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A Gênese

120 - Morte e paixão de Jesus (itens 3 a 21)

PREDIÇÕES DO EVANGELHO - itens 3 a 21: Morte e paixão de Jesus Perseguição aos apóstolos Cidades impenitentes Ruína do Templo e de Jerusalém Morte e paixão de Jesus 3. - (Após a cura do lunático) - Todos ficaram admirados do grande poder de Deus. E, estando todos presos de admiração pelo que Jesus fazia, disse ele a seus discípulos: Guardai bem nos vossos corações o que vos vou dizer. O Filho do homem tem que ser entregue às mãos dos homens. - Eles, porém, não entendiam essa linguagem; ela lhes era de tal modo oculta que nada compreendiam daquilo e temiam mesmo interrogá-lo a respeito. (S. Lucas, cap. IX, vv. 44 e 45.) 4. - A partir de então, começou Jesus a revelar a seus discípulos que tinha de ir a Jerusalém; que aí tinha de sofrer muito da parte dos senadores, dos escribas e dos príncipes dos sacerdotes; que tinha de ser morto e de ressuscitar ao terceiro dia. (S. Mateus, cap. XVI, v. 21.) 5. - Estando na Galiléia, disse-lhes Jesus: O Filho do homem tem que ser entregue às mãos dos homens; - estes lhe darão morte e ele ressuscitará ao terceiro dia, o que os afligiu extremamente. (S. Mateus, cap. XVIl, vv. 21 e 22.) 6. - Ora, indo Jesus a Jerusalém, chamou de parte seus doze discípulos e lhes disse: Vamos para Jerusalém e o Filho do homem será entregue aos príncipes dos sacerdotes e aos escribas, que o condenarão à morte - e o entregarão aos gentios, a fim de que o tratem com zombarias, o açoitem e crucifiquem; e ele ressuscitará ao terceiro dia. (S. Mateus, cap. XX, vv. 17, 18 e 19.) 7. - Em seguida, tomando de parte os doze apóstolos, disse-lhes Jesus: Eis que vamos a Jerusalém e tudo o que os profetas escreveram acerca do Filho do homem vai cumprir-se, - porquanto ele será entregue aos gentios, zombarão dele, açoitá-lo-ão e lhe escarrarão no rosto. - Depois que o tiverem açoitado, matá-lo-ão e ele ressuscitará ao terceiro dia. Mas, eles nada compreenderam de tudo isso; aquela linguagem lhes era oculta e não entendiam o que ele lhes dizia. (S. Lucas, cap. XVIII, vv. 31 a 34.) 8. - Ora, tendo concluído todos esses discursos, Jesus disse a seus discípulos: Sabeis que a Páscoa se fará daqui a dois dias e que o Filho do homem será entregue para ser crucificado. Ao mesmo tempo, os príncipes dos sacerdotes e os anciãos do povo se reuniram na corte do sumo-sacerdote chamado Caifás, - e entraram a consultar-se mutuamente, à procura de um meio de se apoderarem habilmente de Jesus e de fazê-lo morrer. - Diziam: É absolutamente necessário que não seja durante a festa, para que não se levante qualquer tumulto no seio do povo. (S. Mateus, cap. XXVI, 1 a 5.) 9. - No mesmo dia, alguns fariseus vieram dizer-lhe: Vai-te, sai deste lugar, pois Herodes quer dar-te à morte. Ele respondeu: Ide dizer a essa raposa: Ainda tenho que expulsar os demônios e restituir a saúde aos doentes, hoje e amanhã; no terceiro dia, serei consumado. (S. Lucas, capítulo XIII, vv. 31 e 32.) Perseguição aos apóstolos 10. - Guardai-vos dos homens, porquanto eles vos farão comparecer nas suas assembléias, e vos farão açoitar nas suas sinagogas; e sereis apresentados, por minha causa, aos governadores e aos reis, para lhes servir de testemunhas, bem como às nações. (S. Mateus, cap. X, vv. 17 e 18.) 11. - Eles vos expulsarão das sinagogas e vem o tempo em que aquele que vos fizer morrer julgará fazer coisa agradável a Deus. - Tratar-vos-ão desse modo, porque não conhecem nem a meu Pai, nem a mim. - Ora, digo-vos estas coisas, a fim de que, quando houver chegado o tempo, vos lembreis de que eu vo-las disse. (S. João, cap. XVI, vv. 1 a 4.) 12. - Sereis traídos e entregues aos magistrados por vossos pais e vossas mães, por vossos irmãos, por vossos parentes, por vossos amigos e darão morte a muitos de vós. - Sereis odiados de toda gente, por causa de meu nome. - Entretanto, não se perderá um só cabelo de vossa cabeça. - Pela vossa paciência é que possuireis vossas almas. (São Lucas, cap. XXI, vv. 16 a 19.) 13. - (Martírio de S. Pedro) Em verdade, em verdade vos digo que, quando éreis mais moços, vos cingíeis a vós mesmos e íeis onde queríeis; mas, quando fordes velhos, estendereis as mãos e outro vos cingirá e conduzirá onde não querereis ir. -Ora, ele dizia isso para assinalar de que morte Pedro havia de glorificar a Deus. (S.João, capítulo XXI, vv. 18 e 19.) Cidades impenitentes 14. - Começou então a reprochar as cidades onde fizera muitos milagres, por não terem feito penitência. Ai de ti, Corozaim, ai de ti Betsaida, porque, se os milagres que foram feitos dentro de vós tivessem sido feitos em Tiro e em Sídon, há muito tempo teriam elas feito penitência com saco e cinzas. - Declaro-vos por isso que, no dia do juízo, Tiro e Sídon serão tratadas menos rigorosamente do que vós. E tu, Cafarnaum, elevar-te-ás sempre até ao céu? Serás abaixada até ao fundo do inferno, porque, se os milagres que foram feitos dentro de ti houvessem sido feitos em Sodoma, esta ainda talvez subsistisse hoje. - Declaro-te por isso que, no dia do julgamento, o país de Sodoma será tratado menos rigorosamente do que tu. (S. Mateus, cap. XI, vv. 20 a 24.) Ruína do Templo e de Jerusalém 15. - Quando Jesus saiu do templo para se ir embora, seus discípulos se acercaram dele para lhe fazerem notar a estrutura e a grandeza daquele edifício. - Ele, porém, lhes disse: Vedes todas estas construções? Digo-vos, em verdade, que serão de tal maneira destruídas, que não ficará pedra sobre pedra. (S. Mateus, cap. XXIV, vv. 1 e 2.) 16. - Em seguida, tendo chegado perto de Jerusalém, contemplando a cidade, ele chorou por ela, dizendo: - Ah! se, ao menos neste dia que ainda te é concedido, reconhecesses aquele que te pode proporcionar paz! Mas, agora, tudo isto se acha oculto aos teus olhos. - Tempo virá, pois, para ti, desgraçada, em que teus inimigos te cercarão de trincheiras, te encerrarão e apertarão de todos os lados; - em que te deitarão por terra, a ti e aos teus filhos que estão dentro de ti, e não te deixarão pedra sobre pedra, porque não reconheceste o tempo em que Deus te visitou. (S. Lucas, cap. XIX, vv. 41 a 44.) 17. - Entretanto, é preciso que eu continue a andar hoje e amanhã e o dia seguinte, porquanto necessário é que nenhum profeta sofra morte noutra parte, que não em Jerusalém. Jerusalém, Jerusalém! que matas os profetas e apedrejas os que te são enviados, quantas vezes hei querido reunir teus filhos, como uma galinha reúne sob as asas seus pintainhos, e não o quiseste! - Aproxima-se o tempo em que vossa casa ficará deserta. Ora, eu, em verdade, vos digo que doravante não me tornareis a ver, até que digais: Bendito seja o que vem em nome do Senhor. (S. Lucas, capítulo XIII, vv. 33 a 35.) 18. - Quando virdes um exército cercando Jerusalém, sabei que está próxima a sua destruição. - Fujam para as montanhas os que estiverem na Judéia, retirem-se os que estiverem dentro dela e nela não entrem os que estiverem na região circunvizínha. - Porquanto, esses dias serão os da vingança, a fim de que se cumpra tudo o que está na Escritura. - Ai das que estiverem grávidas nesses dias, visto que este país será acabrunhado de males e a cólera do céu cairá sobre este povo. - Serão passados a fio de espada; serão levados em cativeiro para todas as nações e Jerusalém será calcada aos pés pelos gentios, até que se haja preenchido o tempo das nações. (S. Lucas, cap. XXI, vv. 20 a 24.) 19. (Jesus avançando pera o suplício) - Ora, acompanhava-o grande multidão de povo e de mulheres a bater nos peitos e a chorar. - Jesus, então, voltando-se, disse: Filhas de Jerusalém, não choreis por mim; chorai antes por vós mesmas e pelos vossos filhos - porquanto virá tempo em que se dirá: Ditosas as estéreis, as entranhas que não geraram filhos e os seios que não amamentaram. - Todos se porão a dizer às montanhas: Caí sobre nós! e às colinas: Cobri-nos! - Pois, se tratam deste modo o lenho verde, como será tratado o lenho seco? (S. Lucas, cap. XXIII, vv. 27 a 31.) 20. - A faculdade de pressentir as coisas porvindouras é um dos atributos da alma e se explica pela teoria da presciência. Jesus a possuía, como todos os outros, em grau eminente. Pôde, portanto, prever os acontecimentos que se seguiriam à sua morte, sem que nesse fato algo haja de sobrenatural, pois que o vemos reproduzir-se aos nossos olhos, nas mais vulgares condições. Não é raro que indivíduos anunciem com precisão o instante em que morrerão; é que a alma deles, no estado de desprendimento, está como o homem da montanha (capítulo XVI, nº 1): abarca a estrada a ser percorrida e lhe vê o termo. 21.- Tanto mais assim havia de dar-se com Jesus, quanto, tendo consciência da missão que viera desempenhar, sabia que a morte no suplício forçosamente lhe seria a conseqüência. A visão espiritual, permanente nele, assim como a penetração do pensamento, haviam de mostrar-lhe as circunstâncias e a época fatal. Pela mesma razão podia prever a ruína do Templo, a de Jerusalém, as desgraças que se iam abater sobre seus habitantes e a dispersão dos judeus. QUESTÕES PARA ESTUDO a) Como podemos explicar a previsão feita por Jesus dos acontecimentos acima narrados? b) A morte de Jesus nas circunstâncias em que ocorreu poderia ter sido evitada?


Conclusão

C O N C L U S Ã O A faculdade de pressentir acontecimentos futuros é um dos atributos do espírito e se explica pela teoria da presciência. Jesus a possuía, como todos os outros, em grau elevado, daí ter podido prever a ruína do Templo, a de Jerusalém, as desgraças que se iam abater sobre seus habitantes e a dispersão dos judeus. QUESTÕES PROPOSTAS PARA ESTUDO a) Como podemos explicar a previsão feita por Jesus dos acontecimentos acima narrados? R - A previsão desses acontecimentos feita por Jesus pode ser explicada pela teoria da presciência. Um dos atributos do espírito é pressentir acontecimentos futuros, faculdade que é tanto mais desenvolvida quanto mais adiantada for a sua evolução. Jesus a possuía, como todas as demais faculdades espirituais, em grau elevado, dado a sua condição de espírito puro. Para os espíritos que já atingiram tal condição, o tempo é como se não existisse, sendo passado e futuro como se fossem o presente. Para Jesus, a visão espiritual era permanente, assim como a penetração do pensamento. Como Kardec ilustrou no capítulo anterior, com o exemplo do homem que se encontra no alto de uma montanha e que pode ver o caminho a ser percorrido pelo viajante que se propõe chegar até ela. Por essa razão, nada de sobrenatural houve na previsão acerca dos acontecimentos que se seguiriam à sua morte. b) A morte de Jesus teria que ocorrer nas circunstâncias em que ocorreu? R - Tendo plena consciência da missão que viera desempenhar, de que seus ensinamentos iriam contrariar os interesses das classes dominantes e conhecendo a natureza daquele povo e dos sacerdotes que o influenciavam, Jesus sabia que o suplício que lhe viria ser imposto era uma conseqüência. Poderia tê-lo evitado, se resolvesse reagir da mesma maneira com que foi tratado. Mas como sua Lei era de amor e seu reino não era desse mundo, preferiu respeitar o livre-arbítrio dos homens, deixando que tudo acontecesse como fora previsto pelos antigos profetas, até porque sabia que o seu sacrifício iria contribuir decisivamente para que a propagação de sua doutrina se efetivasse mais rapidamente