Educar
246b – Tema: Pais e filhos em diferentes religiões - papo sobre
Bom dia a todos,
Sou nova na Sala e estou muito feliz com o que encontrei aqui!
Esse é um tema que muito me traz ansiedade...
Sou espírita desde a infância e me casei com um católico. Conseguimos viver com harmonia, já que respeitamos a opção de cada um.
Nos casamos na igreja católica, por exigência dele, mas a minha condição era a de falar a verdade antes ao padre, ou seja, logo na entrevista, expus ao padre que eu era espírita, não iria comungar e não queria ouvir a frase: "Até que a morte os separe", já que entendo que a morte do corpo físico nada separa. Felizmente o padre foi muito compreensivo e não colocou qualquer obstáculo. Foi uma linda cerimônia onde ele falou somente do amor. Assunto comum a qualquer religião cristã.
Frequento um Centro Espírita e meu marido não põe qualquer obstáculo. Como ele vai pouco à Igreja sempre falo: "Gostaria muito que vc fosse ao centro comigo, mas já que vc não gosta, acho que vc deveria ir mais a igreja, que é onde vc se encontra e renova forças para o dia-a-dia."
Agora temos uma filha de 1 ano. Desde a gravidez, vamos (eu e ela) ao centro, especialmente porque essa é uma época em que o passe é fundamental para ela. Ele não se opõe a que eu a leve.
Agora ele quer batizá-la. Não me senti no direito de me opor. Mas novamente a minha postura será a mesma. Conversaremos com o padre, que saberá que eu estarei ali pelo simples fato de que aquilo é importante para o pai da criança, e eu como esposa e mãe, me sinto na obrigação de acompanhá-los. Não faço sinal da cruz na igreja, nem me ajoelho. Mas mantenho-me em silêncio e em prece, em sinal de respeito.
Fazemos o Evangelho no lar, lendo passagens bíblicas e cada um comenta baseado nas suas crenças, sem críticas ou competições. Não gostamos de entrar em discussões a respeito de opiniões diferentes, simplesmente ouvimos, e quando começa a discussão dizemos: É hora de parar! 🙂
E assim, vamos construindo nosso lar.
2-É certo tentarmos trazer os nossos filhos para a nossa religião?
Levarei minha filha para a evangelização quando ela tiver idade, e até que ela tenha condições de escolher. Depois, será livre para fazer a escolha dela. Não vou impedir que meu marido a leve a igreja, mas não me preocupo com isso, sei que a responsabilidade da orientação religiosa irá cair sobre mim.
Agradeço muito a minha mãe pela insistência que ela teve comigo na adolescência. Cresci na evangelização, e quando cheguei na adolescência, apesar de aceitar os princípios da doutrina, me dizer espírita por convicção, perdi o interesse, acho que pelas razões próprias da idade. Mas minha mãe foi incansável, não me obrigando, mas jogando sobre mim a responsabilidade dos meus atos. Ela sempre dizia que não ia me obrigar a ser espírita, mas que eu tinha que frequentar alguma religião, e eu acabava indo para a mocidade. Sei que aquela foi uma fase fundamental da minha vida e estar frequentando a mocidade, convivendo com pessoas que procuravam o mesmo que eu, me ajudou a crescer. Portanto, acho que os pais têm obrigação de direcionar os filhos.
7-E quanto a ouvir músicas como gospel, musicas católicas, espíritas, umbandistas, etc..., como conviver com estas diferenças musicais dentro da mesma casa?
Minha empregada é evangélica e me pediu para ouvir músicas em casa. Minha resposta foi: "ninguém aqui ouve música alta, como vc já observou, portanto, dentro do limite do razoável, e sendo boas músicas, pode ouvir."
Seria uma ignorância da minha parte não permitir, já que quase não ficamos em casa.
Espero ter contribuído com minhas experiências.
Um abraço a todos.
Lívia
Entre seis filhas e filhos, apenas a mais velha declara-se espírita e
encontra realização nas atividades doutrinárias.
No entanto, com exceção da mais nova, de 14 anos, todos aceitam
os cinco princípios básicos da Doutrina.
Até os 12 anos, todos frequentaram as atividades no Centro Espírita,
e a partir dai não demonstraram mais interesse. Em diálogo na busca
do motivo, a alegação foi sempre a mesma: "Está muito chato".
Sempre desejei saber o que era muito chato. E as alegações eram
muito parecidas: "É uma lenga-lenga", "Falam sempre as mesmas
coisas", "Cansativo"...
Também o preconceito contra a Doutrina sempre foi muito forte, a
partir de professoras do pré-escolar, não sendo poucas as vezes
nas quais tive que ir às escolas reclamar da tentativa de cooptação
para catolicismo ou evangélicas.
Em épocas de primeira-comunhão quase sempre houve problemas,
inclusive com verdadeiras doutrinações para ver se providenciava
o batismo. Em uma das escolas, comovida, uma professora fez um
verdadeiro apelo, e em não obtendo sucesso partiu para a apelação,
dizendo que "era um absurdo eu usar da prerrogativa
de pai para impedir algo que toda criança gostava" !!!...
Sempre disse que a partir dos 14 anos, caso desejassem, poderiam
providenciar o batismo. Até hoje, ninguém tomou tal iniciativa.
E sempre expliquei que batismo é um sacramento de determinadas
religiões e não um ato social. Assim, caso após os 14 anos tivessem
interesse em conhecer e estudar as religiões que usam batismo,
claro que poderiam fazer isso e chegar ao batismo; não como
cerîmônia social, mas nesse caso como um ato de fé.
A maior influência em termos de preconceito é com a filha de 14 anos,
que ouviu de algumas colegas da escola (muito próximas em termos
de amizade), que Espiritismo é coisa do demônio. Perguntei a ela
se eu tinha jeito de seguir o demônio ou Deus. Ela riu muito e disse:
"É, minha colega tá errada mesmo".
Creio que se as atividades voltadas para crianças e especialmente os
adolescentes fossem melhor estruturadas, então haveria melhores
condições de permanência dos jovens nas atividades espíritas.
Paz e Luz,
Edson Nunes
1-Diante de um cenário de diferentes religiões na mesma família, como conviver com isso?
Não passei pela experiência em relação aos meus filhos, no
entanto penso que diálogo e respeito mútuos são imprescindíveis.
2-É certo tentarmos trazer os nossos filhos para a nossa religião?
Sim, porque na medida que seguimos uma religião é porque
há uma convicção de ser um caminho viável. Penso que é dever nosso, de pais espiritas, darmos o esforço possível para que
conheçam a Doutrina. No entanto, jamais forçar, porque não
faria o menor sentido. Até 13 ou 14 anos, como há muito proselitismo e até processos de lavagem cerebral em certas
religiões, penso que é responsabilidade nossa dialogar com os
filhos e buscar orientá-los no sentido de que se desejam seguir
uma outra religião que aguardem um tempo de mais maturidade
para escolha.
No entanto, quando em casa há religiões diferentes, muda todo
o cenário. O fator sintonia ou afinidade de cada um dos filhos
deve ser o fator determinante para a escolha da própria criança.
3-Se a mãe é de uma religião e pai de outra como fica os filhos nesta situação? Como vocês resolveriam isso?
Já exposto.
4-Entre discussões e deboches para com as religiões diferentes da mesma família o que devemos fazer?
Lembrar que todas as religiões são caminhos para Deus,
ou no mínimo deveriam ser. E que o respeito pelas posições
do próximo é algo que jamais deve faltar.
5-Devemos e podemos visitar a religião de nossos filhos para dar um apoio?
Caso algum filho meu venha a pertencer a outra religião,
sem dúvida que não faltarei a esse compromisso de
fraternidade.
6-Como fica o Evangelho no lar diante de diferentes religiões?
Diálogo e respeito entre as partes.
7-E quanto a ouvir músicas como gospel, musicas católicas, espíritas, umbandistas, etc..., como conviver com estas diferenças musicais dentro da mesma casa?
Seria ótimo que os problemas da vida estivessem resumidos a
tanto, se é que se trata de problema.
8-Estas diferenças religiosas contribuem para desentendimentos familiares?
Em se tratanto de espíritas conscientes, católicos ou reformados
progressistas, espiritualistas em geral, penso que não. Já com
relação a crenças fanatizantes a possibilidade de crises é
real. Sei de uma adolescente evangélica que rompeu com os pais
católicos por considerá-los endemoninhados.
9-E na casa de cada um de vocês como é? Existem pessoas de outras religiões? Como vocês convivem um com o outro?
Já esclarecido.
Edson Nunes
Conclusão