O Livro dos Espíritos

169 – O Nada. Vida futura

O Nada. Vida futura

958. Por que tem o homem, instintivamente, horror ao nada?

"Porque o nada não existe."

959. Donde nasce, para o homem, o sentimento instintivo da vida futura?

"Já temos dito: antes de encarnar, o Espírito conhecia todas essas coisas e a alma conserva vaga lembrança do que sabe e do que viu no estado espiritual." (393)

Em todos os tempos, o homem se preocupou com o seu futuro para lá do túmulo e isso é muito natural. Qualquer que seja a importância que ligue à vida presente, não pode ele furtar-se a considerar quanto essa vida é curta e, sobretudo, precária, pois que a cada instante está sujeita a interromper-se, nenhuma certeza lhe sendo permitida acerca do dia seguinte. Que será dele, após o instante fatal? Questão grave esta, porquanto não se trata de alguns anos apenas, mas da eternidade. Aquele que tem de passar longo tempo, em país estrangeiro, se preocupa com a situação em que lá se achará. Como, então, não nos havia de preocupar a em que nos veremos, deixando este mundo, uma vez que é para sempre?

A idéia do nada tem qualquer coisa que repugna à razão. O homem que mais despreocupado seja durante a vida, em chegando o momento supremo, pergunta a si mesmo o que vai ser dele e, sem o querer, espera.

Crer em Deus, sem admitir a vida futura, fora um contra-senso. O sentimento de uma existência melhor reside no foro íntimo de todos os homens e não é possível que Deus aí o tenha colocado em vão.

A vida futura implica a conservação da nossa individualidade, após a morte. Com efeito, que nos importaria sobreviver ao corpo, se a nossa essência moral houvesse de perder-se no oceano do infinito? As conseqüências, para nós, seriam as mesmas que se tivéssemos de nos sumir no nada.(edição FEB)

Questões iniciais para o estudo da semana:

01) Qual o motivo do homem estar sempre preocupado com o depois da morte?

02) De que forma e por que a crença no nada causa repugnância à razão?

03) Qual(is) a(s) consequência(s) do crer em uma vida futura?

04) Qual(is) a(s) consequência(s) do crer no nada?

05) Comente a seguinte assertiva: "Se há uma doutrina malsã e anti-social, seguramente, é a do nihilismo porque rompe os verdadeiros laços da solidariedade e da fraternidade, fundamentos das relações sociais"(AK, in: O Céu e o O Inferno)

Conclusão

1) Qual o motivo do homem estar sempre preocupado com o depois da morte?

Antes de reencarnar, o espírito é testemunho da existência de uma vida futura após a morte do corpo físico.
Durante a vida física, nada obstante o obscurecimento da memória pelo esquecimento do passado que lhe é
imposto, o espírito conserva vaga lembrança do que sabe e do que viu no plano espiritual. Essa recordação fica
latente durante a vida material, mas não se apaga. O espírito encarnado recebe essas impressões, que fazem com
que se preocupe com o porvir, pois, no seu íntimo, sabe que prosseguirá vivendo.



2) De que forma e por que a crença no nada causa repugnância à razão?

Porque o nada após a morte do corpo físico contrariaria todos os atributos da Divindade. Onde a razão, se tudo
terminasse no túmulo? Para que serviriam as nossas conquistas morais e intelectuais? Por esse motivo, Kardec
afirma que a crença no nada repugna a razão.


3) Qual(is) a(s) consequência(s) do crer em uma vida futura?

O homem se torna melhor, mais sensível às questoões espirituais. Passa a dar menos valor às questões ligadas à
matéria, causa de todo o egoísmo e orgulho que ainda imperam na humanidade terrena. Sabedor que há uma
outra forma de vida, que manterá sua individualidade e que essa vida será continuidade do que vivenciou na
carne, o homem encontra estímulo para se melhorar e procurar viver, cada vez mais, conforme as leis divinas.


4) Qual(is) a(s) consequência(s) do crer no nada?

A crença no nada torna o homem egoísta, desinteressado em se melhorar, em amar o seu próximo. Se a vida
terminasse no túmulo, tudo seria válido praticar, desde que se satisfizesse as necessidades da matéria. A esse
respeito, Jesus deixou seu ensinamento, ao ser indagado por Pilatos se era o rei dos judeus. Respondeu o Cristo:
"meu reino não é desse mundo", acenando à humanidade com a existência da vida futura.



5) Comente a seguinte assertiva: "Se há uma doutrina malsã e anti-social, seguramente, é a do nihilismo porque
rompe os verdadeiros laços da solidariedade e da fraternidade, fundamentos das relações sociais" (Allan Kardec,
in "O Céu e o O Inferno").

Kardec demonstra o mal que a crença no nada causa à sociedade. Como dissemos, se a vida findasse com a
morte do corpo físico, tudo ficaria resumido à matéria. E, em sendo assim, para atender aos gozos e necessidades
que ela proporciona, tudo se justificaria. O homem não teria motivo para cultivar os valores morais nem intelectuais,
pois estes se perderiam. Com isso, o progresso seria travado e o convívio em sociedade nos tornaria próximos dos
animais, onde o instinto de conservação predominaria de forma absoluta.