Nos Domínios da Mediunidade

015 – Forças Viciadas

Caía a noite...
Após o dia quente, a multidão desfilava na via pública, evidentemente
buscando o ar fresco.
Dirigíamo-nos a outro templo espírita, em companhia de Áulus, segundo o
nosso plano de trabalho, quando tivemos nossa atenção voltada para enorme
gritaria.
Dois guardas arrastavam, de restaurante barato, um homem maduro em
deploráveis condições de embriaguez.
O mísero esperneava e proferia palavras rudes, protestando, protestando...
- Observem o nosso infeliz irmão! - determinou o orientador.
E porque não havia muito tempo entre a porta ruidosa e o carro policial,
pusemo-nos em observação.
Achava-se o pobre amigo abraçado por uma entidade da sombra, qual se um
polvo estranho o absorvesse.
Num átimo, reparamos que a bebedeira alcançava os dois, porquanto se
justapunham completamente um ao outro, exibindo as mesmas perturbações.
Em breves instantes, o veículo buzinou com pressa e não nos foi possível
dilatar anotações.
- O quadro daria ensejo a valiosos apontamentos...
Ante a alegação de Hilário, o Assistente considerou que dispúnhamos de
tempo
bastante para a colheita de alguns registros interessantes e convidou-nos
a
entrar.
A casa de pasto regurgitava...
Muito alegria, muita gente.
Lá dentro, certo recolheríamos material adequado a expressivas lições.
Transpusemos a entrada.
As emanações do ambiente produziam em nós indefinível mal-estar.
Junto de fumantes e bebedores inveterados, criaturas desencarnadas de
triste
feição se demoravam expectantes.
Algumas sorviam as baforadas de fumo arremessadas ao ar, ainda aquecidas
pelo calor dos pulmões que as expulsavam, nisso encontrando alegria e
alimento. Outras aspiravam o hálito de alcoólatras impenitentes.
Indicando-as, informou o orientador:
- Muitos de nossos irmãos, que já se desvencilharam do vaso carnal, se
apegam com tamanho desvario às sensações da experiência física, que se
cosem
àqueles nossos amigos terrestres temporariamente desequilíbrados nos
desagradáveis costumes por que se deixaram influenciar.
- Mas porque mergulhar, dessa forma, em prazeres dessa espécie?
- Hilário - disse o Assistente, bondoso -, o que a vida começou, a morte
continua... Esses nossos companheiros situaram a mente nos apetites mais
baixos do mundo, alimentando-se com um tipo de emoções que os localiza na
vizinhança da animalidade. Não obstante haverem freqüentado santuários
religiosos, não se preocuparam em atender aos princípios da fé que
abraçaram, acreditando que a existência devia ser para eles o culto de
satisfações menos dignas, com a exaltação dos mais astuciosos e dos mais
forte. O chamamento da morte encontrou-os na esfera de impressões
delituosas
e escuras e, como é da Lei que cada alma receba da vida de conformidade
com
aquilo que dá, não encontram interesse senão nos lugares onde podem nutrir
as ilusões que lhes são peculiares, porquanto, na posição em que se vêem,
temem a verdade e abominam-na, procedendo como coruja que foge à luz.
Meu colega fez um gesto de piedade e indagou:
- Entretanto, como se transformarão?
- Chegará o dia em que a própria Natureza lhes esvaziará o cálice -
respondeu Áulus, convicto. - Há mil processos de reajuste, no Universo
Infinito em que se cumprem os Desígnios do Senhor, chamem-se eles aflição,
desencanto, cansaço, tédio, sofrimento, cárcere...
- Contudo - ponderei -, tudo indica que esses Espíritos infortunados
não se enfastiarão tão cedo da loucura em que se comprazem...
- Concordo plenamente - redargüiu o instrutor -, todavia, quando não
se fatiguem, a Lei poderá conduzi-los a prisão regeneradora.
- Como?
A pergunta de Hilário ecoou, cristalina, e o Assistente deu-se pressa em
explicar:
- Há dolorosas reencarnações que significam tremenda luta expiatória para
as
almas necrosadas no vício. Temos, por exemplo, o mongolismo, a
hidrocefalia,
a paralisia, a cegueira, a epilepsia secundária, o idiotismo, o aleijão de
nascença e muitos outros recursos, angustiosos embora, mas necessários, e
que podem funcionar, em benefício da mente desequilibrada, desde o berço,
em
plena fase infantil. Na maioria das vezes, semelhantes processos de cura,
prodigalizam bons resultados pelas provações obrigatórias que oferecem...
- No entanto - comentei -, e se os nossos irmãos encarnados, visivelmente
confiados à devassidão, resolvessem reconsiderar o próprio caminho?!... se
voltassem à regularidade, através da renovação mental com alicerces no
bem?!...
- Ah! Isso seria ganhar tempo, recuperando a si mesmos e amparando com
segurança os amigos desencarnados... Usando a alavanca da vontade,
atingimos
a realização de verdadeiros milagres... Entretanto, para isso, precisariam
despender esforço heróico.
Observando os beberrões, cujas taças eram partilhadas pelos sócios que
lhes
eram invisíveis, Hilário recordou:
- Ontem, visitamos um templo em que desencarnados sofredores se exprimiam
por intermédio de criaturas necessitadas de auxílio, e ali estudamos algo
sobre mediunidade... Aqui, vemos entidades viciosas valendo-se de pessoas
que com elas se afinam numa perfeita comunhão de forças inferiores...
Aqui,
tanto quanto lá, seria lícito ver a mediunidade em ação?
- Sem qualquer dúvida - confirmou o orientador -; recursos psíquicos,
nesse
ou naquele grau de desenvolvimento, são peculiares a todos, tanto quanto o
poder de locomoção ou a faculdade de respirar, constituindo forças que o
Espírito encarnado ou desencarnado pode empregar no bem ou no mal de si
mesmo. Ser médium não quer dizer que a alma esteja agraciada por
privilégios
ou conquistas feitas. Muitas vezes, é possível encontrar pessoas altamente
favorecidas com o dom da mediunidade, mas dominadas, subjugadas por
entidades sombrias ou delinqüentes, com as quais se afinam de modo
perfeito,
servindo ao escândalo e à perturbação, em vez de cooperarem na extensão do
bem. Por isso é que não basta a mediunidade para a concretização dos
serviços que nos competem. Precisamos da Doutrina do Espiritismo, do
Cristianismo Puro, a fim de controlar a energia medianímica, de maneira a
mobiliza-la em favor da sublimação espiritual na fé religiosa, tanto
quanto
disciplinamos a eletricidade, a benefício do conforto na Civilização.
Nisso, Áulus relanceou o olhar pelos aposentos reservados mais próximos,
qual se já os conhecesse, e, fixando certa porta, convidou-nos a
atravessa-la.
Seguimo-lo, ombro a ombro.
Em mesa lautamente provida com fino conhaque, um rapaz, fumando com
volúpia
e sob o domínio de uma entidade digna de compaixão pelo aspecto repelente
em
que se mostrava, escrevia, escrevia, escrevia...
- Estudemos - recomendou o orientador.
O cérebro do moço embebia-se em substância escura e pastosa que escorria
das
mãos do triste companheiro que o enlaçava.
Via-se-lhes a absoluta associação na autoria dos caracteres escritos.
A dupla em trabalho não nos registrou a presença.
- Neste instante - anunciou Áulus, atencioso -, nosso irmão desconhecido é
hábil médium psicógrafo. Tem as células do pensamento integralmente
controladas pelo infeliz cultivador de crueldade sob a nossa vista.
Imanta-se-lhe à imaginação e lhe assimila as idéias, atendendo-lhe aos
propósitos escusos, através dos princípios da indução magnética, de vez
que
o rapaz, desejando produzir páginas escabrosas, encontrou quem lhe
fortaleça
a mente e o ajude nesse mister.
Imprimindo à voz significativa expressão, ajuntou:
- Encontramos sempre o que procuramos ser.
Finda a breve pausa que nos compelia à reflexão, Hilário recomeçou:
- Todavia, será ele um médium na acepção real do termo? Será peça ativa em
agrupamento espírita comum?
- Não. Não esta sob qualquer disciplina espiritualizante. É um moço de
inteligência vivaz, sem maior experiência da vida, manejado por entidades
perturbadoras.
Após inclinar-se alguns momentos sobre os dois, o instrutor elucidou com
benevolência:
- Entre as excitações do álcool e do fumo que saboreiam juntos, pretendem
provocar uma reportagem perniciosa, envolvendo uma família em duras
aflições. Houve um homicídio, a cuja margem aparece a influência de certa
jovem, aliada às múltiplas causas em que se formou o deplorável
acontecimento. O rapaz que observamos, amigo de operoso lidador da
imprensa,
é de si mesmo dado à malícia e, com a antena mental ligada para os ângulos
mais desagradáveis do problema, ao atender um pedido de colaboração do
cronista que lhe é companheiro, encontrou, no caso de que hoje se
encarrega,
o concurso de ferrenho e viciado perseguidor da menina em foco,
interessado
em exagerar-lhe a participação na ocorrência, com o fim de martelar-lhe a
mente apreensiva e arroja-la aos abusos da mocidade...
- Mas como? - indagou Hilário, espantadiço.
- O jornalista, de posse do comentário calunioso,,será o veículo de
informações tendenciosas ao público. A moça ver-se-á, de um instante para
outro, exposta às mais desapiedadas apreciações, e decerto se perturbará,
sobremaneira, de vez que se lhe define a colaboração no crime. O obsessor,
usando calculadamente o rapaz com quem se afina, pretende alcançar o
noticiário de sensação, para deprimir a vida moral dela e, com isso,
amolecer-lhe o caráter, trazendo-a, se possível, ao charco vicioso em que
ele jaz.
- E, conseguirá? - insistiu meu colega, assombrado.
- Quem sabe?
E, algo triste, o orientador acrescentou:
- Naturalmente a jovem teria escolhido o gênero de provações que
atravessa,
dispondo-se a lutar, com valor, contra as tentações.
- E se não puder combater com a força precisa?
- Será mais justo dizer "se não quiser", por que a Lei não nos confia
problemas de trabalho superiores à nossa capacidade de solução. Assim,
pois,
caso não delibere guerrear a influência destrutiva, demorar-se-á por muito
tempo nas perturbações a que já se encontra ligada em princípio.
- Tudo isso por que?
A pergunta de Hilário pairou no ar por aflitiva interrogação, todavia,
Áulus
asserenou-nos o ânimo, elucidando:
- Indiscutivelmente, a jovem e o infeliz que a persegue estão unidos um ao
outro, desde muito tempo... Terão estado juntos nas regiões inferiores da
vida espiritual, antes da reencarnação com que a menina presentemente vem
sendo beneficiada. Reencontrando-a na experiência física, de cujas
vantagens
ainda não partilha, o desventurado companheiro tenta incliná-la, de novo,
à
desordem emotiva, com o objetivo de explora-la em atuação vampirizante.
Áulus fez ligeiro intervalo, sorriu melancólico e acentuou:
- Entretanto, falar nisso seria abrir as páginas comoventes de enorme
romance, desviando-nos do fim que nos propomos atingir. Detenhamo-nos na
mediunidade.
Buscando aliviar a atmosfera de indagações que Hilário sempre condensava
em
torno de si mesmo, ponderei:
- O quadro sob nossa análise induz à meditação nos fenômenos gerais de
intercâmbio em que a Humanidade total se envolve sem perceber...
- Ah! Sim! - concordou o orientador - faculdades medianímicas e cooperação
do mundo espiritual surgem por toda parte. Onde há pensamento, há
correntes
mentais e onde há correntes mentais existe associação. E toda associação é
interdependência e influenciação recíproca. Daí concluímos quanto à
necessidade de vida nobre, a fim de atrairmos pensamentos que nos
enobreçam.
Trabalho digno, bondade, compreensão fraterna,serviço aos semelhantes,
respeito à Natureza e oração constituem os meios mais puros de assimilar
os
princípios superiores da vida, porque damos e recebemos, em espírito, no
plano das idéias, segundo leis universais que não conseguiremos iludir.
Em silencioso gesto com que nos recordava o dever a cumprir, o Assistente
convidou-nos à retirada.
Retomamos a via pública.
Mal recomeçávamos a avançar, quando passou por nós uma ambulância, em
marcha
vagarosa, sirenando forte para abrir caminho.
À frente, ao lado do condutor, sentava-se um homem de grisalhos cabelos a
lhe emoldurarem a fisionomia simpática e preocupada. Junto dele, porém,
abraçando-o com naturalidade e doçura, uma entidade em roupagem lirial lhe
envolvia a cabeça em suaves e calmantes irradiações de prateada luz.
- Oh! - inquiriu Hilário, curioso - quem será aquele homem tão bem
acompanhado?
Áulus sorriu e esclareceu:
- Nem tudo é energia viciada no caminho comum. Deve ser um médico em
alguma
tarefa salvacionista.
- Mas, é espírita?
- Com todo o respeito que devemos ao Espiritismo, é imperioso lembrar que
a
Bênção do Senhor pode descer sobre qualquer expressão religiosa - afirmou
o
orientador com expressivo olhar de tolerância. - Deve ser, antes de tudo,
um
profissional humanitário e generoso que por seus hábitos de ajudar ao
próximo se fez credor do auxílio que recebe. Não lhe bastariam os títulos
de
espírita e de médico para reter a influência benéfica de que se faz
acompanhar. Para acomodar-se tão harmoniosamente com a entidade que o
assiste, precisa possuir uma boa consciência e um coração que irradie paz
e
fraternidade.
- Contudo, podemos qualifica-lo como médium? - perguntou meu companheiro
algo desapontado.
- Como não? - respondeu Áulus, convicto.
- É médium de abençoados valores humanos, mormente no socorro aos
enfermos,
no qual incorpora as correntes mentais dos gênios do bem, consagrados ao
amor pelos sofredores da Terra.
E, com significativa inflexão de voz, acrescentou:
- Como vemos, influências do bem ou do mal, na esfera evolutiva em que nos
achamos, se estendem por todos os lados e por todos os lados registramos a
presença de faculdades medianímicas, que as assimilam, segundo a direção
feliz ou infeliz, correta ou indigna em que cada mente se localiza.
Estudando, assim, a mediunidade, nos santuários do Espiritismo com Jesus,
observamos uma força realmente peculiar a todos os seres, de utilidade
geral, se sob uma orientação capaz de discipliná-la e conduzi-la para o
máximo aproveitamento no bem.
Recordemos a eletricidade que, pouco a pouco, vai transformando a face do
mundo. É preciso instalar, junto dela, a inteligência da usina para
controlar-lhe os recursos, dinamiza-los e distribuí-los, conforme as
necessidades de cada um... Sem isso, a queda dágua será sempre um quadro
vivo de beleza fenomênica, com irremediável desperdício.
O tempo, contudo, não nos permitia maior delonga na conversação e rumamos,
desse modo, para um agrupamento em que os nossos estudos da véspera
encontrariam o necessário prosseguimento.

QUESTÕES PARA ESTUDO E PARTICIPAÇÃO


1 - Faça a comparação entre os dois quadros: o do jovem jornalista e o do médico, explicando acerca da mediunidade
existente entre ambos.


2 - Como podemos definir o caso de nosso infeliz irmão? Ele se encontra obsediado porque está embriagado, ou está
embriagado porque está obsediado? Conforme mencionado no texto: "Achava-se o pobre amigo abraçado por uma
entidade da sombra, qual se um polvo estranho o absorvesse. Num átimo, reparamos que a bebedeira alcançava os
dois, porquanto se justapunham completamente um ao outro, exibindo as mesmas perturbações.", por que o obsessor
também sente os efeitos do álcool em excesso, mesmo desencarnado? Quais os efeitos dos vícios para o espírito?



3 - De acordo com esta passagem: "Junto de fumantes e bebedores inveterados, criaturas desencarnadas de triste feição
se demoravam expectantes. Algumas sorviam as baforadas de fumo arremessadas ao ar, ainda aquecidas pelo calor dos
pulmões que as expulsavam, nisso encontrando alegria e alimento. Outras aspiravam o hálito de alcoólatras impenitentes.",
o que dizer das famosas danceterias com que nós mesmos e nossos filhos frequentam? Muitos fumantes reclamam quererem
se livrar do vício, porém dizem ser muito difícil, qual o primeiro passo para se livrar do vício e como podemos ajudar um amigo
viciado?


4 - Muitos dos espíritos que se apegam ao vício material, quando desencaranados continuam tendo as mesmas necessidades,
e por isso se abraçam literalmente a amigos ainda encarnados e que possuem ao mesmo vício para poderem se satisfazerem de
seus desejos em comum. Muitos destes espíritos se apegam tão cegamente que demoram por séculos para se regenerarem.
Através da passagem a seguir elucide o que é a "prisão regeneratória":

"Há dolorosas reencarnações que significam tremenda luta expiatória para as almas necrosadas no vício. Temos, por
exemplo, o mongolismo, a hidrocefalia, a paralisia, a cegueira, a epilepsia secundária, o idiotismo, o aleijão de nascença
e muitos outros recursos, angustiosos embora, mas necessários, e que podem funcionar, em benefício da mente desequilibrada,
desde o berço, em plena fase infantil. Na maioria das vezes, semelhantes processos de cura, prodigalizam bons resultados
pelas provações obrigatórias que oferecem..."


5 - Costumamos ouvir por aí que a mediunidade é um dom, porém é mais válido dizer que a mediunidade é uma tarefa árdua e
séria na qual o espírito encarnado se compromete servir como ferramenta para o plano espiritual em prol de caridade e
benevolência. No caso do escritor, porque ele permitiu que um obsessor se aproximasse e se tornasse companheiro profissional?
O que cabe a moça fazer para livrar-se das vibraçoes e intenções negativas da dupla? Através destas passagens, elucide sua
resposta:

"Indiscutivelmente, a jovem e o infeliz que a persegue estão unidos um ao outro, desde muito tempo... Terão estado juntos
nas regiões inferiores da vida espiritual, antes da reencarnação com que a menina presentemente vem sendo beneficiada.
Reencontrando-a na experiência física, de cujas vantagens ainda não partilha, o desventurado companheiro tenta incliná-la,
de novo, à desordem emotiva, com o objetivo de explora-la em atuação vampirizante."


6 - "À frente, ao lado do condutor, sentava-se um homem de grisalhos cabelos a lhe emoldurarem a fisionomia simpática
e preocupada. Junto dele, porém, abraçando-o com naturalidade e doçura, uma entidade em roupagem lirial lhe envolvia a
cabeça em suaves e calmantes irradiações de prateada luz.".

"... Aqui, tanto quanto lá, seria lícito ver a mediunidade em ação?
- Sem qualquer dúvida - confirmou o orientador -; recursos psíquicos nesse ou naquele grau de desenvolvimento, são
peculiares a todos, tanto quanto o poder de locomoção ou a faculdade de respirar, constituindo forças que o Espírito
encarnado ou desencarnado pode empregar no bem ou no mal de si mesmo. Ser médium não quer dizer que a alma seja
agraciada por privilégios ou conquistas feitas. Muitas vezes, é possível encontrar pessoas altamente favorecidas com o dom
da mediunidade, mas dominadas, subjugadas por entidades sombrias ou deliquentes, com as quais se afinam de modo perfeito,
servindo ao escândalo e à perturbação, em vez de cooperarem na extensão do bem. Por isso é que não basta a mediunidade
para a concretização dos serviços que nos competem. Precisamos da Doutrina do Espiritismo, do Cristianismo Puro, a fim
de controlar a energia medianímica, de maneira a mobilizá-la em favor da sublimação espiritual na fé religiosa, tanto
quanto disciplinamos a eletricidade , a benefício do conforto da civilização."

."... faculdades medianímicas e cooperação do mundo espiritual surgem por toda parte. Onde há pensamento, há correntes
mentais e onde há correntes mentais existe associação. E toda associação é interdependência e influenciação reciproca..."

Como explica-nos muito bem as passagens, neste mundo nem tudo são forças viciadas, há também aqueles espíritos que
procuram evoluir espiritualmente servindo no caminho do bem, como no caso do médico. Como podemos nos proteger das
obsessões?


7 - Comente as seguintes assertivas:

a) " - Muitos de nossos irmãos, que já se desvencilharam do vaso carnal, se apegam com tamanho desvario às sensações
da experiência física, que se cosem àqueles nossos amigos terrestres temporariamente desequilibrados nos desagradáveis
costumes
por que se deixam influenciar.(...)
- Hilário - (...) - o que a vida começou, a morte continua... Esses nossos companheiros situaram a mente nos apetites mais
baixos do mundo, alimentando-se com um tipo de emoções que os localiza na vizinhança da animalidade. Não obstante
haverem frequentado santuários religiosos, não se preocuparam em atender aos princípios da fé que abraçaram,
acreditando que a existência devia ser para eles o culto de satisfações menos dignas, com a exaltação dos mais astuciosos
e dos mais fortes. O chamamento da morte encontrou-os na esfera de impressões delituosas e escuras e, como é da Lei que
cada alma receba da vida de conformidade com aquilo que dá, não encontram interesse senão nos lugares onde podem
nutrir as ilusões que lhes são peculiares, porquanto, na posição em que se vêem, temem a verdade e abominam-na,
procedendo como a coruja que foge à luz."

b) "_ No entanto - comentei -, e se os nosso irmão encarnados resolvessem reconsiderar o próprio caminho?!... se voltassem
à regularidade, através da renovação mental com alicerces no bem?!...
- AH! isso seria ganhar tempo, recuperando a si mesmos e amparando com segurança os amigos desencarnados... Usando a
alavanca da vontade , atingimos a realização de verdadeiros milagres... Entretanto, para isso, precisariam despender esforço
heróico. "


c) "E se não puder combater com a força precisa?
- Será mais justo dizer "se não quiser", porque a Lei não nos confia problemas de trabalho superiores à nossa capacidade
de solução.(...)"




Conclusão

1 - Faça a comparação entre os dois quadros: o do jovem jornalista e o do médico, explicando acerca da mediunidade
existente entre ambos.

R - São duas realidades inteiramente opostas: o jovem jornalista, com sua dedicação ao consumo desregrado de
alcoólicos e a escrever maledicências a cerca de terceiros, sintonizava-se com espírito de baixo nível vibratório, que o
obsediava fortemente, incentivando a exacerbação dessas práticas nocivas; o médico, embora André Luiz não
conhecesse detalhes de sua vida comportamental, demonstrava sintonia com entidade elevada, que se dedica à prática
do bem. No capítulo, não se tem notícia de serem portadores de uma mediunidade mais ostensiva. Entretanto, ambos
recebiam a inspiração do plano espiritual que mereciam e que buscavam pelo seu psiquismo, ainda que de modo inconsciente. Um, estava inspirado pelo plano espiritual inferior; outro, por espíritos de nível mais elevado. Cada um
recebendo conforme suas obras.


2 - Como podemos definir o caso de nosso infeliz irmão? Ele se encontra obsediado porque está embriagado ou está
embriagado porque está obsediado? Conforme mencionado no texto: "Achava-se o pobre amigo abraçado por uma
entidade da sombra, qual se um polvo estranho o absorvesse. Num átimo, reparamos que a bebedeira alcançava os
dois, porquanto se justapunham completamente um ao outro, exibindo as mesmas perturbações.". Por que o obsessor
também sente os efeitos do álcool em excesso, mesmo desencarnado? Quais os efeitos dos vícios para o espírito?

R - O Espiritismo nos ensina que, aquele que se deixa levar pelo vício do alcoolismo, perde a consciência e o domínio
de suas ações. Torna-se presa fácil de espíritos ainda muito atrasados em sua evolução, viciados, que dele se utilizam
como instrumento de satisfação de seus desejos. Como são atrasados espiritualmente, ainda sentem necessidade,
mesmo fora da matéria, de consumir a bebida. Não podendo fazê-lo sem o concurso do corpo físico, utilizam-se do
encarnado como instrumento para alcançar seus objetivos, num processo de vampirização.

Ensina-nos, ainda, que o processo de alcoolização causa danos não apenas no corpo físico atual como, também, no
corpo perispiritual, gravando-o com lesões que serão levadas após a desencarnação. Os centros perispirituais ligados
às funções hepáticas e digestivas são gravemente atingidos, restando danificados. Em conseqüência, futuramente,
com o perispírito lesionado, vai ser plasmado um corpo físico que irá apresentar lesões patológicas nesses organismos.
Para limpar o perispírito desses gravames, serão necessárias outras encarnações, em corpo doente, que funcionará
como um exaustor a expelir as moléculas perispirituais enfermas.


3 - De acordo com esta passagem: "Junto de fumantes e bebedores inveterados, criaturas desencarnadas de triste
feição se demoravam expectantes. Algumas sorviam as baforadas de fumo arremessadas ao ar, ainda aquecidas pelo
calor dos pulmões que as expulsavam, nisso encontrando alegria e alimento. Outras aspiravam o hálito de alcoólatras
impenitentes.", o que dizer das famosas danceterias com que nós mesmos e nossos filhos freqüentam? Muitos fumantes
reclamam quererem se livrar do vício, porém dizem ser muito difícil. Qual o primeiro passo para se livrar do vício e como
podemos ajudar um amigo viciado?

R - Todo ambiente onde impere o desregramento comportamental é nocivo. De toda sorte, qualquer que seja a atmosfera
espiritual reinante, o espírito terá sempre o seu livre-arbítrio para agir e pensar e, por isto, responderá perante a lei de
causa e efeito. É claro que, num planeta onde reencarnam espíritos ainda muito infantis e imperfeitos, a atmosfera
espiritual exerce forte influência sobre esses espíritos. Um espírito elevado que , circunstancialmente, viesse freqüentar
um local semelhante a esse onde ocorreram os fatos narrados por André Luiz, não se deixaria contaminar pelo ambiente.
Como, porém, a quase totalidade da humanidade encarnada não se enquadra nesta classificação e, até, desconhece a ocorrência de influência espiritual, o mais prudente é que se abstenha de ir a esses locais..

Quanto à questão da libertação de um vício, é realmente um processo demorado e penoso. Aliás, um dos objetivos da
reencarnação é justamente impulsionarmos a nossa evolução espiritual, para cujo êxito a libertação dos vícios é um
requisito fundamental. No caso específica da viciação no tabagismo ou nos alcoólicos, o primeiro e indispensável passo
é que a pessoa envolvida nesse problema se conscientize da necessidade de se liberar do vício. Sem que ela tome uma
decisão neste sentido, nada há a fazer. E é nesse sentido que mais podemos ajudar.
.

4 - Muitos dos espíritos que se apegam ao vício material, quando desencarnados, continuam tendo as mesmas
necessidades, e por isso se abraçam literalmente a amigos ainda encarnados e que possuem ao mesmo vício para poderem
se satisfazerem de seus desejos em comum. Muitos destes espíritos se apegam tão cegamente que demoram por séculos para se regenerarem. Através da passagem a seguir elucide o que é a "prisão regeneradora":

"Há dolorosas reencarnações que significam tremenda luta expiatória para as almas necrosadas no vício. Temos, por
exemplo, o mongolismo, a hidrocefalia, a paralisia, a cegueira, a epilepsia secundária, o idiotismo, o aleijão de
nascença e muitos outros recursos, angustiosos embora, mas necessários, e que podem funcionar, em benefício da mente
desequilibrada, desde o berço, em plena fase infantil. Na maioria das vezes, semelhantes processos de cura, prodigalizam
bons resultados pelas provações obrigatórias que oferecem..."

R - A "prisão regeneradora" a que se referiu o instrutor Áulus são os sofrimentos que o espírito recalcitrante tem de
suportar nas reencarnações expiatórias, como conseqüência da incidência da lei de causa e efeito. A misericórdia divina concede ao espírito inúmeras chances para reencontrar o equilíbrio, através do fenômeno da reencarnação. No entanto,
muitos, pode-se mesmo dizer a maioria, retornam à carne e dela saem com as mesmas imperfeições e os mesmos
vícios. São existências que resultam pouco úteis. Mas os desígnios de Deus têm que ser cumpridos. E a esses espíritos
persistentes no vício, que se negam a aceitar a regeneração, serão, um dia, chamados à "prisão regeneradora" por meio
de uma experiência física dolorosa. São os exemplos citados pelo Instrutor de mongolismo, hidrocefalia, paralisia e outros.
Não se trata de punição mas, sim, de um remédio amargo, porém necessário. A reencarnação é o instrumento pedagógico de que Deus se utiliza para impulsionar o espírito à evolução.


5 - Costumamos ouvir por aí que a mediunidade é um dom, porém é mais válido dizer que a mediunidade é uma tarefa árdua
e séria na qual o espírito encarnado se compromete servir como ferramenta para o plano espiritual em prol de caridade e
benevolência. No caso do escritor, porque ele permitiu que um obsessor se aproximasse e se tornasse companheiro
profissional? O que cabe a moça fazer para livrar-se das vibrações e intenções negativas da dupla? Através destas passagens,
elucide sua resposta:

"Indiscutivelmente, a jovem e o infeliz que a persegue estão unidos um ao outro, desde muito tempo... Terão estado juntos
nas regiões inferiores da vida espiritual, antes da reencarnação com que a menina presentemente vem sendo beneficiada.
Reencontrando-a na experiência física, de cujas vantagens ainda não partilha, o desventurado companheiro tenta
incliná-la, de novo, à desordem emotiva, com o objetivo de explora-la em atuação vampirizante."

R - Temos visto no estudo dessa obra o papel importante que a qualidade da sintonia entre os dois planos exerce na
produção da manifestação mediúnica. Alimentando idéias da mesma natureza, dois ou mais espíritos, encarnados ou desencarnados, imantam-se pelo pensamento, vinculando-se magneticamente uns aos outros. Dessa maneira, situam-
-se numa mesma faixa vibratória, numa troca permanente de pensamentos, um influenciando o outro. Com sua antena
mental ligada na maledicência, o escritor atraiu para junto de si o espírito obsessor, desafeto da moça que seria vítima
da infâmia jornalística que redigia, que o influenciava, visando provocar um fato que a fragilizasse moralmente, com o que
a traria para "o charco vicioso" em que se situava.


6 - "À frente, ao lado do condutor, sentava-se um homem de grisalhos cabelos a lhe emoldurarem a fisionomia simpática
e preocupada. Junto dele, porém, abraçando-o com naturalidade e doçura, uma entidade em roupagem lirial lhe envolvia
a cabeça em suaves e calmantes irradiações de prateada luz.".

"... Aqui, tanto quanto lá, seria lícito ver a mediunidade em ação?
- Sem qualquer dúvida - confirmou o orientador -; recursos psíquicos nesse ou naquele grau de desenvolvimento, são
peculiares a todos, tanto quanto o poder de locomoção ou a faculdade de respirar, constituindo forças que o Espírito
encarnado ou desencarnado pode empregar no bem ou no mal de si mesmo. Ser médium não quer dizer que a alma seja
agraciada por privilégios ou conquistas feitas. Muitas vezes, é possível encontrar pessoas altamente favorecidas com o
dom da mediunidade, mas dominadas, subjugadas por entidades sombrias ou delinqüentes, com as quais se afinam de
modo perfeito, servindo ao escândalo e à perturbação, em vez de cooperarem na extensão do bem. Por isso é que não
basta a mediunidade para a concretização dos serviços que nos competem. Precisamos da Doutrina do Espiritismo,
do Cristianismo Puro, a fim de controlar a energia medianímica, de maneira a mobilizá-la em favor da sublimação
espiritual na fé religiosa, tanto quanto disciplinamos a eletricidade , a benefício do conforto da civilização."

"... faculdades medianímicas e cooperação do mundo espiritual surgem por toda parte. Onde há pensamento, há
correntes mentais e onde há correntes mentais existe associação. E toda associação é interdependência e influenciação
recíproca..."

Como explica-nos muito bem as passagens, neste mundo nem tudo são forças viciadas, há também aqueles espíritos que
procuram evoluir espiritualmente servindo no caminho do bem, como no caso do médico. Como podemos nos proteger
das obsessões?

R - Os fluidos espirituais se combinam pela semelhança de suas naturezas. Os semelhantes se agregam; os diferentes
se repelem mutuamente, pois há incompatibilidade entre fluidos de naturezas distintas. A terapia espírita para evitar a
instalação de um processo obsessivo recomenda impregnar a atmosfera espiritual à nossa volta de fluidos sadios, onde
atuam os espíritos bons. Para tanto, devemos procurar cumprir as leis morais trazidas pelo Cristo e que o Espiritismo
veio relembrar e explicar, principalmente a lei de adoração a Deus e a de justiça, de amor e de caridade. Sintonizando-
-nos com o bem, estaremos nos rodeando de fluidos de natureza salutar, que repeliram os maus fluidos, onde transitam
os espíritos atrasados, que com eles se identificam. Sendo o pensamento o veículo de ação sobre os fluidos, temos em
nós mesmos o remédio para evitarmos as más influências espirituais.


7 - Comente as seguintes assertivas:

a) " - Muitos de nossos irmãos, que já se desvencilharam do vaso carnal, se apegam com tamanho desvario às sensações
da experiência física, que se cosem àqueles nossos amigos terrestres temporariamente desequilibrados nos desagradáveis
costumes por que se deixam influenciar.(...)
- Hilário - (...) - o que a vida começou, a morte continua... Esses nossos companheiros situaram a mente nos apetites mais
baixos do mundo, alimentando-se com um tipo de emoções que os localiza na vizinhança da animalidade. Não obstante
haverem freqüentado santuários religiosos, não se preocuparam em atender aos princípios da fé que abraçaram,
acreditando que a existência devia ser para eles o culto de satisfações menos dignas, com a exaltação dos mais astuciosos
e dos mais fortes. O chamamento da morte encontrou-os na esfera de impressões delituosas e escuras e, como é da Lei que
cada alma receba da vida de conformidade com aquilo que dá, não encontram interesse senão nos lugares onde podem
nutrir as ilusões que lhes são peculiares, porquanto, na posição em que se vêem, temem a verdade e abominam-na,
procedendo como a coruja que foge à luz."

R - "O que a vida começou, a morte continua...". Esta frase de Áulus é incisiva e não deixa margem a dúvidas. A morte
do corpo físico tão somente promove a desencarnação do espírito, que muda de dimensão. A sua natureza moral, o
seu psiquismo, no entanto, não sofrem quaisquer modificações. Suas conquistas, seus vícios, suas imperfeições
permanecem intocados, até que o espírito, usando de seu livre-arbítrio, decida-se por sua renovação. Aqueles espíritos encontrados no restaurante visitado por André Luiz e seus companheiros mantinham, mesmo após a desencarnação,
os mesmos hábitos viciosos cultivados durante a vida física. Seu psiquismo continuava com os mesmos valores. Não conseguiram se despojar de seus vícios, que eram a única coisa lhes trazia alguma satisfação. Por isso, ali se
encontravam, comprazendo-se com o consumo desregrado de álcool por parte dos encarnados presentes. A sintonia
mental comum a todos os juntava pela afinidade.


b) "_ No entanto - comentei -, e se os nossos irmãos encarnados resolvessem reconsiderar o próprio caminho?!... se
voltassem à regularidade, através da renovação mental com alicerces no bem?!...
- AH! isso seria ganhar tempo, recuperando a si mesmos e amparando com segurança os amigos desencarnados...Usando
a alavanca da vontade , atingimos a realização de verdadeiros milagres... Entretanto, para isso, precisariam despender
esforço heróico. "

R - A cura dos nossos males, sejam físicos ou morais, encontra-se dentro nós próprios. O espírito traz no seu íntimo
todas as potencialidades da Divindade. Por isso se diz criado à imagem e semelhança de Deus. Entretanto, nem todos
sabem disso e, mesmo os que o sabem, defrontam-se com grandes dificuldades para potencializar esses atributos. O
caso dos espíritos encontrados naquele restaurante é um exemplo claro disso. Ao invés de assumirem a potência divina
que trazem em si, preferem a porta fácil dos falsos prazeres do vício. Se optassem pela reforma interior, não apenas se
adiantariam na evolução como influenciariam positivamente os desencarnados que os acercavam, arrastando-os para o
caminho da transformação moral.



c) "E se não puder combater com a força precisa?
- Será mais justo dizer "se não quiser", porque a Lei não nos confia problemas de trabalho superiores à nossa capacidade
de solução.(...)"

R - Áulus ensina que não há justificativa para a permanência no erro. Somente ao espírito, usando seu livre-arbítrio, cabe
a decisão pelo processo de reajuste. E não há fardo superior às nossas forças. Ninguém pode se esquivar do cumprimento
da Lei, pois Deus não exige de nós nada superior às nossas forças, à nossa capacidade de cumprimento. Como ensinou
Jesus, "porque o meu jugo é suave e leve o meu fardo".