudes, a parte prejudicada pode interromper este processo, operando a transformação que a recolocará no

caminho da evolução.



Muita paz a todos


Equipe CVDEE
Sala André Luiz
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