A Gênese

021 – O Instinto e a Inteligência - 1a. parte (itens 11 a 14)

1. Vejamos primeiro o que seja instinto. Kardec nos coloca que é uma força oculta que leva os seres organicos a realizarem atos espontaneos e involuntários.Os animais caçam por instinto e migram de uma regiao para outra pelo instinto. As plantas se movimentam em busca da luz tambem instintivamente.
Com o ser humano nao é diferente. Em seus primeiros momentos e durante parte da vida o homem é guiado por seus instintos. É assim que o recem-nascido procura o bico do seio ou da mamadeira, chora quando precisa de alguma coisa, imita o outro para ganhar uma recompensa. O proprio adulto utiliza-se de seus instintos para proteger-se de perigos ou de situacoes que já foram vivenciadas antes.

2. Se o ato instintivo nao é um ato inteligente revela uma causa inteligente pois podemos dizer que o instinto por ser resultado de um aprendizado é parte do inconsciente, arquivo mais profundo do psiquismo, é um guia seguro, pois é etapa já aprendida.
Ao contrário do instinto a inteligencia se manifesta por atos voluntarios, resultado de reflexao, por isso dizemos que a inteligencia é um atributo do Espirito, mas por ser livre é por vezes sujeita a erros.

3. Kardec nos coloca nestes topicos algumas indagaçoes a respeito de instinto e inteligencia. Uma delas diz que instinto e inteligencia teria um unico e mesmo principio que ao chegar a um certo grau de desenvolvimento deixaria de ser instinto para ser inteligencia.
Nesta hipotese em alguns casos a inteligencia poderia regredir ao estagio primitivo e passada a crise voltar a se desenvolver.
Sabemos que um nao anula o outro, pois em muitos atos do nosso cotidiano usamos instinto e inteligencia ao mesmo tempo.
4. Por ultimo Kardec nos coloca a hipótese de que o instinto seria um efeito da açao direta dos protetores desencarnados que supririam a imperfeiçao da inteligencia, uma especie de muletas das quais o ser humano se livraria na medida em que fosse capaz de guiar por sua propria inteligencia.

QUESTÕES PARA ESTUDO

a) O que é o instinto e qual as suas principais características?

b) O que é a inteligência e quais as diferenças principais em relação ao instinto?

c) Pode-se considerar que o instinto procede da matéria?

d) Como Kardec analisa o sistema segundo o qual o instinto se desenvolve e dá lugar à inteligenência?

e) Qual a hipótese que Kardec considera compatível com o ensinamento espírita?


Conclusão

C O N C L U S Ã O

O instinto é a força oculta que solicita os seres orgânicos a atos espontâneos e involuntários, tendo em vista a conservação deles. Nos atos instintivos não há reflexão, nem combinação, nem premeditação. A inteligência se revela por atos voluntários, refletidos, premeditados, combinados, de acordo com a oportunidade das circunstâncias. É incontestavelmente um atributo exclusivo da alma. O instinto é guia seguro, que nunca se engana; a inteligência, pelo simples fato de ser livre, está, por vezes, sujeita a errar.

QUESTÕES PROPOSTAS PARA ESTUDO

a) O que é o instinto e qual as suas principais características?

R - Kardec define o instinto como a força oculta que solicita os seres orgânicos a atos espontâneos e involuntários, tendo em vista a conservação deles. Sua principal característica é não haver nele reflexão, combinação nem premeditação. Funciona numa espécie de automatismo, como nas plantas, que procuram o ar, voltam-se para a luz e dirige suas raízes para a água e para a terra nutriente, movimentos necessários à sua subsistência. Ou nos animais, que buscam os climas que lhes são propícios, constroem seus abrigos, leitos e armadilhas para apanharem presas que lhes servem de alimento. No homem, no começo da vida, o instinto domina as suas ações, como na criança que procura o seio materno para se alimentar. À medida que se desenvolve e se torna adulto, o instinto ainda é responsável por alguns de seus atos, como os movimentos espontâneos para evitar um perigo ou para manter o equilíbrio do corpo.

b) O que é a inteligência e quais as diferenças principais em relação ao instinto?

R - Ao contrário do instinto, Kardec explica que a inteligência se revela por atos voluntários, refletidos, premeditados, combinados, de acordo com a oportunidade das circunstâncias. É uma manifestação que provém exclusivamente do espírito, através de um ato voluntário, refletido, premeditado, livre.Todo ato inteligente denota reflexão, combinação, deliberação e resulta do exercício do livre-arbítrio. O ato instintivo é seguro e não se engana, por ser mecânico provocado por alguma circunstância; o que provém da inteligência, por ser livre e deliberado, está sujeito a equívoco.

c) Pode-se considerar que o instinto procede da matéria?

R - O ato instintivo não procede da matéria, pois, embora falte-lhe o caráter de ato inteligente, revela uma causa inteligente, capaz de identificar as circunstâncias que o determinam. Se procedesse da matéria, teríamos que admitir que a matéria seria inteligente, apta a prever situações determinantes do ato instintivo. Aliás, seria até mais inteligente que o próprio espírito, pois o instinto não se engana, ao passo que a inteligência pode optar por uma atitude equivocada.

d) Como Kardec analisa o sistema segundo o qual o instinto se desenvolve e dá lugar à inteligência?

R - Kardec refuta essa teoria explicando que, se a inteligência tivesse origem no instinto, ou seja, o instinto fosse um princípio que se desenvolvesse e se transformasse em inteligência, não existiria nos seres inteligentes. Ao demais, não se explicaria o fato de, em certos casos, ser mesmo superior à inteligência, pois, como vimos, é infalível, ao passo que a inteligência pode errar.

e) Quanto à origem do instinto, qual a hipótese que Kardec considera compatível com o ensinamento espírita?

R - Nos itens 12, 13 e 14 do presente capítulo, Allan Kardec faz uma análise das diversos hipóteses que tentam explicar a origem do instinto:

I - o instinto procederia da matéria - admitindo-se essa hipótese, teria que se admitir que a matéria é inteligente, mais, até, que o espírito, pois, enquanto a inteligência, que deste provém, pode se enganar, o instinto não se engana, o que seria equivocado;

II - o instinto seria uma inteligência rudimentar - como explicar-se-ia, então, que, em certos casos, seja superior à própria inteligência. Se fosse uma inteligência rudimentar, não poderia ser a ela superior, em nenhuma hipótese e desapareceria ao se transformar em inteligência;

III - o instinto é atributo de um princípio espiritual de natureza especial - sendo os animais dotados praticamente apenas de instinto, não teriam como evoluir, o que contrariaria a bondade de Deus.

IV - o instinto e a inteligência procederiam de um único princípio - o homem inteligente, após ter o instinto transformado em inteligência, ao agir guiado unicamente pelo instinto, teria sua inteligência de volta ao estado de instinto. Retomando a razão, o instinto se tornaria novamente inteligência e assim acontecendo alternadamente. Isto também seria inadmissível, até porque determinados atos se manifestam através do instinto e da inteligência ao mesmo tempo, como o ato de caminhar rápida ou vagarosamente, conforme a necessidade. O movimento das pernas é instintivo; o ritmo da caminhada é pensado.

V - o instinto seria produto de uma inteligência estranha - esta é a hipótese considerada por Kardec mais aceitável e coerente com os novos ensinamentos trazidos pelo Espiritismo, que trouxe o conhecimento de que muitos Espíritos desencarnados têm por missão velar pelos encarnados, dos quais se constituem protetores e guias. Sendo o instinto seguro, tendo uma causa inteligente e induzindo o homem a atos que visam a sua conservação, proviria de uma ação impregnada de bondade, que supriria a imperfeição da inteligência. De acordo com esta hipótese, o instinto não seria atributo nem da alma nem da matéria. Seria efeito de uma inteligência estranha, supletiva, provinda dos protetores invisíveis, que supririam a imperfeição da inteligência, provocando os atos inconscientes necessários à conservação do ser..