A Gênese

099 – Manifestações físicas - Mediunidade (itens 40 a 44)

1.- Os fenômenos das mesas girantes e falantes e outros análogos, que, pela ignorância da lei que os rege, atribuía-se
caráter sobrenatural e miraculoso, têm por base as propriedades do fluido perispirítico, quer dos encarnados, quer dos
desencarnados.

2.- Por meio do seu perispírito é que o espírito se manifesta. Atuando sobre a matéria inerte, é que produz ruídos,
movimentos de mesa e outros objetos, que os levanta, derriba ou transporta. Nada tem de surpreendente esse fenômeno,
se considerarmos que, entre nós, os mais possantes motores se encontram nos fluidos mais rarefeitos e mesmo
imponderáveis, como o ar, o vapor e a eletricidade. É igualmente com o concurso do seu perispírito que o espírito faz
com que os médiuns escrevam, falem, desenhem. Já não dispondo de corpo tangível para agir ostensivamente quando
quer se manifestar, ele se serve do corpo do médium, cujos órgãos toma de empréstimo, corpo ao qual faz que atue
como se fora o seu próprio, mediante o eflúvio fluídico que verte sobre ele.

3.- Pelo mesmo processo atua o espírito sobre a mesa para que ela se mova, simplesmente ou por pancadas inteligentes,
indicando letras a fim de formarem-se palavras e frases. Esse fenômeno é denominado tiptologia. A mesa não passa de
um instrumento de que o espírito se utiliza, como se utiliza do lápis para escrever. Para esse efeito, dá-lhe ele uma
vitalidade momentânea, por meio do fluido que lhe envolve.

4.- Quando comunicações são transmitidas por esse meio, deve-se imaginar que o espírito está, não na mesa, mas ao
lado, tal qual estaria se encarnado e como seria visto, se no momento pudesse tornar-se visível. O mesmo ocorre nas comunicações pela escrita: ver-se-ia o espírito ao lado do médium, dirigindo-lhe a mão ou transmitindo-lhe pensamentos
por meio de uma corrente fluídica. A mesa se destaca do solo e flutua no espaço sem ponto de apoio, o espírito não a
ergue com a força de um braço: envolve-a e penetra-a de uma espécie de atmosfera fluídica que neutraliza o efeito da
gravitação, como faz o ar com os balões e papagaios.

5.- O fluido que se infiltra na mesa dá-lhe momentaneamente maior leveza específica. Compreende-se, pois, que não há
para o espírito, maior dificuldade em arrebatar uma pessoa do que em arrebatar uma mesa, em transportar um objeto de
um lugar para outro ou em atirá-lo seja onde for. Todos esses fenômenos se produzem em virtude da mesma lei. Quando
as pancadas são ouvidas na mesa, não é que o espírito esteja a bater com a mão ou com qualquer objeto. Ele apenas
dirige sobre o ponto donde vem o ruído um jato de fluido e este produz o efeito de um choque elétrico. Tão possível lhe é
modificar o ruído, como a qualquer pessoa modificar os sons produzidos pelo ar.


6.- Fenômeno muito freqüente na mediunidade é a aptidão de certos médiuns para escrever em língua que lhes é estranha
e a explanar, oralmente ou por escrito, assuntos que lhes estão fora do alcance da instrução recebida. Não é raro o caso
de alguns que escrevem correntemente sem nunca terem aprendido a escrever, de compor poesias, sem jamais na vida
terem sabido fazer um verso, de outros que desenham, pintam, esculpem, compõem música, tocam um instrumento, sem conhecerem desenho, pintura, escultura ou a arte musical e reproduzem com perfeição a grafia e a assinatura de espíritos
que não os haja conhecido.

7.- Se o médium tem o mecanismo, se venceu as dificuldades práticas, se lhe são familiares as expressões e se possui
no cérebro os elementos daquilo que o espírito quer fazê-lo executar, ele se acha na posição do homem que sabe ler e
escrever correntemente. O trabalho, então, se torna mais fácil e mais rápido, pois ao espírito já não resta senão transmitir
seus pensamentos ao intérprete, para que este os reproduza pelos meios de que dispõe.

8.- A aptidão de um médium para coisas que lhe são estranhas também tem freqüentemente suas raízes nos
conhecimentos que ele possuiu noutra existência e dos quais conservou a intuição. Se, por exemplo, ele foi poeta ou
músico, mais facilidade encontrará para assimilar o pensamento poético ou musical que um espírito o queira fazer
expressar. A língua que ele hoje ignora pode ter-lhe sido familiar noutra existência, donde maior a aptidão para escrever mediunicamente nessa língua.

QUESTÕES PARA ESTUDO

a) Como se opera o fenômeno de manifestação física por meio das mesas girantes?

b) E as manifestações físicas através de pancadas em móveis ou outros objetos?

c) Como se dá o fenômeno denominado "tiptologia"?

d) Poder-se-ia estabelecer uma comparação entre a comunicação através das mesas girantes com a manifestada pela escrita?

e) Como se explica a comunicação numa língua ou sobre um assunto desconhecidos do médium?

f) E nos casos de desenho, pintura, música ou escultura, sem que o médium conheça estas artes?

Conclusão

C O N C L U S Ã O

Os fenômenos de manifestações físicas, assim como a mediunidade em geral, têm por base as propriedades do fluido perispirítico dos encarnados e dos desencarnados. Atuando sobre a matéria inerte é que o espírito produz ruídos e movimentos de mesa e outros objetos. É igualmente com o concurso do seu perispírito que o espírito faz com que os médiuns escrevam, falem, desenhem. Já não dispondo de corpo tangível para agir ostensivamente quando quer se manifestar, o espírito pode se servir do corpo do médium, cujos órgãos toma de empréstimo, corpo ao qual faz que atue como se fora o seu próprio, mediante o eflúvio fluídico que verte sobre ele.

QUESTÕES PROPOSTAS PARA ESTUDO

a) Como se opera o fenômeno de manifestação física por meio das mesas girantes?

R - Os fenômeno de manifestação física através das mesas girantes, que desencadeou o surgimento do Espiritismo, em meados do século XIX, tem por base as propriedades do fluido perispirítico, quer dos encarnados, quer dos espíritos livres. Opera-se através da utilização da mesa como nos utilizamos do lápis para escrever. O espírito não a ergue como o fazemos com a força de um braço. Dá-lhe uma espécie de vitalidade momentânea, por meio de um fluido que a penetra, neutralizando os efeitos da
lei de gravidade, como se dá com os balões. Este fluido infiltra-se na mesa e lhe dá, temporariamente, maior leveza. Desta maneira, o espírito pode manipulá-la à vontade, levantando-a e fazendo-a bater de encontro ao solo, movimento que pode ter uma natureza inteligente, quando expressa uma idéia ou não ter significação determinada. O espírito não se encontra na mesa, mas ao lado, como nas comunicações escritas e pode ser visto, desde que seja possível tornar-se visível. Pelo mesmo processo, o espírito pode arrebatar uma pessoa.

b) E as manifestações físicas através de pancadas em móveis ou outros objetos?

R - Semelhante processo se dá quando a manifestação física ocorre por meio de pancadas em móveis, portas, paredes ou quaisquer outros objetos. Não é o espírito que bate com a mão ou utilizando-se de outro objeto. O fenômeno se dá através de
um jato fluídico que o espírito dirige ao ponto de onde vem o ruído, produzindo o efeito de um choque elétrico.

c) Como se dá o fenômeno denominado "tiptologia"?

R - O fenômeno denominado "tiptologia" é classificado como uma manifestação de efeitos físicos. É aquele em que o espírito utiliza-se de pancadas, através de um objeto, como, por exemplo, as mesas girantes citadas, a fim de formarem palavras e frases, por meio de um código previamente combinado

d) Poder-se-ia estabelecer uma comparação entre a comunicação através das mesas girantes com a
manifestada pela escrita?

R - Ambas as formas de comunicação servem para expressar o pensamento dos espíritos e ocorrem do pela ação da vontade
destes. As mesas girantes foram muito importantes para chamar a atenção para a comunicação dos espíritos. Daquela época até os dias atuais, no entanto, as formas de manifestação mediúnica evoluíram, com o conhecimento cada vez maior acerca dos fenômenos mediúnicos. Hoje, manifestações sob a forma de pancadas (tiptologia) são menos utilizadas, pois os médiuns encontram-se mais habilitados a captarem o pensamento dos espíritos e expressá-lo através da escrita, da fala, etc.

e) Como se explica a comunicação numa língua ou sobre um assunto desconhecidos do médium?

R - A aptidão que certos médiuns possuem de escrever em língua que lhes é estranha; sobre assunto desconhecido ou mesmo quando não tenham aprendido a escrever explica-se quando o fenômeno mediúnico é puramente mecânico, ou seja, o médium funciona como instrumento passivo dos espíritos. Kardec compara a uma criança que escreva sob a direção de um pessoa que lhe tome a mão. A aptidão que o médium pode possuir para se expressar sobre assuntos que lhe são estranhos pode também ter origem em conhecimentos adquiridos em outra encarnação e dos quais conservou a intuição. A língua que hoje ignora pode ter-lhe sido familiar noutra existência, donde maior aptidão sua para escrever mediunicamente nessa língua.

f) E nos casos de desenho, pintura, música ou escultura, sem que o médium conheça estas artes?

R - O mesmo ocorre quando se trata de desenho, pintura, música ou escultura. Pode se explicar pelo fato do fenômeno se produzir mecanicamente ou pela intuição que o médium trouxe de outras passagens. Se, por exemplo, foi poeta ou músico, mais facilmente irá assimilar o pensamento do espírito para expressar uma obra poética ou musical.