Nos Domínios da Mediunidade

011 – Desdobramento em serviço

Trechos do Capítulo

"Chegara a vez do médium Antônio Castro.
Profundamente concentrado, denotava a confiança com que se oferecia aos objetivos de serviço.
Aproximou-se dele o irmão Clementino e, à maneira do magnetizador comum, impôs-lhe as mãos, aplicando-lhe passes de longo circuito.
Castro como que adormeceu devagarinho, inteiriçando-se-lhe os membros.
Do tórax emanava com abundância um vapor esbranquiçado que, em se acumulando à feição de uma nuvem, depressa se transformou, à esquerda do corpo denso, numa duplicata do médium, em tamanho ligeiramente maior.
[...]
O diretor espiritual da casa submetia o medianeiro a delicada intervenção magnética que não seria lícito perturbar ou interromper.
O médium, assim desligado do veículo carnal, afastou-se dois passos, deixando ver o cordão vaporoso que o prendia ao campo somático.
[...]
Enquanto Clementino o encorajava com palavras amigas, o nosso orientador, certamente assinalando-nos a curiosidade, deu-se pressa em esclarecer:
_Com o auxílio do supervisor, o médium foi convenientemente exteriorizado. A princípio, seu perispírito ou "corpo astral" estava revestido com os eflúvios vitais que asseguram o equilíbrio entre a alma e o corpo de carne, conhecidos aqueles, em seu conjunto, como sendo o "duplo etérico", formado por emanações neuropsíquicas que pertencem ao campo fisiológico e que, por isso mesmo, não conseguem maior afastamento da organização terrestre, destinando-se à desintegração, tanto quanto ocorre ao instrumento carnal, por ocasião da morte renovadora. Para melhor ajustar-se ao nosso ambiente, Castro devolveu essas energias ao corpo inerme, garantindo assim o calor indispensável à colméia celular e desembaraçando-se, tanto quanto possível, para entrar no serviço que o aguarda.
_Ah! - disse Hilário, com expressão admirativa - aqui vemos, desse modo, a exteriorização da sensibilidade!...
_Sim, se algum pesquisador humano ferisse o espaço em que se encontra a organização perispirítica de nosso amigo, registraria ele, de imediato, a dor do golpe que se lhe desfechasse, queixando-se disto, através da língua física, porque, não obstante liberto do vaso somático, prossegue em comunhão com ele, por intermédio do laço fluídico de ligação.
[...]
_Castro é ainda um iniciante no serviço. À medida que entesoure experiência, manejará possibilidades espirituais avançadas, assumindo os aspectos que deseje, considerando que o perispírito é constituído de elementos maleáveis, obedecendo ao comando do pensamento, seja nascido da nossa própria imaginação ou da imaginação de inteligências mais vigorosas que a nossa, mormente quando a nossa vontade se rende, irrefletida, à dominação de espíritos tirânicos ou viciosos, encastelados na sombra.
[...]
_Pela concentração mental, qualquer Espírito se evidenciará na expressão que deseje, todavia, empregando nossa imaginação criadora, podemos e devemos mobilizar os recursos ao nosso alcance, aprimorando concepções artísticas no campo de nossas relações, uns com os outros. A Arte, tanto quanto a Ciência, entre nós, é muito mais rica que no círculo dos encarnados e, por ela, a educação se processa mais eficiente, no que tange à beleza e à cultura. (....)
O médium, mais à vontade fora do corpo denso, recebia as instruções que Clementino lhe administrava, paternal.
Dois guardas aproximaram-se dele e lhe aplicaram à cabeça um capacete em forma de antolhos.
_Para a viagem que fará - avisou-nos o Assistente -, Castro não deve dispersar a atenção. Incipiente ainda nesse gênero de tarefa, precisa instrumentação adequada para reduzir a própria capacidade de observação, de modo a interferir o menos possível na tarefa a executar.
Vimos o rapaz plenamente desdobrado alçar-se ao espaço, de mãos dadas com ambos os vigilantes.
O trio volitou em sentido oblíquo, sob nossa confiante expectação.
Desde esse momento, demonstrando manter segura comunhão com o veículo carnal, ouvimo-lo dizer através da boca física:
_Seguimos por um trilho estreito e escuro!... Oh, tenho medo, muito medo...Rodrigo e Sérgio amparam-me na excursão, mas sinto receio!...Tenho a idéia de que nos achamos em pleno nevoeiro...
[...]
Mas Raul, sob a inspiração do mentor da casa, elevou o padrão vibratório do conjunto, numa prece fervorosa em que rogava ao Alto forças multiplicadas para o irmão em serviço.
Junto de nós, Áulus informou:
_A oração do grupo, acompanhando-o na excursão e transmitida a ele, de imediato, constitui-lhe abençoado tônico espiritual.
[...]
Interpretando os fatos sob nossa observação, o Assistente explicou:
_Raros espíritos encarnados conseguem absoluto domínio de si próprios, em romagens de servióc edificante fora do carro de matéria densa. Habituados à orientação pelo corpo físico, ante qualquer surpresa menos agradável, na esfera de fenômenos inabituais, procuram instintivamente o retorno ao vaso carnal, à maneira do molusco que se refugia na própria concha, diante de qualquer impressão em desacordo com os seus movimentos rotineiros. Castro, porém, será treinado para a prestação de valioso concurso aos enfermos de qualquer posição.
[...]
O desdobramento em serviço estava findo e com a tarefa terminada havíamos recolhido preciosa lição.

Questões para estudo e diálogo virtual

1 - Como definir a mediunidade de desdobramento?
2 - Existiriam condições inerentes ao médium para que este se torne mais eficiente na atividade de desdobramento? ( OBS: Fonte auxiliar de pesquisa: PERALVA, Martins, Estudando a Mediunidade, Cap XV, Ed. FEB)
3 - E existiriam também condições para os demais membros do grupo auxiliarem o médium? (OBS: mesma fonte citada acima)
4 - Qual a importância da oração para auxiliar o médium de desdobramento?
5 - Qual a importância da concentração do médium no momento da atividade?
6 - E do estudo constante?
7 - Comente a seguinte afirmação do Assistente Àulus: "Raros espíritos encarnados conseguem absoluto domínio de si próprios, em romagens de servióc edificante fora do carro de matéria densa. Habituados à orientação pelo corpo físico, ante qualquer surpresa menos agradável, na esfera de fenômenos inabituais, procuram instintivamente o retorno ao vaso carnal, à maneira do molusco que se refugia na própria concha, diante de qualquer impressão em desacordo com os seus movimentos rotineiros."

Conclusão

QUESTÕES PROPOSTAS PARA ESTUDO


1 - Como definir a mediunidade de desdobramento?

Desdobramento é o fenômeno pelo qual o espírito, sempre envolvido por seu perispírito, separa-se do corpo físico, ao
qual se mantém ligado apenas por um laço fluídico conhecido como "cordão de prata" e vai estar em outros lugares.
Este fenômeno pode ocorrer de forma anímica ou mediúnica, consciente ou inconscientemente, dependendo de existir
ou não a interferência do plano espiritual e da vontade ou não do espírito que se desloca. O caso narrado no capítulo
que estamos estudando é de desdobramento mediúnico e consciente. O médium deslocou-se conscientemente ao
ao plano espiritual, em espírito, com o objetivo de se encontrar com um antigo trabalhador da casa que desencarnara
há pouco e de transmitir uma sua mensagem, deixando seu corpo no local onde se realizava o trabalho mediúnico


2 - Existiriam condições inerentes ao médium para que este se torne mais eficiente na atividade de desdobramento?
( OBS: Fonte auxiliar de pesquisa: PERALVA, Martins, Estudando a Mediunidade, Cap XV, Ed. FEB)

Para produzir o fenômeno de desdobramento mediúnico consciente, o espírito deve contar já com algum adiantamento
moral, que lhe possibilite, através do pensamento, desprender-se do corpo físico e desdobrar-se. Martins Peralva, na
obra acima citada, elenca as condições que contribuem para a produção do fenômeno e que devem ser observadas
pelo médium: vida pura, aspirações elevadas, potência mental, cultivo da prece e exercício constante.


3 - E existiriam também condições para os demais membros do grupo auxiliarem o médium? (OBS: mesma fonte citada
acima)

Como em todo trabalho mediúnico, o grupo deve ser uniforme, ter uma unidade de pensamento e de propósitos. Os
componentes do grupo mediúnico, analisa o mesmo Autor, também devem observar determinados deveres para que
possam prestar ao médium o auxílio necessário ao êxito do desprendimento: prece, concentração e exortação.


4 - Qual a importância da oração para auxiliar o médium de desdobramento?

Ao deixar o corpo físico, o espírito desdobrado ingressou em região próxima à Terra que recebia todas as emanações
fluídicas negativas próprias de um mundo de provas e de expiações. A substância mental expelida pela humanidade
encarnada do Planeta refletia o seu desequilíbrio, conseqüente das paixões inferiores, vícios, crimes, ódios e outros
sentimentos nada nobres ainda comuns no plano terreno. Castro, o médium em desdobramento, ao ingressar nessa
região, que descreveu como "... um trilho estreito e escuro...", sentiu-se amedrontado, imaginando achar-se em " ...
pleno nevoeiro...". Uma prece realizada pelo grupo mediúnico elevou o seu padrão vibratório, fortalecendo o médium
em serviço, que afirmou a ter recebido como "... um chuveiro de luz...". Vemos, pois, o valor da prece também nesse
tipo de trabalho, renovando as forças e mantendo o grupo mediúnico numa sintonia elevada, com vibrações altamente
positivas.


5 - Qual a importância da concentração do médium no momento da atividade?

É através da concentração mental que o espírito direciona o pensamento de modo a manejar seu perispírito,
impulsionando o desprendimento do corpo físico e dando-lhe a forma como se apresentará durante o período de
desdobramento.


6 - E do estudo constante?

Na Introdução do Livro dos Médiuns, Allan Kardec recomenda àquele que deseje lidar seriamente com a mediunidade
que primeiro leia o Livro dos Espíritos. Estabeleceu, assim, o Codificador, como premissa para a prática de qualquer
atividade mediúnica o estudo. Sem o conhecimento dos princípios básicos que regem a relação entre os dois planos
de vida, o médium ficará sempre sujeito a produzir fenômeno mediúnico não confiável, refletindo o pensamento de
espíritos perturbadores, que não têm nenhum compromisso como a seriedade do trabalho.


7 - Comente a seguinte afirmação do Assistente Àulus: "Raros espíritos encarnados conseguem absoluto domínio de
si próprios, em romagens de serviço edificante fora do carro de matéria densa. Habituados à orientação pelo corpo
físico, ante qualquer surpresa menos agradável, na esfera de fenômenos inabituais, procuram instintivamente o retorno
ao vaso carnal, à maneira do molusco que se refugia na própria concha, diante de qualquer impressão em desacordo
com os seus movimentos rotineiros."

Quis o assistente Áulus demonstrar a dificuldade com que espíritos no nosso nível de evolução ainda se defrontam
ao se liberarem do corpo físico. Como ainda se encontram fortemente impressionáveis pela influência da matéria,
ante as mínimas dificuldades com que se defronta, a reação inconsciente do espírito, nestas circunstâncias, é buscar
a fuga através do esconderijo do corpo físico, como faz o molusco com a própria concha, no exemplo citado pelo
benfeitor.