Nos Domínios da Mediunidade

024 – Lutas expiatórias

TRECHOS DO TEXTO:
" Junto de nós, o cavalheiro que se mantinha entre os enfermos caiu em estremeções coreiformes.
Não fosse a poltrona em que se apoiava e ter-se-ia arrojado ao chão.
Desferia gemidos angustiados e roucos, como se um guante invisível lhe constringisse a garganta.
Não longe, duas entidades de presença desagradável reparavam-lhe os movimentos, sem contudo interferir magneticamente, de maneira visível, na agitação nervosa de que ele se fazia portador.
O doente aparentava madureza física, mas Áulus, esclarecendo-nos com mais segurança, informou, comovido:
- É um pobre irmão em luta expiatória e na realidade mal atravessou a casa dos trinta anos, na presente romagem terrestre. Desde a infância, sofre o contacto indireto de companhias inferiores que aliciou no passado, pelo seu comportamento infeliz. E quando experimenta a vizinhança desses amigos transviados, ainda em nosso plano, com os quais conviveu largamente, antes do regresso à carne, reflete-lhes a influência nociva, entregando-se a perturbações histéricas, que lhe sufocam a alegria de viver. Tem sido aflitivo problema para o templo domestico em que renasceu. Desde a meninice, vive de médico a médico. Ultimamente, a malarioterapia, a insulina e o eletrochoque hão sido empregados em seu benefício, sem resultado prático. Os tratamentos dolorosos e difíceis, de certo modo, lhe castigaram profundamente a vida física. Parece um velho, quando poderia mostrar-se em pleno vigor juvenil.
(...)
Áulus, com a tolerância habitual, dispusera-se a ouvir-nos.
- Como interpretar o caso de nosso amigo? _ indagou Hilário, curioso. _ Não lhe vimos o desdobramento e, ao que nos foi concedido verificar, não assimilou emissões fluídicas de qualquer habitante de nossa esfera... Enquadrar-se-lhe-á o transe em algum processo mediúnico que desconhecemos?
- O enigma de nosso irmão _ elucidou o Assistente _ é de natureza mental, considerando-se-lhe a origem pura e simples, mas está radicado à sensibilização psíquica, tanto quanto as ocorrências de ordem mediúnica.
- Ainda assim _ aleguei -, poderemos considera-lo médium?
- De imediato, não. Presentemente, é um enfermo que reclama cuidado assistencial, no entanto, sanada a desarmonia de que ainda é portador, poderá cultivar preciosas faculdades medianímicas, porque a moléstia, nesses casos, é fator importante de experiência. A dor em nossa vida íntima é assim como o arado na terra inculta. Rasgando e ferindo, oferece os melhores recursos à produção.
- E a doença em si? _ tornou meu companheiro admirado _ será do corpo ou da alma?
- É desequilíbrio da alma a retratar-se no corpo _ falou o instrutor, comovido.
E, acariciando a fronte do moço triste, continuou:
- Nosso amigo em reajuste, antes da presente imersão na carne, vagueou, por muitos anos, em desolada região de trevas. Aí foi vítima de hipnotizadores cruéis com os quais esteve na mais estreita sintonia, em razão da delinqüência viciosa a que se dedicara no mundo. Sofreu intensamente e voltou à Terra, trazendo certas deficiências no organismo perispiritual. É um histérico, segundo a justa acepção da palavra. Acolhido pelo heroísmo de um coração materno e por um pai que lhe foi associado de insânia, hoje também na travessia da amargosas provas, vem procurando a própria recuperação. Aos sete anos da nova experiência terrena, quando se lhe firmou a reencarnação, sentiu-se tomado pela desarmonia trazida do mundo espiritual e, desde então, vem lutando no laborioso processo regenerativo a que se impôs. Algemado à perturbação em que se enleou, supõe haver nascido com o fracasso congenial. Não se acredita capaz de qualquer serviço nobre. Crê-se derrotado, antes de qualquer luta. Apraz-lhe tão-somente a solidão em que se nutre dos pensamentos enfermiços que lhe são arremessados ao espírito pelos antigos companheiros de viciação. Enfim, vive em deploráveis condições patológicas do sistema nervoso, numa crise de longo curso, a caracterizar-se por estranhas perturbações da inteligência e contraturas repentinas, que o inutilizam temporariamente para o trabalho digno.
(...)

Américo dormiu sem detença, surgindo junto de nós em desdobramento natural. Não nos pressentiu, porém, nem de longe. Registrava tão-somente a perturbação mental de que se via possuído.
Amedrontado, espantadiço, avançou para estreita câmara, a pequena distancia, e rojou-se ao lado de um velho paralítico, choramingando:
- Pai, estou sozinho! Sozinho!... quem me socorre! Tenho medo! Medo!...
O doente, vigilante e calmo, assinalou-lhe a presença, de algum modo, porque mostrou no semblante dolorido expressão, como se lhe estivesse ouvindo as queixas.
Áulus recomendou-me auscultar a fronte pensadora do enfermo, atado ao catre limpo, e, buscando sintonizar-me com ele, escutei-lhe a mente, conversando de si para consigo:
- Ó Senhor, sinto-me cercado por Espíritos inquietos... Quem estará junto de mim? Dá-me forças para compreender-te a vontade e acatar-te os desígnios... Não me abandones! Tristes são a velhice, a doença e a pobreza quando nos avizinhamos da morte!...
E, sob a influência do rapaz, cujos pensamentos assimilava sem perceber, vimo-lo também dobrar a cabeça e chorar copiosamente.
(...)
- E observando o dono da casa em semelhante posição _ interferiu Hilário -, somos levados a pensar nas dificuldades que se desenrolam aqui...
- Indubitavelmente, a expiação do grupo doméstico sob nossa vista é rude e dolorosa... Em passado próximo, o paralítico de hoje era o dirigente de pequeno bando de malfeitores. Extremamente ambicioso, asilou-se num sítio, onde se transformou em perseguidor de viajantes desprevenidos, dedicando-se ao furto e à vadiagem... Conseguiu convencer quatro amigos a acompanhá-lo nas aventuras delituosas a que se entregou pela cobiça tiranizante, comprometendo-lhes a vida moral, e esses quatros companheiros são hoje os filhos que lhe recebem nova orientação, crivando-o de preocupações e desgostos. Desviou-os do caminho reto, agora busca recupera-los para a estrada justa, achando-se, ele mesmo em penosas inibições...
A torturada conformação do velhinho sensibilizava-nos as fibras mais íntimas.
Tivemos, contudo, nossa atenção atraída para novo fenômeno.
Uma jovem, de fisionomia nobre e calma, penetrou o quarto em Espírito, passou rente a nós sem notar-nos e, reanimando Américo, retirou-o para fora.
Percebendo-nos a silenciosa indagação, o Assistente informou:
- É Laura, a filha generosa, que ainda mesmo durante o sono físico não se descuida de amparar o genitor doente.
- Então está domiciliada aqui mesmo? _ perguntou meu colega, admirado.
- Sim, dormindo em aposento próximo.
E, depois de ministrar recursos vitalizantes ao enfermo em lágrimas, o Assistente acrescentou:
- Quando o corpo terrestre descansa, nem sempre as almas repousam. Na maioria das ocasiões, seguem o impulso que lhes é próprio. Quem se dedica ao bem, de um modo geral continua trabalhando na sementeira e na seara do amor, e quem se emaranha no mal costuma prolongar no sono físico os pesadelos em que se enreda...
- Pelo que analisamos _ disse Hilário -, os fatos mediúnicos no lar são constantes...
- Justo! _ confirmou o orientador. _ Os pensamentos daqueles que partilham o mesmo teto agem e reagem uns sobre os outros, de modo particular, através de incessantes correntes de assimilação. A influência dos encarnados entre si é habitualmente muito maior que se imagina. Muita vez, na existência carnal, os obsessores que nos espezinham estão conosco, respirando, reencarnados, o mesmo ambiente. Do mesmo modo há protetores que nos ajudam e elevam e que igualmente participam de nossas experiências de cada dia. É imprescindível compreender que, em toda a parte, acima de tudo, vivemos em espírito. O intercâmbio de alma para alma, entre pais e filhos, cônjuges e irmãos, afeiçoados e companheiros, simpatias e desafeições, no templo familiar ou nas instituições de serviço em que nos agrupamos, é, em razão disso, a bem dizer, obrigatório e constante. Sem perceber, consumimos idéias e forças uns dos outros.
Dispúnhamo-nos à retirada, quando Hilário, como quem se valia do ensejo, curiosamente indagou:
- Voltando, contudo, ao caso de Américo e reconhecendo-o como portador da histeria, haverá vantagem na freqüência dele ao grupo em que outros médiuns se aperfeiçoam?
- Como não? _ obtemperou o Assistente. _ O progresso é obra de cooperação. Consagrando-se à disciplina e ao estudo, à meditação e à prece, ele se renovará mentalmente, apressando a própria cura, depois da qual poderá cooperar em trabalhos mediúnicos dos mais proveitosos. Todo esforço digno, por mínimo que seja, recebe invariavelmente da vida a melhor resposta.
(...) "

QUESTÕES INICIAIS PARA O ESTUDO:

1 . Há um processo obsessivo narrado no capítulo? Justifique

2. Há mediunidade no caso narrado? Que tipo? Justifique.

3. Correlacione, através do caso narrado, a diferença entre processo obsessivo e lei de causa e efeito.

4. Toda anomalia no corpo físico tem a sua gênese no espírito? Qual a relação entre o desequilíbrio físico e a lei de causa e efeito?

5. O que é desdobramento?

6. Correlacione desdobramento e sono do corpo físico.

7. Explique que tipo de comunicaçao ou ocorrência se dá no seguinte trecho:

"Américo dormiu sem detença, surgindo junto de nós em desdobramento natural. Não nos pressentiu, porém, nem de longe. Registrava tão-somente a perturbação mental de que se via possuído.
Amedrontado, espantadiço, avançou para estreita câmara, a pequena distancia, e rojou-se ao lado de um velho paralítico, choramingando:
- Pai, estou sozinho! Sozinho!... quem me socorre! Tenho medo! Medo!...
O doente, vigilante e calmo, assinalou-lhe a presença, de algum modo, porque mostrou no semblante dolorido expressão, como se lhe estivesse ouvindo as queixas.
Áulus recomendou-me auscultar a fronte pensadora do enfermo, atado ao catre limpo, e, buscando sintonizar-me com ele, escutei-lhe a mente, conversando de si para consigo:
- Ó Senhor, sinto-me cercado por Espíritos inquietos... Quem estará junto de mim? Dá-me forças para compreender-te a vontade e acatar-te os desígnios... Não me abandones! Tristes são a velhice, a doença e a pobreza quando nos avizinhamos da morte!...
E, sob a influência do rapaz, cujos pensamentos assimilava sem perceber, vimo-lo também dobrar a cabeça e chorar copiosamente."

8. Comente sobre Expiação e Lutas Expiatórias tendo por base o capítulo em estudo.


Conclusão

1 . Há um processo obsessivo narrado no capítulo? Justifique


Um processo obsessivo existe, mas de forma pouco vista por nós, onde a influência obsessiva não se dá diretamente, mas sim na forma de correntes de assimilação, onde o encarnado percebe os pensamentos dos obsessores de agora, mas amigos de outrora. Isso mostra que a obsessão pode estar presente, mesmo sem que haja laços fluídicos, por isso André Luiz e seus amigos procuraram mas não acharam os elos fluídicos de ligação entre obsessor e obsediado.

Assim está descrito no capítulo:
"Não longe, duas entidades de presença desagradável reparavam-lhe os movimentos, sem contudo interferir magneticamente, de maneira visível, na agitação nervosa de que ele se fazia portador."

2. Há mediunidade no caso narrado? Que tipo? Justifique.

Propriamente dita não é uma mediunidade que assim dizemos ostensiva, ou seja Américo ainda não é um médium ostensivo.

Nas palavras do Assitente:

"- Ainda assim _ aleguei -, poderemos considera-lo médium?
- De imediato, não. Presentemente, é um enfermo que reclama cuidado assistencial, no entanto, sanada a desarmonia de que ainda é portador, poderá cultivar preciosas faculdades medianímicas, porque a moléstia, nesses casos, é fator importante de experiência. A dor em nossa vida íntima é assim como o arado na terra inculta. Rasgando e ferindo, oferece os melhores recursos à produção."


3. Correlacione, através do caso narrado, a diferença entre processo obsessivo e lei de causa e efeito.

A Justiça Divina dá "A cada um conforme a sua obra", embasada que é no princípio da lei de causa e efeito (ou ação e reação). Esta lei, que é uma lei natural, nos indica que todas as ações (a nível físico ou mental) trazem em si mesmo a reação correspondente. Isto significa que cada atitude nossa, positiva ou negativa, tem uma consequência, tb positiva ou negativa.
A Lei Divina não visa a "punição" de quem errou, mas o seu reajustamento, sendo que este dependerá da atitude de cada um, ou seja, havendo brechas mentais para que haja a influência de espíritos com os quais tenhamos débitos passados(ou não) , elas serão por eles utilizadas para termos o processo obsessivo(em diferentes graus); uma vez que se faculta o acesso do Espírito ao nosso psiquismo; ou ao contrário se fecharmos nossa casa mental não haverá acesso para que se dê a obsessão.
Vianna de Carvalho , em psicografia de Divaldo P.Franco, diz que"seja, porém, qual for o processo através de cujo mecanismo se apresente, a obsessão resulta da identificação moral de litigantes que se encontram na mesma faixa vibratória, necessitados de reeducação, amor e elevação."
Todos nós estamos, pois, sujeitos a padecer de obsessão, cabendo a nós a manutenção de hábitos saudáveis, do lembrar-se do orai e vigia , através dos quais adquirimos resistências e defesas contra a influência de espíritos estagnados na evolução.

Lembrando, ainda, o instrutor Áulus, no capítulo anterior estudado (23) que disse:
- " ... Toda obsessão tem alicerces na reciprocidade. Recordemos o ensinamento de nosso Divino Mestre. Não basta arrancar o joio. É preciso saber até que ponto a raiz dele se entranha no solo com a raiz do trigo, para que não venhamos a esmagar um e outro. Não há dor sem razão. ..."




4. Toda anomalia no corpo físico tem a sua gênese no espírito? Qual a relação entre o desequilíbrio físico e a lei de causa e efeito?

"As doenças congênitas ou hereditárias são necessariamente fruto do nosso passado, ou pela necessidade de aprendizado, quando escolhemos um processo doentio para nosso trabalho de crescimento, ou pela reparação de nossos atos menos felizes(As doenças congênitas estão sempre relacionadas com experiências de encarnações passadas ou escolhas do próprio espírito para seu crescimento espiritual). Ou seja: as doenças previamente marcadas no código genético têm uma causa anterior. No entanto, as doenças ocasionais, muitas delas relacionadas com o estágio evolutivo do planeta, não tem relação com o nosso passado, outras são resultado da nossa invigilância, criando piso orgânico ou psíquico para tais moléstias. Toda doença é fruto da nossa condição moral, mesmo aquelas vinculadas as condições do planeta, pois nossa estadia aqui é resultado do nosso processo evolutivo "(roberto Lúcio)

(sugestão : ver entrevista virtual de Roberto Lúcio - Visão médico-espírita das enfermidades em : http://www.cvdee.org.br/pf_pubrel.asp?idpf=011

5. O que é desdobramento?


O fenômeno de desdobramento espiritual, denominado também "experiência fora do corpo" ou "projeção do eu" e que Allan Kardec reconhecia com o nome de "Sonambulismo", é uma condição relativamente freqüente e que tem sido muito estudada nos dias de hoje.
A quantidade de obras e artigos não espíritas ou mesmo espíritas já publicadas sobre o tema é imensa. Seu número cresce dia a dia, pois é um assunto de magna importância e que tem indiscutível implicação na questão da sobrevivência após a morte.
O médium sonambúlico (de desdobramento), segundo Kardec, é aquele "que vive por antecipação a vida dos Espíritos".
Ele desfruta da capacidade de desprender-se do seu corpo físico, deixando-o num estado de sonolência, e desloca-se no espaço apenas com seu perispírito.
Durante o desdobramento, o Espírito pode sair para longe de seu corpo e visitar locais distantes, conhecidos ou não. Estes locais poderão encontrar-se em nosso plano físico ou nas esferas espirituais. Podem, também, entrar em contato com outros Espíritos, visitar enfermos, assistir Espíritos perturbados, etc.
A faculdade sonambúlica, lembra Kardec "é uma faculdade que depende do organismo e nada tem a ver com a elevação, o adiantamento e a condição moral do sujeito."
No entanto, os esforços que o medianeiro empreende em sua melhoria pessoal deverão ser responsáveis pelo tipo de atividade que irá desenvolver em "suas viagens".
Com relação ao grau de consciência, os médiuns de desdobramento podem ser classificados em três tipos: conscientes, semi-conscientes e inconscientes. Os primeiros lembram-se perfeitamente de tudo o que realizaram durante o desdobramento, os segundos têm uma recordação relativa, mas os terceiros nada recordam.
O desdobramento pode ser ainda: natural ou provocado (magnético). No primeiro caso, o médium afasta-se de seu corpo sem que seja necessária a atuação de uma outra pessoa. Pode verificar-se em função de uma enfermidade, do sono, prece ou meditação. O desdobramento magnético ou provocado é aquele produzido pela ação fluídico-magnética de outra pessoa, encarnada ou desencarnada. Os médiuns adestrados são muitas vezes afastados de seu corpo por seus mentores espirituais, durante o sono físico e levados para reuniões de estudo e trabalho no mundo espiritual. Pode acontecer também, que o desdobramento seja provocado por Espíritos viciosos, que desejam envolver o medianeiro em atitudes infelizes, promovendo, muitas vezes, processos obsessivos graves.
Allan Kardec dá o nome de "êxtase" a um tipo de desdobramento mais apurado, onde a alma do médium tem maior grau de independência e pode deslocar-se para locais muitos distantes.
(www.cvdee.org.br)

6. Correlacione desdobramento e sono do corpo físico.

O desdobramento ocorre quando o par (alma + seu perispirito) separam-se parcialmente do seu corpo fisico; a separacao nao é total, mantendo-se um cordao fluidico ligando o corpo fisico ao perispirito. O desdobramento pode ocorrer com ou sem o auxilio de um espirito desencarnado, quando entao é classificado, respectivamente, como fenomeno de classe mediunica, ou meramente anímica.
O desdobramento pode ocorrer durante o sono ou, mais raramente, quando o subject estiver acordado; nessa ultima categoria, podemos citar Euripedes Barsanulfo e Yvonne Pereira.
Allan Kardec tratou deste assunto no capítulo VIII, parte 2a, de O Livro dos Espíritos. Indagados pelo Codificador, os Espíritos disseram que, durante o sono, os laços fluídicos que prendem o espírito ao corpo físico se afrouxam, permitindo que ele, que está sempre ativo, se despreenda e se lance pelo espaço. Nesses momentos, a que Kardec denominou de emancipação da alma, o espírito pode entrar em relação mais direta com outros. Portanto, o sono do corpo físico liberta parcialmente o espírito, que passa a viver no estado em que fica normalmente quando desencarna. Nesses momentos de libertação, o espírito permanece de posse ao seu invólucro semi-material inseparável, que é o perispírito. Nem sempre, porém, o espírito deixa o local. Muitas das vezes permanece ao lado de seu organismo físico, aguardando que este retorne ao estado de vigília. O sonho é a lembrança que o espírito tem desses momentos. É, comumente, uma recordação dos lugares e dos acontecimentos que presenciou ou que presenciará nesta ou em outra encarnação. Livre dos embaraços do corpo físico, o espírito pode investigar sobre o passado, o presente e o futuro. Nem sempre, porém, essa lembrança é possível, face à densidade grosseira de nosso organismo físico. Tudo sempre dependendo do estágio evolutivo e da afinidade que o Espírito tenha.

7. Explique que tipo de comunicaçao ou ocorrência se dá no seguinte trecho:

"Américo dormiu sem detença, surgindo junto de nós em desdobramento natural. Não nos pressentiu, porém, nem de longe. Registrava tão-somente a perturbação mental de que se via possuído.
Amedrontado, espantadiço, avançou para estreita câmara, a pequena distancia, e rojou-se ao lado de um velho paralítico, choramingando:
- Pai, estou sozinho! Sozinho!... quem me socorre! Tenho medo! Medo!...
O doente, vigilante e calmo, assinalou-lhe a presença, de algum modo, porque mostrou no semblante dolorido expressão, como se lhe estivesse ouvindo as queixas.
Áulus recomendou-me auscultar a fronte pensadora do enfermo, atado ao catre limpo, e, buscando sintonizar-me com ele, escutei-lhe a mente, conversando de si para consigo:
- Ó Senhor, sinto-me cercado por Espíritos inquietos... Quem estará junto de mim? Dá-me forças para compreender-te a vontade e acatar-te os desígnios... Não me abandones! Tristes são a velhice, a doença e a pobreza quando nos avizinhamos da morte!...
E, sob a influência do rapaz, cujos pensamentos assimilava sem perceber, vimo-lo também dobrar a cabeça e chorar copiosamente."
Trocamos energias constantemente. O pensamento é idioma universal, compreendendo-se que o cérebro ativo é um centro de ondas em movimento constante, estamos sempre em correspondência com o objeto que nos prende a atenção.
Recebemos variados apelos nascidos do campo mental de todos os seres encarnados e desencarnados que se afinizam conosco, tentando influenciar-nos através das ondas inúmeras dos diferentes pensamentos.
Os pensamentos agem e reagem uns sobre os outros, através de incessante corrente de assimilação e o intercâmbio de alma para alma é constante e obrigatório.
Segundo Leon Denis em "O Problema do Ser, do Destino e da Dor" (Cap. XXIV _ Pg. 355).
"O pensamento é criador. Não atua sòmente em roda de nós, influencia nossos semelhantes para o bem ou para o mal; atua principalmente em nós, gera nossas palavras, nossas ações e com ele, construímos, dia a dia, o edifício grandioso ou miserável de nossa vida presente e futura".
De acordo com as nossas disposições mentais, nossas emanações serão mais ou menos intensas e amplas, sendo a vontade que determina as propriedades especiais. Essas radiações formam em torno de nós, camadas que constituem uma espécie de atmosfera fluídica, chamada de psicosfera humana e o ambiente psíquico de uma pessoa (de maus hábitos ou hábitos salutares) será notado, sentido pelos Espíritos e pelos encarnados.

8. Comente sobre Expiação e Lutas Expiatórias tendo por base o capítulo em estudo.


A Doutrina ensina-nos que a dor tem uma função pedagógica, reparadora.
A dor pode de fato opor obstáculo ao exercício da liberdade do espírito, sem, contudo, ser considerada uma simples punição; é o resultando da lei de causa e efeito, e devemos considerá-la um instrumento pedagógico que objetiva recolocá-nos no caminho do bem; podemos dizer, sem medo de errar, que sem a dor não há evolução, em qualquer reino da natureza.
Só que há diversos graus de evolução; então uns sofrem mais que outros.
Assim, costumamos reservar o termo "expiação" para os processos em que a pessoa não tem escolha. Ela sofre como consequência inevitável de suas atitudes e comportamentos anteriores.
Assim, como disse o Márcio a expiação está diretamente ligada a lei de causa e efeito e as lutas expiatórias não são castigos, já que são oportunidades dadas pela lei, e são bastante difíceis de serem vencidas de acordo com a gravidade dos erros pretéritos e de acordo com a abnegação do espírito na vivência da expiação.